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segunda-feira, 10 de outubro de 2016

As razões de Deus

“Ele ( O Senhor ) reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade”. Prov 2;7

O falso imitando ao verdadeiro vem de larga data; na Grécia antiga tínhamos sofistas combatendo os filósofos; no Israel de antanho, os falsos profetas opondo-se aos servos do Eterno.

Por que o falso não cria algo original, uma falsidade “zero kilômetro” invés de sair imitando ao verdadeiro? Bem, ele pode fazer isso, contudo, amiúde, prefere herdar a reputação, eventuais benesses de algo pronto, que imita.

Assim, profetas de Baal alegavam profetizar pelo “Espírito do Senhor”; tanto que, um deles, que feriu a Micaías perguntou por onde passara o Espírito do Senhor, de si àquele, de modo que profetizasse também. Em nossos dias, os defensores de suas religiões, por espúrias que sejam, advogam, que todas são boas, no fim, levam a Deus. Poderiam dizer que é mero hábito cultural, com fito de viver melhor, mas, no fim do arco íris, o foco seria a relação com Deus.

Ora, religiões, por úteis que pareçam, são resultado de esforços humanos na tentativa de, à humana maneira, abrirem caminho rumo a Deus. Jesus Cristo é o Amor Divino manifesto, O Próprio Caminho aberto, trazendo junto “placas de sinalização”, Sua Palavra, que orientam nossa caminhada.

Estabelecido isso, os falsos que não abdicam de suas naturezas perversas, sabedores da reputação do Salvador, disseminam suas falsidades “em nome de Jesus”, pois, assim, ante incautos ganham o desejado prêmio de parecer verdadeiros.

O surrado, “aparências enganam” tem um paralelo psíquico mais venenoso ainda; sensações, sentimentos. As pessoas frequentam determinados antros de heresias, dizendo que lhes faz bem, que sentem-se melhores depois de ir lá, como se, o alvo de Cristo fosse esse. Ora, o fumante fica nervoso à abstinência, mas, fumando um, “acalma”; tal “nervosismo” é reflexo do organismo viciado em nicotina, acusando no “sinal do painel” que precisa reabastecer. O danoso consegue disfarçar-se de bom em consórcio com a sensação, por ele, domesticada. Assim, os falsos fazem suas vítimas sentirem-se melhor.

O triunfo do agradável sobre os fatos foi versado por Fernando Pessoa: “Tens um anel imitado, e vais contente de o ter; que importa o falsificado, se é verdadeiro o prazer?” Essa mesma lógica se faz algemas de quem prioriza as enganosas sensações, malgrado, a origem.

Primeiro, sendo eu, mau, tal qual, sou, ao encontrar com Aquele que não cometeu pecados, terei uma visão mais ampla da minha maldade; um sentimento de tristeza, arrependimento há preceder, eventual conversão. Feito isso, a alegria de ser perdoado, os primeiros respiros do novo nascimento; aprendidos os primeiros passos, concorrem “as aflições de Cristo” das quais, os salvos são herdeiros também. Não é agradável, é necessário.

Cristianismo não é o império das sensações boas, antes, a escola teórico-prática do conhecimento de Deus na Face de Cristo, em meio a perseguições, incompreensões, dores.

O verso inicial adjetiva sabedoria como escudo, arma de defesa. Essas, são necessárias quando sofremos ataques. Quanto mais próximos do Verdadeiro estivermos, tanto mais, incomodaremos aos falsos. Um ministro teologicamente sadio é a “marca d’água” que desnuda imitadores; isso, lhes incomoda.

Pois, se, por um lado, salvação não depende de sabedoria, mas, de fé, essa, uma vez nascida há de desejar ardentemente conhecer melhor àquele que se fez seu alvo. A isso está atrelada a vida do salvo; não é mero deleite. “A vida eterna é esta: que conheçam a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3
Em dias idos, esse lapso foi fatal: “Meu povo foi destruído, porque lhe faltou conhecimento...” Os 4;6

Quando nos apresentam alguém, normalmente dizemos: “Prazer em conhecer”, quando, estamos apenas encontrando, falando pela primeira vez; conhecer é mais profundo e demorado. A gentileza em inglês fica melhor. “Nice to meet you”. “Bom encontrar você.”

O “problema” de conhecermos melhor a Deus, é que, paralelamente conhecemos melhor a nós mesmos. Isso incomoda um pouco, mas, pra quem decidiu “negar a si mesmo” paulatinamente vai entendendo as razões do Eterno. O “cara legal” que eu pensava ser, é tão ruim que precisa mesmo ser morto, para que Cristo viva em mim. Minha vida dupla sempre será palco de disputas, rivalidades. “Mas, como então, ( nos dias de Abraão ) aquele que era gerado segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é, também, agora.” Gál 4;29


Carne peleja para que escolhamos as coisas que lhe aprazem, inda que, mortais; Espírito, as que agradam a Deus, mesmo que soem desagradáveis. Por isso, a sabedoria espiritual não tem conexão com neurônios privilegiados, inteligência; antes, com caráter, e esse, submisso a Deus. “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos.”

sexta-feira, 15 de janeiro de 2016

Quando Deus fala mal de nós

“Disse o rei de Israel a Jeosafá: Disfarçando-me entrarei na peleja; tu, porém, veste tuas roupas reais. Disfarçou-se, pois, o rei de Israel, e entraram na peleja.” II Crôn 18; 29

Temos dois Reis entrando em combate; Jeosafá, rei de Judá, e Acabe, rei de Israel. Esse disse que lutaria disfarçado, como se não fosse rei, embora, aconselhou, que seu colega ostentasse as vestes reais.

Por quê essa diferença? Porque, não obstante centenas de profetas falsos terem vaticinado vitória, Micaías, o profeta do Senhor, previra a morte do rei de Israel. Deve ter imaginado que, vestido de soldado deixaria de ser rei por um momento, ou, que, se fosse morto Jeosafá em seu lugar estaria “bom para Deus”; acontece que, sua tática não funcionou. Foi atingido mesmo disfarçado, e morreu.

Sua “providência” revela uma faceta doentia da raça humana. No fundo, sabemos a verdade, mas, preferimos o conforto espaçoso da mentira. Se, todos os falsos profetas que o cercavam disseram que seria vencedor, por quê temer? Se, Micaías era verdadeiro, como parecia saber, por quê cercava-se de inúmeros falsos, invés de dar ouvidos ao profeta genuíno? Ele mesmo dissera: Eu o detesto por que nunca fala bem de mim. Aqui está o retrato de nossa doença; não queremos a verdade, queremos a lisonja.

Mineradores chamam de “ouro de tolo” determinada pedra ordinária que, num olhar superficial parece ouro, mas, vista amiúde, não vale nada. Me ocorre uma trova de Fernando Pessoa: “Tens um anel imitado, e vais contente de o ter; que importa ser falsificado, se é verdadeiro o prazer?” Muitos da presente geração não apenas aceitam ao ouro de tolo, senão, que o buscam. A imensa maioria do que se posta nas redes sociais visa precisamente esse “minério”.

“Falso
Todo mundo admira um falso
Eu também preciso ser mais falso
A verdade gera confusão”.
Uma canção popular eternizou essa doença, onde autenticidade, verdade, acaba sendo um fator de desagregação.

Mas, quem disse que ser gregário é mais importante que ser verdadeiro? Na verdade, não importa com que roupa eu vou, pois, se vou sabidamente contra a Vontade de Deus, como foi Acabe, estarei indo de encontro à morte.

Sim, tudo o que enfeita nossas vidas como se fossem praças na época natalina, por luminoso, vistoso que o adorno seja, se, sua motivação é o falso, óbvio, não tem valor nenhum.

O falso, além de matar seus cultores, mata até quem não deveria morrer; um exemplo: Lula, possui dezenas de títulos, de “Dr. Honoris Causa” Doutor por questão de honra, em Latim. Comenda que se confere a destacados cidadãos, pelo caráter, feitos, cultura... mas, seus feitos são pífios, sua cultura, idem, seu caráter o recomenda à prisão.

Suponhamos que um proeminente qualquer receba agora, tal distinção; poderia se orgulhar com motivos, mas, dirá outrem, grande coisa, o Lula tem dezenas em casa. Então, ele não foi enobrecido ao receber honrarias falsas, antes, o título foi envilecido, perdeu valor.

De igual modo, Deus, se falasse pra nos agradar invés de corrigir, quando estamos errados, envileceria valores excelsos que ama, como Verdade, justiça, santidade... ademais, quando caminhamos pra morte, é outro valor inda maior, Amor, que o move a advertir-nos dos riscos que estamos correndo. Deus preza muito suas comendas, não coloca insígnias de santo, no que é profano.

Desse modo, quando “fala mal de nós” como Micaías de Acabe, no fundo, fala bem, pois, visa contrariar nossas escolhas suicidas.
Acontece que, diferente dos fofoqueiros que falam de nós, O Pai fala para nós. A um que foi rebelde contínuo, enquanto O Santo tolerava, prometeu uma “Retrospectiva”: “Estas coisas tens feito, eu me calei; pensavas que era tal como tu; mas, eu te arguirei, as porei por ordem diante dos teus olhos:” Sal 50; 21

Infelizmente, para a mentalidade medíocre, quem me ama me elogia, me convém; quem me corrige é um desmancha-prazeres, quero distância. Ora, é preciso coragem pra enfrentar a morte, mesmo, quando se veste de hipocrisia. Todos “filosofam” coisas profundas sobre autenticidade, verdade, denunciam ao falso, etc, sem perceber que, a imensa maioria sentir-se-ia ofendida se forçada à viver da forma que diz crer.

Quanto a mim, prefiro entrar no túnel escuro da crítica, correção, desde que, no fim desse, esteja a luz da Verdade, iluminando a vereda da Vida Eterna, que ser instigado por muitos aplausos, a saltar de um luminoso trampolim, para mergulhar garbosamente no lago de fogo da perdição.

Acabe, o mau rei disfarçou-se de soldado temendo pela vida; a nós se ordena que pelejemos “disfarçados de reis”, digo, revestidos de Cristo, O Rei dos Reis, se, invés de aplausos, nosso alvo é a vida. Senão, tanto faz; com qualquer veste, estremos nus.