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sexta-feira, 27 de setembro de 2019

É Lógico

“Como poderia ser que um só perseguisse mil; dois fizessem fugir dez mil, se Sua Rocha os não vendera, O Senhor os não entregara?”

O Senhor usara nações pagãs para punir seu povo pela idolatria; “A zelos me provocaram com aquilo que não é Deus; com suas vaidades me provocaram à ira: portanto os provocarei a zelos com o que não é povo; com nação louca os despertarei à ira.” V 21

Porém, a punição dos “Seus” idólatras poderia dar azo a que as nações usadas para isso elevassem seus ídolos, sobre O Deus Vivo. “Porque são gente falta de conselhos, neles não há entendimento.” V 28


No devido tempo também seriam punidos; “Então dirá: Onde estão os seus deuses? A rocha em quem confiavam.” V 37

O Eterno desejou que fizessem um exercício de lógica; Se um povo que saíra de sob o jugo de Faraó, graças ao Poder do Seu Deus, agora estava tão fragilizado assim, devia ser por estar em falta com O Senhor, não porque o deus deles valesse alguma coisa. “Quem dera entendessem isso...”

Normalmente costumamos associar lógica como um produto da filosofia grega; todavia, cheia está A Palavra de exemplos que demandam sua presença; “Por seus frutos os conhecereis. (os profetas) Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda árvore boa produz bons frutos e a árvore má produz frutos maus.” At 7;16 e 17

O que é isso, senão, um exercício de lógica elementar que até o homem simples pode entender? “Do que o coração está cheio, disso a boca fala;” ou, “Onde estiver vosso coração, aí estará vosso tesouro.” Frutos do mesmo baraço; a lógica como ciência facilitadora da compreensão da vida.

Porém, é preciso algum elo com a realidade para que a lógica faça sentido; melhor; seja necessária. Vivemos tempos turbulentos; narrativas (mentiras) ocupam espaço em detrimento da realidade; versões sobrepujam fatos. Aí, nessa insana arena da pós verdade, sentimentos, emoções, substituem ao cérebro e seus subprodutos, como a lógica.

A humanidade já foi pensada por Demócrito, Sócrates, Aristóteles, Kant, Ruy Barbosa e tantos outros do mesmo calibre; agora chegou ao “ápice”; é “guiada” por Greta Thunberg, Filipe Neto... Parece que o cérebro humano caiu em algum lugar, e o vácuo foi preenchido com estrume...

Mesmo gente de cabelos brancos ou quem já os perdeu, quando viciada em paixões também atira a lógica e a verdade no lixo; cambia a compreensão factual pela predileção doentia por comodismo, idolatria por homens, instituições...

Centenas de vezes deparei com vídeos/textos, que, rotulam aos protestantes, como hereges. De católicos, claro!

Ora, a origem disso foram as teses de Lutero onde apresentava um vasto enumerado de proposições, todas alinhadas à Palavra de Deus; era padre, não oposição.

Por que Fez isso? Porque a religião tornara-se uma instituição afastada da Palavra e enchera-se de superstições, umas menos graves, outras ao ponto de vender perdão, salvação.

Se, ousou confrontar ao Papa por amor à coerência Bíblica mesmo arriscando a vida, fazendo um exercício de lógica simples, seguiu ao conselho do “primeiro papa”; “Respondendo, porém, Pedro e João disseram: Julgai vós se é justo, diante de Deus, ouvir antes a vós que a Deus;” Atos 4;19

Não significa que todo o que se diz protestante é coerente com as Escrituras, nem, que tudo no catolicismo está errado; mas, a bem da verdade, a origem da separação se deu entre os que decidiram obedecer ao homem em apego a uma instituição, e os que preferiram arriscar a perder suas vidas, muitos perderam, mas, não agir em desacordo com A Palavra.

Com o tempo a coisa piorou, pois, segundo a própria lógica em apreço, a planta tende a crescer conforme raízes. Então vieram os dogmas, as tradições as “Aparições de Nossa Senhora” e seus “segredos”; Natural que quem teve as comichões humanas como mais válidas que a Palavra tendesse para isso.

“Quem dera fossem sábios e entendessem...” A besta com dois chifres semelhantes ao Cordeiro que fala como o Dragão; chifres na simbologia Bíblica significam poder; o sinete papal tem duas chaves, a do poder terreno e do celestial. Semelhante ao Cordeiro que disse: “É me dado todo poder nos Céus e na Terra.”

Ainda, o Parlatório em forma de serpente, “cantos gregorianos” louvando lúcifer; um milhão de imagens pintadas, esculpidas...

Seu Líder beija pés de muçulmanos que matam cristãos; recebe souvenirs comunistas; viaja pela Terra promovendo Ecumenismo; a Igreja mundial sem Deus. Nada mais lógico! O Salvador ensinou: “Do mundo são, por isso falam e o mundo os ouve.

Lendo isso se irritarão; lógico! “Como podeis vós crer, recebendo honra uns dos outros, não buscando a honra que vem só de Deus?” Jo 5;44

sexta-feira, 3 de novembro de 2017

Os camaleões e a Rocha

“Até à velhice Eu serei o mesmo; até às cãs Eu vos carregarei; eu vos fiz e vos levarei; vos trarei e livrarei.” Is 46;4

Será que O Eterno envelhece? Óbvio que não. Quando diz: “Até a velhice Serei o mesmo...” está falando do tempo em relação aos Seus ouvintes; até vossa velhice Serei o mesmo. Do Senhor, aliás, o mesmo profeta falara: “Não sabes, não ouviste que o Eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, não se cansa nem se fatiga? É inescrutável Seu entendimento.” Cap 39;28 Não apenas é perene Seu tempo, como Seu vigor, Seu poder.

Todavia, em contraste com O Criador o homem costuma mudar como o camaleão em vista do ambiente. José Ortega Y Gasset disse: “O homem é o homem e suas circunstâncias”; advogando que ele muda quando essas mudam.

De nossa cultura se diz que a ocasião faz o ladrão, o que, embora não seja verdadeiro, também evidencia esse mimetismo moral invés da devida constância que O Senhor preza. Não é o ladrão que se faz às ocasiões; antes, assoma a vera face dos hipócritas que encenam virtudes no teatro da vida em busca de aceitação social, mas, atrás das cortinas dão asas às almas adoecidas.

Somos chamados ao ser, não, estar; “vós sois o sal da Terra e a luz do mundo...” o ser que se preze é o que é, malgrado, onde esteja. Se, ouro é ouro mesmo nas mãos de bandidos, ladrão safado é isso mesmo, ainda que se esconda dentro de igrejas. Aliás, quanto mais avesso o ambiente for, mais claramente evidenciará o ser de alguém fiel, pois, se mantém coerente. Como o escuro da noite evidencia estrelas, a falência moral realça o caráter, onde ainda existe.

O clássico conflito entre agradar a Deus ou, aos homens, há muito foi decidido em favor dos últimos. Pouco importa se os Céus deplorem nossos passos pelas consequências; desde que pareçamos probos ante os homens, tão ruins quanto nós, quiçá, piores, estará “tudo bem”. Doentia falta de noção!

Desgraçadamente as pessoas temem mais a ditadura do “politicamente correto”, o risco de parecerem socialmente desajustados, que o Juízo do Eterno; aquele revés pode gerar umas vaias; esse, eterna perdição. Preferimos, pois, o aplauso da morte.

Desse modo, a igreja que deveria ser baluarte da contradição em relação ao mundo, Embaixada dos Céus com valores perenes e patentes, em sua imensa maioria está alinhada, aclimatada à sala de espera do inferno, invés de trazer o devido sal.

Da necessária firmeza moral O Salvador preceituou: “Seja o vosso falar, sim, sim; o não, não”. Ou, como disse Davi, o cidadão dos Céus é aquele, “A cujos olhos o réprobo é desprezado; mas, honra os que temem ao Senhor; aquele que jura com dano seu, contudo, não muda.” Sal 15;4

Ora, a inversão de valores é tal que há quem defenda bandidos numa doentia identificação; castração moral; quem reclame de “trabalho escravo” fazendo nada e ganhando 34 mil reais por mês, embora a maioria ganhe menos de mil.

Tribunais que soltam bandidos; cidadãos de bem sustentam marginais nas cadeias. Prostituição infantil, perversão são equacionadas com liberdade, direito; Não chegamos à célebre “vergonha de ser honesto” de Ruy Barbosa, porque, essa senhora, a vergonha, onde ainda existe é de foro íntimo, posse inalienável de gente decente. Porém, se considerarmos o escopo social, sim; os honestos são tidos como reacionários, fundamentalistas, fascistas, nazistas, etc.

O outro lado da moeda pré-queda, onde o primeiro casal andava nu sem se envergonhar; os regenerados por Cristo podem andar, Dele revestidos, sem se envergonhar, embora, as vaias e pechas de um sistema sem vergonha, adversário da justiça, dos valores, da virtude, enfim, de Deus.

Assim como os pais gostam de encontrar traços seus, seja, na fisionomia, seja, no comportamento dos filhos, de igual modo O Eterno nos regenera para que, pouco a pouco, mediante o processo de santificação voltemos a ser de novo, Sua “Imagem e Semelhança”.

E a semelhança em apreço é a perseverança moral, a constância mesmo em meio a adversidades tantas. Diferente do prisma físico que, se debilita gradativamente mercê do tempo, espiritualmente podemos ter nosso vigor até o fim. “O justo florescerá como a palmeira; crescerá como cedro no Líbano. Os que estão plantados na casa do Senhor florescerão nos átrios do nosso Deus. Na velhice ainda darão frutos; serão viçosos, vigorosos; para anunciar que o Senhor é reto. Ele é minha rocha; nele não há injustiça.” Sal 92;12 a 15

Eis a escolha! A perseverança no Senhor, ou, a obstinação do capeta; mãos à obra!

“Chama-se perseverança quando é por uma boa causa, obstinação quando é por uma ruim.” Laurence Sterne

segunda-feira, 17 de outubro de 2016

Os loucos e o tempo

“Até aos quarenta anos o homem permanece louco; quando então começa a reconhecer a sua loucura, a vida já passou.” ( Lutero )

“Começamos a dar bons conselhos quando a idade nos impede de dar maus exemplos.” ( Jueves de Excelsior )

Dos ditos, supra, a conclusão necessária que a loucura tem seu consórcio com a juventude, e, fraqueja concomitante ao peso dos anos. Pode ser veraz, ou, não; depende do que se conceitua, assim.

Salomão, à decrepitude nomeou, maus dias, tempo de pessimismo, de modo que, neles considerou vaidades, coisas que pareceriam tesouros noutro contexto. “Afasta, pois, a ira do teu coração, remove da tua carne o mal, porque a adolescência e a juventude são vaidade.” Ecl 11;10 Após, ampliou: “Lembra-te também do teu Criador nos dias da tua mocidade, antes que venham os maus dias, cheguem os anos dos quais venhas a dizer: Não tenho neles contentamento;” Ecl 12;1

Embora, normalmente taxamos os loucos em virtude de sua relação com a razão, ou, falta dela, agora, os vemos também, derivando sua loucura da má relação com o tempo. Claro que, Cronos, por si só não faz alguém melhor, tampouco, pior. O mesmo sábio versara: “Coroa de honra são as cãs; achando-se elas, no caminho da justiça.” Vemos que, honra, não tem suas raízes nos cabelos brancos, antes, nesses, escudados pela justiça. Ruy Barbosa disse algo semelhante de outra maneira: “Não te impressiones com cabelos brancos, pois, os canalhas também envelhecem.”

Entretanto, assim como, loucura, pode ser um conceito ambíguo, dependendo de quem conceitua, igualmente, razão. Paulo apresentou de modo irônico a fé cristã como loucura, falando num desafio aos de fora: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Contudo, falando aos salvos, exortou-os à razão: “Rogo-vos, pois, irmãos, pela compaixão de Deus, que apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo, agradável a Deus, que é o vosso culto racional.” Rom 12;1

Noutra parte expusera essa relatividade conceitual: “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas, para nós, que somos salvos, é poder de Deus.” I Cor 1;18

Voltando à relação com o tempo, aí, os ímpios nos rotulam de loucos, afinal, tantos prazeres disponíveis, e nos esforçamos à disciplina, passamos a vida em conflito com nossa natureza perversa, obedecendo, inda que, imperfeitamente, à Vontade de Deus. Isso, aos seus olhos é perder tempo.

A ideia vulgar de vida eterna é que acontecerá aos “bons” depois da morte. Dois erros: Primeiro; bom é Deus apenas, nós, somos maus; mais verdadeiramente seremos, à medida que tencionarmos negar isso. Segundo; vida eterna tem a ver com qualidade de vida espiritual, antes, de que, com tempo. Quando, escrevendo a Timóteo Paulo disse: “...Toma posse da vida eterna...” não aconselhou o suicídio, antes, viver essa, em seus valores e implicações, desde a saga terrena.

Assim, os salvos, mesmo que “percam tempo” evadindo-se aos prazeres pecaminosos, saem no lucro. Pode perder uma gotícula quem possui um oceano sem notar o “prejuízo”. A vida eterna começa aqui, na conversão; se mantém na perseverança, e não pode ser interrompida pela morte física, como disse Paulo, ao ver nela a interrupção de suas dores, apenas: “Porque para mim o viver é Cristo, e, morrer é ganho.” Fp1;21
Por outro lado, quem aliena-se de Deus, Seu Amor, manifesto no ensino de Sua Palavra preferindo “curtir” os prazeres da vida, o que fará quando seu fôlego for tirado? Quem, deveras, está perdendo tempo? 

Tiago aludiu à fragilidade da vida de modo tal, que é temerário supor do amanhã: “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Porque, que é a vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois se desvanece.” Tg 4;14

Moisés, por sua vez, denunciou a fugacidade da existência: “Os dias da nossa vida chegam a setenta anos, se, alguns, pela sua robustez, chegam a oitenta, o orgulho deles é canseira, enfado, pois cedo se corta, vamos voando.” Sal 90;10 Em vista dessa limitação orou para nela pudéssemos ser ajudados pelo Eterno, para, encontrarmos sabedoria. “Ensina-nos contar nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.” V 12

Enfim, se, adolescência e juventude são vaidade, velhice, dias maus, resta buscarmos a varonilidade eterna proposta pelo Salvador. “Até que todos cheguemos à unidade da fé, ao conhecimento do Filho de Deus, homem perfeito, à medida da estatura completa de Cristo.” Ef 4;13

Não exatamente, eterna juventude do imaginário fictício, mas, eterno vigor espiritual, a ação do tempo presa à inércia, e os prazeres lícitos potencializando a vida. Pensando bem, nem são tão insanas assim, as razões dos loucos.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2016

Geração bem in-formada

“A educação tem raízes amargas, mas, seus frutos são doces.” ( Aristóteles )

Se desse para pularmos essa etapa amarga indo direto à doçura, na linguagem moderna seria, um “upgrade” um salto de qualidade, desfazendo a rigidez do método antiquado.

Todavia, como verossimilhança não é verdade, informação não é formação. Qualquer um pode consultar “Di grátis” ao Dr. Google, e sair explicando ao médico as causas do Diabetes, Labirintite, Apendicite, etc. Mas, quem tem formação para cuidar do caso?

Sócrates, o filósofo, tinha seus pleitos contra sofistas, pois, esses, no pleno domínio da retórica poderiam fingir que entendiam tudo, mais que, os veros entendidos; de saúde, mais que o médico; da arte bélica, mais que o soldado; de escultura, mais que o artesão; quando, deveras, entendiam apenas da arte de fingir. Qualquer semelhança com os políticos de hoje não é coincidência; é mesmo, o triunfo do verossímil sobre o verdadeiro.

Quando se trata de “control C control V” qualquer um exercita-se em grandes coisas; mas, peça-se, mera redação no ENEM, por exemplo, e, a formação será jogada de volta ao fundo do vale de onde nunca saiu. A facilidade de domesticar meios antes de domar a si mesmo, tem colocado pilotando canhões, gente que inda não sabe usar uma funda.

A boa formação faz “maciços;” informação pode fazer envernizados. Num contexto onde verniz serve seremos úteis; mas, onde a demanda for por conteúdo, tendemos a “pagar mico”.

Aqui onde vivo havia meia-dúzia de redutores eletrônicos de velocidade, que, por alguma razão foram removidos; manutenção, mudança de regras, sei lá. Mas, sempre que me aproximo de onde ficavam, automaticamente reduzo abaixo dos 40 Km por hora que era permitido. Depois que faço isso me dou conta que não mais estão lá as câmeras. A formação faz isso com nossas almas; “condiciona” nossos reflexos, tanto na esfera dos valores, educação, quanto, conhecimento.

Aí, em nosso mirante atual, alguém público é acusado de um ilícito qualquer, tráfico de influência, corrupção. Em sua “defesa” uns dizem que fez muito pelo país, deve ser respeitado. Qual a leitura? Que alguém que fez isso está cima de Lei, mera investigação equivale a desrespeito. Outras “defesas” acusam oponentes de terem feito coisas semelhantes, muitas vezes, recorrendo à calúnia. Qual a lógica? Fez, mas, beltrano também fazia.

Assim, a “moral” disseminada é que, se fizer coisas boas tem crédito para as más; ou, se nivelar por baixo a falta de caráter, tudo bem. Pior que essa crise absurda de valores, é encontrar pessoas que mesmo tendo sido vítimas dos tais coisas, ainda defendam esses argumentos.

Se, eu for acusado de estupro, disso deverei me defender; com provas, álibi, testemunho, o que tiver; contudo, se invés disso eu sair acusando meus acusadores de serem frígidos, contra o prazer, ou, afirmar que já fiz bem a muitas mulheres, não vai me inocentar, tampouco, essa gororoba retórica equivale a uma defesa.

A glamurização da ignorância, o culto à esperteza em lugar do caráter, fanfarrice em lugar dos fatos, pode funcionar durante determinado tempo; porém, as consequências sempre surgem, testemunhas verdadeiras que com seu dito, acabam desnudando às causas.

Para serviço público de quarto, quinto escalões para baixo se requer preparo, esmero; acessa-se mediante concurso, mérito. Daí pra cima, triunfam os retóricos, mentirosos, espertos; quem for melhor em debates, discursos, vence, ocupa lugares no topo, e indica segundo e terceiro escalões, baseado em identificação partidária, troca de favores fisiológicos.

Insano sistema que exige competência para funções secundárias, e safadeza para as essenciais. Esse “centauro” invertido, onde o corpo é humano e a cabeça animal tende a caminhar aos solavancos, pois, sua anatomia o prejudica, o corpo padece a falta de coordenadas lúcidas, e carrega peso desproporcional.

Mas, por quê triunfam as “nulidades” como denunciou Ruy Barbosa? Porque o paladar da geração informação está condicionado a até arquivar algumas, seletivamente, e descartar milhares; entretanto, não está apto a identificar, discernir a essência das coisas.

As palavra são usadas de modo oposto ao seu significado, e tem muitas amebas que, invés de denunciarem ao estupro da lógica, saem em coro em defesa dos estupradores. Assim, fundem democracia e ditadura ao sabor dos gostos, não dos fatos; legalidade e golpe, pelo mesmo critério; crimes pontuais com discordâncias ideológicas, etc.

Então, esse “rico” filão, da insipiência atuante, da ignorância sem modéstia, além de fazer a fortuna dos políticos safados, faz também a de mercenários, falsos profetas, pois, o mesmo que se faz na política, muitos fazem em igrejas.

Porém, se a questão é de raízes como disse Aristóteles, e todos estão já frutificando, só um milagre quebraria tal paradigma; temos o país que merecemos, pois, se essa é a colheita, isso foi plantado...

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Ecologicamente incorreto



Porque a paixão é sempre mais veloz que a razão? Os sentimentos suplantam valores?  Talvez, porque a paixão seja filha do instinto, do quê, mais primitivo temos; enquanto, a razão demanda certo depósito de valores, intelecto, clareza, discernimento para compreender o que está em jogo.  

Sentir um impulso é mais fácil e rápido que refletir. Repetir o que se ouviu sem investigar, embora superficial, pueril, é indolor, leve, prazeroso. 

Lembro uma frase de Henry Ford: “Pensar - disse -  é o trabalho mais duro que há; essa, talvez, seja a razão pela qual tão poucos se atrevem a isso.” 

Por isso, talvez, tantas celebridades sejam pagas a preço de ouro para mentir que usam determinado produto, pois,  automaticamente, os que admiram tal famoso, acabarão associando as imagem  e produto,  comprando o que for anunciado.  A mim não interessa se o craque A, usa o perfume, B; dane-se! Uso o que me der na telha. Tampouco qual a “cor da estação” ditada por um bosta qualquer que posa de Deus da moda, dane-se, outra vez!

Infelizmente, a massificação, o efeito manada, tem assassinado o indivíduo, tolhido a beleza da diversidade, miscigenando índoles nua gosma amorfa, acéfala, insípida, chamada, povo.   

Assim como repetir conceitos qual papagaio é indolor, fazer o que a maioria faz também é mais confortável que acender o fogo com a própria lenha. Aliás, ocorre-me ainda uma frase de Plutarco sobre o tema: “A mente não é um vaso para ser cheio; antes, um fogo a ser aceso.” 

Mas, vivemos num tempo em que as vasilhas enchem-se de imbecilidades, enganos, “certezas” cujo único mérito é serem instrumentos de cansativa repetição; enquanto o fogo que queimaria erros, falácias, examinaria procedência, coerência, lógica, veracidade, acha-se irremediavelmente apagado. 

O manto das paixões acenado cega a  ponto, de as galinhas comemorarem quando a guarda do galinheiro é entregue às raposas.  Celebram aos gritos e com fogos de artifício, a beleza estonteante de sua estupidez. 

Eu não gosto nem pretendo que as pessoas concordem comigo para não discordar, simplesmente. Longe de mim ser dono da verdade; o iluminado que nunca erra! Entretanto, quem discordar, quando o fizer, respeite minha inteligência, e faça com argumentos plausíveis, racionais. 

Se bater à minha porta com falácias decoradas, preferências passionais, vigarice intelectual; ouvirá um sonoro, dane-se! Não gasto meu tempo com crianças psicológicas.

Detesto que me tentem impor o que devo amar, ou odiar; são escolhas minhas, e penso que as baseio em valores. Assim, se o argumento falta com a verdade, se traz raciocínio tendencioso, se justifica maus meios para presumidos, bons, fins, a balela não passará em meu filtro lógico e o paroleiro laborará em vão. 

Atrás das bandeiras de “povo” e “Pátria” muito canalha se escondeu, e ainda se esconde. Ademais, fomentar a miséria para depois obter lucro com ela via chantagem, é a quintessência da canalhice. 

A essa altura alguém pode estar suspeitando que estou falando das eleições de ontem. Também! Foi a inspiração para uma reflexão filosófica sobre a pobreza intelectual e moral do “homem” de nosso tempo.   

Sim, coloco o homem entre aspas, não por minha conta, mas, copiando uma sentença do Rei Davi que disse: O homem que está em honra, e não tem entendimento, é semelhante aos animais, que perecem.” Sal 49; 20 Ou, de seu filho Salomão que, parece ter valorado a inteligência como algo que vem de fora, um dom, uma aquisição sem a qual, o homem fica “em si mesmo”. “Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais.” Ecl 3; 18 

Gosto muito dos animais em seus habitats, usando os próprios corpos. Quando jumentos vêm a mim disfarçados de homens não sou “ecologicamente correto” quebro o pau.

É doloroso navegar na vida num mar de imbecilidade e uma ou outra ilhota de discernimento. Ver a espalhafatosa “comissão de frente” da escola de samba dos interesses mesquinhos, fantasiada de valores, aplaudida, evoca meu desprezo pelo carnaval.

A “vergonha de ser honesto” que já corou a Ruy Barbosa ronda homens de bem num cenário que canoniza o engano, despreza bons valores; cenário onde triunfam as nulidades. 

Em suma, peço desculpas aos animais por ofendê-los com tão injusta comparação; se eu fosse um deles talvez estivesse me sentindo muito bem, não com vergonha da espécie humana como estou agora.

O “homo sapiens” e sua maioria atende às intimas comichões fingindo atender a de terceiros; isso, os bichos não fazem. Mas, o Mestre ensinou que não devemos esperar que o espinheiro dê, uvas; igualmente, que venham à luz valores onde eles se destacam, justo, por sua ausência.