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sábado, 22 de julho de 2017

Temer e as velhas fraldas novas

“A política foi primeiro a arte de impedir as pessoas de se intrometerem naquilo que lhes diz respeito. Em época posterior, acrescentaram-lhe a arte de forçar as pessoas a decidir sobre o que não entendem.” Paul Valéry

Dizem que, se o elefante soubesse da própria força seria dono do circo; contudo, o bicho se exibe para que o dono fature em troca da parca ração.

O circo da política, desde sempre tem tripudiado do elefante, digo, eleitor. Embora, para efeitos de doma, escolha “representantes”, na real, escolhe donos, feitores; segue servindo ao “circo”; se orgulha de poder decidir por quem será montado.

Nossa política tupiniquim assemelha-se à Hydra de Lerna, o dragão mitológico de três cabeças que, se, na tentativa de matá-lo, alguém cortasse uma, nasceriam duas no lugar. Nossa “democracia” o dragão; seus três poderes as cabeças; Brasília, o pântano onde o bicho vive. Cada eleição um “corte” que invés de matar o monstro aumenta-lhe as cabeças secundárias. Assim, os bravos “Hércules” até cortam vez por outra, mas, falta um Iolaus que cauterize a ferida antes do monstro se refazer.

Claro que há exceções, mas, minoria absoluta, como disse Henry Kissinger: “Noventa por cento dos políticos dão aos 10% restantes uma péssima reputação.”

A rejeição ao PT foi ímpar, por duas razões em especial: Uma, surgiram como alternativa de inclusão social com ética na política, mas, “incluíram” aos “companheiros”, instrumentalizaram ao Estado e fomentaram a corrupção como “nunca antes na história deste país;” natural que a cobrança fosse maior. Outra, seu discurso sempre foi divisionista, de ódio; do nós contra eles; não éramos convencidos por eventuais propostas, antes, tachados de uma coisa ou, seu oposto. Essa postura extremista uma vez patentes seus erros, tornou a rejeição inflamada a tal ponto, que o mero discursar de um deles na TV ensejava um “panelaço”. Mérito do PT.

Cortada a cabeça Dilma, temos sua regeneração a temer, digo, seu vice, Temer. Igualmente corrupto e safado como eram as cabeças pretéritas, porém, sem panelaços, pois, esquivo, bom de retórica sem a rejeição que o PT colheu por ter plantado.

Denunciado em falcatruas que mereceriam também seu impeachment, segue governando o circo na base de sempre. A compra de picaretas na base da toma lá dá cá. A liberação de verbas polpudas aos parlamentares, sob o eufemismo de “emendas orçamentárias”, para que os “emendantes” engavetem denúncias contra ele.

Como não se faz tento sem couro, o orçamento, óbvio, extrapolou e o rombo causado precisa ser tapado, e, adivinhem! Novos impostos serão cobrados dos elefantes, pois, os donos do circo acham que seu “espetáculo” não pode parar.

Muitos consolam-se com o fato de que ano que vem haverá eleições e poderemos usar o “poder do voto”. Santa ingenuidade! Aqueles dez por cento, cujos noventa restantes se encarregam de sujar a reputação nunca sobem ao trono, infelizmente. Seguirão sendo os albinos morais da casa, enquanto os de pele “normal” é que darão as cartas.

Eça de Queiroz disse que políticos e fraldas devem ser trocados periodicamente, pela mesma razão. Não sei como eram os políticos nos dias dele; mas, atualmente, as fraldas “novas” já vêm usadas, se é que me entendem.

Contudo, algum leitor desavisado poderia supor ao meditar em meu texto, que eu estaria propondo uma revolução, um assalto ao poder, para que, enfim, o “Elefante” se apossasse do circo. Lamento decepcionar, mas, a ideia não é essa. Todos os “libertários” da história que assumiram mediante a força não fizeram melhor que aqueles que depuseram, antes, pior. Seguiram governando movidos por interesses mesquinhos; como conheciam apenas a força como método, apresentaram esse a quem se lhes opôs; em miúdos, mataram opositores.

Acontece que, a maioria da indignação social não deriva da ojeriza à inversão de valores, mas, da inveja de serem outros, não os indignados que usufruem boa vida às alheias expensas. Nossa crise não é sistêmica, política, ou, partidária.

Está em nós, dentro de cada um que, mesmo acarinhando seus vícios, deplora-os em outrem. Tenho visto nas pequenas coisas indícios de grandes males. Cada um copula com a corrupção com o falo que tem.

Quem não resiste a tentações mixas, como furar fila, devolver troco recebido a mais, como resistiria quando a coisa estiver na casa dos milhões? Supõe que venceria a Hydra, esse fracote que apanha de lagartixa.

Enfim, embora não seja pregoeiro da alienação política, (o que podemos é apenas escolher o mal menor) prego o desafio evangélico que cada um ouse enfrentar o que pode e deve; a si mesmo.

“O caráter é como uma árvore e a reputação como sua sombra. A sombra é o que nós pensamos dela; a árvore é a coisa real.” Abraham Lincoln