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domingo, 28 de setembro de 2014

O hábito e o monge



“Disse o rei de Israel a Jeosafá: Disfarçando-me eu, então entrarei na peleja; tu, porém, veste as tuas roupas reais. Disfarçou-se, pois, o rei de Israel e entraram na peleja.” II Cr 18; 29  “Tragam a veste real que o rei costuma vestir, como também o cavalo em que o rei costuma andar montado,  ponham a coroa real na sua cabeça.” Et 6; 8   

Nos textos em destaque temos dois casos de vestes trocadas. No primeiro, o rei Acabe disfarçado de plebeu; no segundo, o servo Mardoqueu com vestes, coroa e cavalo de Rei.

Assim como dizem que, o papel aceita tudo, também o corpo; digo, cada um pode se vestir como quiser. Entretanto, nos eventos em apreço a escolha dos “modelitos” derivava de circunstâncias a considerar.  

Acabe convidara Josafá, rei de Judá, para uma investida conjunta contra  Ramote de Gileade. O rei aceitou, mas, condicionou que Deus fosse consultado. Acabe apresentou uma malta de profetas de Baal que prometeu vitória fácil na peleja. 

Josafá, porém, pediu que se ouvisse um profeta do Senhor. Micaías  vaticinou a morte de Acabe e derrota no combate. Mesmo assim, o monarca seguiu em seu intento. 

Porém, resolveu empurrar a “batata quente” para Josafá. Sabendo que seria o alvo principal dos adversários decidiu vestir-se como mero soldado, tentando, via astúcia, evadir-se ao cumprimento da funesta previsão.

Assim, suas vestes simples nada tinham de humildade, antes, era indício de safadeza. Como não se pode ludibriar a Deus, o estratagema não adiantou; foi morto do mesmo modo. 

No caso de Mardoqueu, servo no reino de Assuero, ouvira falar de uma conspiração contra a vida do Rei e denunciara; investigaram, comprovaram a denúncia e justiçaram aos sediciosos sem recompensa alguma ao judeu por sua lealdade. 

Porém, quando a vida de todos os judeus estava ameaçada pelo príncipe Hamã, a rainha Ester e Mardoqueu jejuaram e oraram por livramento. Deus ouviu e enviou  insônia ao rei, que, como não tinha televisão para se distrair ordenou que se lessem as crônicas perante ele. 

Em dado momento se achou sobre a denúncia de Mardoqueu que lhe salvara a vida. Então lembrou que recompensa nenhuma lhe fora dado por isso. O próprio Hamã foi convidado a opinar como o rei deveria honrar a quem desejasse e sugeriu as vestes, coroa e cavalo do rei num tour pela cidade pensando em honra para si. Nesse caso, as vestes trocadas significavam honra, respeito. 

Esses incidentes, porém, são pontuais, circunstanciais. Normalmente andamos com as nossas roupas. 

Entretanto, quando a Bíblia fala em vestes, não raro, é uma metáfora para caráter, atitudes. Por exemplo: “Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, nunca falte o óleo sobre a tua cabeça.” Ecl 9; 8 O contexto imediato fala de obras;  em apocalipse é expresso o sentido da metáfora; “E foi-lhe dado que se vestisse de linho fino, puro e resplandecente; porque o linho fino são as justiças dos santos.” Apoc 19; 8 

Assim,  “O hábito faz o monge” deve ser interpretado como, as atitudes demonstram o caráter; ou, o fruto identifica a árvore, como ensinou O Salvador. 

O vício mais recorrente nas denúncias Dele era a hipocrisia, que, outra coisa não é, senão, desfilar com as vestes trocadas. Um caráter tortuoso, malsão, e  ostentação piedosa, santa. O Mestre ilustrou isso como um sepulcro; cal por fora, podridão por dentro. 

A conversão, além de outras tantas figuras usa essa: Lavar as vestes com sangue. “...Estes são os que vieram da grande tribulação, e lavaram as suas vestes e as branquearam no sangue do Cordeiro.” Apoc 7; 14  

Esse branqueamento é o traje a rigor, sem o qual seremos “barrados no baile”. “E o rei, entrando para ver os convidados, viu ali um homem que não estava trajado com veste de núpcias. E disse-lhe: Amigo, como entraste aqui, não tendo veste nupcial? Ele emudeceu. Disse, então, o rei aos servos: Amarrai-o de pés e mãos, levai-o, e lançai-o nas trevas exteriores;” Mat 22; 11 a 13  

Assim, não valem nada as vestes de pretensa esperteza para evadir-se ao juízo Divino como intentou Acabe; antes, basta que tenhamos uma postura de lealdade ao Rei, como Mardoqueu, e a seu tempo Ele nos honrará com Suas vestes santas. 

Quando recebemos Seu Ser, e O deixamos nos conduzir, em parte já estamos em trajes nobres, ainda sobre a Terra. Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo.” Gál 3; 27  

Diverso da moda que cambia a cada quinze dias, as vestes de Cristo nos mudam um pouco a cada dia; nos paramentam de justiça para vermos a face do Rei. “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;” Mat 5; 8