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quarta-feira, 17 de junho de 2015

Livremente algemados

“... Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará. Responderam-lhe: Somos descendência de Abraão, nunca servimos a ninguém; como dizes: Sereis livres?” Jo cap 8

Apesar de categórico quanto às consequências, O Senhor as proferiu prefaciadas dum “se”, mantendo inviolável o direito de escolha. 

A permanência em Sua Palavra era o “sine qua non” para que se tornassem Seus discípulos, cujo alvo seria atingir o conhecimento da Verdade e seu efeito colateral mais visível, a liberdade. 

Eis um conceito, cujos louvores que recebe em muito excede ao entendimento dos que o proferem! Liberdade. 

A História da nação Israelita é plena de cativeiros, desde o Êxodo, quando foram libertos do Egito, até ao momento de então, quando eram vassalos dos romanos, contudo, disseram: “Nunca servimos ninguém”. Facilmente os identificamos privados da verdade, o que implica, servos da mentira; não, livres como se supunham. 

Quando O Salvador empregou a expressão, “verdadeiramente” temos aí uma censura tênue ao falso conceito de liberdade. Muitos associam-na a circunstâncias, fatores externos, quando, amiúde, vai mui além disso. É questão de consciência. 

Na cidade de Não me Toque, RS, onde trabalho atualmente, há uma pequena placa à entrada que diz: “Velocidade controlada pela sua inteligência”. Achei genial. Nenhuma placa delimitando, 30, 40, 50, 60 km p/hora, com tanto se vê. Aquilo, para uma pessoa inteligente, consciente, séria, é muito mais persuasivo que qualquer proibição. Delega total liberdade apostando na sapiência, na sensatez, no equilíbrio de quem lê. 

Desse modo Deus almeja que Seus filhos sejam livres. Se há todo um aglomerado de ritos, mandamentos, restrições, isso se dá em face à nossa insipiência, não, à perfeita Vontade de Deus. Como criança precisa de amparo de um adulto, ou, andador para ensaiar os primeiros passos, nós carecemos desses arranjos durante a infância espiritual. 

Quando, no célebre capítulo 13 de I Coríntios, Paulo sobrepôs o amor a todos os demais dons equacionou tal exercício com maturidade espiritual; disse: “Quando eu era menino falava como menino, sentia como menino, discorria como menino, mas, logo que cheguei a ser homem, acabei com as coisas de menino.” V 11 

Se, fôssemos atribuir um predicado coerente ao amor cristão, certamente, ficaria bem, o altruísmo. Isto é: Deixar de se inquietar tanto pelas coisas próprias para se ocupar das necessidades alheias. Ora, Aquele que disse que sendo Seus alunos os ouvintes aprenderiam a Verdade desafiou-os precisamente a isso: “Negue a si mesmo...”

Mas, diria alguém, o que tem a ver a liberdade com o amor ao próximo? Bem, gostando ou não, egoísmo é um filho de nossas inseguranças, nossos medos; quem o vencer acaba livre desses monstrinhos também, como ensina João: “No amor não há temor, antes o perfeito amor lança fora o temor; porque o temor tem consigo a pena, e o que teme não é perfeito em amor.” I Jo 4; 18 

Assim, o legalismo e suas implicações foi mero “andador” esboço, tipo profético, ou, sombras, como ensina a Palavra: “Porque tendo a lei a sombra dos bens futuros, e não a imagem exata das coisas, nunca, pelos mesmos sacrifícios que continuamente se oferecem cada ano, pode aperfeiçoar os que a eles se chegam. Doutra maneira, teriam deixado de se oferecer, porque, purificados uma vez os ministrantes, nunca mais teriam consciência de pecado.” Heb 10; 1 e 2 

Vemos, pois, que o pecado é uma questão de consciência; não, a demanda de cumprir determinados rituais, que aplacavam as coisas externas, visíveis, mas, eram ineptas para a real purificação. De Cristo, contudo, se disse algo melhor: “...o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará as vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9; 14 

Quem tem a consciência aperfeiçoada por Jesus e Seu Espírito, não carece de placas limitando nada, pois, a própria consciência se encarrega de desafiá-lo a “dirigir com prudência”. 

Engana-se quem pensa no Evangelho como um desafio de Cristo tipo: Creia e obedeça senão morrerás. O Salvador deixou claro que falava para mortos já, e lamentava a falta de interesse em mudar tal quadro; “E não quereis vir a mim para terdes vida.” 

Que todos herdamos a morte espiritual após a queda, esse é, talvez, o aspecto mais importante da Verdade que devemos conhecer. Quem não se souber perdido nunca buscará a salvação. 

Podemos sair da prisão com um tesouro, como Edmond Dante em “O conde de Monte Cristo”, ou, cavarmos o túnel da presunção que só leva de uma cela a outra, e nos faz perecer na ilha da justiça própria. 

Um falso conceito de liberdade é a mais fatal de todas as prisões.