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quinta-feira, 28 de julho de 2016

O último vinho

“Todo o homem põe primeiro o vinho bom, quando já têm bebido bem, então o inferior; mas, tu guardaste até agora o bom vinho.” Jo 2;10

Interessante confissão do jeito humano de ser, por ocasião do milagre de Jesus, transformando água em vinho. Todo homem põe primeiro o bom vinho, depois que a galera está meio “alta”, o inferior.

Claro que esse “todo” é uma hipérbole, cujo alvo é realçar o jeito comum de ser da maioria, não pretende ser uma verdade absoluta, um escrutínio exaustivo do “modus vivendi” humano.

Entretanto, essa faceta nossa vai muito além do vinho; digo, em geral as pessoas mostram primeiro, ou, somente, o que acreditam ser suas melhores qualidades, ocultando, tanto quanto podem, seus defeitos. Por isso costumamos dizer que os outros sempre nos decepcionam. Claro que, formamos nossas expectativas a partir das primeiras impressões que nos passam, e, como fazem tudo para nos causarem as melhores, nossas expectativas também são altas.

Pense um instante, você que está lendo, quantas pessoas já te surpreenderam para cima, e quantas, para baixo. Digo, quantas, depois da primeira impressão se revelaram melhores do que pareceram, e quantas, piores.

Na verdade, nossa capacidade para o engano vai muito além, da de enganar aos outros; conseguimos “melhor” que isso, enganamos a nós mesmos. Alguém disse, não recordo quem, que, “O melhor negócio da terra seria comprar os homens pelo que valem, e revendê-los pelo que pensam que valem.”

Nosso “bom vinho”, pois, não raro, é fermentado nos arcaicos tonéis da presunção, e, o simples fato de precisarmos ser seletivos em nossa exposição, é já uma implicação de apurada autocrítica; de nos reconhecermos, ao menos em parte, feios, seja no âmbito moral, espiritual, estético... Como nas fotos da moda as pessoas buscam seus melhores ângulos, fazem caras e bocas pra exporem suas selfies, também as almas, buscam seus trejeitos psíquicos para saírem “bem na foto” da encenação social.

Infelizmente, nossas faculdades foram atingidas de tal modo, por ocasião do pecado, que, mesmo a noção de nossa maldade carece perspicácia, profundidade; assim, ao mero fato de vislumbrarmos outros cujo agir os faz parecer piores que nós, ante esse cotejo circunstancial, já nos presumimos, “bons”.

A Palavra de Deus não foi dada para massagear nosso ego pecaminoso, antes, denunciá-lo. Por isso diz: “Não há um justo sequer”; “Não um que seja bom, senão, Deus.” Sei que escrever algo radical assim fere certos orgulhos, mas, a simples existência desses, constata que a afirmação é verdadeira.

Deus, Onisciente como É, não alimenta ilusões a respeito de nossos caracteres. Mediante Isaías, nos desnuda: “Mas todos nós somos como o imundo, todas as nossas justiças como trapo da imundícia; todos nós murchamos como a folha, as nossas iniquidades como um vento nos arrebatam.” Is 64;6

Não combina, pois, com a Excelsa Sabedoria Divina esperar o “bom vinho” de nossas uvas mirradas. Denunciou certa vez que Seu povo escolhido o decepcionara, no tocante a isso; “Que mais se podia fazer à minha vinha, que eu lhe não tenha feito? Por que, esperando eu que desse uvas boas, veio a dar uvas bravas?” Is 5; 4

Na verdade, quando O Salvador pediu de beber no auge da agonia, nossos representantes deram a “mostra do pano”: “Afrontas me quebrantaram o coração, estou fraquíssimo; esperei por alguém que tivesse compaixão, mas, não houve nenhum; por consoladores, mas, não os achei. Deram-me fel por mantimento, e na minha sede me deram a beber vinagre.” Sal 69;20 e 21

Sabendo o que podemos produzir, O Senhor requer que reconheçamos a ruindade de nosso vinho, primeiro, ( arrependimento, confissão ) para que, o bom vinho da regeneração no Espírito Santo, o novo nascimento, possa, enfim, ser milagrosamente produzido em nós, se, tão somente nos esvaziarmos de nossas pretensões, e deixarmos Ele nos encher com a Bendita Água da Vida.

Depois da queda, nenhum homem, por melhor que tenha sido, logrou ser outra vez, “imagem e Semelhança”, como fora o primeiro. As melhores videiras ainda davam frutos degenerados, uvas bravas. Por isso, Jesus Cristo, o “Segundo Adão”, pautou a diferença entre si, homem sem pecados, e os demais, dizendo: “Eu sou a videira verdadeira, meu Pai é o lavrador.” Jo 15;1

Diverso dos homens, Deus deixa o melhor para o fim, por isso, desafia à renúncia, entrega, obediência; a cruz. Aos que forem aprovados na sala de testes da vida terrena, propõe bem aventurança eterna, festa nos Céus, as Bodas do Cordeiro.


Assim, O Santo nos ordena que semeemos com lágrimas, e garante que ceifaremos com alegria. O homem dissimula defeitos com máscaras de qualidades, Deus corrige-os podando seus ramos, para que, as virtudes que ensina e fomenta frutifiquem inda mais.