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terça-feira, 18 de outubro de 2016

As botas do diabo

“Botas...as botas apertadas são uma das maiores venturas da terra, porque, fazendo doer os pés, dão azo ao prazer de as descalçar.” Machado de Assis

Essa tirada bem humorada faz pensar em aspectos distintos do que, chamamos, prazer. Tanto pode ser um “upgrade” sensorial, usufruto de um deleite qualquer, quanto, retorno a uma situação normal, que, sem o concurso da anomalia acossando, poderia, até, ser reputada tediosa. Assim, ao saudável, apraz desfrutar diversões, sensações, conquistas, ao encontro das quais, corre; eventual doente, veria prazer na mera restauração da saúde.

Claro que o prazer é uma dádiva Divina, tanto que, mesmo, Deus, o sente. Ele gostaria que o nosso, como convém em qualquer relacionamento afetivo, conjugasse ao Dele, invés de ir de encontro.

Mediante Isaías O Eterno denunciou uma geração sem noção, que, era pródiga em “cultuar a Deus”, quando, na verdade, gostava apenas de se banquetear mascarando aquilo de culto. “Quem mata um boi é como o que tira a vida a um homem; quem sacrifica um cordeiro é como o que degola um cão; quem oferece uma oblação, como o que oferece sangue de porco; quem queima incenso em memorial é como o que bendiz um ídolo; estes escolhem seus próprios caminhos, sua alma se deleita nas suas abominações.” Is 66;3

Ora, os sacrifícios ordenados eram recurso extremo, para quando, ficassem aquém das demandas Divinas, não, o suprassumo da fé, o sentido do relacionamento, como, faziam parecer. No Novo Testamento Paulo denunciou ainda a existência desses, “cujo Deus é o ventre.”

Seu culto egoísta, carnal, invés de proteger de eventuais temores os aproximava inda mais do perigo, como advertiu O Santo: “Também escolherei suas calamidades, farei vir sobre eles seus temores; porquanto clamei e ninguém respondeu, falei e não escutaram; mas, fizeram o que era mau aos meus olhos, escolheram aquilo em que eu não tinha prazer.” V 4

Deus É Espírito, assim, o prazer em comunhão com Ele demanda que vivamos nessa dimensão. Imaginemos um morto deitado em seu esquife; pode eventual carinho da viúva despertar alguma sensação? Palavras aprazíveis sobre ele, ditas por amigos lhe farão sorrir? Não, está morto, insensível, ausente. Igualmente, quem não nasceu de novo, não verá atrativo algum na Palavra de Deus, tampouco, em Seu Excelso caráter, Integridade; a “beleza da santidade” se perderá aos seus olhos baços, e O Salvador será, como aos Seus coevos, “sem parecer, nem, formosura”.

O prazer sensual é automático ao alcance dos sentidos; o espiritual, não. É “paladar adquirido” como certos hábitos que inicialmente não parecem agradáveis, mas, lentamente vão se nos tornando melhores, aprazíveis, até, se fazerem indispensáveis.

O Salmo primeiro abençoa alguém que se separa de coisas que não aprazem a Deus; “Bem aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios, não se detém no caminho dos pecadores, nem se assenta na roda dos escarnecedores.” Sal 1;1 Depois de fazer isso, vai ao encontro de que agrada ao Altíssimo: “Antes tem o seu prazer na lei do Senhor, na sua lei medita dia e noite.” V;2

O Criador tinha prazer em sua relação inicial com o homem, tanto, que o visitava pela viração do dia para conversar. Até que, “entediados” do paraíso, Adão e Eva resolveram partir para um prazer alternativo; ouvindo ao chifrudo, puseram chifres em Deus. Desde então, nenhum homem, por melhor que tenha sido, como Samuel, Noé, Jó, nenhum, se aproximou da perfeição espiritual que agrada ao Criador.

A humanidade “legou” a Ele quatro milênios de infelicidade, até poder dizer outra vez, “Eis o meu filho amado! Nele está todo meu prazer!”

Não só O Eterno foi infeliz, como o homem desgraçou sua carreira. As “botas novas” da independência prometidas pelo “sapateiro” traíra começaram a ferir os pés de toda a raça. Pior, refém da cegueira espiritual, sequer conseguia discernir a fonte das dores. Os pés doíam, trocavam as cuecas, o chapéu, a camisa; o problema seguia lá. De outro modo; o homem sente as aflições por estar vazio de Deus pela promoção do Ego em Seu lugar; para amenizar isso, fabrica religiões, busca vícios, promiscuidade, mas, foge, como o diabo, da cruz.

Quem descalçou a inimizade espiritual, se converteu, deveras, sabe o prazer de sentir outra vez, a Bendita Presença de Deus; alegra-se em conhece-lo à luz da Sua Palavra.

Não que a conversão nos livre cabalmente das dores, mas, em meio a elas, a presença do Santo que passa pela água, pelo fogo, conosco, basta.

Ademais, há muita diferença entre dores de fonte egoísta, e, ser partícipe das “aflições de Cristo” como são, os salvos. Na vida desses, o diabo perdeu as botas, pois têm, “calçados os pés na preparação do Evangelho da Paz.”