“Se te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” Prov 24; 10
A ideia vulgar de força é a compleição física “sarada”, capacidade de
mover grandes pesos. Entretanto, a força buscada no provérbio supra,
reside na alma. Como se reage nas angústias é o aferidor que determina
se é forte ou fraca. O mais forte de todos os homens, Sansão, fraquejou
nisso; se deixou seduzir pelos queixumes chorosos de Dalila; a alma
fraca pôs o corpo robusto a perder.
A força física é imediata,
visível, breve como corrida de cem metros rasos. A da alma requer um
teste mais duradouro, como aquelas ultra-maratonas estilo “Iron Man”
onde a capacidade é testada ao extremo. Se, a resistência física
triunfa a obstáculos, igualmente físicos, a da alma se mostra em face às
angústias.
Não são provas para Usain Bolt, o campeão jamaicano
dos cem metros, antes, para homens de dores, imitadores do Salvador.
Quanto já presenciei os “velocistas” imediatos fingindo-se maratonistas;
os frágeis de alma fazendo poses de durões. Que fácil é o soldado levar
sua vida no quartel! Diverso seria viver precariamente durante uma
batalha.
Assim, os valentões de microfones, guerreiros de
púlpitos que vociferam sua coragem ante a plateia; e, à menor prova,
fraquejam vergonhosamente. “Sem luta não há vitória”, “maior é o que
está em nós que o que está no mundo”, “essa é a vitória que vence o
mundo, a nossa fé”, etc. dizem; porém, à menor incompreensão por parte
de um irmão toda sua “firmeza” cai por terra. Falando parecem desafiar
canhões do inimigo, mas, atuando capitulam a bodoques.
Se
pensarmos num exemplo de falastrão bíblico, presto surgirá a figura de
Pedro; sempre o primeiro, a opinar, dizer que seu Mestre pagaria
impostos indevidos, mesmo tendo que ir “pescar” a grana para sanar sua
precipitação. Resumindo, ninguém era tão rápido em falar coisas
indevidas.
Por fim, a “cereja da torta”: quando o Senhor falou
que todos se escandalizariam nele o deixariam só, Pedro foi o primeiro a
prometer que morreria com Seu Mestre. Os outros pegaram carona, mas, a
bravata inicial foi dele. Contudo, na hora do “vamos reconhecer”
desconheceu por três vezes ao Senhor que jurara seguir até à morte.
A alma ignora a amplitude de sua fraqueza, pois, mensura sua “força”
com a régua da presunção, nos momentos em que não está precisando dela.
Depois, à medida dos fatos é que descobre que não era tão “sarada”
assim. “E lembrou-se Pedro das palavras de Jesus: Antes que o galo
cante, três vezes me negarás. E, saindo dali, chorou amargamente.” Mat
26; 75
Todos fracassaram, mas, a falha de Pedro foi tão notória
que pareceu, aos olhos do colegiado de discípulos que estava fora,
descredenciado, expulso do time. Porém, foi buscado uma vez mais pela
graça do Santo. “Ide, dizei a seus discípulos, e a Pedro, que ele vai
adiante de vós para a Galiléia; ali o vereis, como ele vos disse.” Mc
16; 7 Essa menção não o faz Papa, como defende o catolicismo, antes,
neutraliza a possível ideia de rejeição do falastrão; “Dizei ... a
Pedro...” Ou seja: Incluam aquele infeliz também.
Na real,
nenhum de nós conhece exatamente sua capacidade ante às angústias.
Heróis bíblicos como Elias e Jó, no auge da angústia desejaram a morte.
Deus nem sempre atende nossas orações, felizmente.
Mediante Isaías
aconselha, que em plena escuridão ao nosso redor, mantenhamos ainda a
confiança Nele. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e ouça a voz do
seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie no nome
do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50; 10
Os fracos de
alma, em tempos assim presumem o abandono, falha de Deus em
socorrê-los; o quê permitiria a busca de soluções alternativas, sem Ele.
Entretanto, o verso seguinte aborta “acender fogo estranho”: “Eis que
todos vós, que acendeis fogo, e vos cingis com faíscas, andai entre as
labaredas do vosso fogo, entre as faíscas, que acendestes. Isto vos
sobrevirá da minha mão, em tormentos jazereis.” V 11
Infelizmente, muito do que se diz visando encorajar não passa de oba-oba
inconsequente, ufanismo. Pessoas são chamadas para viver melhor quando
deveriam ser ensinadas a morrer melhor. Assim como a dor do suplício
cessa depois que a vida sai, as futilidades carnais pesam muito menos
sobre os que crucificaram a natureza e renasceram em Cristo.
A
porta é estreita quando conduz à cruz. Ao homem espiritual fica ampla.
“Porque assim vos será amplamente concedida a entrada no reino eterno de
nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo.” II Ped 1; 11 Muitas angústia
derivam do “medo de morrer” de quem deveria ter morrido há muito.
Um espaço para exposição de ideias basicamente sobre a fé cristã, tendo os acontecimentos atuais como pano de fundo. A Bíblia, o padrão; interpretação honesta, o meio; pessoas, o fim.
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quarta-feira, 14 de janeiro de 2015
segunda-feira, 1 de setembro de 2014
Em tempos de angústia
“Se
te mostrares fraco no dia da angústia, a tua força é pequena.” Prov 24; 10
Ao
pensarmos em força referente a um reino, governo, fatalmente associaremos à
autoridade, respaldada por forte aparato bélico e grande exército. Uma
potência; como os Estados Unidos, por exemplo. Mas, se a análise restringir-se
a uma pessoa, então, buscaremos a excelente constituição física, ótima saúde,
estatura...
Entretanto, angústia, ainda que possa derivar de fatores externos
é um mal que assola a alma. Desse modo, a força útil em tempos angustiosos deve
residir, óbvio, na mesma.
Capitular fisicamente ao mais forte é necessário para
qualquer valente. Render a alma, não. Diariamente somos informados,
infelizmente, de gente que, por recusar aderir aos fundamentalistas islâmicos,
no Iraque, Síria e Nigéria são executados sumariamente. Esse é um triste e
dolorido exemplo de capitular a uma força superior, sem render a alma.
Jó, por
sua vez, estava falido, perturbado com a morte dos filhos e desvio da esposa,
assolado na saúde; de quebra, assediado por amigos tagarelas que invés de
associarem-se à sua dor, simplesmente acusavam, sem provas. Desse modo, razões
angustiosas sobravam.
Nenhuma foi forte o bastante, contudo, a ponto de fazê-lo
negar sua fé. Disse: “Quem me dera agora, que as minhas palavras fossem
escritas! Quem me dera, fossem gravadas num livro! Com pena de ferro e com
chumbo, para sempre fossem esculpidas na rocha. Porque eu sei que o meu
Redentor vive, e por fim se levantará
sobre a terra.” Jó 19; 23 a 25 Eis um forte, em plena angústia!
O salvador,
quando se aproximava o momento derradeiro, não pode evadir-se ao conflito entre
a fraqueza física que cogita fugir, e a alma forte que acaba a missão ao preço
que for. “Tomou consigo a Pedro, Tiago, e João, e começou a ter pavor, a
angustiar-se. E disse-lhes: A minha alma está profundamente triste até a morte;
ficai aqui, e vigiai. E, tendo ido um pouco mais adiante, prostrou-se em terra;
e orou para que, se fosse possível, passasse dele aquela hora. E disse: Aba,
Pai, todas as coisas te são possíveis; afasta de mim este cálice; não seja,
porém, o que eu quero, mas, o que tu queres.” Mc 14; 33 a 36 Mesmo a profunda
angústia não deve nos levar a desejarmos nossa vontade antes da Deus.
Essa
força interior em muito supera a externa, como dissera Salomão. “Melhor é o que
tarda em irar-se do que o poderoso; o que controla o seu ânimo do que aquele
que toma uma cidade.” Prov 16; 32 Por quê? Porque tomar uma cidade muitos
comandantes de exércitos lograram; submetendo-se à Vontade de Deus até a morte,
Cristo tomou um Reino global, eterno. Facilmente se vê qual a força maior.
Agitações externas, tanto enfraquecem, quanto, em momentos eufóricos iludem, sobre
a real força de nossas almas. Nos ditos avivamentos, muita ousadia vem à tona;
mas, os reveses, as angústias é que mensuram nosso valor.
Os hebreus no início
agiram intrépidos movidos pela onda da igreja vitoriosa; mas, nos dias de espera
estavam fraquejando. “Em parte fostes feitos
espetáculo com vitupérios e tribulações, e em parte fostes participantes com os
que assim foram tratados. Porque também vos compadecestes das minhas prisões, e
com alegria permitistes o roubo dos vossos bens, sabendo que em vós mesmos
tendes nos céus uma possessão melhor e permanente. Não rejeiteis, pois, a vossa
confiança, que tem grande e avultado galardão.” Heb 10; 33 a 35
Depois dessa
breve exortação à preservação da confiança o autor alista a famosa galeria dos “Heróis
da fé” no capítulo 11, para, enfim, demonstrar que o tédio espiritual deles era
pequeno, ante os que “Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da
espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos
e maltratados” v 37.
Após, apontou Jesus como parâmetro, e sutilmente lembrou
aos desanimados que a situação nem era para tanto. “Ainda não
resististes até ao sangue, combatendo contra o pecado.” 12; 4
Então, há angústias que são necessárias, dada a
opressão que cerca; outras, gratuitas de quem devaneia com facilidades e
frustra-se quando elas não vêm. O Mestre desafiou a um bom estado de ânimo
mesmo em meio a elas. “Tenho-vos dito isto, para que em mim tenhais paz; no
mundo tereis aflições, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo.” Jo 16; 33
Invés
da doentia “teologia da prosperidade,” mais prudente seria um enfoque da
adversidade, para, em Deus, triunfarmos a ela. Aflições não são causadas pelo
Pai; mas, Ele usa nossa passagem por elas como elemento de purificação interior. “Eis
que já te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na fornalha da aflição.”
Is 48; 10
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