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domingo, 7 de janeiro de 2018

Salvação, contra a torcida

“Eis que chegou um homem de nome Jairo, que era príncipe da sinagoga; prostrando-se aos pés de Jesus rogava-lhe que entrasse em sua casa; Porque tinha uma filha única, quase de doze anos que estava à morte...” Luc 8;41 e 42

Toda oposição que O Senhor enfrentou tinha direta, ou, indiretamente as digitais dos religiosos. Se, eram o romanos que o assediavam, eventualmente, o faziam acossados pelos Saduceus, ou, Fariseus.

Tanto, o Senhor era “persona non grata” aos olhos deles que, Nicodemos, um membro do Sinédrio quando desejou entrevistar-se com Jesus o fez de noite, para, se possível, não ser visto por seus pares.

Entretanto, acima, encontramos Jairo, o príncipe de uma sinagoga prostrado aos pés de Jesus rogando sua Graça. Se, os demais Fariseus soubessem tinha tudo para perder seu posto de principal; quiçá, seria até expulso da sinagoga como era ameaça corrente.

Infelizmente, assim como Jairo a maioria das pessoas pauta-se por certa ambigüidade; uma escala de valores, um tipo de postura para as horas de calmaria; outro, para momentos de abalos emocionais. Todas as suas conveniências sociais e religiosas perderam importância; de repente, ante o risco de perder sua filha jogou no lixo as convenções o prostrou-se aos pés de quem o poderia ajudar. Sua ousadia foi recompensada, pois, sua filha já falecida foi restaurada à vida pelo Senhor.

Há um ditado que diz: “É na tempestade que se pensa no abrigo”; Porém, não se pensa num inexistente, antes, um que foi planejado e feito prevendo intempéries. E, como disse John Kennedy, “Devemos reparar o telhado quando o sol está brilhando.” De outra forma: Se, quando a Terra treme até ateus gritam: “Meu Deus”! Ou, se para momentos de dor, perdas, catástrofes, Deus nos parece um socorro necessário, por que, nas horas de calmaria O ignoramos?

Uma cena bem didática é observar a plateia num auto fúnebre, quando, o ministro tem o que dizer, da parte de Deus; mesmo os que dizem não acreditar, os que acreditam e não obedecem, todos bebem com sofreguidão cada palavra; mostram em suas retinas umedecidas, quanto carecem ter esperança, sobretudo, em horas assim.

Que adiantaria darmos voz ao ateísmo? Nada teria a dizer; pelo menos, nada que atenuasse a dor, que ensejasse algum alento. Nas horas de calmaria destruíram o possível abrigo; chegou o vendaval da morte e ficaram expostos.

Tendemos a ser muito naturais, malgrado, tenhamos espírito. O Mestre falou do Novo Nascimento ao príncipe Nicodemos; ele cogitou voltar ao ventre materno; viu as coisas do espírito com olhos da carne; igualmente o carcereiro de Filipos que, quando um terremoto abalou a cadeia onde Paulo e Silas injustamente presos cantavam louvores, ao ouvir de Paulo que estavam todos ali, ninguém tinha fugido, perguntou: “O que eu faço para me salvar”?

Embora pareça que ele fez uma pergunta espiritual, não foi o caso. A salvação que tinha em mente era da vida natural que corria risco de execução, se, os presos fugissem. Porém, Paulo bancou o desentendido e apresentou algo mais valioso que mera salvação natural; “Crê no Senhor Jesus e serás salvo; tu e tua casa”.

É lógico pensarmos que ninguém deixará um lugar onde se sente seguro, exceto, se, algum tipo de abalo o forçar a isso. Por essa razão Deus enviou Sua Palavra, que, menciona mais vezes o inferno que o Céu; a ideia é abalar mesmo; fazer pó de nosso enganoso refúgio da justiça própria, ou, heresias várias e deixar patente que, ou, recebemos Jesus como Salvador e Senhor, ou, eterna perdição nos aguarda.

Nas filas da “Mega da Virada” se podia ver muitos sexagenários fazendo sua fezinha, como dizem, querendo “ficar ricos”. A maioria deles tem já patrimônio sobejo para os poucos dias que lhe resta nessa terra, mas, sonham aumentar a bagagem que será deixada na viagem final.

Nuances da cegueira de quem passou a vida todinha alheio a Deus; mesmo se aproximando a hora de prestar contas a Ele, gasta as últimas porções do fôlego de vida correndo atrás de pó.

Quem chega a idade avançada nesse vale de lágrimas, por certo, passa por muitos abalos emocionais. Entretanto, chegando a ela sem ter restabelecido relacionamento com Deus, tende a petrificar o coração e partir assim.

Talvez por isso, Salomão via nos ambientes fúnebres mais proveito que nos oba-obas festivos e inúteis; “Melhor é ir à casa onde há luto, que, ir à casa onde há banquete; porque naquela está o fim de todos os homens; e os vivos o aplicam ao seu coração.” Ecl 7;2

Foi o medo de perder uma vida cara que forçou Jairo a ignorar a torcida e se prostrar ante Jesus; quanto vale sua vida pra você?

quinta-feira, 3 de março de 2016

Deus é dos pobres, ou, dos ricos?

“No dia da prosperidade goza do bem; no dia da adversidade considera; porque também Deus fez a este em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há de vir depois dele.” Ecles 7;14

Duas correntes antagônicas vicejam no cristianismo professo, sobre a relação dos cristãos com posses materiais. De um lado, a “Teologia da Libertação”, cuja libertação seria das condições sociais adversas, uma espécie de marxismo com viés espiritual, onde seria lícito certa expropriação dos mais abastados em favor dos economicamente desvalidos.

De outro, a “Teologia da Prosperidade” advogando que o alvo Divino é que tenhamos vida com abundância; sendo, a miséria, as privações, maldições do inimigo, atestados de ignorância espiritual, falta de fé. Quem está certo? Deus fez mesmo opção pelos pobres, ou, mostra Seu Poder enriquecendo aos que O servem? Bem, me vi forçado a colocar ambas as “Teologias” entre aspas, pois, as vejo erradas, à luz da Bíblia.

Teologia, numa abordagem simples trata de Deus, Seu Ser, Sua Palavra, Seu relacionamento com Anjos e homens. O conhecimento de Deus, eventual serviço a Ele, segundo O Salvador, seria atinente à vida. “E a vida eterna é esta: que te conheçam por único Deus verdadeiro, e Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3

Noutra parte O Senhor disse: “Acautelai-vos da avareza, pois, a vida de qualquer um não consiste na abundância do que possui.” Assim, se, o conhecimento de Deus na Face de Jesus traz vida, e essa, não consiste na abundância de bens, a vida com abundância deve ser relida. Abundância de paz, salvação, dons espirituais, amor, comunhão, tempo, dado que, eterna...

Por outro lado, os da “Libertação” usam textos como: “Bem aventurados os pobres de espírito; porque deles é o Reino dos Céus!” Ora, basta uma leitura honesta para ver que nada tem com coisas materiais. Pobres de espírito quer dizer pessoas humildes, que reconhecem carências espirituais. Mesmo Nicodemos, Príncipe do Templo foi de noite a Jesus reconhecendo suas necessidades. Ademais, aos pobres de espírito, foi acenado o Reino dos Céus, não, a prosperidade na Terra.

Opositores da fé dizem, em sua diatribe, que, cada um interpreta a Bíblia como quer. Em parte têm razão; mas, não significa isso, que, seja ela um Livro ambíguo que abona qualquer escolha. Uma interpretação honesta, observada a devida hermenêutica sempre patenteará a Vontade Divina, malgrado, choque-se com nossos mais caros anseios.

Certo que, em dado momento Jesus mandou mensageiros de João Batista dizerem a ele dos milagres que viram, e, que aos pobres era anunciado o Evangelho. Isso não significa opção pelos pobres, mas, inclusão. Pregou muitas vezes no Templo ante os grandes, foi rejeitado; entre os pobres, onde era aceito, fazia Seus milagres e ensinava Sua doutrina. Nem por isso rejeitou Zaqueu, José de Arimateia, Jairo, ou, o próprio Nicodemos, que eram ricos.

Jeremias, o profeta, certa vez fez o curso inverso. Rejeitado entre o povo comum decidiu que deveria pregar à elite; deu no mesmo, a rebeldia era geral. “Eu, porém, disse: Deveras estes são pobres, loucos, não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes, falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; mas, estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Jr 5;4 e 5

O texto que deu azo a esse raciocínio ensina nos movermos em ambas as situações; prosperidade e adversidade. “...aprendi a contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido, também, ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto, ter fartura, quanto, ter fome; tanto, ter abundância, quanto padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;12 e 13

O sentido da vida não é prosperarmos materialmente, construirmos impérios, antes, reencontrarmos o caminho de casa rumo ao Reino que já está preparado. “De um só sangue fez todos homens, para habitar sobre toda a face da terra... para que buscassem ao Senhor...” Atos 17;26 e 27

Apesar de antagônicas as duas correntes têm muito em comum. O nexo que os assemelha se pode resumir em três palavras: Aversão ao trabalho. Os da “Libertação” tencionam que “Deus” tire dos ricos e lhes dê, invés de irem a luta; os da “Prosperidade”, que O Santo abra portas via ofertas, “sacrifícios” mandingas várias ensinadas pelos mercenários, invés de arregaçarem as mangas, pedirem saúde para trabalhar, apenas.

Salomão tem um conselho a ambas as correntes “Teológicas”, pois: “Vão ter com as formigas, preguiçosos!”


Concluindo: Deus é dos pobres, ou, dos ricos? Deixemos Ele responder: “Os meus olhos estarão sobre os fiéis da terra, para que se assentem comigo; o que anda num caminho reto, esse me servirá.” Sal 101;6

domingo, 31 de janeiro de 2016

Sentença de morte reversível

“Dentro de três dias Faraó tirará tua cabeça, te pendurará num pau, as aves comerão a tua carne de sobre ti.” Gên 40;19 José, na prisão egípcia entregando, pelo Espírito do Senhor, uma mensagem de morte. A outro colega de infortúnio profetizara restauração, interpretando seu sonho. Aos dois colegas de prisão, a um falou de vida, a outro, de morte.

Desse modo deve se comportar um profeta: Ser regido estritamente pela Verdade, não pelo sabor das consequências de sua mensagem. Se Deus falou de vida, igualmente o profeta o faz; se, de morte, idem.

Não raro ilustramos a iniciação ministerial de alguém tomando emprestada a sina de Eliseu, que, uma vez chamado deixou tudo, matou seus bois, queimou as tralhas do seu labor, como sinalizando que sua entrega era definitiva, sem intento de volver atrás. É válido, didático, encorajador o exemplo.

Contudo, deve ser usado no devido contexto, pois, há diferença entre uma chamada ministerial de tal envergadura, e o convite à salvação que todos recebemos. Um salvo não deixa de trabalhar, estudar, ter  vida social, por que se converteu; antes, seus valores foram cambiados; de posse dos novos, deve comparecer aos lugares que seu viver demanda.

Nesse caso, não devemos deixar bois e arado, mas, coisas mais sutis, ouçamos: “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem, vossos caminhos os meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são os meus caminhos mais altos do que os vossos; e meus pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;7 a 9

Quando Paulo, escrevendo aos efésios equaciona os dons ministeriais com a edificação da igreja até que cheguemos à Estatura de Cristo, tendemos a ver nessa “Estatura” poder superior de operação de milagres; mas, a ideia é uma tanto mais complexa que isso. Afinal, a consequência de tal aperfeiçoamento produz têmpera espiritual, firmeza ante falsos ensinos, mais que portentos milagrosos. “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, engano de homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo;” Ef 4; 14 e 15

Dois predicados, invés de poder: Verdade, amor. Nessa ordem. Ninguém em sã consciência pretenderá ter amor maior que Jesus; (talvez, o Lula, o mais honesto de todos ) “Ninguém tem maior amor que esse; dar a sua vida pelos seus amigos.” Jo 15; 13 Na verdade, foi modesto, pois, deu até pelos inimigos. Paulo demonstra: “Porque, alguém morreria por um justo; poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;7 e 8

Demonstrado o Amor Excelso do Salvador, cumpre lembrar que jamais condescendeu com o erro, faltou com a verdade, em nome do amor.  À Samaritana propôs Água Viva, mas, denunciou sua promiscuidade; ao jovem rico propôs Vida Eterna, mas, patenteou sua avareza; a Nicodemos, desafiou a nascer de novo, mas, realçou sua ignorância espiritual... Quem disse que amor e verdade são excludentes?

Como no Seu primeiro milagre em Caná quando transformou água em vinho, e o mestre sala ouviu que o bom vinho fora deixado por último, assim age O Salvador. Sua Palavra, a dura verdade que nos humilha, se, a ela formos receptivos, teremos a refinada taça de Sua graça, ouviremos tilintar Seu perdão, beberemos o delicioso vinho de Seu amor.  Porém, sem verdade, nada feito.

Infelizmente, os profetas da moda adoçam o vinagre da mentira com o açúcar da lisonja, e, onde Cristo fala de morte, esses, acenam com vida. Teria sido simpático José falar de vida ao padeiro que estava no “corredor da morte”, mas, seria mentira. Se, em matemática, a ordem dos fatores não altera o produto; na vida espiritual, tencionar que um “amor” duvidoso, amoral, preceda à verdade e só uma forma requintada de matar.

Claro que é mais agradável ouvir que Deus me ama, me quer, não importa o quê, eu faça! Mas, sobre o pecador contumaz, como sobre o padeiro aquele, pesa sentença de morte; a diferença é que agora, se pode reverter isso mediante arrependimento. Só um assassino deixaria de avisar de algo tão sério, para ser “amoroso”.

Em suma: Se, temos que deixar algumas coisas pela “mente de Cristo”, deixemos, sobretudo, esse viés sentimentaloide de equacionar frouxidão moral com amor.


O engano pode gerar agradáveis sensações imediatas, contudo, O Senhor guarda pra depois, o vinho melhor.

segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Vacas carnívoras

“Subiam do rio sete vacas, formosas à vista, gordas de carne, e pastavam no prado. E subiam do rio após elas outras sete vacas, feias à vista e magras de carne; paravam junto às outras vacas na praia do rio. As vacas feias à vista e magras de carne, comiam as sete vacas formosas à vista e gordas. Então acordou Faraó.” Gên 40 ; 2 a 4

A linguagem poética que lança mão de metáforas, alegorias, num primeiro momento pode soar ilógica, uma afronta à razão. Todavia, após um olhar mais apurado revelará grande eloquência, poder de síntese, qualidades apreciáveis na arte da comunicação.

Sendo as vacas animais herbívoros, a ideia de uma devorar outra soa absurda. Contudo, as “vacas” em questão tinham apetite voraz, devorador.

Os animais eram meras figuras que representavam anos; seus adjetivos, gordas, magras, fartura e carência, respectivamente. Assim, a comunicação usada pelo Espírito Santo tem sua “lógica” mui peculiar, que, não raro, escapa aos homens naturais.

Paulo desenvolveu isso, disse: “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; e não pode entendê-las, porque elas se discernem espiritualmente. Mas o que é espiritual discerne bem tudo, e ele de ninguém é discernido.” I Cor 2; 14 e 15

Ensinando ao príncipe Nicodemos, sobre o “Novo nascimento” onde o Espírito Santo passa a habitar nos salvos, O Mestre colocou dois obstáculos intransponíveis sem Ele, no que tange ao Reino. “...aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Jo 3; 3 e 5 Sem essa ajuda, pois, o homem não vê, ( entende ) nem entra, ( converte-se ) ao Reino de Deus. Mesmo a ideia do Novo Nascimento foi difícil para Nicodemos, pois, a viu pelo prisma natural.

Claro que, no exemplo do sonho de Faraó, deve ter sido deveras humilhante constatar que todos os “sábios” do reino eram incapazes de entender, pior, ter que pedir auxílio a um estrangeiro que mofava na prisão. Um dos vícios mais latentes na natureza humana após a queda é o orgulho; assim, ao colocar-nos totalmente dependentes de outro demonstra que, antes mesmo de nos salvar, O Senhor começa a cuidar de nossas enfermidades da alma.

Afinal, o início de todo o drama foi ao revés disso, digo, a “serpente” propôs motim, independência, ao casal edênico. Dissera: “Dependam apenas de si mesmos, rompam com Deus.” O Salvador recolocou os pingos nos is; “Se alguém quiser vir após mim, negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” 

O inimigo prometera “vacas gordas”; divinização, independência, poder, orgulho, mas, toda essa pompa era mero “estoque de vento” sonho de nossa Presidente; Na real, o que se viu foi a morte, a perda do paraíso, alienação do Criador.

O Salvador, por Sua vez, propõe “Vacas magras”; autonegação, submissão, cruz. Contudo, lega a vida eterna, ressuscita ao espírito humano, reconcilia com Deus, regenera. Nesse prisma, não seria má ideia deixarmos que as vacas magras devorassem às gordas uma vez mais.

O espírito do não convertido é morto, não no sentido de não existência; antes, de não comunhão com Aquele que dá a vida. O Novo nascimento não é uma geração do nada, antes, reconciliação. Essa ação enseja a luz espiritual, e o ingresso para o Reino de Deus.

Sem isso, tal espírito não passa de um estrangeiro prisioneiro, esquecido e alienado, qual estava, então, José. Mas, uma vez chamado, ao corresponder uma expectativa do Rei, acabou herdando imensa glória imerecida para si.

De igual modo, o Reis dos Reis, posto que não precisa, anseia algo de nós, arrependimento, contrição; feito isso, também se dispõe a nos dar coisas imerecidas, em vista do que Ele é; amor. 

Naquele caso, José era a exceção; “Acharemos em todo o Egito um homem como esse, no qual haja o Espírito de Deus?” Dissera Faraó; no prisma da conversão é a regra; digo, a mesma só é possível mediante ação do Espírito de Deus.

Afinal, aos convertidos se reserva como estoque de alimento os ricos celeiros da Palavra de Deus; Palavra essa, que tanto para entender, quanto, cumprir, só é possível quando somos assistidos pelo Bendito Espírito Santo.

Nele, não há contradições intransponíveis, figuras indecifráveis, antes, a luz é progressiva e constante. “Mas a vereda dos justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito. ”Prov 4; 18

E os “justos” de Deus não são aqueles que têm a ficha mais limpa no passado, antes, aqueles que recebem como Senhor a Cristo, que apaga tudo, e cria uma ficha nova.

quinta-feira, 30 de outubro de 2014

O pré-conceito de Deus



“E as multidões, vendo o que Paulo fizera, levantaram a sua voz, dizendo em língua licaônica: Fizeram-se os deuses semelhantes aos homens e desceram até nós. E chamavam Júpiter a Barnabé,  Mercúrio a Paulo; porque este era o que falava. E o sacerdote de Júpiter, cujo templo, estava em frente da cidade, trazendo para a entrada da porta touros, grinaldas, queria, com a multidão, sacrificar-lhes.” Atos 14; 11 a 13
   

O incidente que fizera Paulo e Barnabé “deuses” fora a cura de um coxo.  O mesmo apóstolo tratou de desfazer o engano. “...Nós também somos homens como vós, sujeitos às mesmas paixões;  anunciamos que vos convertais dessas vaidades ao Deus vivo, que fez o céu,  a terra, o mar e tudo quanto há neles;” v 15  

Três erros foram denunciados aqui: Eles não eram deuses; o objeto de culto dos licaônicos era vaidade; existe um Deus vivo. Como estavam maravilhados ante a cura, querendo cultuá-los como deuses, não custava ouvir o que tinham a dizer. 

Todavia, bastou um estímulo extra para quê, de deuses se tornassem réus de morte. “Sobrevieram, porém, uns judeus de Antioquia e de Icônio que, tendo convencido a multidão, apedrejaram a Paulo e o arrastaram para fora da cidade, cuidando que estava morto.” V 19

Esse incidente mostra que é falácia o argumento que precisamos milagres para gerar fé. É certo que eles contribuem, também o é que, a despeito de grandes sinais, a incredulidade pode seguir ilesa. O mesmo Paulo advoga a origem da fé na Palavra. “De sorte que a fé é pelo ouvir, o ouvir pela palavra de Deus.” Rom 10; 17 Eles viram o milagre; endeusaram  homens; ouviram a Palavra; duvidaram de Deus. 

Não estavam totalmente errados no que disseram a princípio: “fizeram-se os deuses semelhantes aos homens e desceram até nos.” Abstraída a pluralidade, “deuses”, e entendido quem atuava na vida de Paulo, era a pura verdade. Deus, em Cristo se fez semelhante aos homens; desceu até nós; era Ele que movia e capacitava aos apóstolos.

Todavia, não foram pacientes para ouvir, nem diligentes para  entender. Ademais, surgiram uns judeus estrangeiros que juravam que aqueles que curaram um coxo e não queriam aplausos eram homens maus, só restava apedrejá-los. 

Oh, imensidão da estupidez humana refém do pecado!  O que é mais fácil? Receber uma mensagem que me contraria, corrige, desmistifica minhas concepções, ou, chamar na pedrada qualquer que eu antipatize? A resposta parece óbvia.  

O chato que me contraria se expõe a riscos pessoais para me salvar. Apedrejar um inocente que deu um fruto excelente testifica contra mim, de quanto eu careço mesmo, ser salvo. Contudo, prefiro que outros me digam que quem não gosto é mau, antes, que cogitem de um mal qualquer residindo em mim. 

Tendo  um pré-conceito de deuses, que seriam, Júpiter e Mercúrio, então, Deus deveria encaixar nesse molde. De outro modo, não seria Deus.   

Charles Spurgeon conta ter visto uma maçã dentro de uma garrafa; ele buscou entender como entrara ali.  Procurou ver se o fundo da mesma era rosqueado e nada. A maçã inteira, a garrafa também. 

Aquela inquietação durou certo tempo, até que viu no pomar umas garrafas penduradas nos galhos das macieiras e o mistério se desfez. Eram postas as frutas pequenas ainda na árvore, e cresciam dentro da garrafa. Desse modo, ensinou, devem as crianças tomar contato com a Palavra de Deus desde cedo; crescer dentro da “garrafa” certa. “Instrui o menino no caminho que deve andar, e quando envelhecer não se desviará dele” Prov 22; 6

Acontece que, os privados do conhecimento do Deus vivo criam suas “maçãs” fora da garrafa; crescidas não mais podem ser inseridas nela.

Como O Santo quer “envasilhar” a todos no estreito vaso da salvação, Ele torna isso possível permitindo que nasçamos de novo. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” Jo 3; 3

O Salvador referia-se à vida espiritual, embora, seu interlocutor, Nicodemos, pensou em colocar a maçã grande na garrafa. “Disse-lhe Nicodemos: Como pode um homem nascer, sendo velho? Pode, porventura, tornar a entrar no ventre de sua mãe e nascer?” v 4

Invés de amoldar Deus ao humano conceito prévio como fizeram aqueles supra, o Salvador ensinou a completa dependência do Espírito Santo. O vento assopra onde quer, ouves a sua voz, mas não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” V 8 

Total, absoluta submissão a Ele. Ou engarrafamos “Deus” em nossos preconceitos e não O temos; ou, nos deixamos conduzir por Seu Espírito e Palavra, onde Ele nos tem. Simples assim.

segunda-feira, 29 de setembro de 2014

O Reino por dentro



“Este foi ter de noite com Jesus, e disse-lhe: Rabi, bem sabemos que és Mestre vindo de Deus; porque ninguém pode fazer estes sinais que tu fazes se Deus não for com ele. Jesus respondeu e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que, aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus.” Jo 3; 2 e 3 

O “este” em questão era o príncipe Nicodemos, um fariseu admirado dos feitos de Jesus, mas, preso às convenções religiosas que o constrangeram a buscar o Mestre em oculto, de noite, para não “dar bandeira”. 

Chegou falando das coisas que vira; “... os sinais que tu fazes...” Contudo, O Salvador advertiu que sem nascer de novo não é possível ver o Reino. 

Assim, forçoso nos é concluir que, sinais, curas, milagres, são efeitos colaterais, não, o próprio. Ademais, essas coisas, disse, seriam feitas também pelos falsos profetas; chamou de “prodígios da mentira”. Noutra parte reforçou: “...O reino de Deus não vem com aparência exterior.” Luc 17; 20  

Lícito nos é inferir daí, que, precisamos uma capacidade de ver “por dentro” para vermos o Reino de Deus. Paulo amplia: “Porque, qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o espírito do homem, que nele está? Assim também ninguém sabe as coisas de Deus, senão, o Espírito de Deus. Nós não recebemos o espírito do mundo, mas o Espírito que provém de Deus, para que pudéssemos conhecer o que nos é dado gratuitamente por Deus.” I Cor 2; 11 e 12 

Para ele, o conhecimento da graça de Deus deriva de termos recebido o Espírito Santo; que o Senhor chamou de novo nascimento. Assim, os reflexos do Reino são visíveis a todos e desejáveis a Deus; “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte; nem se acende a candeia e se coloca debaixo do alqueire, mas, no velador,  dá luz a todos que estão na casa. Assim resplandeça a vossa luz diante dos homens, para que vejam as vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5; 14 a 16  

Todavia, a visão e o ingresso no Reino, propriamente dito, apenas aos renascidos se faculta. “...Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus. O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3; 5 e 6

Noutra definição mais específica Paulo descarta coisas palpáveis e situa a essência totalmente em valores abstratos, espirituais. “Porque o reino de Deus não é comida nem bebida, mas justiça, paz, e alegria no Espírito Santo.” Rom 14; 17 

Se isso fosse visível e devidamente aquilatado deveríamos comemorar abertamente o ingresso de cada servo. Todavia, ainda que nos alegremos ante as decisões por Cristo, o ingresso veraz apenas Ele identifica; embora, o Espírito Santo testifique nos seus mediante a comunhão. 

Os de fora nada veem; apenas, estranham a “loucura” de uma decisão tão ilógica; deixar os prazeres carnais em segundo plano por amor a Deus. Na verdade, no âmbito natural festejam seus “upgrades”; quando alguém passa no vestibular, por exemplo; familiares celebram a conquista com faixas comemorativas nas casas. 

Quanto aos aprovados no “vestibular” Divino, as “faixas” são outras. “Assim vos digo que há alegria diante dos anjos de Deus por um pecador que se arrepende.” Luc 15; 10 

Sim; é lá, nos Céus a sede da “Coroa”. “...O meu reino não é deste mundo; se o meu reino fosse deste mundo, pelejariam meus servos, para que eu não fosse entregue aos judeus; mas agora o meu reino não é daqui.” Jo 18; 36

Embora estejamos no mundo somos embaixadores de um reino cuja origem é distante. O Rei facultou aos Seus servos que operassem sinais em Seu nome assistidos pelo Espírito Santo; mas nossas posses reais nada têm com as coisas terrenas, pois, Ele mesmo deposita na conta dos fiéis um “tesouro no Céu.” 

Aqueles que têm o olhar voltado para essas riquezas nasceram de novo; entraram, podem ver, com os olhos do Espírito, as belezas da graça Do Eterno. 

Se alguém supõe que a exibição de sinais miraculosos é a essência do Reino, sequer sabe a diferença entre a periferia e o Palácio. O ingresso é mediante a fé; essa não se origina de milagres, ainda que tais, possam contribuir. “...a fé é pelo ouvir, o ouvir pela palavra de Deus.” Rom 10; 17

Milagres são coisas terrenas, o Reino á mais que isso.  “Se vos falei de coisas terrestres e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” Jo 3; 12