“As muitas águas não podem apagar este amor, nem os rios
afogá-lo; ainda que alguém desse todos os bens de sua casa pelo amor,
certamente desprezariam.” Cant 8;7
A superioridade dos bens abstratos, psicológicos e
espirituais, sobre os materiais é ensino recorrente. Se, acima temos o amor
entre humanos em apreço, noutras partes temos o valor da vida sobrepujando
riquezas; “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas
riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir seu irmão, dar a Deus o resgate
dele. A redenção da sua alma é caríssima, seus recursos esgotariam antes.” Sal
49; a 8
Noutra parte, não só o amor e vida, mas, a própria
Sabedoria sobrepuja riquezas materiais, e o faz, à medida que logra alcançar o
que nenhum bem mais, consegue, a própria vida. “Porque a sabedoria serve de
defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas, a excelência do conhecimento é que
a sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl
7;12
Mesmo para fins bélicos, os Poderes Espirituais, desconhecem
adversidade, ante exércitos poderosos. “Porque os egípcios são homens, não Deus;
seus cavalos, carne, não, espírito; quando o Senhor estender sua mão, tanto
tropeçará o auxiliador, quanto, cairá o ajudado, todos juntamente serão
consumidos.”Is 31;3
Até a sabedoria popular aquilata a vida como valor
supremo, quando, ante enormes perdas temporais, essa é preservada, filosofa: “Vão-se
os anéis, ficam os dedos”.
Circula na Internet, um vídeo de “Pepe” Mujica, que vou
citar livremente, preservando a essência, mas, parafraseando. “Ou você é feliz
com pouco – disse – ou, não será com nada. Criamos uma sociedade de consumo,
onde nos gastamos em busca de coisas supérfluas. Quando você compra algo, não
paga por isso com dinheiro; mas, com o tempo de vida que usas para ganhar esse dinheiro.
Dinheiro se ganha, vida não; vida se gasta.”
Entretanto, toda essa introdução visando demostrar a
superioridade desses valores soará à maioria, como “chover no molhado”; repisar
o que qualquer um sabe. Acontece que a verdadeira sabedoria não é meramente
conceitual, é prática. Não é estritamente o que sei, que mostra meu saber;
antes, como atuo em face ao que sei. Se conheço o valor de um diamante, ainda
assim, uso numa funda, a ação prática só realça minha estupidez. O conhecimento
não se converte em sabedoria.
Uma vez um pastor amigo me perguntou, durante um almoço,
qual a diferença entre conhecimento e sabedoria. Me vi numa saia justa, dada a
tarefa inusitada. Respondi o que me ocorreu na hora, mais para me desincumbir, que,
estar certo da resposta. Disse: “Um homem de conhecimento sabe que ficarão de
fora do Reino dos Céus, os mentirosos; um sábio, não mente.” Depois, pensando melhor,
concluí que não poderia melhorar a resposta, que eu fora inspirado ao encontro
dela.
O Senhor desafiou Seus ouvintes a transformarem seu saber
em bênçãos, mediante a prática. “Se sabeis
estas coisas, bem-aventurados sois, se as fizerdes.” Jo 13;17
Tiago, por sua vez, desafiou ao mesmo, com outras palavras: “Quem dentre vós é sábio e entendido? Mostre pelo seu bom
trato as suas obras em mansidão de sabedoria.” Tg 3;13
Depois advertiu que se pode ser “sábio” segundo o diabo,
alimentando sentimentos impuros; “Mas, se tendes amarga inveja, sentimento
faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa
não é a sabedoria que vem do alto, mas, é terrena, animal, diabólica.” Vs 14 e
15
Então, nós sabemos o necessário para fazermos boas
escolhas. Contudo, quem disse que as informações são suficientes para moldarem
as ações de uma alma cuja vontade é refém de vícios? Por exemplo: Um fumante lê
no maço de cigarros: “Fumar provoca câncer de pulmão.” De posse dessa preciosa
informação, troca alguns reais pela satisfação de seu desejo.
Desse modo, não é forçar a argumentação, concluir que as
pessoas precisam de libertação, mais, que informação; embora, essas duas
estejam amalgamadas, se, temos por informação, o que, ao Olhos Divinos é a
Verdade. “Jesus dizia, pois, aos judeus que criam nele: Se vós permanecerdes na
minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade, e
a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32
O conhecimento da Verdade secundaria à prática dos
ensinos; “se vós permanecerdes nas minhas palavras...”
Em suma, pouco, ou nada vale, sabermos onde estão os
verdadeiros valores, se, nossa vontade algemada aos falsos, segue como que
traindo a si mesma. Às vezes somos ousados para enfrentarmos o mundo, e fugimos
de nós mesmos. É que esse enfrentamento se dá na cruz. “Se alguém quer vir após
mim, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me” Luc 9;23 A cruz tem suas dores,
mas, as riquezas que encerra, compensam; vida eterna.