Mostrando postagens com marcador Loucura. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Loucura. Mostrar todas as postagens

domingo, 16 de fevereiro de 2020

A Cegueira dos Loucos


“... Ai dos profetas loucos, que seguem seu próprio espírito e que nada viram!” Ez 13;3

Em sua retórica contra os “sábios desse mundo” Paulo colocou aos cristãos como loucos. Afinal, ousamos crer na “Fraqueza de Deus”.

Aos judeus escandalizava a ideia de que teriam matado seu Deus; aos gregos com sua farta mitologia de deuses imortais, a saga de Um que pudesse ser morto ou permitisse isso por mãos humanas feria seu senso lógico, portanto, era loucura. “Mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus e loucura para os gregos.” I Cor 1;23

Se, os helenos cultuavam seus muitos deuses cuja prerrogativa principal, além de poder era a imortalidade, estavam agora diante da decisão sobre o Deus Vivo, “morto” cuja “fraqueza” patente era o amor. “Porque a loucura de Deus é mais sábia que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte que os homens.” V;25

Então, se na diatribe de Ezequiel os profetas loucos são os que seguem ao “próprio espírito”, na ironia de Paulo, os loucos se deixam conduzir pelo Espírito de Deus em Cristo. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Ele salvar os crentes pela loucura da pregação.” V;21

Como sabemos tratar-se de uma ironia? O próprio texto o diz; “Porque a palavra da cruz é loucura para os que perecem; mas para nós, que somos salvos é o poder de Deus.” V;18 Aos que perecem o Poder de Deus manifesto parece loucura, não aos salvos.

Acontece que a salvação guinda-nos da esfera natural para a sobrenatural; junto traz um nível de compreensão superior também; “Ora, o homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus, porque lhe parecem loucura; não pode entendê-las porque elas se discernem espiritualmente. Mas, o que é espiritual discerne bem tudo, e de ninguém é discernido.” Cap 2;14 e 15

A visão vulgar de um louco é alguém privado das faculdades mentais, do equilíbrio racional, da lucidez perante a realidade; porém, os loucos no prisma espiritual são os que dão as costas para Deus, independente da sanidade de seus intelectos, pois, é possível ser são num aspecto e doido no outro. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1;7

Ao desprezar um ensino que me tenta persuadir, o faço porque persuadido já estou de que não preciso dele; que sei algo melhor sobre aquilo, (vós mesmos sabereis o bem e o mal) não desejo tais informações. Assim, atuo como os loucos aqueles, que “nada viram” e seguem ao próprio espírito. Na verdade ao espírito do inimigo que deu a sugestão entre parêntesis.

Ver, na dimensão espiritual não deve ser levado ao pé da letra; embora muitos profetas fossem também videntes, ouvir do Santo, e entender o que ouve equivale a “Ver”. Não por outra razão, pois, o trabalho do deus deste século em cegar incrédulos fere entendimentos, invés de retinas. “Mas, se ainda o nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Muitos confundem ativismo religioso com visão espiritual; trabalhar muito “para Deus” sem importar o quê, estão fazendo. Os loucos aqueles de Ezequiel trabalhavam também viviam a profetizar sem ser, sua mensagem derivada de Deus.

O falso profeta geralmente trabalha mais que o verdadeiro, pois é mensageiro de facilidades, mais que, de correção nos termos Divinos; o idôneo consagra-se; pelo Espírito Santo identifica brechas, e as denuncia, sendo agradável a mensagem, ou não; “Não subistes às brechas, nem reparastes o muro para a casa de Israel, para estardes firmes na peleja no dia do Senhor. Viram vaidade e adivinhação mentirosa os que dizem: O Senhor disse; quando o Senhor não os enviou; fazem que se espere o cumprimento da palavra.” Ez 13;5 e 6

Cheias estão as redes sociais de “Caixas de promessas” virtuais produzidas pelos que acenam grandezas a ímpios que carecem urgente de arrependimento.

Até imagem de montões dinheiro e, se eu crer Deus pagará minhas contas... Foi a um próspero assim, cuja colheita não coube no celeiro antigo, teve que fazer um novo, que o senhor adjetivou como louco: “Louco! Esta noite pedirão tua alma; e o que tens preparado, para quem será?” Luc 12;20

Como vimos, os loucos espirituais são cegos; não é bom ser conduzido um, por outro assim. “Deixai-os; são condutores cegos. Ora, se um cego guiar outro, ambos cairão na cova.” Mat 15;14

domingo, 20 de janeiro de 2019

Inteligência e Sabedoria

“Ouvi, ó Céus! Dá ouvidos, tu, ó Terra! porque fala O Senhor: Criei filhos e engrandeci-os; mas eles se rebelaram contra mim. O boi conhece seu possuidor, o jumento a manjedoura do seu dono; mas Israel não tem conhecimento; meu povo não entende.” Is 1;2 e 3

Quando demanda atenção dos Céus Terra à Sua Fala, O Senhor refere-se aos habitantes racionais de um e outro plano; anjos e humanos. A inter-relação entre Céu e Terra permeia a revelação Bíblica. O que fazemos aqui repercute lá.

Antecipada a Jacó a vinda do Salvador, foi lhe mostrado uma escada que unia ambos os planos, pela qual, anjos subiam e desciam.

Quando da conversão de um pecador há festa nos Céus. O que são nossas orações, cultos, senão, conexões entre a Terra e o Céu?

Ainda; poderes celestiais ampliam seu conhecimento da Sabedoria Divina observando as mudanças que Seu Espírito opera em nós. “Demonstrar a todos a dispensação do mistério, que, desde os séculos esteve oculto em Deus, que tudo criou por meio de Jesus Cristo; para que agora, pela igreja, a multiforme sabedoria de Deus seja conhecida dos principados e potestades nos céus.” Ef 3;9 e 10

Não obstante, O Eterno nos ter dado o dom da inteligência, a vontade enferma pelo pecado deixou a espécie humana numa posição inferior aos animais. “O boi conhece seu possuidor; o jumento a manjedoura do seu dono; mas, meu povo não entende.” Há nesse texto uma sutil ironia aos anjos que caíram, bem como, uma exortação aos que permaneceram fiéis; “criei filhos e engrandeci-os; mas, eles se rebelaram contra mim...”

Não que a inteligência seja uma coisa má; porém, atuando de forma autônoma como o traíra sugeriu, comendo da árvore da Ciência invés de, da Árvore da Vida, o homem coloca-se numa posição de êmulo, rival de Deus, não, de servo. E “Não há sabedoria, inteligência, nem conselho, contra o Senhor.” Prov 21;30

Ouvindo, o ímpio, a mensagem de arrependimento, ao passar pelo crivo da sua morte (seu cérebro rebelde, digo) seu senso de “justiça” de lógica confunde-se e rejeita por lhe parecer loucura. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela Sua Sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

O ego nasceu justamente, após o primeiro casal desejar a sedução maligna de independência; a regeneração proposta desafia-o ao “suicídio”; “negue a si mesmo tome sua cruz e siga-me.” Isso é loucura.

Acontece que sua “autonomia” é eventual, temporal, limitada. “Nenhum homem há que tenha domínio sobre o espírito para retê-lo; tampouco, tem ele poder sobre o dia da morte...” Ecl 8;8 Além disso, acrescento, ninguém poderá escolher por si mesmo onde passará a eternidade nesse contexto; não irá pra onde desejar; será levado para onde a Justiça Divina determinar.

O pecador rebelde que se mostra avesso ao apelo do Evangelho não passa de um doente terminal insubmisso que recusa medicação com seus “direitos” na ponta da língua: “Deixem-me morrer em paz”.

Nossa peregrinação terrena é uma redoma de tempo e espaço que ganhamos pra reencontrarmos a casa paterna mediante Cristo. “De um só sangue fez toda geração dos homens, para habitar sobre toda a face da terra, determinando os tempos já dantes ordenados, e limites da sua habitação; para que buscassem ao Senhor, se, porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe de cada um de nós;” Atos 17;26 e 27

A inteligência natural é combustível pro orgulho; “O temor do Senhor é o princípio da Sabedoria.” Aquela pode ser usada a serviço do mal. Armas de destruição em massa são filhas do engenho da inteligência humana.

A sabedoria é afetiva, moral; identifica seus hospedeiros com valores celestes. “A sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e bons frutos, sem parcialidade ou, hipocrisia.” Tg 3;17

Nela, as coisas insanas que nos fazem menores que os animais desaparecem; “Falamos sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; e nenhum dos príncipes deste mundo a conheceu; porque, se conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.” I Cor 2;7

Não é uma abstração filosófica, teórica, útil apenas para ginásticas mentais; antes, a fonte d’onde manam nossas ações; “... se a conhecessem nunca crucificariam...” De posse do saber mudariam o agir.

Enfim, abdicando da pretensão de autonomia e ouvindo a Voz de Cristo, nos tornaremos ovelhas; animais totalmente dependentes do Pastor. Aí já nem importa quanto sabemos desde que, saibamos que estamos seguros após Ele.

“Quando tira para fora suas ovelhas, vai adiante delas; as ovelhas o seguem porque conhecem a Sua Voz.” Jo 10;4

sexta-feira, 20 de outubro de 2017

"A Fé é Cega;" Só Que Não

“Temos mui firme a palavra dos profetas, à qual bem fazeis em estar atentos, como uma luz que alumia em lugar escuro, até que o dia amanheça, e a estrela da alva apareça em vossos corações.” II Ped 1;19

Interessantes figuras usadas pelo inculto Pedro! A Palavra como Luz, os corações como “olhos” capazes de perceber tal lume.

Nossas respostas à Palavra, sejam positivas, ou, negativas, sempre tiveram um componente afetivo, moral, antes que, intelectual. Simplificando: As pessoas creem porque amam, mesmo entendendo parcialmente, ou, até, nem entendendo; ou, ignoram descrêem, mesmo que seus entendimentos alcancem plenamente as implicações da fé.

Não significa que, porque a Luz lhes revela algo, disso se apossarão; podem evitar exatamente porque viram, entenderam e recusaram as consequências de assentir. “A condenação é esta: Que a luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que as suas obras sejam manifestas, porque são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Segundo O Salvador as pessoas ficavam à distância justamente por entender que a conversão demandava uma mudança de vida que recusavam para si; seus corações, pois, não, seus olhos estavam refratários à luz.

“Quem pratica a verdade vem para a Luz”, disse; não, quem não tem pecados. A Luz revela os pecados e a reprovação do Eterno no tocante a eles; os que são feridos pela Palavra do Senhor entristecem-se por ter ficado aquém do esperado, confessam, arrependem-se; praticam a verdade e são perdoados, reputados justos; passam a receber, cada dia, mais luz, entendimento. “a vereda dos justos é como a luz da aurora; vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Assim, falando para fora, numa diatribe aos opositores Paulo chamou à fé de loucura, pelo seu componente emotivo inicial; “Como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;21

Depois, embainhou a espada da ironia e situou seu pensamento; “Pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, loucura para os gregos. Mas, para os que são chamados, tanto judeus quanto gregos, lhes pregamos a Cristo, poder de Deus, Sabedoria de Deus.” VS 23 e 24

Noutra parte, escrevendo estritamente aos “loucos”, desafiou-os à razão; “...apresenteis vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional.” Rom 12;1

Quem jamais ouviu a assertiva que a fé é cega? Acho que ninguém. Ouvimos isso desde sempre. Para muitos a “lógica” de Goebbels que, “uma mentira muitas vezes repetida torna-se verdade” tem funcionado. Aí, saem dizendo isso; seria até cômico, se, não fosse trágico.

Como no Mito da Caverna de Platão, os homens acostumados ao escuro viam na luz uma grave ameaça, assim, os cegos espirituais aquilatam à Palavra e toda a Luz que encerra. Não veem, pois, foram impedidos pela má escolha que fizeram e acusam aos que veem de cegueira.

A Palavra de Deus é categórica: “Se, ainda nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II Cor 4;3 e 4

Não só a fé não é cega, como, pode ver numa dimensão exclusiva; “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam, a prova das coisas que se não veem... Pela fé (Moisés) deixou o Egito, não temendo a ira do rei; porque ficou firme, como vendo o invisível.” Heb 11;1 e 27

Sendo a Luz, A Palavra, e os “olhos” o coração, só quem crê sem reservas e submete-se de coração vê, deveras. Os demais, por polidos, luminosos que pareçam estão em trevas.

Assim, se dá na sina de cada crente, como o profeta vaticinou de Jerusalém: “Porque as trevas cobriram a terra, a escuridão os povos; mas, sobre ti o Senhor virá surgindo; sua glória se verá sobre ti.” Is 60;2

Andar na Luz, enfim, nos força a evitarmos as escuras e poluídas sendas dos modernismos, escolhendo, antes, as “veredas antigas” da Palavra; pois, “Se dissermos que temos comunhão com ele, e andarmos em trevas, mentimos; não praticamos a verdade. Mas, se andarmos na luz, como Ele na luz está temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;6 e 7

sábado, 10 de junho de 2017

O bezerro de carne

“Mas, vendo o povo que Moisés tardava em descer do monte, acercou-se de Arão, e disse-lhe: Levanta-te, faze-nos deuses, que vão adiante de nós; porque quanto a Moisés, homem que nos tirou da terra do Egito, não sabemos o que lhe sucedeu.” Ex 32;1

Alguns aspectos da natureza humana evidentes.

Primeiro: Pressa. Quarenta dias se revelaram um tempo demasiado longo para esperarem, aqueles, que esperaram livramento após centenas de anos. Tendemos a achar que, pelo fato de que Ele pode Deus “deve” atender nossos pleitos no tempo que desejamos. Ele podia ter abreviado o cativeiro também, se desejasse, mas, não fez; O Senhor É Soberano.

Segundo: A presunção. Dada a “demora” de Moisés quem disse que a solução seria confeccionar uma imagem semelhante às que viram no Egito? Justo, do domínio de tais deuses, O Senhor os resgatara com forte mão, como fariam algo frágil, derrotado para sua adoração? Preocuparam-se com suas comichões em ver “Deus”; não se deram ao trabalho de meditar, como isso pareceria ante O Eterno. Uma filha da presunção é a cegueira. “Façamos deuses que vão adiante de nós.” Ora, se, seria produção deles, tais deuses, óbvio que seriam inanimados, seriam carregados, invés de ir “adiante de nós” como disseram.

Terceiro: Cinismo. Depois de decidirem presunçosamente o que deveria ser feito, cinicamente atribuíram a Moisés o livramento, para fingirem-se descompromissados com Deus. “Moisés, homem que nos tirou da Terra do Egito...” Até hoje, pessoas de corações duros, insubmissas, invés de assumirem que se portam assim perante O Senhor fazem parecer que A Palavra de Deus é uma ideia do pregador; que desobedecendo-a, afrontam um homem, não, Deus.

Quarto: Loucura. Sim, apenas loucos tomariam decisões que podem custar vidas, baseados na ignorância, no que não sabem. “Não sabemos o que lhe sucedeu.” Não sabiam, sequer, de Moisés, mas, tencionavam agir como deuses.

Esses mesmos traços manifestos, então, vicejam, em nosso tempo; alguns, com maior pujança ainda. A pressa é notória nas “campanhas” de sete sextas-feiras disso, sete domingos daquilo, onde, “fiéis” estabelecem prazo para serem abençoados. Ensinos tipo, “Tomar posse da bênção,” oração atrevidas que dão ordens a Deus são rebentos da arrogância e da pressa gestados em ímpios ventres. Todavia, O Senhor tem um tempo pelo qual, Ele mesmo espera; e requer igual postura dos Seus: “Por isso, o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; por isso se levantará, para se compadecer de vós, porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos que nele esperam.” Is 30;18

A presunção permite que crenças que afrontam Às Escrituras Sagradas sejam a ela equiparadas. O Advento do Espírito Santo que ensinaria a Lembrar os ensinos do Mestre é equacionado com espiritismo, doutrina espúria que prega reencarnação invés de ressurreição; salvação por obras, invés do Sangue de Cristo. Pior: Se dizem cristãos. Outros nivelam tudo tendo por base suas paixões; dizem, todas as religiões são boas, como se, Cristo fosse uma; mascaram sua obstinação com drogas psíquicas com as quais traem a si mesmos, e a quem lhes escuta. Paulo foi categórico a respeito das heresias: “Mas, ainda que nós mesmos ou um anjo do céu vos anuncie outro evangelho além do que já vos tenho anunciado, seja anátema.” Gál 1;8

Os cínicos que recusam negarem a si mesmos, tomarem a cruz, invés de assumirem abertamente sua rebelião armam-se de maus exemplos, de obreiros mercenários, ( há tantos ) pra se justificarem dizendo que não se convertem por causa do testemunho de fulano, beltrano; contudo, os de bom testemunho ( também há ) são ignorados, pois, a postura desses não patrocina os falazes discursos dos cínicos.

Razões para conversão, ou, obstinação são internas, derivam do íntimo. “Porque do coração procedem os maus pensamentos, mortes, adultérios, prostituição, furtos, falsos testemunhos e blasfêmias.” Mat 15;19
Por fim, os loucos. Tomam decisões vitais baseados no que não sabem. Afirmam algumas porções fora do contexto, como se partes da Palavra fossem boas, outras, ruins. A loucura espiritual não é igual à demência que conhecemos; é a obstinação que recusa a ser instruído. “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1;7 

Quando Paulo diz que, quem quiser ser sábio faça-se louco, está cotejando ironicamente as visões do mundo e a espiritual; não preceituando a loucura, estritamente.

Assim, apressados, presunçosos, cínicos, loucos modernos, também fazem seu bezerro particular, que invés de trazer Deus mais pra perto, apenas desperdiçam seu tempo, seu ouro. 

Agora, é o retorno de Cristo que se espera, não de Moisés; os que partem para “alternativas” deixam patente sua descrença. Tais, quando O Senhor voltar, terão ira, juízo, invés de refrigério. Esperemos no Senhor sem inventar.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Uvas maduras

“O escarnecedor busca sabedoria e não acha nenhuma, para o prudente, porém, o conhecimento é fácil.” Prov 14; 6
 
Duas facetas interessantes nesse provérbio. Primeira: Cotejar índoles opostas, escarnecedor versus prudente; Segunda: Atribuir  predicados diversos, sabedoria e conhecimento.

A sabedoria bíblica sempre traz um acessório moral, diverso do conhecimento que, embora se defina, eventualmente,  com a mesma palavra, não se trata, estritamente, da mesma coisa.

Quando o Texto Sagrado diz que Deus apanha aos sábios na  própria  astúcia está ironizando aos que adquiriram conhecimento, e mesmo que, aos olhos terrenos  posem de sábios, aos Divinos, não passam de velhacos, astutos.

Tiago faz explícita distinção entre sabedoria espiritual que enseja santidade, e  animal, que gera os ditos astutos. “se tendes amarga inveja, e sentimento faccioso em vosso coração, não vos glorieis, nem mintais contra a verdade. Essa não é a sabedoria que vem do alto, mas é terrena, animal e diabólica…Mas a sabedoria que do alto vem é, primeiramente pura, depois pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos, sem parcialidade, e sem hipocrisia.” Tg 3; 14, 15 e 17
 
Paulo também se encarrega de distinguir essas duas fontes; argumenta como se a queda tivesse lançado a humanidade numa dimensão tal, que o suprassumo fosse insano; “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus louca a sabedoria deste mundo?”  I Cor 1; 20  

Sabedoria, parece, teria sido confiar irrestritamente em Deus; como a humanidade nunca conseguiu, restou rebuscar a fé mediante a persuasão numa mensagem repetida à exaustão até que alguns se salvem; mesmo que isso seja reputado, loucura. “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” V 21
 
Mais adiante ele reforça seu argumento; “Todavia falamos sabedoria entre os perfeitos; não, porém, a sabedoria deste mundo, nem dos príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas falamos a sabedoria de Deus, oculta em mistério, a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; a qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória. Mas, como está escrito: As coisas que o olho não viu, e o ouvido não ouviu, E não subiram ao coração do homem, São as que Deus preparou para os que o amam.” Cap 2; 6 a 9

Vemos que a sabedoria espiritual lida com coisas não vistas, ouvidas ou pensadas, claro que, aos olhos naturais isso é doentio mesmo.

Então, Deus serve-se dos “doentes” para a missão; “Mas Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; e Deus escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; e Deus escolheu as coisas vis deste mundo, e as desprezíveis, e as que não são, para aniquilar as que são;” Cap 1; 27 e 28
 
Fé ou incredulidade marcam a fronteira entre prudência espiritual e escárnio. O que crê teme, considera, orienta-se pelo Senhor no qual acredita. O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, e o conhecimento do Santo a prudência.” Prov 9; 10
 
Ao que duvida resta o escárnio, pois, a Palavra o coloca numa condição de caído, alienado, passível de condenação, o que fere seu orgulho natural.

O prudente sente-se seguro sob os preceitos Divinos, o tolo, aquece-se no fogo da própria estupidez; “O sábio teme, e desvia-se do mal, mas o tolo se encoleriza, e dá-se por seguro.” Prov 14; 16  

Então, restam os conselhos que seguem:  “Não repreendas o escarnecedor, para que não te odeie; repreende o sábio, e ele te amará.” Prov 9; 8 “O filho sábio atende à instrução do pai; mas o escarnecedor não ouve a repreensão.” 13; 1  

Comporta-se como a raposa da fábula de Esopo que incapaz de pegar as uvas desejadas desprezou-as dizendo que estavam verdes.

Sua fagulha de anseio por sabedoria, predicado dos prudentes, uma vez buscada por seus meios, apaga; aí, despreza o bem não atingido, partindo para o escárnio. Resta o conhecimento, que até os ímpios conseguem, como seu “Everest” intelectual;  o que, para o prudente é fácil, mero acampamento na base da escalada.

Diverso da pecha que a fé é cega, lida com “coisas que o olho não viu, ouvido não ouviu, nem subiu ao coração humano”, pois, vê, onde o homem natural é cego. 

O conhecimento até pode, eventualmente, lançar mão de uma sábia jurisprudência; só a Sabedoria do Alto, pode criar uma.

O posto mais alto logrado pelo conhecimento é o “conhece a ti mesmo” de Sócrates. Nos caminhos da fé temos um upgrade considerável; “…Quem me vê a mim vê o Pai;…” Jo 14; 9

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Salvação; coisa de louco

“Ensina-nos a contar os nossos dias, de tal maneira que alcancemos corações sábios.” Sal  90; 12
 
Há orações na Bíblia pedindo livramento de inimigos; orientação quanto ao caminho; mesmo pedindo a morte, como fizeram Elias, Jeremias e Jó; poucas vezes se pediu Sabedoria. Salomão orou assim; os discípulos pediram para que Jesus os ensinasse a orar, certa vez… se mais há, não me ocorre exceto no verso supra onde Moisés o faz. 

Cotejando o tempo da vida humana com O Eterno, ele se rendeu; pediu que se lhe permitisse viver sabiamente seus dias.

Sendo a sabedoria o que é deveria ser bem mais cortejada. “Porque melhor é a sabedoria do que os rubis; e tudo o que mais se deseja não se pode comparar com ela.” Prov 8; 11 Claro que para sentir necessidade dela, carecemos já a possuir, em certo grau, e apreciar. Nada valerá a maior destreza do sábio se não encontrar anseio de aprender no discípulo.

Em tempos de informática acessível, ninguém mais precisa, ao que parece. Afinal, basta clicarmos em “frases famosas” e num piscar de olhos  a luz pretérita inunda o presente. De modo que, num passe de mágica nos tornamos “çábios”… na verdade, isso não passa de certo conhecimento; difere muito da sabedoria; sobretudo, porque armazenado em memória alheia.

Informação apenas não basta  para que moldemos nossa vida. Que o digam os fumantes que leem advertências nefastas nos maços de cigarro; os jovens que não se deram à drogadição e o fazem mesmo cientes do resultado que produz; ou, os cidadãos que viram o comunismo falir o leste europeu, tolher liberdade, tirar milhões de vidas, envilecer Cuba e Coreia do Norte, e sonham implantá-lo por aqui. 

Assim, o conhecimento é patrimônio da mente; sabedoria demanda um consórcio entre essa e a vontade.
Como a vontade natural tende à rebeldia, carecemos reconhecer, temer, alguém superior; senão, endeusaremos nossas escolhas e justificaremos às mesmas. “O temor do Senhor é o princípio da sabedoria, os loucos desprezam a instrução.” Prov 1; 7

Interessante que em oposição à sabedoria não temos a ignorância como seria de se esperar, mas, a loucura. Essa pressupõe uma patologia psíquica que instiga contra o bom senso; uma vontade enferma que triunfa aos reclames de um cérebro esclarecido.

Justo nessa lacuna entra a Cruz de Cristo. A negação do “Eu” em prol do reconhecimento do Seu Senhorio aprisiona esse louco que me desvia da sabedoria implantando uma mentalidade superior, agora sim, capaz de conduzir à vontade, uma vez que me atrela a Si. “Nós temos a mente de Cristo”. I Cor 2; 16

Claro que tal coerência entre informação e atitude soará insana aos olhos daqueles que ainda não lograram conseguir o mesmo. Todavia, essa “loucura” é só o “mise en scène” da vera sabedoria, não a coisa em si.

Aliás, Paulo aludiu a essa discrepância com refinada ironia: “Visto como na sabedoria de Deus o mundo não conheceu a Deus pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação. Porque os judeus pedem sinal, e os gregos buscam sabedoria; mas nós pregamos a Cristo crucificado, que é escândalo para os judeus, e loucura para os gregos.” I Cor 1; 21 a 23
 
Para judeus escândalo, pois, teriam desprezado a Sabedoria à porta: A qual nenhum dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca crucificariam ao Senhor da glória.” I Cor 2; 8 

Para  gregos, loucura; pois, sua mitologia estava plena de ensino da imortalidade dos deuses; um que se fizesse mortal por amor aos humanos soava como loucura total; o mesmo escritor disse: “Porque a loucura de Deus é mais sábia do que os homens; e a fraqueza de Deus é mais forte do que os homens.” Cap 1; 2
 
Quando Erasmo de Roterdã escreveu “O Elogio da Loucura”, atinava a essa, bendita, que contradiz à “sabedoria” do mundo.

A oração de Moisés foi plenamente atendida mais tarde, quando do Advento do Salvador. “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo.” Jo 17; 14 

Afinal, os religiosos eram já sábios demais para aceitar Um que os contradissesse. Sim, a contradição se impõe quando alguém é ignorante e a sabedoria fala; a menos que a humildade consiga antes um assento.

E quem assenta-se em lugares altos demais para sua condição usa essa “grandeza” para apequenar-se. O Mais sábio dos humanos, disse: “… se alvoroça a terra; …Pelo servo, quando reina; e pelo tolo, quando vive na fartura;…” Prov 30; 21 e 22 

Muitos preferem se fazer de loucos e pleitear absolvição por insanidade; acontece que essa “insanidade” é precisamente, sua culpa.