“Até a cegonha no céu conhece seus tempos determinados; a
rola, o grou e a andorinha observam o tempo da sua arribação; mas, o meu povo
não conhece o juízo do Senhor.” Jr 8;7
Humilhante
cenário pinta o profeta, onde, os animais são postos como conhecedores do
tempo, e, os humanos, ignorantes. Enquanto dispunham de tempo estribaram-se na
falsidade, nos ensinos de gente que se opunha a Deus: “Como, pois, dizeis: Nós
somos sábios, a lei do Senhor está conosco? Eis que em vão tem trabalhado a
falsa pena dos escribas. Os sábios são envergonhados, espantados e presos;
rejeitaram a palavra do Senhor; que sabedoria, pois, têm eles?” vs 8 e 9
Interessante
que, a maldade expressa naqueles dias se repete. “O Senhor está conosco,”
diziam, contudo, rejeitavam Sua Palavra. Quantos, em nossos dias bradam: “Também
sou filho de Deus”, contudo, tente-se corrigir aos tais com base nas
Escrituras, presto ouviremos coisas do tipo: “Não julgues”, “não apontes
ninguém”, “devagar que esse fanatismo de basear tudo na Bíblia deixa louco,”
etc. O Senhor está com eles, dizem, porém, como aqueloutros, também rejeitam
Sua Palavra.
Ora, a Bíblia
é já o Julgamento de Deus, não haverá sentenças surpreendentes, apenas,
surpresas pelo fim do logro da aparência, daqueles que parecem ser uma coisa e
são outra. O Salvador ensinou: “Quem me rejeitar, não receber minhas palavras,
já tem quem o julgue; a palavra que tenho pregado, essa o há de julgar no
último dia. Porque eu não tenho falado de mim mesmo; mas, o Pai, que me enviou
me deu mandamento sobre o que hei de dizer, sobre o que hei de falar. Sei que o
seu mandamento é a vida eterna. Portanto, o que eu falo, falo-o como o Pai me
tem dito.” Jo 12;48 a 50
Então, embora
o labor principal da Palavra de Deus seja para que se restabeleça uma relação
do homem pecador com O Eterno, tem também relação com o tempo, coisa com a qual
o ser humano lida muito mal. No mesmo contexto Jeremias lamenta a perda de
vidas de gente que perdeu o tempo devido, para o arrependimento, disse: “Passou
a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.” V 20
Salomão em
suas reflexões propôs um limite temporal a todas as coisas criadas, disse: “Tudo
tem seu tempo determinado; há tempo para todo o propósito debaixo do céu.” Ecl
3;1 Que as pessoas lidam mal com o tempo elas mesmo testificam. Por exemplo,
quando dizem: “Eu era feliz e não sabia.” Sua pressa a alvos distantes fez
desconhecer bênçãos presentes. Desejar algo, furiosa, violentamente, cega para
o demais, já diziam os pré-socráticos.
Embora o
tempo passe igual para todos, há um componente moral que permite entender o
porvir, ou, sequer fazermos a boa leitura do presente. O mesmo Jeremias disse
mais adiante, da cegueira ímpia: “Será como a tamargueira no deserto, não verá
quando vem o bem; antes, morará nos lugares secos do deserto, na terra salgada
e inabitável.” Cap 17;6 Por outro lado, voltando a Salomão, “Quem guardar o
mandamento não experimentará nenhum mal; o coração do sábio discernirá o tempo
e o juízo.” Ecl 8;5
Desconhecermos
o tempo pode ser fatal, quando nesse lapso deixamos escorrer entre os dedos,
oportunidades de valor eterno, como se deu com os que rejeitaram ao Senhor.
Quando chorava por Jerusalém Ele disse que eles não conheceram seu tempo. “Porque
dias virão sobre ti, em que os teus inimigos te cercarão de trincheiras, te
sitiarão, estreitarão de todos os lados; te derrubarão, a ti e aos teus filhos
que dentro de ti estiverem; não deixarão em ti pedra sobre pedra, pois, não
conheceste o tempo da tua visitação.” Luc 19;43 e 44
Para muitos,
porém, a vida eterna é uma coisa que os salvos ganharão depois da morte
triunfando ao tempo. Não. É mais que isso; algo que abraçamos agora, inda em
vida; por amor a Deus, ajudados pelo Seu Espírito triunfamos ao pecado; sendo,
antes, um modo de vida, que um tempo de vida. “Milita a boa milícia da fé, toma
posse da vida eterna...” I Tim 6;12
Pepe Mujica,
ex presidente uruguaio disse, com acerto, que não compramos coisas com
dinheiro, mas, com o tempo de vida que gastamos para ganhar dinheiro. Assim,
tempo não é dinheiro, é vida. Dinheiro avalia, transforma e conserva o fruto do
que fizemos com nosso tempo.
Quem mata o tempo, disse Millôr Fernandes, não é
assassino, é suicida. Sobretudo, digo eu, um tempo que poderia ser usado para,
finalmente, dar ouvidos à Voz de Deus. “Portanto, como diz o Espírito Santo: Se
ouvirdes hoje a sua voz, não endureçais vossos corações...” Heb 3;7 e 8