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sábado, 2 de abril de 2016

O Veneno da Presunção

Dizia, pois, João à multidão que saía para ser batizada por ele: Raça de víboras, quem vos ensinou fugir da ira futura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque, vos digo, que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão.” Luc 3;7 e 8

Temos o precursor do Messias, João Batista, pregando aos judeus que iam a ele às margens do Jordão. Parece que o primeiro traço identificado foi o veneno da presunção, uma falsa segurança, como se, a ira por vir, não os ameaçasse.

Ante o fato, João quis saber qual saída que tinham eles, encontrado; “Quem vos ensinou a fugir da ira...” Uma pergunta retórica, cujo alvo era realçar a denúncia, pois, sabia a resposta. A Presunção, de uma salvação hereditária os deixava “seguros”.

Não que isso fosse expresso, mas, perceptível dada a segurança aparente de gente que era culpada ante Deus. “Não comeceis dizer em vós mesmos, temos Abraão por pai...”  Como alternativa à pretensão hereditária, João propôs a busca pessoal da salvação, mediante arrependimento. “Produzi, frutos dignos, de arrependimento.

Mesmo a salvação sendo espiritual, eles devaneavam com laços sanguíneos, uma vez que, havia preciosas promessas à descendência de Abraão. Paulo interpretou singularizando-as na Pessoa Bendita de Jesus Cristo, e difundindo-as depois, naqueles eu se lhe submetessem. “Ora, as promessas foram feitas a Abraão e à sua descendência. Não diz: Às descendências, como falando de muitas, mas, como de uma só: À tua descendência, que é Cristo. Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão” Gál 3;16 e 7

O Apóstolo não está violando a hermenêutica para impor um ponto de vista, antes, sistematizando doutrinariamente algo que acontecera, então, e, não fora devidamente entendido. Por ocasião do arrependimento de Zaqueu, O Salvador dissera: “... Hoje veio salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão. Porque o Filho do homem veio buscar e salvar o que se havia perdido.” Luc 19;9 e 10

Notemos que Zaqueu era já filho de Abraão por  sangue, mas, só foi assim chamado, quando se arrependeu e mudou de atitude ante O Senhor. Não significa, isso, que os salvos se tornam Judeus, devendo absorver traços da cultura judaica, antes, se tornam herdeiros das promessas, que, em Abraão, dizem que, seriam “Benditas todas as famílias da Terra”.

Embora o alvo inicial tenha sido Israel, em face à rejeição da maioria, a obra espraiou-se para os gentios. Não que não fossem favorecidos pelo amor Divino, mas, seriam alcançados depois, pelos judeus crentes; porém, muitos entraram antes, dado que as autoridades do Templo rejeitaram ao Senhor, e perseguiram quem, dentre eles cria, como Saulo. “Veio para o que era seu, os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;” Jo 1;11 e 12

O que aprendemos com isso? Que a presunção é algo mortal, veneno como de víboras; que não existe salvação derivada de fatores externos que nos seja imputada sem nossa participação; e, essa, se dá mediante arrependimento, o qual, é demonstrado pela produção dos frutos correspondentes.

Se, dado o fato de sermos gentios, não descendentes de Abraão, tolhe a possível presunção hereditária, ainda podemos ser, com outras “ferramentas”. Quantos venenosos se perdem na presunção da justiça própria? “Não bebo, não fumo, não faço mal a ninguém, sou uma pessoa boa, não mereço ir pro inferno”. Quem jamais ouviu algo assim?

Por mais que tal sujeito seja sincero em seu, auto engano, a Bíblia põe o dedo na ferida: “O Senhor olhou desde os céus para os filhos dos homens, para ver se havia algum que tivesse entendimento e buscasse a Deus. Desviaram-se todos, juntamente se fizeram imundos: não há quem faça o bem, não há sequer um.” Sal 14;2 e 3 Deus decide o que é bem; incredulidade, associa à blasfêmia. “Quem não creu, mentiroso o fez”.

Outros, num apego religioso, denominacional, não raro, divorciado da Palavra de Deus. “Todas as religiões são boas, eu tenho a minha, estou bem”. Também já ouvimos isso. Entretanto, o valor de um caminho não se percebe em si, antes, aonde conduz. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas, o fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12


“Em um nível inferior, ser confiante e sincero é o mesmo que arrogância e presunção. As pessoas ainda não sabem lidar com a verdade delas mesmas e isso dói. Então transferir insolência ao outro é mais confortável do que admitir sua estupidez e, sobretudo reconhecer o que de fato são, sabotando até o reflexo do próprio espelho”. (Leivânio Rodrigues)

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

A Pedra principal

“Ainda não lestes: A pedra, que os edificadores rejeitaram, Esta foi posta por cabeça de esquina; isto foi feito pelo Senhor; é coisa maravilhosa aos nossos olhos?” Mc 12;10 e 11  

Claro que O Senhor foi irônico ao perguntar tal coisa aos doutores do templo; Certamente tinham lido e cantado muitas vezes, uma vez que que está inserido num hino hebraico, Salm 118;22 e 23 Na verdade, a pergunta tencionava desafiar o entendimento deles acerca do que, tantas vezes leram. Assim, o “ainda não lestes” pode ser entendido como, ainda não compreendestes?

Mas, se a Pedra rejeitada pelos homens foi feita Fundamental, Angular, pelo Senhor, das duas uma: Ou, era defeituosa e foi regenerada pelo Senhor; ou, os edificadores eram maus, incompetentes, não conseguiram ver as reais qualidades dela.

Ora, mesmo enfrentado a ferrenha oposição que enfrentou, O Salvador desafiou seus oponentes a apontarem lapsos de caráter Nele. Quem dentre vós me convence de pecado? Se vos digo a verdade, por que não credes?” Jo 8;46

Isaías profetizara que o problema seria nos olhos dos que contemplariam ao “Braço do Senhor.” Porque foi subindo como renovo perante ele, como raiz de uma terra seca; não tinha beleza nem formosura; olhando nós para ele, nenhuma beleza vimos  para que o desejássemos.” Is 53;2

Pedro, que andou com O Mestre por três anos e meio deu o seguinte testemunho: Não cometeu pecado, nem na sua boca se achou engano. “ I Ped 2;22

Assim, não havendo problemas com a Pedra, resta investigarmos os edificadores.
O que nos faz aprovarmos, recebermos, aplaudirmos algo, senão, identificação? As coisas com as quais me identifico, queira eu, ou não, testificam minha essência, meu ser, muito mais fielmente que minhas palavras, ainda que, sinceras, bem intencionadas.

O pleito se deu no contexto dos lavradores maus, que, ora recusavam dar frutos a quem de direito, ora, vendo o Herdeiro, decidiram matá-lo, apossarem-se da herança.

Os frutos em questão não eram uvas estritamente, tampouco, a herança em litígio, material. Isaías ensina quais frutos O Eterno demandava de Sua Vinha: Porque a vinha do Senhor dos Exércitos é a casa de Israel, os homens de Judá a planta das suas delícias; esperou que exercesse juízo, eis, opressão; justiça, eis, clamor.” Is 5;7

A herança se tratava do pretenso poder espiritual sobre o povo exercido pelo Sinédrio. “Se o deixarmos, todos crerão nele; virão os romanos e tirarão nosso lugar. - Não sabeis que é melhor que um só homem, não pereça toda a nação?” Confabularam certa vez.

Então, A Pedra foi rejeitada porque demandava frutos para Deus; Israel, há muito, frutificava para si. Israel é uma vide estéril que dá fruto para si mesmo; conforme a abundância do seu fruto, multiplicou altares; conforme a bondade da sua terra, fizeram boas estátuas.” Os 10;1

Para frutificar a Deus, careço me comprometer com Ele, Sua Palavra; se é para mim mesmo, posso criar deuses alternativos, fazer as coisas do jeito que gosto.

O Eterno prometera que a Descendência de Abraão seria uma bênção para todos os povos; uma nação sacerdotal povo santo que ensinaria os justos Preceitos de Deus. Todavia, nos dias do Senhor o desvio era tal, que João Batista entrou em cena requerendo frutos de arrependimento, que era já, atestado de não estarem produzindo o que O Criador desejava.

Me ocorre uma frase de autor desconhecido: “Reconhecemos um louco sempre que o vemos, nunca, quando o somos.” Noutras palavras: Discernimos muito bem os defeitos alheios, até imputamos falhas por nossa conta, mas, raramente lidamos bem com os nossos.

Quando da queda no Éden, o traíra prometera: “Vós mesmos sabereis o bem e o mal”; ao homem caído, o bem é o que ele gosta; o mal o que não; malgrado goste de drogas, e lhe sejam oferecidas Palavras de Vida Eterna. O ego, o “nasci assim”, ou, “sou assim” é uma imensa barreira para voltarmos ao Pai. Por isso Cristo requereu: “Negue a si mesmo tome sua cruz e siga-me.”

Se, anelo fazer parte da Obra de Deus, há de ser nos Seus termos, ou, jamais farei. Qualquer edificação que não tenha Cristo como Pedra principal, será vã, como edificar sobre areia. E, chegando-vos para ele, pedra viva, reprovada, na verdade, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa;” I Ped 2;4   

E pensar que alguns dizem que a Pedra Angular da Igreja é Pedro; se, o próprio Pedro diz que é o Senhor. Existem muitas formas de rejeitar ao Senhor; uma só de recebe-lO: Fazendo-se servo, obedecendo-O.


Enfim, não há nada errado com A Pedra Divina; mas, a incredulidade petrifica corações, sepulta vivos. O Senhor, antes de falar ao “Lázaro” morto ordena: “Tirai a pedra”!

quinta-feira, 4 de setembro de 2014

O medo da sombra

"E disse-lhe Jesus: Hoje veio a salvação a esta casa, pois também este é filho de Abraão.”
  
A inclusão de Zaqueu na “genealogia” abraãmica se deu após uma postura de arrependimento, não, uma comprovação genética. Embora o conceito teológico da filiação pela fé não estivesse assente na mentalidade dos discípulos, ( na verdade alimentavam ainda preconceitos raciais ) o ensino estava patente; o Mestre nunca fez diferença entre judeu ou gentio, no sentido de preferir àquele e preterir a esse; antes, sempre socorreu quem O buscou.

Na verdade, o precursor do Messias começou suas exortações justo contra isso; a pretensa eleição, a despeito de frutificarem ou não; ele disse: “Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento, e não comeceis a dizer em vós mesmos: Temos Abraão por pai; porque eu vos digo que até destas pedras pode Deus suscitar filhos a Abraão. E também já está posto o machado à raiz das árvores; toda a árvore, pois, que não dá bom fruto, corta-se e lança-se no fogo.” Luc 3; 8 e 9

Assim, se é certo dizer que a mensagem do Batista não punha em relevo a origem de eventuais filhos de Deus, podiam vir de Abraão ou de pedras, colocava como essenciais, os frutos.

A inveja dos religiosos sedizentes, filhos de Abraão, testificava o contrário, como o mesmo Salvador demonstrou; “Bem sei que sois descendência de Abraão; contudo, procurais matar-me, porque a minha palavra não entra em vós.” Jo 8; 37  

Descendência, O Senhor reconhecia; mas, filiação espiritual não; “Responderam, e disseram-lhe: Nosso pai é Abraão. Jesus disse-lhes: Se fôsseis filhos de Abraão, faríeis as obras de Abraão.” V 39 

Como Jesus desmascarou tal pretensão, ousaram dizendo-se filhos de Deus. “Se Deus fosse o vosso Pai, certamente me amaríeis, pois que eu saí, e vim de Deus; não vim de mim mesmo, mas ele me enviou.” V 42 

Por fim, Cristo pôs o dedo na ferida e deu nome aos bois. “Por que não entendeis a minha linguagem? Por não poderdes ouvir a minha palavra. Vós tendes por pai ao diabo, e quereis satisfazer os desejos de vosso pai. Ele foi homicida desde o princípio, e não se firmou na verdade, porque não há verdade nele. Quando ele profere mentira, fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso, e pai da mentira.” Vs 43 e 44
 
Nossa vontade determina o rumo das  escolhas,  essas, acabam plasmando as “digitais” espirituais, independente da profissão de fé. “… quereis satisfazer os desejos de vosso pai…” sintetizou o Salvador, depois de denunciar que eles O queriam matar.

Alguns escritores da praça dizem que os evangelhos são pura graça, sem teologia, que seria meio rançosa,  humana; entretanto, na introdução de João já temos um robusto gancho onde se pode pendurar legitimamente os mais densos tratados teológicos sobre a filiação mediante a fé; “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam. Mas, a todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome; os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas de Deus.” Jo 1; 11 a 13

Assim,  Paulo não está “dando golpes no ar”, figura que ele mesmo usou. “Sabei, pois, que os que são da fé são filhos de Abraão.” Gál 3; 7  “Porque em Jesus Cristo nem a circuncisão nem a incircuncisão tem valor algum; mas sim a fé que opera pelo amor.” Gál 5; 6

É preciso reconhecer que pleitos de alguns donos da verdade atuais é denominacional, não, racial, como nos  tempos de Jesus. Entretanto, apostar num dogma qualquer, ou, mesmo mencionar o Nome que é sobre todos os nomes segue sendo em si mesmo, inócuo.

Afinal, Jesus Cristo apresentou a salvação como que, personificada; indo a Zaqueu apenas depois que esse produziu publicamente os frutos de arrependimento preconizados por João Batista. “… hoje veio salvação a essa casa…”
 
Porque, infelizmente, na maioria das casas que o Salvador vai, a salvação não entra; ainda que hipocritamente lhe deem boas vindas,  Sua doutrina que acompanha a graça salvífica não é recebida. 

Pensar que a graça equivalha à licença para pecar redundará em desgraça; pois, quem tem a mínima noção sobre o quanto foi caro para ser de graça, não tripudia nem brinca, com algo tão nobre, tão santo. “…homens ímpios, que convertem em dissolução a graça de Deus, e negam a Deus,…” Jd v 4
 
A salvação acompanha O Salvador como que sendo Sua sombra; mas, só refrigera quem se abriga humildemente na dependência de quem pode e quer salvar. “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipotente descansará.” Sal 91; 1