Mostrando postagens com marcador José na Prisão. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador José na Prisão. Mostrar todas as postagens

domingo, 31 de janeiro de 2016

Sentença de morte reversível

“Dentro de três dias Faraó tirará tua cabeça, te pendurará num pau, as aves comerão a tua carne de sobre ti.” Gên 40;19 José, na prisão egípcia entregando, pelo Espírito do Senhor, uma mensagem de morte. A outro colega de infortúnio profetizara restauração, interpretando seu sonho. Aos dois colegas de prisão, a um falou de vida, a outro, de morte.

Desse modo deve se comportar um profeta: Ser regido estritamente pela Verdade, não pelo sabor das consequências de sua mensagem. Se Deus falou de vida, igualmente o profeta o faz; se, de morte, idem.

Não raro ilustramos a iniciação ministerial de alguém tomando emprestada a sina de Eliseu, que, uma vez chamado deixou tudo, matou seus bois, queimou as tralhas do seu labor, como sinalizando que sua entrega era definitiva, sem intento de volver atrás. É válido, didático, encorajador o exemplo.

Contudo, deve ser usado no devido contexto, pois, há diferença entre uma chamada ministerial de tal envergadura, e o convite à salvação que todos recebemos. Um salvo não deixa de trabalhar, estudar, ter  vida social, por que se converteu; antes, seus valores foram cambiados; de posse dos novos, deve comparecer aos lugares que seu viver demanda.

Nesse caso, não devemos deixar bois e arado, mas, coisas mais sutis, ouçamos: “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno os seus pensamentos, se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem, vossos caminhos os meus, diz o Senhor. Porque assim como os céus são mais altos que a terra, são os meus caminhos mais altos do que os vossos; e meus pensamentos mais altos do que os vossos.” Is 55;7 a 9

Quando Paulo, escrevendo aos efésios equaciona os dons ministeriais com a edificação da igreja até que cheguemos à Estatura de Cristo, tendemos a ver nessa “Estatura” poder superior de operação de milagres; mas, a ideia é uma tanto mais complexa que isso. Afinal, a consequência de tal aperfeiçoamento produz têmpera espiritual, firmeza ante falsos ensinos, mais que portentos milagrosos. “Para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, engano de homens que com astúcia enganam fraudulosamente. Antes, seguindo a verdade em amor, cresçamos em tudo naquele que é a cabeça, Cristo;” Ef 4; 14 e 15

Dois predicados, invés de poder: Verdade, amor. Nessa ordem. Ninguém em sã consciência pretenderá ter amor maior que Jesus; (talvez, o Lula, o mais honesto de todos ) “Ninguém tem maior amor que esse; dar a sua vida pelos seus amigos.” Jo 15; 13 Na verdade, foi modesto, pois, deu até pelos inimigos. Paulo demonstra: “Porque, alguém morreria por um justo; poderá ser que pelo bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova seu amor para conosco, em que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5;7 e 8

Demonstrado o Amor Excelso do Salvador, cumpre lembrar que jamais condescendeu com o erro, faltou com a verdade, em nome do amor.  À Samaritana propôs Água Viva, mas, denunciou sua promiscuidade; ao jovem rico propôs Vida Eterna, mas, patenteou sua avareza; a Nicodemos, desafiou a nascer de novo, mas, realçou sua ignorância espiritual... Quem disse que amor e verdade são excludentes?

Como no Seu primeiro milagre em Caná quando transformou água em vinho, e o mestre sala ouviu que o bom vinho fora deixado por último, assim age O Salvador. Sua Palavra, a dura verdade que nos humilha, se, a ela formos receptivos, teremos a refinada taça de Sua graça, ouviremos tilintar Seu perdão, beberemos o delicioso vinho de Seu amor.  Porém, sem verdade, nada feito.

Infelizmente, os profetas da moda adoçam o vinagre da mentira com o açúcar da lisonja, e, onde Cristo fala de morte, esses, acenam com vida. Teria sido simpático José falar de vida ao padeiro que estava no “corredor da morte”, mas, seria mentira. Se, em matemática, a ordem dos fatores não altera o produto; na vida espiritual, tencionar que um “amor” duvidoso, amoral, preceda à verdade e só uma forma requintada de matar.

Claro que é mais agradável ouvir que Deus me ama, me quer, não importa o quê, eu faça! Mas, sobre o pecador contumaz, como sobre o padeiro aquele, pesa sentença de morte; a diferença é que agora, se pode reverter isso mediante arrependimento. Só um assassino deixaria de avisar de algo tão sério, para ser “amoroso”.

Em suma: Se, temos que deixar algumas coisas pela “mente de Cristo”, deixemos, sobretudo, esse viés sentimentaloide de equacionar frouxidão moral com amor.


O engano pode gerar agradáveis sensações imediatas, contudo, O Senhor guarda pra depois, o vinho melhor.

domingo, 28 de dezembro de 2014

"O silêncio de Deus"



“E aconteceu que pela manhã seu espírito perturbou-se; enviou e chamou todos os adivinhadores do Egito, todos os seus sábios; Faraó contou-lhes os seus sonhos, mas ninguém havia que lhos interpretasse. Então falou o copeiro mor a Faraó, dizendo: Das minhas ofensas  lembro hoje:” Gên 41; 8 e 9 

Mero sonho; poderia pensar alguém. O Rei estava tenso em busca de interpretação, então, era assunto primordial.  Parece que os sábios da corte sofreram um blecaute. Estabelecido o fracasso dos “profissionais”, então, o copeiro mor abriu os compartimentos fundos da memória. “Das minhas ofensas lembro hoje...” 

Acontece que fora colega de prisão de José, que estava detido inocente, sem direito a julgamento; lá, ele outro prisioneiro sonharam algo e José interpretou ambos os sonhos com precisão. Agradecido prometeu interceder junto a Faraó pela causa de José. Entretanto, uma vez liberto e reempossado em sua função, esqueceu o que prometera.  Como são rápidas e pródigas nossas palavras quando acreditamos que são chaves que nos livrarão da angústia. Naquele caso, era só uma dívida de gratidão a “angústia” do copeiro, mesmo assim, prometeu e não cumpriu. 

O fato novo, o sonho de Faraó trouxe à luz duas coisas; o mau caráter do copeiro; e o dom de Deus sobre José, que, se estivera oculto num cárcere, então, se tornou vital para uma questão de interesse nacional.   

Não quero, por ora, analisar a saga de José, mas, outro aspecto; a atitude do copeiro. Os pecados que “congelamos” no freezer do tempo, esquecemos de tal forma, que só um fato novo pode rebuscar. Alguns imaginam que a questão do pecado se resolve estritamente confessando a Deus. Não é assim? Não. Quando meus pecados dizem respeito a desvios de conduta que não afetam ao semelhante, diretamente, posso resolver, uma vez arrependido, confessando a Deus, suplicando perdão e mudando de atitude. Entretanto, se, meu agir mal afeta outras pessoas, preciso do perdão delas também. “Ora, se teu irmão pecar contra ti, vai,  repreende-o entre ti e ele só; se te ouvir, ganhaste a teu irmão;” Mat 18; 15 

O risco blasfemo é confundirmos longanimidade com pusilanimidade; bondade com fraqueza. Deus não silencia porque compactua; antes, porque espera nossa contrição, arrependimento. “Estas coisas tens feito,  eu me calei; pensavas que era tal como tu, mas eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50; 21 Se alguém se diz servo de Deus e atua licenciosamente, é como se pensasse que Deus aprova seus passos, que há  identidade com o Pai, malgrado seus erros. “Pensavas que eu era como tu...” 

Uns, nem dá tempo de congelar, como a arrogante presunção de Pedro ao afirmar que morreria com Jesus. O senhor estipulou um prazo exíguo; “antes que o galo cante, três vezes, me negarás.” Para o copeiro mor o “galo” demorou bem mais. O próprio José, ( que fora vendido como escravo pela inveja dos irmãos  ) promovido a governador do Egito, quando mais tarde colocou seus irmãos numa “saia justa”, forçou a memória adormecida deles. “Então disseram uns aos outros: Na verdade, somos culpados acerca de nosso irmão, pois vimos a angústia da sua alma, quando nos rogava; nós porém não ouvimos, por isso vem sobre nós esta angústia.” Gên 42; 21 

Apesar dos evolucionistas advogarem que somos uma sucessão de upgrades de ameba, somos os únicos animais que lidam com abstrações como, futuro, passado. Animais adestrados podem repetir coisas em face ao treinamento externo; nós podemos “viajar” no tempo, tanto rebuscando na memória, quanto, projetando sonhos. Assim, erros pretéritos ainda não tratados estão lá, no fundo da memória  esperando  um incidente qualquer que os desperte, para que a plena cura de nossas almas seja possível. Dessa cura, pois, depende a progressão espiritual. “O que encobre as suas transgressões nunca prosperará, mas o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28; 13  

Geralmente o “fato novo” é um mensageiro fiel, que fala em Nome de Deus, com Isaías, por exemplo: Por muito tempo me calei; estive em silêncio, me contive; mas agora darei gritos como a que está de parto...” Is 42; 14

 Infelizmente, os profetas modernos, em busca de aceitação, invés de almas, têm patrocinado o “silêncio de Deus”.  Fazem barulho; profanam ao Santo nome acariciando pecados. “Não mandei esses profetas, contudo eles foram correndo; não lhes falei, contudo, profetizaram. Mas, se tivessem estado no meu conselho, então, teriam feito o meu povo ouvir as minhas palavras; o teriam feito voltar do seu mau caminho, da maldade das suas ações.” Jr 23; 21 e 22   

Pregador idôneo provoca sempre uma “crise no reino”, para que os pecados ocultos venham à tona; pode ser um chato, até inconveniente, mas, é medicinal.