“Disse
Deus: Haja luz; e houve luz. Viu Deus que era boa a luz; e fez Deus separação
entre a luz e as trevas.” Gen 1; 3 e 4
Que luz e trevas são coisas excludentes
é pacífico. Mesmo quem ignora tal separação, facilmente identifica com o mero testemunho
do olhar. A luz em apreço é a natural; dia, noite; luzeiros... Entretanto, há
outra mais excelsa; a luz espiritual. Tanto quanto aquela revela em sua
incidência as coisas imanentes, naturais, essa, as transcendentes, espirituais.
Na verdade, não seria forçar a barra cogitar de uma terceira luz, humana.
Embora, iluminados pelo Espírito Santo os cristãos possam ver nuances da luz
Divina, sem Ele, via difusão do
conhecimento, marcha do processo civilizatório, a humanidade consegue plasmar
seu “iluminismo”.
Contudo, deriva dessa “luz” mera convivência pacífica, tolerância
na diversidade. Embora tal luz tenha sido bem vinda em exclusão à famigerada “idade
das trevas”, seu produto é tênue em face ao que proporciona aos seus, a vera
Luz espiritual. Essa forja sábios, segundo Deus; aquela, relativamente
esclarecidos, civilizados; quiçá, astutos.
Paulo chega a propor um desafio aos “sábios”
da Terra para que se levantem. “Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde
está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus, louca, a sabedoria
deste mundo?” I Cor 1; 20 Adiante distingue a sabedoria perfeita, origem da
vera luz de outra inferior; “Todavia
falamos sabedoria entre os perfeitos; não, a sabedoria deste mundo, nem dos
príncipes deste mundo, que se aniquilam; mas, falamos a sabedoria de Deus,
oculta em mistério; a qual Deus ordenou antes dos séculos para nossa glória; e nenhum
dos príncipes deste mundo conheceu; porque, se a conhecessem, nunca
crucificariam ao Senhor da glória.” Cap 2; 6 – 8
Assim, embora seja boa a luz
natural que permite a convivência com o diverso, empalidece, em face à espiritual. Ausência daquela propicia
barbáries como as que o Boko Haram e o Estado Islâmico têm praticado, por
exemplo. Cruéis assassinatos dos que não rezam pela sua interpretação do Corão.
Então, é possível alguém ser tolerante, cordato, educado, contudo, andar em
trevas densas no prisma espiritual. Acontece que o império das paixões naturais
não se liberta da “idade das trevas” senão, mediante a Cruz de Cristo.
Como é
de se esperar, tal “remédio amargo” não é ingerido de bom grado; antes, o homem
natural tende a fugir, refém de um amor insano pelas práticas errôneas. “Porque
Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que
o mundo fosse salvo por ele. Quem crê nele não é condenado; mas quem não crê já
está condenado, porquanto não crê no nome do unigênito Filho de Deus. E a
condenação é esta: Que a luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas do
que a luz, porque as suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal
odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam reprovadas.”
Jo 3; 17 a 20
“Amaram mais as trevas que a luz...” vestígio inconfundível do
livre arbítrio, de uma geração que, tão acostumada com as trevas, vê na luz uma
ameaça, como os escravos do célebre Mito da Caverna, de Platão.
A luz traz seu
peso sim. Parafraseando Saint-Exupérry que disse: “Você é responsável pelo que
cativa”, se pode dizer que somos responsáveis por reagirmos ao que vemos. Luz espiritual
é mais que possibilidade de ver; antes, desafio a andar. “Mas, se andarmos na
luz, como ele na luz está, temos comunhão uns com os outros e o sangue de Jesus
Cristo, seu Filho, nos purifica de todo o pecado.” I Jo 1; 7
Enquanto a luz
humana deriva de muitas fontes e até se contradiz nos gládios filosóficos, a
Espiritual só é encontrável na Revelação. “Lâmpada
para os meus pés é tua palavra, e luz para o meu caminho.” Sal 119; 105
Outra diferença importante é que, enquanto a
luz humana propicia tolerância, convívio pacífico, a espiritual enseja
comunhão. Impregna em todos os seus signatários, partículas do “DNA” de Deus. Comporta
diversidade de pregoeiros, métodos, mas, restrita à mesma fonte, como ensinou o
mais sábio dos homens: “As palavras dos sábios são como aguilhões, como pregos,
bem fixados pelos mestres das assembleias, que nos foram dadas pelo único
Pastor.” Ecl 12; 11
Em suma: Aquele que fez a separação primeira entre luz e
trevas fará outra vez, ao se manifestarem os resultados de Obra Bendita de
Cristo. Quem escolher a luz será reputado ovelha, estará à destra; os demais,
bodes, do lado esquerdo. Se essa mensagem, mais não disser, que ela reitere o
Dito inicial de Deus: “Haja luz!”