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sexta-feira, 19 de agosto de 2016

Reis falidos

“Ai de vós, escribas e fariseus, hipócritas! Dizimais hortelã, endro, cominho, e desprezais o mais importante da lei, juízo, misericórdia e fé; deveis, porém, fazer estas coisas, e não omitir aquelas.” Mat 23;23

Parece que nossos antepassados Fariseus faziam de bom grado as coisas fáceis, sem, contudo, se importarem em praticar o que era mais importante para Deus: “O juízo, a misericórdia e a fé.” O fato de algo ser prioritário, porém, não exclui a prática de outras coisas necessárias. O Senhor disse: Continuem fazendo essas coisas menores ainda, mas, pratiquem também as que são de maior relevância.

Com outras palavras o Mestre denunciou que eles coavam um mosquito e engoliam um camelo. O quê nos leva a sermos criteriosos com coisas pequenas, e relapsos com as principais? Provavelmente, o fato de que nosso “critério” não deriva de zelo de Deus, antes, não passa de uma selfie “espiritual” onde buscamos nosso melhor ângulo para nos expormos à torcida.

O homem espiritual sabe que está numa luta renhida, onde, nada menos que a verdade, aprendida, vivida e ensinada, o faz probo ante O Senhor. O hipócrita se satisfaz com um verniz dourado que o faça parecer áureo ante os olhos humanos, mesmo que, esteja desnudo diante de Deus. O danoso desse cristianismo “para inglês ver” é que, se mantido, nos fará herdeiros de uma “salvação” do mesmo calibre.

No fundo somos imediatistas demais para esperarmos viçarem os demorados frutos da fé. Assim, “recompensas” agora, prezamos mais que o galardão porvir. Por outro lado, a certeza que as consequências das más ações são demoradas também, nos dá “segurança” para seguirmos no escuro, imaginando que, um dia, oportunamente, sairemos à luz. Salomão ensinou: “Porquanto não se executa logo o juízo sobre a má obra, o coração dos filhos dos homens está inteiramente disposto para fazer o mal.” Ecl 8;11

Sabemos que pensamentos geram ações, ações forjam caracteres, e esses, colhem um destino. Enquanto não cambiarmos nosso jeito de pensar, seguiremos agindo apenas para a humana plateia, como que, cegos para a perdição que espera-nos, do outro lado do rio da vida.

Por isso, a conversão nunca começa no escopo das obras, antes, na mudança de mente, de coração, pois, feito isso, as coisas exteriores cambiarão também, tendo cambiado sua fonte, vejamos: “Sobre tudo o que se deve guardar, guarda teu coração, porque dele procedem as fontes da vida.” Prov 4;23 “Deixe o ímpio seu caminho, o homem maligno seus pensamentos, e se converta ao Senhor...” Is 55;7 “Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;2 etc.

Cada um é rei no vasto império da vontade, e nossas escolhas pretéritas são as crônicas dos “decretos” que selamos desde nosso trono. Cristo, como a Herodes, soa uma ameaça à coroa que tanto prezamos.  Como aquele, hipocritamente queremos “adorar” o Novo Rei, embora, no fundo, obramos para que morra.

O que levou o Sinédrio a impor a Pilatos a morte do Messias, senão, o medo de perderem seu lugar? Pois, esse é o “problema” do Salvador: Ele quer o meu lugar. Disse: “Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo, tome cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

Desse modo, a conversão é absolutamente impossível à natureza caída, pois, teria que trair à própria inclinação que se opõe a Deus. “Porque a inclinação da carne é morte; mas, a inclinação do Espírito, vida e paz. Porquanto a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, em verdade, pode ser.” Rom 8;6 e 7

Esse é o papel da cruz. Matar um inimigo de Deus, e, em seu lugar, trazer à luz um filho adotivo mediante Jesus Cristo. Em quem aceitar tal renúncia, O Eterno se dispõe a fazer um transplante de órgãos, para possibilitar a obediência, antes, impossível. “Vos darei um coração novo, porei dentro de vós um espírito novo; tirarei da vossa carne o coração de pedra, e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o meu Espírito, e farei que andeis nos meus estatutos, e guardeis os meus juízos, e os observeis.” Ez 36;26 e 27


Feita essa mudança vital, nosso próprio agir há de ser uma mensagem ante quem vê, e nosso anseio pueril de exibir virtudes sumirá paulatinamente, pois, a atuação do Espírito Santo, “Sangue” do novo coração, pulsará para que se veja Cristo em nós. 

É só um presunçoso invés de convertido todo “cristão” quem inda não pode falar como João Batista, o amigo do Noivo: “Convém que ele cresça e eu diminua.” 

sábado, 27 de dezembro de 2014

As maçãs de ouro e a palha



“Como maçãs de ouro em salvas de prata, assim é a palavra dita no seu tempo.” Prov 25; 11 

A figura de um vaso se prata ostentando  conteúdo áureo é eloquente! Essa palavra advém, segundo Salomão, em consórcio com o tempo. Assim, não basta ser correta, mesmo, sábia; carece ser oportuna. Ele mesmo disse, noutra parte: “Tudo tem o seu tempo determinado, há tempo para todo o propósito debaixo do céu... tempo de rasgar, tempo de coser; tempo de estar calado, tempo de falar;” Ecl 3; 1 e 7 

O “tempo” aludido, demanda leitura das circunstâncias;  fatores alheios ele mostram se é oportuno falar, ou não. Quando na presença de um tolo, por exemplo; “Não fales ao ouvido do tolo, porque desprezará a sabedoria das tuas palavras.” Prov 23; 9 O Senhor fez isso ante  Herodes. “Herodes, quando viu a Jesus, alegrou-se muito; porque havia muito que desejava vê-lo, por ter ouvido dele muitas coisas; esperava que lhe veria fazer algum sinal. Interrogava-o com muitas palavras, mas, ele nada lhe respondia.” Luc 23; 8 e 9 

Assim, um só tolo não é digno das palavras sábias; que dizer de uma multidão enfurecida de tolos? Isso se deu quando da defesa de Estevão. Como estava sendo julgado, era-lhe necessário expor os motivos de sua fé. Fez com sabedoria ímpar; mas, “Ouvindo eles isto, enfureciam-se em seus corações, rangiam os dentes contra ele... gritaram com grande voz, taparam os seus ouvidos e arremeteram unânimes contra ele.” Atos 7; 54 e 57

Acontece que a defesa do diácono  implicava em acusação contra seus perseguidores. Dado que, verdadeiras, as acusações geraram fúria, invés de contrição. Tal era o impacto da verdade que, “taparam os seus ouvidos.” 

Há casos em que, os fatos são eloquentes; às inquietações do coração humano, parece que algo deve ser dito, mesmo que, não saiba o quê. A tendência é fazer  pior que o silêncio; falar besteira. “O que canta canções para o coração aflito é como aquele que se despe  num dia de frio, ou, como o vinagre sobre salitre.” Prov 25; 20 

Contudo, é possível fazer pior que tentar remover aflições com palavras ocas; podemos aumentar a dor, com acusações infundadas ao aflito, como fizeram os “amigos” de Jó. Após sete dias em silêncio solidário, ( suas melhores palavras ) por fim, começaram a acusá-lo de impiedades não cometidas, fundados mais no anseio de uma explicação lógica às suas inquietações internas, que, em socorrer ao combalido Patriarca. 

Ele fez a devida leitura e desejou mais silêncio. “Vós, porém, sois inventores de mentiras; vós todos, médicos que não valem nada. Quem dera,  vos calásseis de todo, pois, isso seria a vossa sabedoria.” Jó 13; 4 e 5 Se, a palavra oportuna é figurada como maçã de ouro em bandeja de prata, aquelas foram comparadas a clara de ovo sem sal. “Ou comer-se-á sem sal o que é insípido? Haverá gosto na clara do ovo? A minha alma recusa tocá-las, pois, são para mim como comida repugnante.” Jó 6; 6 e 7 

Talvez, inspirado nessa figura, Paulo advertiu aos Colossenses: “A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4; 6 

Há casos em que a palavra é inoportuna, não por que a plateia seja indigna, mas, por estar sobrecarregada. “Ainda tenho muito que dizer, mas, vós não  podeis suportar agora.” Jo 16; 12 O Mestre ensinou que o Espírito Santo viria complementar o que faltava e capacitá-los. 

Embora, às falas desprovidas de sentido costumemos chamar de palavras ocas, no fundo, significam algo. Voltemos a Paulo: Há, por exemplo, tanta espécie de vozes no mundo,  nenhuma delas é sem significação.” I Cor 14; 10 O contexto atinava à disciplina com o dom de línguas estranhas, mas, ele disse algo mais abrangente; toda a voz significa algo.

Infelizmente, a maioria das vozes que ouvimos são, guardadas as diferenças de método, como as da plateia de Estevão; servem para abafar à Palavra da sabedoria, pois, essa, inevitavelmente acabará acusando, aos que escolheram a estultice como modo de vida.

Então, saímos dos festejos de fim de ano e seremos bombardeados pelo Carnaval, Páscoa, dia das mães, pais, crianças, etc. Sempre termos um “convite para festa” um tiroteio de marketing a desviar nossas atenções do que, interessa, deveras. Sem falar das contínuas e sujas novelas, os pornográficos BBBs da vida.

Assim, desprezam, muitos ao ouro real, hipnotizados pelos diamantes imaginários do “comendador” da novela. 

Platão dizia com acerto que, as necessidades determinam os valores; porém, a cegueira disseminada atrofia uma geração, e a faz imaginar que precisa de coisas vulgares, como disse Estobeu: “Os asnos preferem palha ao ouro.”

sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Verdade; o travesseiro da alma



E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou firme propósito de ir a Jerusalém. Mandou mensageiros adiante de si; indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada, mas, não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém.” Luc 9; 51 a 53


Como sabemos se um propósito é firme?  Por certo, o mesmo precisa ser testado. Há outros textos onde discípulos tentaram dissuadir ao Salvador dessa ideia, dizendo que Herodes o queria matar, que Ele correria riscos por lá; mas, nada disso O fez mudar.  Quem tem um propósito firme e conhece as consequências, o simples lembrá-las em nada afetará a decisão que já as considerou. 

Isso feito mandou precursores a uma aldeia de samaritanos para prepararem  pousada. Porém, a rivalidade desses com os judeus chegava a tal ponto de se negarem a ceder um lugar de descanso, pois, “seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém”.  

Que falta de jogo de cintura do Mestre! Sabendo dessa aversão dos samaritanos, bem poderia ter “desconversado” dizendo que ia para outra parte; quem sabe, que era um emissário estrangeiro a espiar a cidade para um ataque futuro; coisas assim o fariam simpático entre os samaritanos; por certo, lhe garantiriam o necessário descanso. 

Ele mesmo, quando chamou a si os pecadores ofereceu descanso à alma; não fez alusão ao cansaço do corpo. Quem tem como hábito a verdade em sua forma de ser, não descansa a consciência em outro travesseiro que, não, a própria verdade.  

Mesmo, coisas periféricas, nuances não expressas também se revelam verdadeiras; se, ia para Jerusalém, seu aspecto mostrava exatamente isso. 

Quantas vezes mentimos de modo não expresso, dissimulando aparências, intenções... Vamos a Jerusalém, mas, exibimos por “descuido” uma passagem pra Damasco. Sutilezas assim, embora pareça malandragem, são apenas traços da mentira vestida para festa. 

Com Aquele que É a verdade, a coisa não funciona assim. Decisões firmes, providências conforme; semblante também. 

Salomão escrevera: Desvia de ti a falsidade da boca; afasta de ti a perversidade dos lábios. Os teus olhos olhem pra a frente; as tuas pálpebras olhem direto diante de ti. Pondera a vereda de teus pés, todos os teus caminhos sejam bem ordenados! Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal.” Prov 4; 24 a 27

Infelizmente, a maioria do que hoje se vê são  “cristãos” de calmaria, de tempo bom. Prontos a dissimular suas escolhas, bem como, refazer caminhos se, uma objeção qualquer os ameaça. Facilmente bradam nos púlpitos que, sem luta não teremos vitória, que somos chamados a tomar a cruz, etc. Mas, ouse a realidade a testar seus postulados e presto se tornam “samaritanos” se isso lhes facilitar as coisas. 

Se, na caminhada tecnológica, que não mais caminha nem corre, antes, voa; nisso, digo, quanto mais moderno, melhor, na jornada dos cristãos a coisa é exatamente inversa. Quanto mais antigo, melhor. 

Sim, os antigos deram suas vidas, como fizeram os apóstolos, os cristãos das catacumbas de Roma, tantos na Inquisição... Sua fé não tinha mais a vida na Terra com preciosa, antes, a vida em Cristo. Estavam dispostos a tudo, mesmo mais antigos,  como alista a galeria dos Heróis da fé. 

Não estou dizendo que todos os cristãos atuais sejam uns molengas, há exceções, felizmente. Mas, graças a uma “Igreja” que, movida por interesses mercenários decidiu ser agradável invés de verdadeira, o crente comum que ela gera é assim, fraco, interesseiro, oportunista, dissimulado. Não hesita em mentir para obter facilidades, ou, evadir-se a certas dificuldades. 

Certo que os samaritanos não receberam a Jesus, por causa de sua judaica aparência; mas, isso era problema deles. Estavam errados, e o Mestre não iria disfarçar-se para recrudescer seu erro. 

Embora Tiago e João desejassem queimar aos ímpios.  O Senhor os advertiu que não entendiam o que estava em jogo; “Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia.” V 56 

Enfim, se o mundo é  império da falsidade, onde, aparências enganam, dos servos de Cristo se requer algo melhor. 

Pensemos, por um instante, quantas pessoas nos surpreenderam “pra cima”; as imaginamos comuns, e conhecendo-as melhor, se revelaram nobres, de caráter superior; por outro lado, quantas reputamos excelentes, e à menor prova revelaram-se vis, traidoras, fracas... Da primeira parte do exemplo tenho dificuldade de lembrar alguém; porém, a segunda... Assim, se nossas resoluções não estão estampadas; se, nossa aparência não expressar o que somos, que seja por humildade, por sabermos que eventual bem em nós é dom de Deus; nunca por falsidade, dissimulação. Uma alma salva não descansa na facilidade, antes, na verdade.