“Se, pois, o Filho vos libertar, verdadeiramente sereis livres.” Jo 8;36
As Palavras do Salvador deixam implícita a existência da falsa liberdade.
Muitos filósofos debruçaram-se sobre o tema tentando definir em quê, consiste a liberdade, sem chegarem a um consenso.
Diverso das narrativas do fatalismo grego e, da teologia calvinista que, nos encaixam em determinações, às quais não podemos evitar, penso que, temos alguma liberdade sim.
Na esfera política, por exemplo, diferente de uma ditadura onde o governo nos é imposto, na democracia podemos votar e escolher; contudo, entre um número pequeno de opções; nossa liberdade exercita-se dentro de limites alheios a nós. Alguém ironizou que a democracia nos dá direito de escolhermos com qual molho seremos devorados, num apreço pessimista dos governos humanos.
Tal é a interação do Universo que, a liberdade absoluta sequer existe; nem mesmo Deus é livre desse modo; quando Sua Revelação diz que Ele vela por Sua Palavra para cumpri-la, que não pode mentir, suportar iniquidade, contemplar o mal, etc. vemos que Seu Próprio Ser limita-O às coisas que “condicionam” Seu agir. Deus É “refém” da Sua Própria Integridade.
Que a liberdade pressupõe responsabilidade é ponto pacífico, até, perante pessoas com dois neurônios apenas. Tanto que, caso alguém faça mau uso dela em âmbito social, extrapolando limites sobre bens ou vidas alheias, normalmente a punição é em forma de restrição da liberdade; prisão. Isso atinente ao aspecto mais básico; o direito de ir e vir.
Num escopo mais refinado estaria a liberdade de consciência que se desdobra em liberdade de crença e de expressão.
No entanto, mesmo nesse âmbito muitos extrapolam; O ateísmo é uma crença que atua contra a crença. Em nome da liberdade de expressão muitos ofendem autoridades, credos; expõem “artes” sacrílegas ferindo consciências; ora, minha liberdade é extremamente livre; não porém, a ponto de invadir ou ofender a alheia.
Todos nós lidamos naturalmente com restrições lógicas da liberdade; por exemplo, se estamos jogando cartas com um baralho que possui treze tipos de cartas, jamais cogitamos jogar uma que seja catorze, nos movemos dentro dos limites; se, entramos num elevador dum prédio de quinze andares não esperamos ter a opção décima sétima; saber do possível nessas coisas soa lógico, normal.
Agora, tratando-se questões morais, espirituais, a ideia que a liberdade tenha limites nos incomoda; por quê? Quem disse que determinados comportamentos são inadequados? Com que direito? E daí se eu quiser drogar-me, adulterar, mentir, roubar...? Objetivamente Deus não tolhe a “liberdade” dizendo que não podemos essas coisas; mas, prevenindo para onde elas levam. Podemos praticá-las; não, fazê-las e agradar a Deus ao mesmo tempo.
Se O Salvador veio prometendo, Nele a verdadeira liberdade, e, invés de banir Satanás, ou o império romano que governava, então, desafiou seguidores a negarem a si mesmos, parece necessária a conclusão que os pecadores são prisioneiros de si mesmos.
A gaiatice que diz: “Tentei fugir de mim mesmo, mas, aonde eu ia, eu estava” não é tão insana quanto parece, à primeira vista. É esse o drama dos pecadores diante de consequências danosas dos seus pecados. Ao justificarem-se invés de assumir, confessar; tentam fugir de si mesmos.
Um pouco antes das Palavras realçadas O Senhor dissera: “... Em verdade, em verdade vos digo que todo aquele que comete pecado é servo do pecado.” Jo 8;34
Se, nosso escopo é liberdade, e dentro de nós reside certa servidão, necessário é que a solução seja nessa esfera.
Paulo elucida o conflito de mim com eu mesmo. “De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas o pecado que habita em mim. Porque sei que em mim, isto é, na minha carne, não habita bem algum; com efeito, o querer está em mim, mas não consigo realizar o bem. Porque não faço o bem que quero, mas o mal que não quero. Ora, se faço o que não quero já não faço eu, mas o pecado que habita em mim.” Rom 7;17 a 20
Como seria eu livre, pois, se o pecado me habita, dá-me ordens e eu obedeço-o? “Não sabeis vós que a quem vos apresentardes por servos para lhe obedecer, sois servos daquele que obedeceis, ou do pecado para a morte, ou da obediência para a justiça?” Rom 6;16
Enfim, a liberdade possível ainda é limitada; livres para andar como filhos de Deus; o homem natural, sem Cristo não pode; “A todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome;” Jo 1;12
Sem Ele, meras criaturas corruptas; Nele podemos andar, “Na esperança de que também a mesma criatura será libertada da servidão da corrupção, para liberdade da glória dos filhos de Deus.” Rom 8;21
Um espaço para exposição de ideias basicamente sobre a fé cristã, tendo os acontecimentos atuais como pano de fundo. A Bíblia, o padrão; interpretação honesta, o meio; pessoas, o fim.
Mostrando postagens com marcador Império Romano. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador Império Romano. Mostrar todas as postagens
domingo, 6 de outubro de 2019
quarta-feira, 17 de agosto de 2016
A César o que não é de César
“Mas eles
bradaram: Tira, tira, crucifica-o. Disse-lhes Pilatos: Hei de crucificar o
vosso Rei? Responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão
César.” Jo 19;15
César,
imperador romano era cabeça de um reino que oprimia e dominava Israel, cobrando
pesados tributos, a ponto de, um judeu trabalhar para o império cobrando
impostos de seus compatriotas ser considerado grave pecado, daí, o desprezo que
sofriam os publicanos.
Contudo, no
julgamento de Jesus disseram eles que preferiam o domínio de César. O que havia
no Senhor que o fazia tão detestável a ponto de os líderes judeus preferirem a
tirania de Roma?
Segundo
vaticinara Isaías, parece que o lapso era estético: “...não tinha beleza nem
formosura, olhando nós para ele, não havia boa aparência nele, para que o
desejássemos.” Is 53;2 Embora não haja maiores referências físicas sobre O
Salvador, exceto que, “crescia em estatura e em graça perante Deus e os homens”,
a simples omissão de lapsos físicos demonstra que era Ele um homem normal. A falta
de atrativos derivava de Seus ensinos, não, de atributos físicos, até porque, a
esses ( os ensinos ) o profeta mencionara, antes, da “feiura” do Messias. “Quem
deu crédito à nossa pregação...?”
Assim, a
doutrina do Mestre soava sem atrativos aos judeus, não, Sua aparência. Porém,
tão desprezível a ponto de preferirem César? Por quê?
Se atentarmos
para Isaías uma vez mais, veremos que não pretendeu narrar a “coisa em si” como
diriam os filósofos, mas, a coisa para si. Noutras palavras: Não, quem, de fato,
era, O Senhor, mas, como seria aquilatado por seus ouvintes. Afinal, algo pode
ser reputado mau, por ser, deveras, mau, ou, pela inépcia do avaliador.
O mesmo Senhor
aludiu à importância da percepção apurada, para usufruto da luz espiritual. “A
candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons, todo
teu corpo terá luz; se, porém, teus olhos forem maus, teu corpo será tenebroso. Se, portanto, a luz
que em ti há são trevas, quão grandes serão tais trevas!” Mat 6;22 e 23
Acho que começamos
a entender porque César assustava menos que O Salvador. João introduz sua
narrativa colocando Jesus como opositor diametral dos seus ouvintes, diz: “A
luz resplandeceu nas trevas, e as trevas não a compreenderam.” Jo 1;5
Com o Império
Romano a coisa tinha certa harmonia. Malgrado os extorsivos tributos, havia
concessões, como liberdade de culto segundo a crença judaica. O Senhor, por Sua
vez, denunciou a hipocrisia de uma religião puramente formal, aparente, sem
nenhuma essência, incapaz de agradar a Deus. Além disso, operou grandes sinais,
que corroboravam Sua autoridade espiritual para contradizer doutrinariamente
aos que se diziam doutores e mestres em Israel.
César não era
ameaça ao “status quo”, pois, apesar dele, as coisas “iam bem”. Na verdade,
desde que a humanidade passou a decidir por si mesma o bem e o mal, por
sugestão de satanás, o bem passou a ser o comodismo, conforto, mesmo que
conduza à perdição; o mal, correção, disciplina, não obstante, aja em prol da
salvação.
Basta
refletirmos uns segundos para vermos a massacrante vantagem numérica dos que
preferem “César” aos ensinos do Salvador, mesmo, hoje.
Apesar dos
pesados tributos de uma consciência culpada, as pessoas preferem a servidão no
reino falido do pecado, uma liberdade condicional eventual, que é mera
preliminar da prisão eterna, à cruz de Cristo que, mesmo tolhendo facilidades
circunstanciais, reconcilia com Deus, silencia a consciência em paz, e permite
a contemplação do Senhor como, de fato É, não, como parece aos maus olhos. “Dai
ao Senhor a glória devida ao seu nome, adorai o Senhor na beleza da santidade.”
Sal 29;2
O mais grave
dessa perversão é que as pessoas dão a César o que não é dele; digo, ao escolherem
as conveniências egoístas, carnais, não é isso estritamente, que escolhem.
Antes, o domínio do “rei” alternativo que sugeriu independência humana invés da
submissão a Deus. No fundo, ele é que está por trás de “César”, tipo de toda
escolha comodista, indiferente ao Amor Divino.
O verniz
hipócrita que compartilha nas redes sociais palavras bonitas e alugadas, não
basta para disfarçar vidas feias, nem diante de homens com certo discernimento,
quiçá, diante de Deus. Na verdade, podemos ser inimigos da Cruz de Cristo
fazendo poesias e os mais belos encômios sobre ela.
Pilatos,
então, representante de César lavou suas mãos hipocritamente enquanto fazia a escolha
mais fácil ante Jesus. Quem avalia a aprovação humana como mais importante que
a Divina, facilmente empresta seus lábios para “glorificar” a Jesus, enquanto
seu coração clama por César. Quem não consegue ver feiura no pecado nunca verá
a Beleza do Salvador; luz e trevas não coabitam.
Assinar:
Postagens (Atom)