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domingo, 10 de dezembro de 2017

O Silêncio tem algo a dizer

“O coração do justo medita no que há de responder, mas, a boca dos ímpios jorra coisas más.” Prov 15;28

O justo e o ímpio. Dois tempos de reação; um espera, medita; outro, imediato. Duas fontes; o que medita pede assessoria ao coração; ao apressado basta ter boca.

Quem já sofreu incisões de palavras más, pelas próprias dores aprendeu a parcimônia no uso da fala, pois, teme causar males também. Todavia, o tagarela sem escrúpulos, sem valores está habituado a fazer das palavras a camuflagem do que pensa deveras, ou, apenas supre o lapso da incapacidade de meditar, com a frivolidade de falar sem sentido.

A síntese é que, desgraçadamente, quem mais tem o que dizer, geralmente é grave, moderado, quando não, cala. Por outro lado, os tolos, os imbecis, justo pela falta de noção que lhes é peculiar e os faz sábios aos próprios olhos, se esforçam em mostrar sua “sabedoria”, quando, calar seria o melhor.

Adiante Salomão reflete sobre isso outra vez; “O que possui conhecimento guarda suas palavras; o homem de entendimento é de precioso espírito. Até o tolo, quando se cala, é reputado por sábio; o que cerra os seus lábios é tido por entendido.” Cap 17;27 e 28

Depois, chega às razões da tagarelice do estulto; “O tolo não tem prazer na sabedoria, mas, só em que se manifeste aquilo que agrada seu coração.” Cap 18;2 Seus motivos nada têm com o intelecto, a sabedoria; antes, são instintivos, emocionais; como é próprio dos tolos, aquilo que os alegra supõem que fará a alegria de outro também; pois, sua “sabedoria” não consegue imaginar que outros sejam diferentes deles.

Desse calibre muitos vizinhos sem noção, que se alegram ouvindo nojeiras de péssimo gosto que chamam de música, e colocam em alto volume, estupram nossos ouvidos destreinados para aquilo, pois, estando tão felizes no lixo supõem que devem compartilhar com a gente também. Desse modo, sua intenção não é má; a falta de noção, sim.

Um provérbio hindu ao qual recorro às vezes diz: “Quando falares cuida para que as tuas palavras sejam melhores que o teu silêncio”. Mesmo que o falar seja verdadeiro, até, sábio; pode que não seja oportuno, como viu O Senhor sobre a capacidade dos discípulos de ouvirem, então, sobre agruras porvir; “Ainda tenho muito que vos dizer, mas, vós não podeis suportar agora.” Jo 16;12

Esse erro, aliás, de não considerar a repercussão das palavras do outro lado, o excesso de boca sem coração cometeram os amigos de Jó; dada a grandeza da desolação, mesmo não a podendo entender resolveram achar motivos “racionais” para aquilo tudo, e se tornaram um peso, invés de uma ajuda ao infeliz. Então, ele suspirou: “Vós, porém, sois inventores de mentiras; vós todos, médicos que não valem nada. Quem dera que vos calásseis de todo, pois, isso seria vossa sabedoria.” Jó 13;4 e 5

Para a percepção de Jó, um caso tão doloroso seria digno de compaixão mesmo que ele estivesse alienado de Deus, como o acusavam; “Ao que está aflito devia o amigo mostrar compaixão, ainda ao que deixasse o temor do Todo-Poderoso.” Cap 6;14

Adiante expôs a razão da sua expectativa frustrada no tocante a eles; “Falaria eu também como vós falais, se a vossa alma estivesse em lugar da minha? Ou, amontoaria palavras contra vós e menearia contra vós a minha cabeça? Antes, vos fortaleceria com a minha boca; a consolação dos meus lábios abrandaria vossa dor.” Cap 16;4 e 5

Um sábio que temia a Deus como ele, assediado por paroleiros sem misericórdia nem entendimento era, como se diz alhures, gatos mijando em cachorro.

Ainda é preferível o silêncio quando, falar, não “infrói nem diminói”, e, em nada vai alterar a situação, pelo menos, para melhor. O Senhor preso foi enviado a Herodes, o vice-treco da sub-coisa; não apitava nada, mas, queria se divertir demandando de Jesus algum prodígio; nenhuma palavra. Como se diz, o silêncio também é uma resposta. Porém, bem mais eloquente que as palavras, dado que, diverso delas, consegue expressar o inexprimível.

“Quando palavras não são tão dignas quanto o silêncio, é melhor calar e esperar.” Eduardo Galeano

Claro que há momentos em que silenciar é covardia, omissão; devemos mesmo “botar a boca no trombone”.

Então, antes que alguém conclua que esse escrito é uma apologia do silêncio, ressalvo que, defendo apenas o falar com senso de ocasião, proveito, empatia. Como disse alguém: “É melhor ficar calado mesmo que todos pensem que você é um idiota, que, abrir a boca e lhes dar certeza.”

Ou, como sentenciou o mesmo Salomão: “Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita a seu tempo.” Prov 25;11

segunda-feira, 14 de agosto de 2017

As pérolas e os porcos

“Não fales ao ouvido do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras.” Prov 23;9

Notemos que o silêncio do sábio é receitado não por que seu ouvinte não o careça ouvir; antes, porque mesmo carecendo se recusaria. Pior, desprezaria os conselhos.

Mas, por que alguém abriria mão tão naturalmente de algo que precisa? Dois males costumam patrocinar atitudes assim; orgulho e presunção. Aquele prefere privar-se de um bem para não “dar o braço a torcer”, “ficar devendo favores” a outrem; nessa, mesmo sendo um ignorante de carteirinha, o sujeito presume-se sabedor das coisas; quem discordar dele, ou, tentar acrescentar mais luz, só pode estar errado. O “sábio aos próprios olhos”.

Primeiro o pensador desaconselha que tomemos esse caminho, dando às nossas parcas percepções, o status de sabedoria, de aferidoras de medida. Antes, evoca a Sabedoria Absoluta, Deus, como Alvo para saúde psíquica e intelectual. “Não sejas sábio aos teus próprios olhos; teme ao Senhor, aparta-te do mal. Isto será saúde para o teu âmago e medula para os teus ossos.” Prov 3;7 e 8

Ora se temo ao Senhor, no mínimo concordo com Seus conceitos sobre bem e mal, e, escolho obedecê-lo, dado que, a isso impulsiona o devido temor.

Num segundo momento aquilata o dito “sábio”: “Tens visto o homem que é sábio aos seus próprios olhos? Pode-se esperar mais do tolo do que dele.” Prov 26;12 O sujeito ocupa um inglório lugar no pódio das luzes, pois, está abaixo dos tolos.

Ora, essa ironia que lhe rotula sábio, noutra parte é dissecada em seu vero ser, e resulta em falta de noção: “Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas, nunca foi lavada da sua imundícia. Há uma geração cujos olhos são altivos, suas pálpebras são sempre levantadas.” Prov 30;12 e 13

Aquilo que lhes parece puro, saudável, ao escrutino do Espírito não passa de imundícia. Todavia, seus hospedeiros desfilam airosos e orgulhos, olhos altivos como se estivessem em relevância, quando, se sua cegueira voluntária fosse curada se veriam apenas imundos.

Embora, ajam obtusos no intelecto, sua doença é filha da vontade rebelde. No fundo sabem onde o galo canta, como se diz, mas, escolhem “não saber” dado que o saber a virtude responsabiliza, requer praticá-la; e preferem acariciar o vício tão barato, ao esforço por essa que demanda renúncia, submissão, cruz.

Assim, no afã de salvarem seus comodismos eventuais, pervertem valores, mudam o mal em bem, ousam contra conceitos do Eterno chamando-os de preconceito; em seu porre de “liberdade” inconsequente, pensando romper as grades, robustecem-nas, tão somente condenam-se; “E, a condenação é esta: A luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Notemos que O Senhor não os acusou de não poderem ver a Luz; antes, de não poderem amá-la, dado que, escolheram amar seu lado oposto, as trevas. Isso corrobora o argumento que o mal dos tais não é lapso de entendimento, antes, de vontade. Um tolo, simplesmente, alguém que não sabe ainda pode ser iluminado, ensinado; enquanto, esses presunçosos recusam, redarguem, por isso, “Há mais esperança para um tolo que para eles.”

Muitos animais bem treinados, mediante certas recompensas são capazes de fazer coisas bem “inteligentes”, como nos circos se pode ver. Contudo, esses, indômitos, mesmo que se lhes ofereça o Céu como recompensa, e a Vida Eterna de lambuja, seguem não domesticáveis, rudes, intratáveis.

Salomão mesmo em suas reflexões sobre o homem em si, divorciado do Criador o nivelara aos animais: “Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais.” Ecl 3;18

Se, o homem em si, cotejado com os animais dá um inglório zero a zero, esses, parecem fora de si, abaixo da linha de pobreza moral, como que, inoculados com um tanto do ódio que o canhoto tem do Eterno.

Por isso, palavras sábias, condutoras de luz, se lhes soam como ameaça, dado que, fizeram das trevas seu dileto habitat.

Todavia, fomos criados “Imagem e Semelhança” do Criador; os que se deixam encontrar quando Ele Busca, recebem de novo vida espiritual; deixam de ser o reles homem em si, para sê-lo de novo, em Deus. Ensina-nos a pensar como Ele, a “Mente de Cristo”, e paulatinamente capacita, mediante O Espírito Santo que nos é dado, a agirmos de modo que lhe é agradável.

A Palavra de Deus diz quem Ele é;nossa reação a ela, quem somos; sejamos sábios, pois.