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quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

Meu bem, meu mal e a besta

“Se estiver embotado o ferro e não se afiar o corte, então, se deve redobrar a força; mas, a sabedoria é excelente para dirigir.” Ecl 10;10

Pensando bem, em alguns momentos me vejo bem pior do que penso; então, urge que eu aprenda pensar melhor. A honestidade moral e intelectual são as lentes da alma que corrigem seu grau de miopia.

Somos mui espontâneos em “assumir” pretensas virtudes, receber elogios; muitos correm em busca disso como um viciado buscando drogas.

Todavia, um garimpeiro a laborar no rio lida com lama, água suja, areia; eventualmente, sua persistência é premiada com algo de valor. Assim somos em nossas almas impuras; mas, dada a vaidade exibimos nossas “pepitas”, apenas, malgrado, tenhamos muita impureza oculta...

Nossa enfermidade é tão “normal” que sequer notamos. Desde que nos foi “legada” a autonomia em relação a Deus, que nós mesmos mensuramos bem e mal ao nosso alvitre, o bem deixou de ser uma coisa derivada de valores e passou a ser fruto de sentimentos, emoções. Assim, aquilo que eu gosto, por insano que seja será meu, “bem”; o que desgosto, não obstante tenha seus méritos, virtudes, será o mal.

Dizem que mente vazia é oficina do Tinhoso; n’outras palavras quem está a esmo tende mais a fazer porcarias que a tomar boas decisões.

Bem, sempre ouvi isso por alto sem me ocupar de pensar a respeito; parecia um dito sábio. Contudo, pensando melhor, se não houver um adjetivo producente ao conteúdo da mente, talvez seja melhor que esteja mesmo baldia.

Como assim? Todos filosofam sobre a superioridade da qualidade ante a quantidade; assim, uma mente cheia de maus intentos, pensamentos viciosos seria melhor que uma vazia? Mudando a figura; seria preferível um vaso cheio de lixo a outro, vazio?

Talvez o que se queira dizer é que o envolvimento em alguma ocupação virtuosa tende a tolher nossa inclinação natural pelo mal; nisso estou de acordo.

Henry Ford dizia: “Pensar é o trabalho mais duro que há; e essa, talvez, seja a razão para que tão poucos se ocupem nele.” Alguns, presto discordarão, pois, acham que maliciar, desejar, maquinar embustes, são sinônimos de pensar. Não senhores! Pensar deveras requer uma alma filosófica que tenta entender as coisas e seus porquês; que abstraia o fenômeno, a aparência e tente tocar o motivo, o alvo.
Dizemos que as aparências enganam, quando o engano é filho de nossa percepção destreinada.

Um exemplo de vero pensar: “Quando penso nas coisas como são, pergunto: por quê? Quando as analiso como não são, questiono: Por que não?” George Bernard Shaw

A geração atual pelo seu espírito praticamente proíbe o livre pensamento. As coisas são devidamente encaixadas em seus moldes “politicamente corretos” e somos patrulhados para não sairmos da caixa. Quem deu autoridade absoluta a esses embusteiros que tentam implantar as coisas ao seu gosto? O que está vigente é abolição do cérebro cuja carta de alforria foi assinada com uma putrefata pena ideológica que está suja de muito sangue e já fez correr rios de lágrimas.

Escandalizamos-nos ao ver universitários enfiando velas acesas no rabo como sendo uma forma de “arte”; porém, no tempo que os animais falavam, digo, quando os cérebros ainda funcionavam, a arte era a expressão do belo, do criativo, seu desfile dava azo à sublimação, ao enlevo; ah, e havia diferença entre o ridículo, o abjeto, o obsceno, e ela.

Platão definiu o homem como sendo um invólucro de pele contendo dentro uma besta policéfala (de muitas cabeças) e no alto um homenzinho; segundo ele, a besta representa os instintos bárbaros, incivilizados; e, cada cabeça tipifica uma má inclinação, uma paixão doentia; o homenzinho seria nossa parte superior, a razão. Assim, o filósofo seria aquele cujo homem interior teria domínio sobre o monstro; os demais, o oposto.

Pois bem, alugando essa figura por um pouco, nossa geração tem alimentado a besta com a carne do finado homenzinho racional. Gente de renome, professores de faculdade, artistas, jornalistas, pessoas que deveriam ser os nossos luminares exibem sintomas pujantes de desonestidade intelectual e moral, e subserviência ao monstro das paixões triturador da razão, dos fatos, da história, da verdade...

O sistema facilita a indigência mental; basta compartilhar algo do qual se gostou, mesmo sem entender direito e o sujeito já será “racional” profundo.

Claro que frases feitas têm seu valor, sempre recorro a elas quando parecem oportunas, mas, se nosso “pensar” se resumir a isso não passaremos de robôs programados, mentecaptos, que literalmente significa capado da mente, castrado.

Pensar não é decorar as ideias alheias, antes, usar a massa intracraniana para gestar as nossas. “A mente não é um vaso para ser cheio; é um fogo a ser aceso” Plutarco.

terça-feira, 19 de setembro de 2017

O Homem Livre

“Somente o homem livre é uma personalidade. Os demais são arranjos... Um homem verdadeiramente livre não deseja comandar os demais, mesmo que as condições o favoreçam. O líder das massas está no mesmo estado de servidão da massa - ele não tem existência autônoma alguma fora da massa.” Nicolai Berdiaev

Uma coisa que ocupava as reflexões do pensador ucraniano era a liberdade em oposição à massificação, que considerava a perda do indivíduo; fuga. Por outro lado, os dominadores das massas também eram de certo modo, servos dos anseios de amos; logo, também escravos.

Qualquer semelhança com Maduro, e os “madurenhos” que o sustentam na Venezuela não é coincidência, antes, demonstração prática do pensar correto do filósofo.

A massificação assumiu proporções tais que é muito difícil encontrar ainda um homem livre. A maioria não passa de peças de Lego que uma invisível mão encaixa como aprouver montando os arranjos que deseja. Essa mão usa “mantras,” datas, bandeiras, arte, conceitos “politicamente corretos,” etc. Cada pecinha servil no vasto tabuleiro se encaixa dócil presumindo-se livre.

Parece que outorgamos a outrem o direito de nos dizer como as coisas são; damos a eventuais ditos, uma anuência omissa, preguiçosa, como se estivéssemos diante de um conceito absoluto; quando, não raro, é mera opinião, inclinação, ou interesse de alguém tão falho quanto nós, quiçá, pior.

Ocorre-me um dito de Bernard Shaw: “Quando penso nas coisas como elas são me pergunto: Por quê? – disse – Se as considero do modo que não são, indago: Por que não?” Seu cérebro, pois, se exercitava tanto sobre as coisas “prontas” quanto, sobre as “aprontáveis”. Parecem-me traços de um homem livre.

Não que eu seja contra frases feitas; antes, delas lanço mão sempre que oportuno; muitas sentenças são insuperáveis sobre determinados temas; e só um tolo, a pretexto de ser “livre” de ideias alheias, as evitaria. Porém ao redor dessa chama propiciada por outro devemos atiçar o fogo com nossa lenha, colocarmos nossos neurônios atrás do arado, invés, de folgar lassos no trabalho alheio.

Entretanto, as facilidades das redes sociais, além das asas globais que nos dão servem de estímulo à preguiça mental; a indigência intelectual pode posar de diligência, de carona no labor de alheios pensares.

Para efeito de encenação, alegoria, isso funciona muito bem; entretanto, para edificação psíquico-intelectual é nocivo, deletério, mediocrizante, massificador. Henry Ford criador da famosa montadora dizia: “Pensar é o trabalho mais duro que há; essa é, talvez, a razão pela qual tão poucos se ocupem nele.”

Plutarco em seus dias dissera algo que é justo, um alerta contra isso: “A mente não é um vaso para ser cheio; antes, um fogo a ser aceso.” Se quisermos “encher o vaso” de asneiras, o Sistema nos oferece mais lixo que a exposição do Santander. Porém, o pensar vero deve ser feito com nossos insumos, as vivências, o aprendido e o ainda ignoto; sempre será uma labuta interior, diverso de ser manipulado por uma tela que presumimos operar.

Uma introspecção sincera, pesando motivos, avaliando rumos, custos, objetivos, ou, postulados alheios, até; requer tempo demais dessa geração vídeo, onde muitos ao deparar com um texto como esse, sequer, leem, satisfeitos com as demais coisas; afinal, têm pressa e querem antes, rir dos vídeos de “pegadinhas” do que encarar a si mesmos em considerações tão soturnas.

Isso explica o vero pavor nas redações do vestibular, pois, uma geração robotizada perde o prumo quando desafiada a se comportar de modo humano; pensar.

Saint-Exupérry chamava o sistema de “máquina de entortar homens”; por minha vez acho que imbeciliza desde a infância, e os torna amorais, dando acesso irrestrito pros fedelhos às piores perversões adultas; de modo que quando crescidos nem carecem mais ser entortados; estão mais curvilíneos que a pista do GP de Monza.

Apesar de ser Marxista, Berdiaev não aprovava a doutrinação ideológica de crianças nas escolas; “Sugestões e condicionamentos a que são submetidos homens desde sua infância fazem deles escravos. Um sistema educacional errôneo pode extrair totalmente de um homem sua capacidade de ser livre nos seus julgamentos e apreciações.”

No nosso contexto, na questão da forma os jovens são avessos a pensar, e no prisma do conteúdo têm sido enchidos de conceitos tortos e pré-concebidos, o que, inevitavelmente resultará numa geração de zumbis, aptos apenas para mantras, um “walking Dead" intelectual, invés, de seres livres como convém.

Ninguém precisa concordar com outrem para agradar, mas, a maioria não concorda consigo mesmo; digo, as ideias que defende não são suas, foram inoculadas a força, ou, adotadas por preguiça. Em ambos os casos, apenas um títere em lugar de um ser humano.

O veraz homem livre muitas vezes é desagradável, sobretudo, se desfilar sua liberdade na vereda dos algemados.

domingo, 16 de novembro de 2014

Heráclito, o devir e o PT



“O homem que volta ao mesmo rio, nem o rio é o mesmo, nem o homem é o mesmo.” ( Heráclito ) 

O eterno devir, a ininterrupta mudança  advogada pelo pensador antigo merece alguns reparos. Certo que o escopo dos filósofos pré-socráticos como ele, Demócrito, Anaximandro, Anaxágoras, Tales de Mileto, etc. era a compreensão da Natureza. 

Em Sócrates, o homem passou a ser o alvo; “Conhece a ti mesmo.” Com o advento de Cristo, Deus foi revelado; “Quem vê a mim vê o Pai.” Disse. 

Mas, voltando, a constante mudança no âmbito natural, aos meus olhos, está restrita a uma não mudança superior. Digo a uma mesmice fadada à reprodução mecânica, refém do determinismo biológico. A natureza não tem escolha, não pode mudar. As águas seguirão buscando os lugares mais baixos, animais e plantas reproduzindo-se mecanicamente sem nenhum sinal evolutivo, malgrado, o sonho dos evolucionistas. 

A natureza não é arbitrária, antes, está presa à necessidade; homens e anjos sim desfrutam da possibilidade. Se plantarmos uma semente de feijão, por exemplo, ela não poderá decidir converter-se em ervilha; necessariamente nascerá feijão. Contudo, se um ser arbitrário receber uma incumbência pode optar por obedecer, desobedecer, fazer de má vontade, buscar a excelência, procrastinar...  

Assim, refutando a Heráclito, o rio seria o mesmo; o homem teria possibilidade de ser diferente. 

Entretanto, essa dádiva maravilhosa da possibilidade nem sempre é usufruída com sabedoria. Quando não fazemos a escolha inferior, que nos faz diminuir, em atenção à má vontade, fazemos a mais confortável, indolor; compramos respostas prontas como quem compra tomates; nos acomodamos à mediocridade, ao lugar comum. 

A crítica, tão necessária, e às vezes mal entendida, some nessas horas. (Alguns equacionam-na à rejeição de algo, embora, signifique apenas, análise criteriosa, com conhecimento de causa )  Parece que criticar determinados postulados era hábito dos homens antigos. Salomão disse: O que pleiteia por algo, a princípio parece justo, porém, vem o seu próximo e o examina.” Prov 18; 17  Não seria quem gritasse primeiro, ou, mais alto que venceria a peleja; antes, quem estivesse abonado pela razão. Bons tempos! 

Sobre disputas filosóficas, o mesmo Heráclito deixou uma pérola. Citarei de memória; talvez omita palavras, embora, preserve a ideia. “Numa disputa entre dois sistemas, um não tem direito de dizer: Seu ponto de vista é falso por que o meu é verdadeiro e se opõe a ele; pois, - disse – o outro poderia dizer exatamente o mesmo, arrastando a disputa à eternidade. O falso - concluiu – deve ser demonstrado em si mesmo, não no outro. 

Mas, essas pescarias em águas profundas eram feitas com outros anzóis. Somos uma geração que vê; tudo acaba em vídeo. Não raro, a cortina da visão embaça as janelas do pensamento reflexivo. 

E, corro o risco de ser lido por alguém que pensa; esse, diria que às vezes cito frases alheias, de modo que, estaria também caindo no lugar comum. Sim e não. Quando cito: “A mente não é um vaso para ser cheio, antes, um fogo a ser aceso.” (Plutarco) Tal frase não traz uma resposta pronta, antes uma regra, justo contra a acomodação, o “encher o vaso” com ideias alheias. 

Ou, “Pensar é o mais duro trabalho que há; essa é a razão, talvez, para que tão poucos se dediquem a isso.” ( Henry Ford) Uma vez mais, a frase pronta não traz nada pronto, exceto, a constatação que o ser humano em geral é um indigente mental. 

Essa indigência está vigorosa como nunca. O marketing a serviço de interesses mesquinhos desconstrói valores, bens, reputações; a própria história. A inadimplência intelectual grassa nessa geração. 

Um exemplo bem didático se deu nas estrondosas manifestações de Junho, quando o País inteiro saiu às ruas expressar descontentamento, sem saber exatamente contra quê. Apresentaram reivindicações difusas, variadas como cardápio de Café Colonial, e como era de se esperar, deu em nada. Parece que as pessoas estão descontentes mas, não sabem exatamente o motivo. 

Ontem José Eduardo Cardozo, Ministro da Justiça deu entrevista criticando a “Operação Lava Jato” que expõe a roubalheira na Petrobrás. Ora, num país decente seria o contrário. Ele elogiaria a Polícia Federal, e exortaria que fossem ao fundo da questão. Mas, ele é só uma carta no castelo de poder dos vermelhos que começa a ruir. 

Somos uma nação dividida. O País que produz riquezas trabalha, em sua imensa maioria descontente, como mostraram as manifestações de ontem; os paupérrimos que dependem de assistencialismo, felizes com  corruptos no poder; pois, foram ensinados a pensar que as benesses recebidas derivam de um partido, não, de uma nação toda. 

Governo não gera riquezas; administra-as, muito mal, infelizmente. O rio do PT ainda é o mesmo; o homem, Brasil começa a mudar.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Ecologicamente incorreto



Porque a paixão é sempre mais veloz que a razão? Os sentimentos suplantam valores?  Talvez, porque a paixão seja filha do instinto, do quê, mais primitivo temos; enquanto, a razão demanda certo depósito de valores, intelecto, clareza, discernimento para compreender o que está em jogo.  

Sentir um impulso é mais fácil e rápido que refletir. Repetir o que se ouviu sem investigar, embora superficial, pueril, é indolor, leve, prazeroso. 

Lembro uma frase de Henry Ford: “Pensar - disse -  é o trabalho mais duro que há; essa, talvez, seja a razão pela qual tão poucos se atrevem a isso.” 

Por isso, talvez, tantas celebridades sejam pagas a preço de ouro para mentir que usam determinado produto, pois,  automaticamente, os que admiram tal famoso, acabarão associando as imagem  e produto,  comprando o que for anunciado.  A mim não interessa se o craque A, usa o perfume, B; dane-se! Uso o que me der na telha. Tampouco qual a “cor da estação” ditada por um bosta qualquer que posa de Deus da moda, dane-se, outra vez!

Infelizmente, a massificação, o efeito manada, tem assassinado o indivíduo, tolhido a beleza da diversidade, miscigenando índoles nua gosma amorfa, acéfala, insípida, chamada, povo.   

Assim como repetir conceitos qual papagaio é indolor, fazer o que a maioria faz também é mais confortável que acender o fogo com a própria lenha. Aliás, ocorre-me ainda uma frase de Plutarco sobre o tema: “A mente não é um vaso para ser cheio; antes, um fogo a ser aceso.” 

Mas, vivemos num tempo em que as vasilhas enchem-se de imbecilidades, enganos, “certezas” cujo único mérito é serem instrumentos de cansativa repetição; enquanto o fogo que queimaria erros, falácias, examinaria procedência, coerência, lógica, veracidade, acha-se irremediavelmente apagado. 

O manto das paixões acenado cega a  ponto, de as galinhas comemorarem quando a guarda do galinheiro é entregue às raposas.  Celebram aos gritos e com fogos de artifício, a beleza estonteante de sua estupidez. 

Eu não gosto nem pretendo que as pessoas concordem comigo para não discordar, simplesmente. Longe de mim ser dono da verdade; o iluminado que nunca erra! Entretanto, quem discordar, quando o fizer, respeite minha inteligência, e faça com argumentos plausíveis, racionais. 

Se bater à minha porta com falácias decoradas, preferências passionais, vigarice intelectual; ouvirá um sonoro, dane-se! Não gasto meu tempo com crianças psicológicas.

Detesto que me tentem impor o que devo amar, ou odiar; são escolhas minhas, e penso que as baseio em valores. Assim, se o argumento falta com a verdade, se traz raciocínio tendencioso, se justifica maus meios para presumidos, bons, fins, a balela não passará em meu filtro lógico e o paroleiro laborará em vão. 

Atrás das bandeiras de “povo” e “Pátria” muito canalha se escondeu, e ainda se esconde. Ademais, fomentar a miséria para depois obter lucro com ela via chantagem, é a quintessência da canalhice. 

A essa altura alguém pode estar suspeitando que estou falando das eleições de ontem. Também! Foi a inspiração para uma reflexão filosófica sobre a pobreza intelectual e moral do “homem” de nosso tempo.   

Sim, coloco o homem entre aspas, não por minha conta, mas, copiando uma sentença do Rei Davi que disse: O homem que está em honra, e não tem entendimento, é semelhante aos animais, que perecem.” Sal 49; 20 Ou, de seu filho Salomão que, parece ter valorado a inteligência como algo que vem de fora, um dom, uma aquisição sem a qual, o homem fica “em si mesmo”. “Disse eu no meu coração, quanto a condição dos filhos dos homens, que Deus os provaria, para que assim pudessem ver que são em si mesmos como os animais.” Ecl 3; 18 

Gosto muito dos animais em seus habitats, usando os próprios corpos. Quando jumentos vêm a mim disfarçados de homens não sou “ecologicamente correto” quebro o pau.

É doloroso navegar na vida num mar de imbecilidade e uma ou outra ilhota de discernimento. Ver a espalhafatosa “comissão de frente” da escola de samba dos interesses mesquinhos, fantasiada de valores, aplaudida, evoca meu desprezo pelo carnaval.

A “vergonha de ser honesto” que já corou a Ruy Barbosa ronda homens de bem num cenário que canoniza o engano, despreza bons valores; cenário onde triunfam as nulidades. 

Em suma, peço desculpas aos animais por ofendê-los com tão injusta comparação; se eu fosse um deles talvez estivesse me sentindo muito bem, não com vergonha da espécie humana como estou agora.

O “homo sapiens” e sua maioria atende às intimas comichões fingindo atender a de terceiros; isso, os bichos não fazem. Mas, o Mestre ensinou que não devemos esperar que o espinheiro dê, uvas; igualmente, que venham à luz valores onde eles se destacam, justo, por sua ausência.