“Disse Jessé a Davi, seu filho: Toma para teus irmãos um
efa de grão tostado e dez pães, corre levá-los ao arraial, a teus irmãos. Porém,
estes dez queijos, leva ao capitão de mil; visitarás a teus irmãos, para ver se
vão bem; e tomarás o seu penhor.” I Sam 17;17 e 18
Um pouco
antes do célebre combate entre Davi e Golias, temos seu pai, Jessé enviando-o
ao campo de batalha como mero supridor de logística e repórter, nada tendo a
ver com o combate iminente.
Desse modo,
sua inserção no exército, mais, seu protagonismo foi totalmente anormal, inesperado,
surpreendente. Acontece que, a mente humana lida com a lógica, e essa, com
circunstâncias, aparências, possibilidades naturais dos que a concebem.
Na verdade,
mesmo os que pretendem conhecer e servir a Deus, traçam suas concepções “lógicas”
como se, O Todo Poderoso fosse previsível às nossas mentes frágeis, ignorantes,
limitadas. Paulo ensina: “( Deus ) ... é poderoso para fazer tudo muito mais
abundantemente além daquilo que pedimos ou pensamos...” Ef 3;20, assim, “...As
coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, e não subiram ao coração do
homem, são as que Deus preparou para os que o amam.” I Cor 2;9
Desse modo,
tanto pode pegar mero anônimo que escolher para, mediante ele fazer grandes
coisas, como fez com Davi; quanto, destronar um famoso, revelando as falsidades
que esse oculta, como muito ocorre, infelizmente. Mediante Ezequiel acenou com
algo semelhante: “Assim saberão todas as árvores do campo que eu, o Senhor,
abati a árvore alta e elevei a árvore baixa, sequei a árvore verde e fiz reverdecer
a árvore seca; eu, o Senhor, o disse, e fiz.” Ez 17;24
O Eterno não tem
compromisso com nossas concepções lógicas, ademais, podendo ver corações, motivações,
invés de meras aparências ou, ações, aquilo que nos é surpreendente, nada mais
é, que o normal, para Ele. Esse é o papel da fé, pela qual o justo viverá. Ela
supre os lapsos da nossa ignorância preenchendo as lacunas com a confiança
irrestrita em Deus. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do seu
servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome do Senhor,
firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10
Mesmo o
silêncio Divino tem lá sua eloquência para quem tem ouvidos espirituais. Pois,
se “a fé é o firme fundamento das coisas que se
esperam, e a prova das coisas que se não veem.” Heb 11; 1 também consegue,
depois de conhecer a Deus, “ouvir” entrelinhas do silêncio providencial de um
Deus amoroso e sábio. O silêncio de Deus não é necessariamente Sua aprovação,
antes, concessão de liberdade para que tomemos nossas decisões à luz do que
sabemos ser Sua vontade. Um convite à maturidade espiritual.
Contra
um que equacionara silêncio com anuência, aprovação, O Eterno denunciou: “Assentas-te a
falar contra teu irmão; falas contra o filho de tua mãe. Estas coisas tens
feito, eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te arguirei, as porei por
ordem diante dos teus olhos.” Sal 50;20 e 21
Na verdade,
os que buscam grandezas para si são réprobos aos olhos Divinos. Então,
geralmente Deus recicla rejeitos sociais para fazer grandes coisas; os que se
satisfazem com sortes módicas, às vezes são escolhidos para feitos notórios. “Mas,
Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; Deus
escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; escolheu as
coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar as que
são; para que nenhuma carne se glorie perante ele.” I Cor 1;27 a 29
“A grandeza
foge de quem a persegue, e persegue a quem foge dela”. (sabedoria judaica)
Assim, se há
um gigante contra o qual temos que lutar inevitavelmente, esse, é o ego, que,
malgrado a miserável sina de pecadores, insta mediante a natureza para que usurpemos
o lugar de Deus, ansiando coisas que não nos cabem. Nessa peleja não estamos numa
situação periférica, como fora inicialmente, a de Davi, antes, o protagonismo é
nosso.
Seria
injusto, Deus, que sonda corações requerer pureza de nós, quando nossas
impurezas nos fossem ocultas; assim, nos ilumina mediante Sua Palavra, e
capacita Pelo Espírito Santo, para que andemos na luz.
A mortificação do “Eu”
só é possível na cruz, e nessa peleja a maioria estremece como estava o
exército de Saul ante as ameaças de Golias. Contudo, os que recebem O Espírito
e Nele andam, fazem das adversidades grandes vitórias, e dessas, encorajamento
a outros que temiam uma igual luta. O mesmo gigante que amedronta quando vivo,
se torna motivação para a luta, quando derrotado.