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terça-feira, 4 de outubro de 2016

"Confissão da Palavra". Mantra de loucos

“... Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de Deus, e não receberíamos o mal?” Jó 2;10
Aos olhos de Jó, esperar apenas facilidades na vida, era uma perspectiva de doidos, de loucos. Salomão pautou algo semelhante: “No dia da prosperidade goza do bem, mas, no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este, em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecl 7;14

Tanto para Jó, quanto, Salomão, pois, os dias maus em contraponto aos bons, eram Obra de Deus. Na verdade, o Próprio Salvador, a isso, corroborou: “No mundo teres aflição, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo”; ou, Isaías, o profeta, cogitou tempos de absoluta escuridão, na qual deveria nos bastar O Caráter do Santo, Seu Excelso Nome. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10

Por que alisto isso tudo? Porque viceja na praça uma “teologia” capenga, herética, chamada “Confissão da Palavra”, onde, incautos são ensinados a pegarem determinadas passagens bíblicas e saírem repetindo como robôs, até que, “a esperança ganhe substância, se torne fé”. Coisas que Deus disse, ensinam, devemos decretar, determinar; as más que chegam a nós, convém rejeitar, pois, vêm do diabo.

Um dos expoentes dessa aberração é R. R. Soares, que, “baseado” no texto de Isaías 53 que diz, que o Salvador levou sobre si nossas enfermidades, os crentes não podem mais ficar enfermos, pois, seria uma ação do maligno. Só que, o verso seguinte deixa ver de quais “enfermidades” se fala: “O castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, pelas Suas pisaduras fomos sarados.” “Nos traz a paz...” não, saúde. Claramente trata-se de enfermidades da alma, pecados. Timóteo tinha problemas de estômago, Trófimo ficou doente, Eliseu, Paulo; todos eram servos de Deus. Nesse momento que escrevo estou de cama, com febre dor de garganta; me presumo servo também, embora, da raia miúda.

O problema dessa “teologia”, herege do primeiro ao quinto, é que ela transforma o paciente em médico, digo, o faz comportar-se como se fosse; coisa de doido como diria Jó. Imagine que consultemos um clínico qualquer, e, tal, nos prescreva uma aspirina de seis em seis horas. Invés de a tomarmos, peguemos a receita e saímos repetindo indefinidamente, o que está escrito: “Uma aspirina de seis em seis horas.” Hora, esse é o “script” dele, minha parte é fazer o que ele mandou.

Igualmente, nas coisas de Deus. O Senhor disse: “Bem aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Será que, se eu sair “confessando” isso O verei? Nunca. A receita é “limpar o coração”, não, repetir o que está escrito. Mas, como fazer isso? Essa pergunta já foi feita e respondida; “Com que purificará o jovem seu caminho? Observando-o conforme tua palavra.” Sal 119;9 devemos, pois, caminhar, andar, agir, segundo A Palavra, não repetir o que ela diz.

Interessante é que, tais “Mestres” escolhem a dedo quais passagens devemos “confessar”. Textos como: “Não há um justo sequer”, “Enganoso é o coração, mais que todas as coisas, perverso.” “Não há um bom, senão, Deus;” ou, mesmo, “No mundo tereis aflições”, esses não; afinal, seriam “negativos”. Negativos ou, positivos, são verdade. Quem a teme, jamais vai se aproximar deveras, de Deus.

Em momento algum O Altíssimo tencionou que fizéssemos da Sua Palavra, “matéria prima” para mantras, antes, depois de rejeitarmos às más influências baseássemos dela, nossa reflexão, para pautar ações, caminhos. “Bem aventurado o homem que...tem o seu prazer na lei do Senhor, na sua lei medita dia e noite.” Sal 1;1 e 2

Enfim, qualquer ensino, por ortodoxo que pareça, se, substituir a obediência, santificação, por técnica, é blasfemo, pois, supõe que O Todo Poderoso seria manipulado por vermes indignos como nós.

 Certo é que, no caso de Jó era mesmo o inimigo causando aflições, porém, com permissão de Deus. Se, para um íntegro como Jó O Eterno permitiu, por que seria diferente conosco? É vero que, Deus “Faz com que todas as coisas contribuam juntamente para bem dos que O temem”, contudo, apenas Ele sabe o que, no final se revelará nosso bem.


Tendemos a chamar assim, ao bom, como crianças que preferem alimentos feitores de obesidade, aos, saudáveis. Priorizar o que necessitamos invés do que desejamos é Ele que faz soberanamente, não recebendo “ordens” da Terra. Deprimente ver multidões ofertando seus aplausos e “améns” a esses perversos. A mulher de Jó falou como doida, esses, agem como tais. “Os loucos às vezes se curam, os imbecis, nunca.” Oscar Wilde

sábado, 30 de agosto de 2014

A "Teologia" dos bárbaros

“Porque sete vezes cairá o justo, e se levantará; mas os ímpios tropeçarão no mal.” Prov 24; 16 
 
No meio religioso costuma-se pensar que aquele que cai deixa de ser justo. Caiu porque se desviou do bom caminho. Sim, o julgamento do caráter a partir das circunstâncias é  comum no meio evangélico. Um hino antigo que denunciava essa visão  diz: “Se estou enfermo é porque estou em pecado…” 
 
Mais ou menos a “teologia” de R. R. Soares que baseado num verso de Isaías 53 onde diz que Jesus “Levou sobre si nossas enfermidades” conclui que um salvo não pode ficar enfermo; doença é do diabo.  Contudo, basta ler o verso seguinte para ver que tipo de enfermidades o profeta tinha em mente. “O castigo que nos traz a paz estava sobre ele…” Assim, as enfermidades em apreço tiram a paz com Deus, não a saúde. Claro que está falando de enfermidades da alma, pecados.
 
Certo é que o Senhor curou  muitos e ainda cura em resposta às orações. Mas, também é certo que Epafrodito, Timóteo,  Paulo, tinham seus problemas de saúde e o Senhor não interveio.  De modo que, a cura física é uma possibilidade ao alcance dos fiéis, não, uma necessidade.

Todavia, a queda do justo refere-se a problemas com pecados mesmo; não há inferência que autorize concluir que se refere à saúde. Tanto é possível “cair” para consumo externo; digo, sofrer por causas alheias ao seu caráter, como Jesus, Jó e Paulo, por exemplo; quanto, os justos cometerem seus próprios deslizes.

Acontece que há pecados que são de conduta; outros, de princípio. Esses se referem aos valores que adoto como aceitáveis ante Deus. O pecado de conduta é, quando, num momento de fraqueza ou descuido atuo de forma a trair os princípios que  tenho como norteadores de meu agir.
Tomemos como exemplo o pecado da mentira. Baseado em muitos textos onde vemos que o Santo abomina essa postura, também eu, passo a adotar com um princípio, um modo de agir segundo Deus, que me faz justo no tocante a isso. Entretanto, por uma conveniência circunstancial, digamos que eu conte uma mentira. Cometi, assim, um pecado de conduta; conduzi-me contrariamente aos princípios que acredito, caí. Mas, presto me arrependo, confesso,  peço perdão; o Senhor misericordioso me levanta.

Todavia, os ímpios que acham a mentira um sinal de esperteza e fazem uso dela com frequência, “tropeçam no mal”. Desconhecem a Vontade de Deus por rebeldia, ignorância; assim, estão caídos e sequer percebem. “O caminho dos ímpios é como a escuridão; nem sabem em que tropeçam.” Prov 4; 19
 
Além disso, circunstâncias adversas podem ocorrer  fortuitas, sem culpa de ninguém. Como se deu com Paulo em Malta. “E, havendo Paulo ajuntado uma quantidade de vides,  pondo-as no fogo, uma víbora, fugindo do calor, lhe acometeu a mão. E os bárbaros, vendo-lhe a víbora pendurada na mão, diziam uns aos outros: Certamente este homem é homicida, visto como, escapando do mar, a justiça não o deixa viver.” Atos 28; 3 e 4
 
Essa era sua “teologia”; Paulo acabara de escapar de um naufrágio, em terra firme foi acometido por uma víbora venenosa.  É um assassino que os deuses perseguem para matar, pensaram. Contudo, “sacudindo ele a víbora no fogo, não sofreu nenhum mal. E eles esperavam que viesse a inchar ou  cair morto de repente; mas tendo esperado já muito, e vendo que nenhum incômodo lhe sobrevinha, mudando de parecer, diziam que era um deus.” VS 5 e 6
 
Nem uma coisa nem outra. Certo que Paulo tinha suas culpas pretéritas, mas, fora perdoado e comissionado por Cristo, de modo que não havia perseguição contra ele, exceto, dos judeus. Também, que foi Jesus que neutralizou o veneno da víbora porque era com ele, não que Paulo fosse  Deus.

A Bíblia ensina-nos a conhecermos os caracteres pelos frutos, não, pelas circunstâncias. Afinal, só quem sobe aos padrões elevados de Deus pode cair.  A consciência do que adota princípios ímpios está cauterizada, perde a sensibilidade espiritual como um bêbado perde a física. “Como  espinho que entra na mão do bêbado, assim é o provérbio na boca dos tolos.” Prov 26; 9
 
Claro que um relapso que aos poucos deixa de ouvir aos reclames da consciência, acabará caindo de vez. O Homem que muitas vezes repreendido endurece a cerviz, de repente será destruído sem que haja remédio.” Prov 29; 1
 
Por mais que incomode, pois, a denúncia de uma consciência viva labora para preservar nossa alma. “Conservando a fé, e a boa consciência, a qual alguns, rejeitando, fizeram naufrágio na fé.” I Tim 1; 19 A consciência acusa a queda; a boa índole reconhece a culpa; o arrependimento conduz ao que Levanta.