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sábado, 29 de outubro de 2016

Pelados com a mão no bolso

“No outro dia depois da páscoa, nesse mesmo dia, comeram, do fruto da terra, pães ázimos e espigas tostadas. E cessou o maná no dia seguinte, depois que comeram do fruto da terra, os filhos de Israel não tiveram mais maná; porém, no mesmo ano comeram dos frutos da terra de Canaã.” Jos 5;11 e 12

Deparei com um jornal promocional de uma dessas igrejas empresas da moda, jogado na área de minha casa. Dei uma olhada superficial nas mensagens e “testemunhos” e fiquei maravilhado com o que “Deus está fazendo” depois que o líder deles aprendeu, e passou a ensinar “como tomar posse da bênção”. São curas e mais curas, casamentos reconstruídos, libertação dos vícios, enriquecimento, empregados virando patrões, etc.

O utópico Eldorado, a cidade do ouro, devaneio de antigos conquistadores, parece ter sido encontrado por tais crentes. Chego a pensar, se, esse seu marketing agressivo logra adesões, ou, enseja frustrações de “normais” como eu, que vivem aos trancos e barrancos, com saúde e doença, lucros e prejuízos, vitórias e derrotas pontuais, erros e acertos...

Sim, ao ler tão grandiosas conquistas que alardeiam, descubro-me mui aquém de sua estatura, e resulta necessária a conclusão que, se, ter fé é isso, não sirvo para o papel.

Uma coisa que me ocorreu foi pensar como seria a Bíblia, se, invés de inspirada pelo Espírito Santo, como é, fosse por esse espírito utilitarista-profano, com suas superficialidades vis, seu seletismo ufanista, parcial.

Por certo, Noé não teria se embriagado, Abraão e Sara não teriam duvidado, Jacó não teria trapaceado Esaú, nem, Labão, Moisés não teria se irritado, ferido a Rocha, Davi teria casado com uma viúva, não, adulterado, quiçá, a culpa pela queda seria exclusivamente do inimigo...

Esses párias espirituais, sem noção, quanto mais pretendem mostrar a “Grandeza de Deus”, mais desnudam sua pequenez mesquinha, sua idolatria egoísta, testemunho inequívoco, que não passaram pela cruz.

Para desespero de ateus e ateístas, que gostariam muito de tachar À Palavra de Deus como mero compêndio humano, as falhas dos heróis bíblicos estão lá, graves, verazes, sem máscaras. Mesmo as angústias do Salvador em Seu esvaziamento, registradas: “Pai, se possível, passa de mim este cálice; todavia, não se faça minha vontade, mas, a tua.” Luc 22;42

A ação sobrenatural de Deus se dá diante de necessidades, como, fazer cair o Maná no deserto sem o qual, a nação de Israel pereceria. Mas, como vemos nos versos acima, quando o povo entrou na terra prometida cessou, era hora de trabalhar.

Há duas razões, pelo menos, para olharmos desconfiados para ensinos assim: Primeira; a prosperidade material não é, necessariamente, Vontade de Deus para seus filhos, muitos fiéis morrem pobres. Segunda; Deus faz sol e chuva descerem sobre todos, justos e injustos, as coisas atinentes à preservação da vida natural não requerem fé, de modo que, as mesmas não patrocinam testemunho nenhum.

Ademais, dos convertidos se espera uma mudança cabal, de alvos, mente, valores, vida; “Assim que, se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17 Então, se alguém se diz convertido, e pretende legitimar isso pela conquista “gospel” das velhas coisas, aquilo que pretende como afirmação da fé, é justo, a negação.

O novo nascimento é espiritual, a mudança necessária é interior, a qual, quando genuína, não muda circunstâncias adversas em favoráveis, antes, a reação humana, a elas, como ensinou Paulo: “...aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, sei também ter abundância; de toda maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto a ter fartura, quanto a ter fome; tanto a ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

O jornaleco que deveria acender dois cifrões em minhas retinas, me fez sentir como Paulo no Areópago. Andando triste entre os testemunhos mortos de uma religiosidade idólatra, sem vida, e eventual menção ao Deus verdadeiro anexa à confissão de ignorância; “Ao Deus Desconhecido...

Justo entre os gregos, fonte da mitologia, deuses imortais, Paulo apresentou Deus “natural, mortal”, “loucura para os gregos, escândalo para os judeus, mas, para os salvos, Sabedoria de Deus, pois, a loucura de Deus é mais sábia que os homens.”

O serviço humilde ensinado pelo Salvador que lavou os pés dos discípulos sequer se aproxima dessa doutrina perita em formar zangões espirituais, como se, os “ímpios” devessem correr atrás com seus meios, e esses, “santos”, prosperassem mediante mandingas, palavras arrogantes cuja obscenidade não salta aos olhos porque a cegueira adjacente é o traje a rigor nesse campo de nudismo espiritual.

Adão e Eva estavam nus e não se envergonhavam por falta de motivo; esses, por falta de vergonha.