segunda-feira, 31 de dezembro de 2018

A "nossa" Justiça de Cristo

“Se te voltares ao Todo-Poderoso... livrará até ao que não é inocente; porque será libertado pela pureza de tuas mãos.” Jó 22;23 e 30

Um dos “amigos” de Jó presumindo a iniquidade como causa do infortúnio e exortando-o ao arrependimento. Feito isso, disse, sua intercessão seria eficaz; a pureza das suas mãos obraria livramento até dos culpados.

Deixando isso, por ora, quero discorrer sobre a identificação; onde, méritos do intercessor advogam a favor de outrem. A pureza das mãos do justo se mostra eficaz ao impuro.

A identificação funciona, tanto, para bem, quanto, para mal. Digo; tanto a pureza de quem ora por mim pode me abençoar, quanto, sua apostasia, profanação, atrair maldição. “... A oração feita por um justo pode muito em seus efeitos.” Tg 5;16

Deus mesmo, mediante Ezequiel disse que a intercessão de um justo, em determinado contexto, se houvesse, teria livrado o povo; “Busquei dentre eles um homem que estivesse tapando o muro; estivesse na brecha perante mim por esta terra, para que Eu não a destruísse; porém, ninguém achei.” Ez 22;30 Vemos, pois, que, não só é eficaz a intercessão de um justo, como, Deus busca-a; deseja-a.

Por outro lado, as orações e “bênçãos” de quem desonra ao Altíssimo não são coisas apreciáveis, se, temos algum senso; “Se, não ouvirdes, não propuserdes no vosso coração, dar honra ao Meu Nome, diz o Senhor dos Exércitos, enviarei maldição contra vós; amaldiçoarei as vossas bênçãos; já as tenho amaldiçoado, porque não aplicais a isso o coração.” Mal 2;2

Diatribe contra sacerdotes corruptos da Antiga Aliança.

Porém, o princípio da identificação continua válido no Novo Pacto. Quando um ministro ora por alguém com imposição de mãos identifica-se com a necessidade daquele por quem intercede.

Contudo, se, impuser as mãos num ato de consagração ministerial, por exemplo, se faz fiador daquele; recomenda-o identificando-se com seu caráter. Nesse caso, Paulo aconselhou cautela a Timóteo; “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva a ti mesmo puro.” I Tim 5;22 Assim, recomendar ao Senhor perante a Igreja alguém indigno é “participar” dos seus pecados, por identificação.

Por esse caminho chegamos à Eficácia de Cristo para a Salvação. Primeiro, nossa carga de culpas é tal que não pode ser removida por um “mediador” remediado; “Porque nos convinha, tal, Sumo Sacerdote, Santo, Inocente, Imaculado, Separado dos pecadores, feito mais sublime que os Céus; que não necessitasse, como os sumos sacerdotes, oferecer cada dia sacrifícios, primeiramente por seus próprios pecados, depois, pelos do povo; porque isto fez Ele, uma vez, oferecendo a si mesmo.” Heb 7;26 e 27

Dada a estatura ímpar do Santo requerido, Ele é o Único. “Porque há um só Deus, e um só Mediador entre Deus e os homens, Jesus Cristo homem.” I Tim 2;5

Há falácias católicas que dizem que, sendo a Igreja o “Corpo de Cristo” isso faria que dela derivassem mediadores também. O texto é claro. “Jesus Cristo, homem”. Não se trata de um corpo espiritual, mas, encarnado para nos representar; o que passa disso é mentira. O sacerdote mentiroso é canal de maldição, não, de bênçãos.

A Expiação do Nosso Salvador resolve as culpas do nosso passado, quando éramos ovelhas sem pastor; depois de conhecê-lo, a Ele pertencer, somos desafiados a nos identificar com Sua morte para herdar a vida.

Sua cruz foi literal; a nossa demanda crucificação dos maus desejos, mortificação testificada pela nova vida que passamos a ter depois de convertidos. “... todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte. De sorte que fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela Glória do Pai, assim, andemos em novidade de vida.” Rom 6;3 e 4

Quando João recusava-se a batizar Jesus, dizendo que ele carecia sê-lo pelo Mestre, não estava errado. Porém, naquele momento solene O Salvador identificava-se conosco; “participava” dos nossos pecados, para que, os remidos que lhe obedecem participem da Sua Justiça.

Nada valem as ditas “orações fortes” da praça. As aceitáveis ante O Santo vêm de vidas que Ele aprova; as demais, pecados; “O que desvia seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9

Ironicamente, o que acusou Jó de ímpio, desafiou-o ao arrependimento dizendo que, com mãos puras livraria ao injusto; quando as circunstâncias mudaram, não o caráter de Jó, que era reto, ele teve que ser liberto pela oração do sofredor. “... meu servo Jó orará por vós; porque a ele aceitarei...” Cap 42;8

Oração “forte” é a que O Todo Poderoso aceita; as que não forem pelo caminho, sequer, chegarão à Sua Apreciação. “... ninguém vem ao Pai, senão, por mim.” Jo 14;6

domingo, 30 de dezembro de 2018

O Cristão e a Ira

“Bem-aventurados os mansos, porque eles herdarão a Terra;” Mat 5; 5

Frequentemente se equaciona mansidão com fraqueza, mas, não é bem assim. Animais extremamente fortes como elefantes podem ser mansos. Mansidão é força sob controle, não a ausência dela. Se, “Deus não nos deu o espírito de temor, mas, de fortaleza, amor e moderação.” II Tim 1;7 A mansidão requerida é o fruto espiritual do domínio próprio, não, um subproduto da covardia.

Quem pretenderia ser mais forte que Aquele que venceu o pecado, o mundo, o diabo e a morte. Contudo, Ele disse: “... aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração...” Mat 11; 29

Em algum momento teremos que lidar com a ira. Somos advertidos pela Palavra que, “... a ira do homem não opera a Justiça de Deus.” Tg 1; 20
Portanto, parece uma postura que convém evitar. Paulo diz: “Irai-vos e não pequeis; não se ponha o sol sobre vossa ira.” Ef 4;26 Ele estava parafraseando o salmista que dissera: “Perturbai-vos e não pequeis; falai com vosso coração sobre vossa cama e calai-vos.” Sal 4; 4

É uma concessão para que até, nos iremos, sem, todavia, em cima disso cometermos pecado. Pois, apesar de ser alistada nos “pecados capitais” pelo catolicismo, a ira em si, sequer, pecado é.

Só um absoluto pusilânime pode contemplar injustiças, covardias, obscenidades, sem um quê de irritação; sem certa dose de ira. Ló em Sodoma provou muito disso, “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, vendo e ouvindo sobre suas obras injustas; II Ped 2; 8

Jesus quando encontrou o comércio usurpando o lugar da adoração, em Seu zelo não conteve a ira; “Tendo feito um azorrague de cordéis, lançou todos fora do templo, também os bois e ovelhas; espalhou o dinheiro dos cambistas e derribou as mesas;” Jo 2; 15

Aliás, se Ele vier passar em revista tudo que se faz em Seu Nome é considerável o número de “mesas” a virar.

Uma vez que, nossa luta não é contra carne e sangue, alguns acham que não devemos polemizar, nem criticar aos “irmãos” que agem de modo diverso do ensinado nas Escrituras.

Ora, no mesmo texto que fala isso, manda nos cingirmos com a verdade, que, não é outra coisa senão, além de sermos verdadeiros, denunciarmos o falso. Vestirmos a couraça da justiça, que, demanda não cometermos injustiça, nem concordarmos com os que a cometem; assim as demais “armas”.

Mesmo tendo que lutar contra o inimigo, isso envolve participação humana, de um lado e de outro. “Não é maravilha, porque o próprio Satanás se transfigura em anjo de luz. Não é muito, pois, que seus ministros se transfigurem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme suas obras.” II Cor 11; 14 e 15

Como assistir ao obsceno desempenho desses ministros, sem uma saudável dose de ira? Até Deus sente. “Deus é Juiz Justo; um Deus que se ira todos os dias.” Sal 7; 11

Claro que não estou advogando aos melindrosos, irritadiços que, por coisas banais chutam o balde; esses, ante uma correção qualquer, invés de se arrependerem e mudarem o rumo derrubam o beiço; se isolam, com se, vítimas de injustiças. Neles, a cruz inda tem muito trabalho a realizar.

Na hiper-melindrosa geração atual, tudo fere, magoa; somos bem vindos para “curtir” bajular, elogiar, mas, se ousarmos ensinar algo da Palavra de Deus logo fervilham indiretas para que cuidemos das nossas vidas. A maioria prefere o “esconderijo” de Adão, a ouvir o Chamado do Criador.

Tratando-se de cristãos maduros, a paz necessária é com Deus; “Deixo-vos a paz, minha paz vos dou; não vo-la dou como o mundo dá...” Jo 14;27 A interpessoal, horizontal é mera possibilidade, nem sempre desejável. “Se, for possível, quanto estiver em vós, tende paz com todos os homens.” Rom 12; 18

No que respeita-nos devemos laborar pela paz, mas, se o preço for condescender com violência à sã doutrina, às Escrituras chamemos à arena a advertência de Jeremias: “Maldito aquele que fizer a Obra do Senhor fraudulosamente; maldito aquele que retém sua espada do sangue.” Jr 48; 10

A amor que, “Não folga com a injustiça, mas, com a verdade...” para essa geração intocável tem que vir vestido de Papai Noel; se, verter sangue numa cruz como demonstração de autenticidade, não vale.

Abusam da paciência do “Cordeiro de Deus”; mas, nada mais perigoso que um “animal” manso forçado a violar à própria mansidão; “Diziam aos montes e rochedos: Caí sobre nós! Escondei-nos do rosto daquele que está assentado sobre o trono; e da ira do Cordeiro;” Apoc 6;16

Simples; ou aprendemos Dele, “Manso e humilde”, ou, um dia enfrentaremos Sua Ira.

sábado, 29 de dezembro de 2018

Cristãos após a Máquina??

“Com minha alma te desejei de noite; com o meu espírito, que está dentro de mim madrugarei a buscar-te; porque, havendo teus juízos na terra, os moradores do mundo aprendem justiça.” Is 26;9

Não sabemos se, o profeta tinha a percepção da distinção entre alma e espírito, ou, pretendeu compor um “paralelismo sinonímico”; onde, se repete a ideia numa segunda frase, com palavras distintas. Assim, “com minha alma... com meu espírito...” seria mera variação poética.

O fato é que a distinção textual é teologicamente perfeita; a alma como fonte primeira dos desejos; o espírito como “acessório” para a busca pelo Senhor. Muitos profetas escreveram a coisa certa sem saber o sentido exato do que escreviam inspirados pelo Espírito Santo.

O melhor do conjunto da obra é que, a busca por Deus não significava posses materiais, emocionais; antes, juízo, justiça. “... Porque havendo teus juízos na Terra os moradores do mundo aprendem justiça.”

A ideia central do relacionamento tencionado pelo Santo sempre foi essa. As coisas secundárias em seus devidos lugares. “Buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça e todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

A vida do espírito foi o que se perdeu por ocasião da queda, não, a existência. Daí, o homem em si, culpado por desobediência, sem “insumos” para comunhão com Deus teve medo, escondeu-se.

Por isso a demanda do “Novo Nascimento”. “Jesus respondeu, e disse-lhe: Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar...” Jo 3;3 e 5

O renascimento, primeiro, permite ver na dimensão do Espírito; depois, capacita agir à Luz do que se vê; entrar.

A infindável luta entre Calvinistas e Arminianos; se, temos alguma participação na salvação, ou, Deus Faz tudo sozinho.

Por um Lado A Palavra condiciona o renascimento a recebermos Jesus; “A todos quantos o receberam, deu-lhes o poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no seu nome;” Jo 1;12 Isso nos daria alguma parcela de atuação; por outro, seríamos como árvores tocadas pelo vento, alheias à origem e ao fim; “O vento assopra onde quer; ouves sua voz, mas, não sabes de onde vem, nem para onde vai; assim é todo aquele que é nascido do Espírito.” Jo 3;8

Esse não saber de onde vem, nem, para onde vai é restrição cognitiva à atuação do vento, apenas; senti-lo soprar e poder escolher se queremos andar a favor ou contra é a sina esperada de seres arbitrários que somos; tanto que muitos decidiram opor-se. “Homens de dura cerviz; incircuncisos de coração e ouvido; vós sempre resistis ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais.” Atos 7;51

Na minha modesta ótica, pois, Deus faz soberana e graciosamente, sem nosso auxílio a parte que nos permite ver; revela; e, convida-nos a entrar; ainda ajuda caso o queiramos; mas, respeita aos que não desejam. Assim, em nada Sua Graça fica diminuída, dando espaço a alguma humana pretensão; os “eleitos” que Nele se refugiam apenas “Escapam por suas vidas” como se disse a Ló um dia. Sem mérito algum, que não, o desejo de viver amparados nos benditos Méritos de Cristo.

Natural que a alma tenha lá seus desejos; é da sua essência. Mas, os renascidos devem submeter esses à apreciação do Senhor. Invés de fazer planos para que Deus os abençoe; os de vida espiritual oram para que, os Planos de Deus sejam a fonte das bênçãos em suas vidas. Comunhão com O Pai se faz mais preciosa que realizações pessoais.

Desgraçadamente invés de ser dirigidos pelo Espírito como convém, a maioria sonolenta brinca de ser pilotada por máquinas. Programas de computador, ímpios e planejados para acenar facilidades de plástico são que “dizem” como as pessoas são; o quê, merecem; como será seu ano novo; qual bicho combina consigo; qual seu anjo da guarda; etc. A lorota é infinda.

A alma doentia que deseja facilidade pode se abrigar atrás desse biombo enganoso; mas, o Espírito tem sede de Deus, Água da Vida; não, insossas águas de satanás. Até quando seremos presas fáceis assim? “Desperta tu que dormes...!”

A Bíblia não acena com facilidades, desejos rasos; na verdade sua mensagem é bem sisuda; mas, invés de enganar na avenida da morte, dela desvia para a senda da vida.

Nossos antepassados resistiram martírios por amor à vida, à verdade; nós capitulamos à sedução de algodões doces, que vergonha!!

Não precisamos facilidades enganosas, mas, desesperadamente conhecer os Divinos Juízos para aprender justiça. Cristo não morreu para que a gente se divertisse; Pagou alto preço para nos levar da morte para a vida. Tome tenência!

quarta-feira, 26 de dezembro de 2018

Por que não "Nataleio"?

“... Em verdade vos digo que publicanos e meretrizes entram adiante de vós no Reino de Deus. Porque João veio a vós no caminho da justiça, e não crestes; mas, publicanos e meretrizes creram; vós, porém, vendo isto, nem depois vos arrependestes para crer.” Mat 21;31 e 32

Quem eram esses tão ruins interlocutores de Jesus, dos quais, prostitutas e publicanos entrariam antes no Reino? Vejamos: “Chegando ao templo, acercaram-se dele, estando já ensinando, os príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo...” v 23

Tratava-se das lideranças religiosas de então, príncipes dos sacerdotes e anciãos do povo. Será que Deus prefere aos piores? Relendo o verso inicial veremos que, a palavra-chave é crer. Independente do sujeito, prostituta ou, religioso, esse é o predicado requerido.

Religiões são produções humanas; e, costumam “vender” o que não podem entregar; salvação. Ainda que, Cristo seja o Único “Re-ligare” possível, do homem com Deus, Sua Doutrina desafia a um relacionamento, full time, em Espírito, não, em rituais, datas, romarias, procissões, penitências, etc. como ensinam as religiões.

A estranheza dos desprezíveis era a aceitação pelo Mestre, quando a própria sociedade os rejeitava. A dos religiosos era de como, um pretenso Mestre se misturava com aquela “gentalha”. Comia com publicanos, permitiu que uma meretriz lavasse-lhe os pés. Eles não desciam tanto assim.

Cristo desafia-nos à anulação do ego; “Negue a si mesmo, tome sua cruz e siga-me”. Mas, religiosos têm um “si mesmo” tão “santo” que seria um desperdício ser negado.

Em dado momento Nicodemos, um príncipe do templo desejou ter com Jesus; algo o atraía. Mas, cioso que era, não podia ser visto em “más” companhias; por isso esgueirou-se pelo escuro. “Este foi ter de noite com Jesus...” Jo 3;2

O Mestre ignorou seu pedestal religioso. Colocou-o na planície comum como todo pecador que aspira entrar no Reino: Precisa nascer de novo. “Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” V 5

Adiante O Senhor sutilmente censurou sua noturna escolha; “... a luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más.”

Se, a um líder de alta estirpe O Senhor desafiou a nascer de novo para ser salvo e acusou de amante das trevas, logo, a religião deixa patente sua inutilidade para o que, teoricamente se propõe. Chegar o pecador a Deus por humanos meios seria ridículo como, pretender alguém içar os pés do solo puxando os próprios cabelos.

Jeremias denunciara; “Assim diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem; faz da carne o seu braço e aparta seu coração do Senhor!” Jr 17;5

Qual a diferença entre o religioso e o salvo? O religioso geralmente herda dos pais um costume e nele se mantém. O salvo é alguém que, confrontado pela Palavra do Mestre decide por si mesmo segui-lo, batiza-se consciente, porque creu e se arrependeu; assume publicamente um compromisso, não, herda.

Mais; deixa patente seu arrependimento com a novidade de vida que abraça após a conversão; “... fomos sepultados com Ele pelo batismo na morte; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os mortos, pela glória do Pai, assim andemos também em novidade de vida.” Rom 6;4

Por conhecer e amar À Palavra, recusa-se a praticar ritos e tradições alheios a ela. “Em vão me honram ensinando doutrinas que são mandamentos de homens. Porque, deixando o mandamento de Deus, retendes a tradição dos homens...” Mc 7;7 e 8

Natal, Papai Noel, são tradições humanas ausentes na Palavra; As festas desejadas no Antigo Testamento estão todas expressas: Páscoa, Tabernáculos, Trombetas, Pentecostes... No novo a ordem é para que “Anunciemos a Morte do Senhor até que venha”; no mais, estrondoso silêncio.

Esse fantoche espetaculoso do Noel usurpa e esconde a Jesus. Não digo que quem comemora não é salvo; isso não pertence a mim; quem julga é O Senhor. Mas, que é um ritual extra-bíblico, comercial, religioso apenas, isso é. Em minha casa, pois, nada de luzinhas da China, árvores, Guirlandas e afins.

Sei que há muitos evangélicos que fazem isso. Porém, já vi meretrícios, casas de feitiço, espetacularmente decoradas, com essas luzes. Não que se lhes deva proibir, mas, se, tais “luzes” não causam nenhum constrangimento moral, espiritual, é porque não tipificam nada valioso nesse campo.

A Luz de Cristo sempre deixa-me em maus lençóis, pecador que sou; faz isso todos os dias do ano, desde que nasceu em mim. Depois das comilanças e borrachices do Natal, o que muda nas pessoas? Porém, “... se alguém está em Cristo, nova criatura é; as coisas velhas já passaram; eis que tudo se fez novo.” II Cor 5;17

terça-feira, 25 de dezembro de 2018

Ouro em Ruínas

“Como escureceu o ouro! Como mudou o ouro puro e bom! Como estão espalhadas as pedras do santuário sobre cada rua!” Lam 4;1

O que Jeremias tinha em mente aqui? Denunciar o envelhecimento e abandono de porções de ouro? Não. A Bíblia interpreta a Bíblia. De modo que, quem a manusear com certa destreza e honestidade intelectual, nunca, dela derivará matéria-prima para a construção de heresias, enganos.

O verso seguinte ilumina o “ouro” em questão; “Os preciosos filhos de Sião, avaliados a puro ouro, como são agora reputados por vasos de barro, obra das mãos do oleiro!” Lam 4;2

Linguagem poética aludindo à decadência espiritual, moral, social de um povo que, resistiu às mensagens do Senhor por mais de duas décadas; “Desde o ano treze de Josias, filho de Amom, rei de Judá, até hoje, período de vinte e três anos, tem vindo a mim a Palavra do Senhor; vo-la tenho anunciado, madrugando e falando; mas, vós não escutastes.” Jr 25;3

Num relacionamento bilateral, quando há discrepâncias, uma das partes tem que mudar; óbvio que, a que estiver errada. A Bíblia ensina que Deus sendo perfeito não passa por mudanças, sombra de variação, nem poderia. Então, quando muda algo em relação a nós é porque nós mudamos de alguma forma, de atitudes, ou, dos pretéritos erros nos arrependemos e patenteamos isso, diante Dele, entristecidos.

O Juízo de Acabe foi temporariamente suspenso, quando se humilhou compungido; e, a destruição de Nínive, por exemplo. O fato de Deus não mudar em Seu Ser, Misericordioso, Santo, O faz mudar em atenção às nossas carências se, O buscamos.

Sua Palavra antecipa Seu Juízo para dar tempo de arrependimento aos avisados. Nossas palavras súplices, as orações, tanto podem demandar perdão para nossas faltas, quanto, interceder em favor de outros. Porém, quando os “outros” em questão foram sobejamente avisados, como naquele caso, não restam orações intercessoras a fazer; o dilema é outro; obedecer, ou, sofrer o juízo pela rebelião.

Eis o porquê de tanta severidade naquela situação! A apostasia era geral; do populacho ao palácio, todos; “Ah Senhor, porventura não atentam os teus olhos para a verdade? Feriste-os, e não lhes doeu; consumiste-os e não quiseram receber a correção; endureceram suas faces mais do que uma rocha; não quiseram voltar. Eu, porém, disse: Deveras estes são pobres, loucos, pois, não sabem o caminho do Senhor, nem o juízo do seu Deus. Irei aos grandes; falarei com eles; porque eles sabem o caminho do Senhor, o juízo do seu Deus; mas, estes juntamente quebraram o jugo, romperam as ataduras.” Cap 5;3 a 5

Sendo assim, O Eterno, concomitante com o envio das mensagens proféticas vetou que Jeremias intercedesse mais pelo povo; “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor, ou, oração, nem, me supliques, porque não te ouvirei.” Cap 7;16 “Tu, pois, não ores por este povo, nem levantes por ele clamor nem oração; porque não os ouvirei no tempo em que clamarem a mim, por causa do seu mal.” Cap 11;14 “Disse-me mais o Senhor: Não rogues por este povo para seu bem.” 14;11

A rejeição obstinada à Palavra de Deus, cansa até à Longanimidade do Senhor; quando isso acontece já não há intercessão eficaz. É cada um por si diante de Deus.

Não negaremos “licença poética” a Jeremias para mensurar apenas o estado exterior dos seus coevos; a mudança de uma situação soberana, próspera, para outra de ruína e cativeiro. De, “ouro puro e bom”, para escurecido.

Porém, ao mesmo profeta o Senhor figurara o ser humano de maneira mais módica; “... Eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois vós na minha mão, ó casa de Israel.” Jr 18;6

Após a conversão O Espírito Santo passa a habitar nos renascidos; se, isso nos faz aceitáveis perante Deus, as essências inda são distintas, como ensina Paulo: “Porque Deus, que disse que das trevas resplandecesse a luz é quem resplandeceu em nossos corações, para iluminação do conhecimento da Sua glória, na face de Jesus Cristo. Temos, porém, este tesouro em vasos de barro, para que a excelência do poder seja de Deus; não, nossa.” II Cor 4;6 e 7

Temos uma “Escritura de Propriedade” como Jeremias tinha literalmente. “Assim diz o Senhor dos Exércitos... Toma estas escrituras, este auto de compra, tanto a selada, quanto a aberta, coloca-as num vaso de barro, para que se conservem muitos dias.” Jr 32;14

No caso dele um terreno; no nosso, o resgate das nossas almas, com um registro fechado; nossa intimidade com Deus; outro, aberto; nosso testemunho.

Ao desventurado profeta restou compor suas lamentações entre ruínas do juízo; nossas escolhas não farão metais preciosos ou, ruínas. Mãos à obra!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

Casas Noturnas

“Quando edificares uma casa nova, farás parapeito no eirado, para que não ponhas culpa de sangue na tua casa, se, alguém de algum modo cair dela.” Deut 22;8

Instruções ao povo, então, peregrino, mas, que chegaria à Terra Prometida e edificaria cidades. Quando fizeres um eirado, ou, terraço, faça o parapeito evitando o risco de queda e culpa. Sintetizando: Não construirás algo que possa expor a risco teu semelhante.

Na Nova aliança nossas vidas são consideradas como casas; logo, devemos ter o mesmo cuidado. “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual, sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” I Ped 2;5 Então, se, alguém cair por imprudência nossa, teremos culpa de sangue.

Claro que nossos cuidados serão insuficientes para isso; dependeremos necessariamente do auxílio Divino; “Se, o Senhor não edificar a casa, em vão trabalham os que edificam...” Sal 127;1

Do ponto-de-vista Divino a certeza de que não faltará material; “Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1;6

Contudo, como O Eterno respeita nossas escolhas permite que optemos pelo material, que, nos parece melhor para erigir sobre O Santo Fundamento; “Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo. Se, alguém sobre este fundamento formar um edifício de ouro, prata, pedras preciosas, madeira, feno, palha, a obra de cada um se manifestará; na verdade o dia a declarará, porque pelo fogo será descoberta; o fogo provará a obra de cada um.” I Cor 3;11 a 13

Além do risco de escolhermos materiais de má qualidade tendo os excelentes ao dispor, pode concorrer nosso erro de cálculo quanto à “mão-de-obra” (renúncia) necessária. “Qualquer que não levar sua cruz, e não vier após mim, não pode ser meu discípulo. Pois, qual de vós, querendo edificar uma torre, não se assenta primeiro a fazer as contas dos gastos, para ver se tem com que acabar? Para que não aconteça que, depois de haver posto os alicerces, não podendo acabar, todos os que virem comecem a escarnecer dele, dizendo: Este homem começou a edificar e não pôde acabar.” Luc 14;27 a 30

Assim, minha influência será negativa, exporá meu semelhante ao perigo, tanto, se, eu edificar algo de má qualidade, quanto, se deixar a obra pela metade abandonando a construção, desviando-me.

Na parábola dos dois fundamentos, a diferença entre o que fundara na areia e o que, na rocha, residia no fato de um, apenas ouvir a Palavra; outro, ouvir e praticá-la.

Se, deveras Cristo vive em nossa “casa” nosso modo de agir testificará dessa ventura; “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16

Falando aos discípulos, um conjunto de “casas” a figura evoluiu para cidade; “Vós sois a luz do mundo; não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte;” v 14

O Salvador estava sobre o Monte Tabor; então, se pode parafrasear assim: Não ficareis escondidos, imperceptíveis se, praticardes o que aqui ensinei.

O eirado além de terraço servia para secar, debulhar produtos da terra; “Porém ela os tinha feito subir ao eirado, tinha-os escondido entre as canas do linho, que pusera em ordem sobre o eirado.” Js 2;6

Assim, um lugar que servia de espaço de incremento à provisão, não deveria oferecer riscos aos que nele estivessem; logo, a ordem de fazer o anteparo.

Quando um líder espiritual escandaliza corre risco de derrubar todos que frequentam ao seu “eirado”. Falo de quem prega o Evangelho, não dos “Joões de Deus” da vida, pois, os que iam a ele não o faziam por alimento espiritual, antes, curandeirismo; se fossem servos de Deus mesmo as vítimas não chegariam às centenas como chegam. A primeira teria posto a boca no mundo; desmascarado ao falsário.

Mas, há pastores que... eu sei. As “ovelhas” que prestam-se a isso também enganam a si mesmas, presumindo-se servas de Deus.

Ora, ministros probos devem ser “casas” edificadas com prudência tal, que, dela não se corra o risco de cair; não, escuras cavernas que tolham à luz de entrar.

Inda tem mais lixo para vir à tona; O Senhor está soprando sobre o eirado para remover o que convém à Sua Casa. “... os ímpios... são como a moinha que o vento espalha. Por isso os ímpios não subsistirão no juízo, nem, pecadores na congregação dos justos.” Sal 1;4 e 5

Ao que chama à salvação, como Zaqueu O Senhor diz: “Hoje me convém pousar em tua casa...” porém, aos falsos imiscuídos entre salvos, em tempo oportuno indaga: “Como entraste aqui...?”

O Ano Que Vem

Usamos e abusamos de clichês como “feliz Natal”, “feliz ano novo”, “boas festas”... Coisas que têm tanto coração, quanto, platitudes que políticos usam em seus discursos têm essência.

Somos mecanizados pelo lugar comum, condicionados pela cumplicidade coletiva. Nada errado, em se desejar boas coisas a outrem; porém, a imensa maioria dos desejos é estéril; a pessoa o faz por que é isso que se espera que faça; ou, inócua, pois, mesmo sendo sincero, para galgarmos um melhor porvir precisamos mais que isso; que bons votos de nossos amigos, digo. Carecemos, como se diz, colocar o peito n’água.

Não há um fatalismo que pré-determine a sina de uns e outros; arbitrários que somos, nossas escolhas são determinantes do devir, com, ou, sem, bons votos de lambuja.

Bondade se aprende; virtude se exercita; caráter se forma; a luz dos ensinos, a emulação dos exemplos e o estímulo das recompensas ainda são apenas sementes prometendo frutos, se, fizermos nossa parte, cultivando-as.

Assim, nada nos isenta da responsabilidade pelo que nos vier às mãos, em se tratando de coisas naturais; exceto acidentes fortuitos que podem tocar a diligentes e negligentes, virtuosos e viciosos indistintamente.

O mesmo sol que endurece à argila amolece à cera; o efeito diverso deriva da diversidade das essências sobre as quais incide; assim, a mesma situação na vida, para uns parece oportunidade, desafio; para outros, privação, castração; uns reclamam da dureza de seus empregos; catadores de material reciclável que puxam suas carroças, se alegram quando acham algum rejeito útil.

Assim, mais que a vida circunstante, conta nossa índole; não é o que a vida traz que se torna determinante, mas, a vida que trazemos internamente impulsiona nossos passos e escolhas.

O entortamento moral que assomou em nosso país, governado pela esquerda perverteu tudo; culpas individuais se fizeram macro, do Estado, digo; os marginais, foras-da-lei, perversos, não são basicamente maus, apenas, “vítimas da sociedade”. Ora, a sociedade foi roubada, corrompida, violada por esses biltres e ainda assim é culpada? Cacete! Que mentalidade mais doentia e corrupta!

Em que momento uma célula que é parte do todo é separada e se faz vítima desse? Essa gentalha, bem ou mal é integrante da sociedade também; e, as privações, decepções que poderiam alegar como “patrocinadoras” de suas más ações também incidem sobre outros tantos agentes sociais que, não agem como eles; logo, seus argumentos são fajutos, ou, os argumentos de quem os defende.

Quando alguém está enfermo geralmente procura um médico; antes de mais nada, em face aos sintomas expostos, ele faz o que chamamos, diagnóstico. Essa palavra é a aglutinação de duas palavras gregas que significam, “através do conhecimento”. O médico preparou-se para isso, conhecedor dos sintomas geralmente chega às causas e prescreve o devido tratamento.

Pela hierarquia natural do conhecer perante o ignaro, ele é o agente, que faz, ou, determina o que deve ser feito; a nós cabe a aceitação passiva do tratamento prescrito; daí somos pacientes.

Ora, um professor, ou, Juiz, ou, fiscal de tributos, um policial, etc. cada um é “médico” em sua área estrita; devem ser tratados com reverência e acato; se, queremos formar uma sociedade sem febre.

Assim, os ensinos como, ética, moral e cívica precisam retornar ao currículo escolar. Quiçá, a filosofia adentrar mais precocemente ao mesmo. Religião pode ser alternativa, mas, certamente seus valores agregam muito.

De certa forma a presente geração é sim, “vítima da sociedade” que sonegou a devida formação rebaixando a educação a níveis pífios, com livros didáticos sofríveis, preocupando-se mais com o viés ideológico que, com o cognitivo. Porém, isso não justifica aos crimes de alguns, já que, estamos todos no mesmo barco e mesmo assim, a maioria é ordeira, trabalhadora, cidadã.

É sofrível ver pessoas funcionalmente em altos postos, todavia, com cérebros ermos, abaixo da linha de pobreza intelectual. Tivemos dois presidentes; temos agora a governadora do Rio Grande do Norte, Fátima Bezerra, analfabetos funcionais. Analfabetismo não é crime; mas, está para a administração pública como a pajelança para a medicina. Onde a boa e velha penicilina poderia resolver, muitos estão recebendo baforadas de fumaça. Isso precisa mudar.

Como dizia o “filósofo” Batoré: “Pensa que é bonito ser feio”? Então, além da lisura moral, a ficha limpa, os governantes devem ter o mínimo de preparo intelectual; chega de paparicar à ignorância. Se meu médico souber menos que eu, prefiro os chás da vovó.

Felizmente, no ano novo estréia nova equipe de governo, outra mentalidade. Não deixaremos de estar atentos, cobrar, por que são “dos nossos”. Mas, tudo indica que vem um upgrade econômico, social, educacional; queira Deus! Independente de partidos, ideologias, é nosso país. Se assim for, e fizermos nossa parte teremos, então, um feliz ano novo.

sábado, 22 de dezembro de 2018

Desfazendo a obra; as obras

“Há uma geração que é pura aos seus próprios olhos, mas, nunca foi lavada da sua imundícia.” Prov 30;12

Uma discrepância de luz; a “pureza” derivada da auto-apreciação, os próprios olhos, e, uma “segunda opinião” que identifica imundícia. A ruptura inicial proposta por Satã trazia isso; autonomia, independência. “Vós sabereis o bem e o mal.” Se, a criatura autônoma, endeusada resultou sem noção, que vê pureza na imundícia é fruto do maligno consórcio homem-satanás, que, deu azo à queda.

Rejeitados os parâmetros do Criador, cada um vira juiz de si; e, com a indulgência de um Gilmar Mendes, declara saudável à alma que mais sabe, enferma, a sua.

A antiga disputa filosófica entre ser e ter, na percepção do ímpio desloca-se um pouco, pois, lampejos de consciência que o inquietam levam-no a tentar compensar lapsos do ser, com gambiarras do fazer. Simplificando; tenta merecer aceitação com obras.

Entretanto, as “boas obras” do ímpio vêm contaminadas com o ser, do agente que, as faz más. “Olhos altivos, coração orgulhoso, e a lavoura dos ímpios é pecado... O sacrifício dos ímpios já é abominação; quanto mais oferecendo-o com má intenção!” prov 21;4 e 27 “O que desvia seus ouvidos de ouvir a lei, até sua oração será abominável.” Prov 28;9

Assim, lavoura, sacrifícios, tampouco, orações dos ímpios agradam a Deus.

A rigor, uma boa obra sempre é boa, mesmo se, praticada por ímpio, que, como flor entre pedras desfia o entorno e viça. Aos olhos Divinos, porém, enquanto não resolvido o problema central, do pecado, será apenas uma “obra morta”. “... não lançando de novo o fundamento do arrependimento de obras mortas...” Heb 6;1

Somos essa mescla de maldade com rasgos de empatia, solidariedade, nossos maus motivos poluem eventuais boas obras. O mero permanecer na autonomia rejeitando ao Senhor nos faz atuar no princípio de Satanás, da rebelião. Então, “Tira da prata as escórias, sairá vaso para o fundidor;” Prov 25;4 Essas escórias que incomodam ao Santo a ponto de aquilatá-las como imundícia são nossos pecados.

Assim, chegamos ao “Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo”. João Batista falou “O Pecado” no singular, não, os pecados. O que incomoda antes a Deus não são nossos múltiplos pecados no varejo. Mas, o pecado da autonomia; de, invés de acreditar no que Ele diz de Si e de nós, optarmos por “soluções” de fabricação caseira.

Por isso, quando de uma excitação coletiva, onde a multidão assediava ao Salvador após ter Ele multiplicado o pão, alguns mais ousados se apresentaram pedindo por “fazeres”; “Que faremos para executarmos as obras de Deus? Jesus respondeu, e disse-lhes: A obra de Deus é esta: Que creiais Naquele que Ele enviou.” Jo 6;28 e 29

Apresentaram-se dispostos a fazer algo; foram desafiados a crer no que Deus fazia. Tendo vindo para pagar o preço de sangue requerido, O Salvador demandou identificação mediante obediência; de modo tal, que, o ser, autônomo que decidia por si mesmo acerca de tudo deixaria “a bola” de novo com O Criador. “... Se alguém quer vir após mim, negue a si mesmo; tome cada dia sua cruz, e siga-me.” Luc 9;23

Os voluntariosos sem noção que se apresentaram para um “fazer” foram desafiados ao “desfazer”; Pois a Obra das mãos de Deus, à Sua Imagem e Semelhança era um filho em comunhão, puro, submisso, sem pecados; o autônomo, orgulhoso, arrogante, sem noção, foi uma perversão do diabo. “Quem comete o pecado é do diabo; porque o diabo peca desde o princípio. Para isto o Filho de Deus se manifestou: para desfazer as obras do diabo.” I Jo 3;8

O problema das obras como meio de salvação é blasfemo e inócuo; nega a Justiça Divina que requer O Resgate, e apresenta um morto como pretendente de legar vida. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; isto não vem de vós é dom de Deus. Nem das obras, para que ninguém se glorie;” Ef 2;8 e 9

Assim, salvos, regenerados de graça, apenas crendo e obedecendo somos desafiados às boas obras como testemunhas da redenção que O Senhor operou em nós. “Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

Essa geração adoecida, ególatra, onde, ladrões, perversos, assassinos têm sempre um (a) representante político para declará-los “vítimas da sociedade”, infelizmente fecha-se à salvação pela recrudescência no erro, derivado do letal concubinato com a mentira.

A receita da saúde psíquica e espiritual inda está disponível; “Porque o erro dos simples os matará; o desvario dos insensatos os destruirá. Mas, o que me der ouvidos habitará em segurança; estará livre do temor do mal.” Prov 1;32 e 33

sexta-feira, 21 de dezembro de 2018

As Coisas Loucas

“A mim, o mínimo de todos os santos foi dada esta graça de anunciar entre os gentios, por meio do evangelho, as riquezas incompreensíveis de Cristo; demonstrar a todos qual a dispensação do mistério, que, desde os séculos esteve oculto em Deus...” Ef 3;8 e 9

“demonstrar... mistério... que esteve oculto...” Isso equivale a revelação; Depois que algo passou a ser demonstrável deixou de ser misterioso, opaco.

O teor dessa demonstração, segundo Paulo, traz as “... riquezas incompreensíveis de Cristo”.

Sendo demonstrável, mas, não compreensível, chegamos a certa “contradição”; na verdade o que o Apóstolo tencionou foi por em realce que o entendimento humano fica aquém da essência do Amor Divino, o que, aliás, propõe adiante; “Conhecer o amor de Cristo, que excede todo entendimento, para que sejais cheios de toda a plenitude de Deus.” v 19

A compreensão das coisas espirituais requer um “Assessório” indispensável; “que Cristo habite pela fé nos vossos corações; a fim de, estando arraigados e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender, com todos os santos, qual a largura, o comprimento, a altura e a profundidade...” 17 e 18

Essa “encruzilhada” explica, por exemplo, o fato de existirem ateus intelectualmente brilhantes, e seguirem bisonhos nas coisas espirituais. Se, a luz espiritual deriva dos olhos da fé, que eles não possuem, necessário que, sua compreensão nesse campo seja obtusa.

“Porque está escrito: Destruirei a sabedoria dos sábios, aniquilarei a inteligência dos inteligentes. Onde está o sábio? Onde está o escriba? Onde está o inquiridor deste século? Porventura não tornou Deus, louca, a sabedoria deste mundo? Visto como na sabedoria de Deus o mundo não O conheceu pela sua sabedoria, aprouve a Deus salvar os crentes pela loucura da pregação.” I Cor 1;19 a 21

Quem leu “O Anticristo” de Nietzsche percebeu claramente que, o texto que mais irritava-o era, justo, o que sonega a primazia do intelecto dos bem nascidos, e, atribui à Soberana Vontade Divina, o capacitar a quem quiser; “Mas, Deus escolheu as coisas loucas deste mundo para confundir as sábias; escolheu as coisas fracas deste mundo para confundir as fortes; Deus escolheu as coisas vis deste mundo, as desprezíveis, as que não são, para aniquilar às que são;” I Cor 1;27 e 28

Esses versos o deixavam irritado com o que, considerava doentio; essa “simpatia com os fracos e falhados”, como falava. E pensar que tem uma leva de “intelectuais” inclusivistas, “politicamente corretos” que se diz admiradora do referido autor, sem se dar conta que ele é a antítese do que professam. Você acha civilmente adequada, a promoção da acessibilidade aos portadores de necessidades especiais, por exemplo? Ele achava enfermiço, doentio.

Se, os “olhos da fé” revelam preciosidades espirituais, a privação dos mesmos pode ensejar mentecaptos, até nas coisas que deveriam saber por serem naturais; como, lógica e coerência.

Embora, a pecha que a fé é cega, na verdade, ela apropria-se de coisas que escapam à vista, pois, essa sim é cega nos domínios daquela. “Ora, a fé é o firme fundamento das coisas que se esperam; a prova das coisas que se não veem.” Heb 11;1

As coisas visíveis insistem em gritar chamando pela fé; “Porque as suas (de Deus) coisas invisíveis, desde a criação do mundo, tanto Seu Eterno Poder, quanto, Sua Divindade, se entendem, e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis;” Rom 1;20

Interessante que, os opositores da fé não a consideram ilógica, demonstrando isso com argumentos plausíveis; antes, acham-na loucura, insanidade. Assim, quem precisa explicar as “razões” dos loucos? Se, Nietzsche acha doentio se importar com os desvalidos, esses acham enfermiço se importar com Deus.

O máximo que logramos (os cristãos) perante eles, é sermos inimputáveis por insanidade; Contudo, à luz da Luz, insanos, dementes, são eles; “Porquanto, tendo conhecido a Deus, não o glorificaram como Deus, nem lhe deram graças, antes, em seus discursos se desvaneceram; o seu coração insensato se obscureceu.” Rom 1;21

Migraram de certo grau de entendimento para o obscurantismo pela insensatez. Se, a Luz de Cristo amplia-nos a visão, Sua rejeição coloca seus agentes à mercê de outro “Senhor”; outra “luz”; “... o deus deste século cegou entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a Imagem de Deus.” II Cor 4;4

Onde há boa vontade, disposição para crer, até “em Braille” se identifica O Criador; “Para que buscassem ao Senhor, se porventura, tateando, o pudessem achar; ainda que não está longe...” Atos 17;27

Onde não, até a parca visão acaba desvanecendo; “Porque a qualquer que tiver será dado, terá em abundância; mas, ao que não tiver até o que tem ser-lhe-á tirado.” Mat 25;29

sábado, 15 de dezembro de 2018

As Luzes da Dureza

“Ouvi-me, ó duros de coração que estais longe da justiça. Faço chegar a minha justiça... a minha salvação não tardará; mas, estabelecerei em Sião a salvação; em Israel Minha Glória.” Is 46;12 e 13

Os que estão longe da justiça; “duros de coração.” Essa é uma crueza que, superficialmente pode ser camuflada com floreios dos lábios; eventualmente sai à luz. “... este povo se aproxima de mim com sua boca; com os seus lábios me honra, mas, seu coração se afasta para longe de mim...” Is 29;13

O profeta de “impuros lábios” segundo confessou, que foi purificado antes de ser comissionado; de lábios falsos entendia bem. Temos dificuldade no encontro com a reta justiça, quando, réus; embora, facilmente clamamos por ela, se, sua atuação nos beneficia.

Entretanto, fácil ou difícil, nosso encontro com a justiça Divina será necessário. Vaticinando a salvação o salmista anteviu um encontro glorioso; “misericórdia e verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram. A verdade brotará da terra, a justiça olhará desde os céus.” Sal 85;10 e 11

“misericórdia e verdade...” o fato de que O Eterno renova para conosco Suas misericórdias a cada manhã é porque não omite a verdade. Não sonega que, “nossas justiças são como trapos de imundícia” ou, “não há um justo sequer”.

A misericórdia não é “colocar uma pedra” sobre nossas culpas como se, inexistentes, porque Deus nos ama; antes, deixarmos as mesmas patentes mediante confissão da verdade, para, arrependidos de coração usufruir da Santa Misericórdia. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas, o que confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Prov 28;13

Justiça e paz “se beijando” é uma forma poética de ajuntá-las como causa e consequência; “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;17

Então, embora a misericórdia Divina esteja voltada para todos que se arrependem, Sua Justiça que opera juntamente não faz acepção; não há favoritos para a salvação, pré-escolhidos, ou, algo assim. O Santo pré-escolheu em Cristo, O Senhor Justiça Nossa, cujas virtudes misericordiosas e justas cobrem nossos lapsos.

Quando falece um ente querido, os que ficaram normalmente escrevem; “descanse em paz.” Embora seja um desejo meritório, o descanso de quem partiu não depende disso; mas, da forma em que “se cansou”, quando viveu.

Se, o cansaço físico cessa necessariamente com a falência do corpo, o psicológico-espiritual é um patrimônio a se obter ainda aqui, rendendo nosso viver Àquele que o propicia; “Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos; Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós meu jugo e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; e encontrareis descanso para vossas almas.” Mat 11;28 e 29

O Eterno disse que faria chegar Sua Justiça, desde Sião, outra coisa não referia, senão, ao advento do Salvador. Desgraçadamente, quando Veio teve que repetir para muitos o dito, então, pretérito, de Isaías; “Hipócritas, bem profetizou Isaías a vosso respeito, dizendo: Este povo se aproxima de mim com sua boca; honra-me com seus lábios, mas, seu coração está longe de mim.” Mat 5;7 e 8

Nunca o pecado esteve tão “em alta” como na presente geração; toda sorte de perversões são tidas “normais”; viceja corrupção, mentira, e parece ser esquisito denunciar, invés de viver isso; O mesmo Isaías aludiu à vinda do Messias num tempo em que a verdade cambalearia pelas ruas e “seria bonito ser feio”; “Por isso o direito se tornou atrás, e a justiça se pôs de longe; porque a verdade anda tropeçando pelas ruas; a equidade não pode entrar. Sim, a verdade desfalece; quem se desvia do mal arrisca a ser despojado;” Is 59;14 e 15

O quadro era de gravidade tal, que, Aquele em “cuja boca não se achou engano” foi morto, pois, Sua Luz perturbava muito. Agora temos o mesmo cenário com "upgrade" de dois milênios na arte de pecar.

Além dos lábios falsos temos o incremento da hipocrisia em “LIBRAS”; um povo que detesta à LUZ, pois, escolheu as trevas, cobre ruas, fachadas, praças de luzes multicores, como se, essa parafernália de humana feitura tivesse alguma relação com “A Luz do Mundo”.

A Única Luz que conta, entendimento espiritual, necessariamente transforma nosso viver; melhora relações interpessoais; nossa aquiescência e submissão a Ela possibilita que, Sua Eficácia Santa nos purifique; “Se andarmos na luz, como Ele na luz está, temos comunhão uns com os outros; o sangue de Jesus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7

A vera luz não enfeita nada além do caráter; só no devido tempo chama atenção. “Assim resplandeça vossa luz diante dos homens, para que vejam vossas boas obras e glorifiquem ao vosso Pai, que está nos céus.” Mat 5;16

segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

O Outro Lado da Moeda

“Teve Salomão uma vinha em Baal-Hamom; entregou-a a uns guardas; cada um lhe trazia pelo seu fruto mil peças de prata... as mil peças de prata são para ti, ó Salomão, e duzentas para os que guardam seu fruto.” Ct 8;11 e 12

Temos dois tipos de barganha aqui; o arrendamento da vinha por mil “reais”; e o salário dos que nela trabalhavam; 200.
Num caso o dinheiro comprava frutos; noutro, trabalho.

Pois bem, o dinheiro, esse fugitivo tão perseguido, muitas vezes não é devidamente entendido. Em si mesmo seria inerte; mas, nas funções que lhe atribuímos faz três coisas: Avalia, transforma e conserva, bens e serviços.

Mas, não compra coisas? Sim. Há pouco passou a “Kombi dos ovos vermelhos” oferecendo uma bandeja com 30 unidades por dez reais. Os que compraram transformaram dez reais em trinta ovos.

Suponhamos que alguém me pergunte quanto quero por dia para trabalhar e, eu diga: Cem reais. Estarei, com isso, avaliando um dia de labor, às custas do dinheiro. Sigamos; eu trabalho um dia e recebo o valor acordado; aqueles cem reais são mais que um reles papel; equivalem a um dia de vida, no qual, trabalhei cujo valor o tenho comigo, conservado. Assim, dinheiro não é uma coisa inócua como querem fazer parecer os corruptos e seus defensores.

Os milhões roubados trazem pedaços de vidas neles; um grande corrupto é assassino de muitos, não, um transgressor de menor monta.

A Bíblia nada tem contra o dinheiro, apenas, desaconselha o amor a ele, o apego exagerado, avareza; “Os que querem ser ricos caem em tentação, laço, e muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e transpassaram a si mesmos com muitas dores.” I Tim 6;9 e 10

Contudo, há muitos mercenários fazendo contorcionismos teológicos tencionando fazer parecer que Deus é um comerciante querendo “lucrar” às nossas custas. Ele disse que não. “Se Eu tivesse fome, não te diria, pois, meu é o mundo e toda sua plenitude.” Sal 50;12

Porém, há dois componentes que O Santo aprecia quando somos fiéis; um, moral que honra ao Senhor reconhecendo-o como fonte dos meus ganhos; “Honra ao Senhor com os teus bens, com a primeira parte de todos os teus ganhos; e se encherão os teus celeiros; transbordarão de vinho teus lagares.” Prov 3; 9 e 10 A bênção aqui é em contrapartida à honra, não, ao dinheiro em si.

Outro, emocional, que nos faz partícipes da Obra de Deus, à medida que nos alegramos em poder contribuir com ela, inda que seja com recursos módicos; “Cada um contribua segundo propôs no seu coração; não com tristeza, ou por necessidade; porque Deus ama ao que dá com alegria.” II Cor 9;7

Assim, do ponto-de-vista prático nossa fidelidade é necessária para manutenção e expansão da Obra; o “efeito colateral” espiritual honra e alegra ao Senhor que, nos abençoa, tanto mais, quanto, mais desprendidos formos. Nunca vi um avarento abençoado por Deus.

As relações comerciais começaram pelo escambo; a troca de bens; depois foram cunhadas moedas em ouro e prata, cujos valores eram proporcionais à quantidade de metal de cada moeda; por fim, o método fiduciário, como temos atualmente, onde, o governo imprime determinado valor numa cédula e garante que ela tenha o valor que traz impresso. Porém, o sistema vigente está com dias contados, dado o advento do chamado dinheiro virtual.

Deixarão de existir cédulas; serão apenas números num sistema global que teremos que confiar, mesmo desconfiando. Invés de transformar bens e serviços em algo físico, o dinheiro verterá nossas coisas em números, cujo controle será alheio.

Um cadastramento global, onde o Anticristo marcará todos; os que se recusarem serão alijados do sistema. “faz que a todos, pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e servos, lhes seja posto um sinal na mão direita, ou, nas suas testas, para que ninguém possa comprar ou vender, senão, aquele que tiver o sinal, o nome da besta, ou, o número do seu nome.” Apoc 13;16 e 17

Quem se apega demais ao dinheiro pegará na mão do capeta. Dinheiro é uma necessidade; um direito de quem, trabalhando faz por merecê-lo. Mas, não redime vidas. “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das suas riquezas, nenhum deles de modo algum pode remir seu irmão...” Sal 49;6 e 7

Aqueles que, invés de amontoar metais finitos ajuntam tesouros no Céu, quando bens terrenos lhes forem negados, as riquezas celestes mostrarão para quê servem...

“Um negócio que não produz nada além de dinheiro é um negócio pobre.” Henry Ford

domingo, 9 de dezembro de 2018

Inveja; melhor nem ver

"Teu coração não inveje os pecadores; antes, permanece no temor do Senhor todo dia. certamente acabará bem; não será malograda tua esperança.” Prov 23;17 e 18

A inveja, pela sua natureza tem um consórcio com o sucesso. Os fracassados nunca serão seu alvo. Como se diz vulgarmente, não se atira pedra em árvore sem frutos. Assim, sempre será o desfrute de posses, poder, talento, afeição, o motor da inveja de terceiros.

Entretanto, a exortação supra desaconselha que invejemos pecadores. O que eles têm que não temos? Na verdade desfrutam uma “liberdade” que cristãos não possuem. “Porque, quando éreis servos do pecado estáveis livres da justiça.” Rom 6;20

Ou seja: Não têm compromisso de atuar como filhos da Luz, servos do Senhor. Sua morte espiritual é seu “sucesso”, sua “segurança”. Lembrei uma cena do filme “O Auto da Compadecida” onde, no além, o poltrão João Grilo afrontou ao temido Severino de Aracaju. Ele ameaçou revide; o espertalhão respondeu: “Vai fazê o quê? Já tamo morto mesmo.” (Sic)

Desse modo, a ousadia do ímpio que lhe permite ser “livre” da justiça deriva do fato de estar morto, nada tem a perder. Seu único “risco” é de vida; de ouvir Cristo, arrepender-se por crer, e passar da morte para a vida, senão, tanto faz. “Curta a vida que a vida é curta”; a dele é.

É muito enganoso esse aspecto que pode ensejar inveja a desavisados. A porção dos ímpios reside apenas na terra; então, podem lançar mão de injustiças para serem prósperos aqui; e, muitos o são. Aí, um que se purifica pelo temor do Senhor, arbitrado por uma consciência viva segundo A Palavra leva uma existência modesta, quando não, de privações; se, olhar de modo superficial irá se confundir.

Essa perspectiva foi cantada em prosa e verso; “Pois, eu tinha inveja dos néscios, quando via a prosperidade dos ímpios. Porque não há apertos na sua morte, mas, firme está sua força. Não se acham em trabalhos, nem são afligidos como outros homens. Por isso a soberba os cerca como um colar; vestem-se de violência como adorno. Os olhos deles estão inchados de gordura; têm mais do que o coração podia desejar. São corrompidos e tratam maliciosamente de opressão; falam arrogantemente. Põem suas bocas contra os céus; suas línguas andam pela terra.” Sal 73;3 a 9

Eventualmente, um deles migra do palácio à cadeia, ainda nessa vida; mas, a maioria vai-se impune até o Juízo de Deus. Então, olharmos para isso da perspectiva puramente material poderia ensejar inveja; seria uma “conversão” avessa, passaríamos da vida para a morte.

O mesmo salmista, que usou sua “inveja” apenas como exercício retórico, depois, refez o rumo da prosa na conclusão; “Se eu dissesse: Falarei assim ofenderia a geração de teus filhos. Quando pensava em entender isto foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.” Vs 15 a 18

E, há muitos pregadores que desafiam incautos nesses termos: “Fulano tem isso, cicrano aquilo, beltrano conquistou aquilo outro; você nessa derrota, nessa miséria”. Em nenhum momento de suas prédicas aparecem as palavras-chave, pecado, arrependimento, cruz, salvação. Embora se digam ministros do Evangelho, não passam de pregoeiros da inveja dos ímpios.

Falando ao jovem pastor Timóteo, Paulo ensinou: “Os que querem ser ricos caem em tentação e laço; em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé; transpassaram a si mesmos com muitas dores. Mas, tu, ó homem de Deus, foge destas coisas; segue a justiça, piedade, fé, amor, paciência e mansidão.” I Tim 6;9 a 11

Aludindo à sua própria experiência disse mais: “Aprendi contentar-me com o que tenho. Sei estar abatido e também ter abundância; em toda a maneira, em todas as coisas estou instruído, tanto, ter fartura, quanto, ter fome; tanto ter abundância, quanto, padecer necessidade. Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece.” Fp 4;11 a 13

Por fim, mostrou para onde aponta a escala de valores dos abastados espirituais; “Se esperamos em Cristo só nesta vida, somos os mais miseráveis de todos os homens.” I Cor 15;19

O texto inicial coloca em contraponto à inveja, esperança. Só abdicando dela, da confiança no Eterno e no que prometeu poderíamos insanamente invejar quem tem muito menos que nós. Os cristãos verazes, como disse Spurgeon, “não trocam de lugar com reis em seus tronos, se, esses não conhecem a Cristo.”

A inveja é pequena demais para combinar com as grandezas reservadas aos filhos de Deus.

sábado, 8 de dezembro de 2018

Quem precisa de guia?

“Porque este Deus É nosso Deus para sempre; Ele será nosso guia até à morte.” Sal 48;14

Onde precisamos de guia para nos movermos? Óbvio que, quando estamos em lugar desconhecido, em terra estranha. Nos meandros do nosso existenciário conhecemos bem os caminhos, não precisamos ajuda para encontrar esse, ou, aquele lugar.

O imaginário popular tem suas “certezas” no que tange à vida terrena, e, teorias, crenças sobre o porvir que são muito difusas, quando não, contraditórias.

A Palavra de Deus não lida com teorias, como se, Deus fosse um filósofo especulando o desconhecido. Ela nos foi dada como revelação plenamente confiável; veta incursões espontâneas onde, ela mesma silencia. “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém, as reveladas pertencem a nós e nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” Deut 29;29

Embora nos suponhamos conhecedores das vicissitudes da vida por aqui, e, faltos de luz maior no além, a Bíblia faz o contrário. Apresenta-nos como ineptos para andar sozinhos, carentes de um guia até a morte, não, depois dela. O império das sensações é muito enganoso, e, enquanto no corpo, por elas regido, tendemos a ser reféns do engano. “Há um caminho que ao homem parece direito, mas, o fim dele são caminhos da morte.” Prov 14;12

Quando O Salvador apresentou-se como “A Luz do Mundo” não usou hipérbole, um exagero para acentuar a ideia; antes, o mundo sem Ele (A Palavra) é coberto de trevas mesmo. “Lâmpada para meus pés é tua palavra; luz para meu caminho.” Sal 119;105

A rejeição à Luz que tem pautado o viver de muitos não deriva de algum lapso na Divina Revelação; antes, tem seu óbice nos paladares estragados pelo pecado que acostumaram derivar sensações boas de obras más.

Viciados nelas preferem perder a vida, a deixá-las e andar segundo O Bendito Guia. “... a luz veio ao mundo; os homens amaram mais as trevas que a luz porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas. Mas, quem pratica a verdade vem para a luz, a fim de que suas obras sejam manifestas, porque, são feitas em Deus.” Jo 3;19 a 21

Muito se especula sobre o “anjo da guarda” de cada um, contudo, uma coisa que passa despercebida é que a palavra anjo significa mensageiro, não, guarda-costas. Livramentos que tentam fazer chegar a nós são, sobretudo, mensagens, ensinos sobre Deus.

Há muitos anjos de carne e osso que Deus usa para nos guiar pelo caminho bom, entre os escuros dessa vida. “Porque os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento; da sua boca devem os homens buscar a lei porque ele é mensageiro (anjo) do Senhor dos Exércitos.” Mal 2;7

Agora, pois, dada a parcialidade do nosso conhecimento das coisas espirituais precisamos de guias; depois, seremos aperfeiçoados; “Porque agora vemos por espelho em enigma, mas, então veremos face a face; agora conheço em parte, mas, então conhecerei como também sou conhecido.” I Cor 13;12

A luz espiritual sendo o que é, caminho para Deus, necessariamente aponta para a justiça; não há intelectos privilegiados que conheçam Deus; há almas privilegiadas que O obedecem e recebem mais luz mediante revelação; “Ele reserva a verdadeira sabedoria para os retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade, para que guardem as veredas do juízo. Ele preservará o caminho dos seus santos.” Prov 2;7 e 8

A revelação é absorvida paulatinamente, à medida que pautarmos nosso viver pela luz recebida; “A vereda dos justos é como a luz da aurora, que, vai brilhando mais e mais até ser dia perfeito.” Prov 4;18

Muitos espraiam suas filosofias de botecos; “aparências enganam”, mas, confrontados com a Revelação Segura preferem seguir à sombra do engano, a encetarem o enfrentamento de si mesmos requerido pelo Salvador; a cruz.

Anjos não fazem escolhas por nós; antes, Deus os envia a serviço dos que escolhem obedecer às diretrizes que Ele mesmo legou; “Não são porventura todos eles espíritos ministradores, enviados para servir a favor daqueles que hão de herdar a salvação?” Heb 1;14

Jamais cantam o refrão; “Diga aonde você vai que eu vou varrendo...” mostram ciscos que precisamos ver e nos dão a vassoura. Não confundamos guias com motoristas particulares; somos pecadores carentes de graça, não, senhores de nada. Não estamos com essa bola toda.

Enfim, por um lado o Amor de Deus disposto a nos guiar até à morte, no sentido da extensão do Cuidado; pelo outro, más inclinações e tentações do traíra nos querendo também guiar até à morte, no sentido de objetivo do caminho a tomar. Qual vai ser?

domingo, 2 de dezembro de 2018

O Que é nascido de Deus não peca

“Sabemos que todo aquele que é nascido de Deus não peca; mas, o que de Deus é gerado conserva a si mesmo; o maligno não lhe toca.” I Jo 5; 18

Confesso que tive dificuldades com esse texto por ocasião de minha conversão.

Dizia-se que eu tinha nascido de novo; isso, da água e do Espírito, de Deus; e o texto supra afirma que os nascidos de Deus não pecam. Como eu não conseguia isso, nem, ainda consigo, cogitava não ter me convertido; pensava que os outros crentes sim, não erravam jamais.

Quando me atrevia a perguntar aos obreiros sobre isso, não recebia respostas satisfatórias. Algumas traduções buscam facilitar as coisas, dizendo: “O que é nascido de Deus não vive na prática do pecado;” ou seja: Não tem o pecado como modo de viver.

Depois de alguns anos, porém, a ficha caiu. Não precisamos facilitar nada; o texto é assim mesmo; “O que é nascido de Deus, não peca.” Opa, olha a santarrice, a presunção! É ouvi o seu protesto. Na verdade, todos sabem, ou, deveriam saber sobre a doutrina da dupla natureza. Somos carne, (natural) e espírito; (sobrenatural) e, quando pecamos, nunca é nosso espírito que o faz, mas, nossa natureza, carne. “O que é nascido da carne é carne, e o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3; 6

Os convertidos a Palavra ensina que, “... não nasceram do sangue, nem da carne, nem do homem, mas, de Deus.” Jo 1;13 Simples assim, o que é nascido de Deus é nosso homem interior, nosso espírito que tem desejos segundo Deus. “Ninguém, sendo tentado, diga: De Deus sou tentado; porque Deus não pode ser tentado pelo mal e a ninguém tenta.” Tg 1; 13

O Eterno não vê atrativo algum no mal, tampouco, seu Espírito, ainda que, atuando em nós. Sempre que falhamos, e isso acontece bastante, o fazemos por agirmos naturalmente, na carne. “Porque a inclinação da carne é morte; mas, a inclinação do Espírito é vida e paz.” Rom 8; 6

Mas, não devemos ver isso como uma doutrina maniqueísta; dado que o Espírito é bom, a carne má, portanto, mesmo pecando, me mantenho puro, uma vez que meu espírito não peca. Somos espíritos que possuem almas e corpos, e a exortação é: “Que cada um de vós saiba possuir o seu vaso em santificação e honra;” I Tes 4; 4

Nosso corpo é meio de expressão da alma; se, ela está submissa ao Espírito, foge do pecado; senão, busca-o.

O Eclesiastes diz que o pó volta ao pó, o espírito a Deus; isso é uma necessidade; mas não menciona a alma, pois, depende das escolhas que fizermos; uma possibilidade.

Por isso é perigoso nos amoldarmos ao pecado, “Meus filhinhos, estas coisas vos escrevo, para que não pequeis; se, alguém pecar temos um Advogado para com o Pai, Jesus Cristo, o justo.” I Jo 2 ;1

A ideia é que não pequemos, mas, quando isso acontecer busquemos o perdão de Cristo mediante confissão. Algo específico, não genérico. Muitos oram dizendo: “Pai, perdoa meus pecados porque eu sou pecador”; quais pecados cara-pálida? Isso não é confissão.

Salomão orou pedindo que Deus ouvisse “Toda a oração, toda a súplica, que, qualquer homem de todo o teu povo Israel fizer, ‘conhecendo cada um a chaga do seu coração’, e estendendo as suas mãos para esta casa.” I Re 8; 38 Isto é: Reconhecendo onde falhou; tocando o dedo na ferida e não fazendo confissões superficiais.

Isaías, aliás, fez assim: “Então disse eu: Ai de mim! Pois, estou perdido; porque sou um homem de lábios impuros, e habito no meio de um povo de impuros lábios; os meus olhos viram o Rei, o Senhor dos Exércitos.” Is 6; 5

Ele sabia que incorria em incontinências verbais na corte de Uzias, que, era um homem impuro em seu falar. Confessou isso; foi purificado, e comissionado. “O que encobre suas transgressões nunca prosperará, mas, o que as confessa e deixa, alcançará misericórdia.” Pv 28; 13

Saibamos duas coisas, pois; nosso espírito é nascido de Deus e não peca, jamais; nossa carne nasceu da carne; é inimiga de Deus. E a promessa do Senhor é específica: “Portanto, agora nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que, não andam segundo a carne, mas, segundo o Espírito.” Rom 8; 1


Conversão é mais que a rejeição de conselho dos ímpios, do caminho dos pecadores, ou, da roda dos escarnecedores, como diz no salmo 1; é alimentar-se espiritualmente, “ter seu prazer na Lei do Senhor e nela meditar dia e noite.” 

O que é nascido de Deus, não apenas não peca, mas, se alimenta de Deus e Sua Palavra.

sábado, 1 de dezembro de 2018

Os Filhos de Deus

“Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus.” Rom 8;14

A filiação Divina não é tão elementar como devaneiam alguns. “Também sou filho de Deus; Deus é Pai não é padrasto;” dizem. Há distinção clara nas Escrituras entre filhos e criaturas.

Quando O Criador “Soprou em suas narinas o fôlego de vida...” Gên 2;7 o homem, por ter sido criado à “Imagem e Semelhança”, portanto, dotado de vida espiritual foi gerado filho de Deus.

A diferença entre filho e criatura ficou patente por ocasião da queda; “... da árvore do conhecimento do bem e do mal, dela não comerás; porque ‘no dia’ que dela comeres, certamente morrerás.” Gên 2;17

Quando da desobediência, dois fatos novos assomaram; a consciência do mal, “conheceram que estavam nus” e, o medo de Deus. Esconderam-se. Se, a sentença de morte por desobediência era imediata, “no dia”, lícito concluir, necessário, até, que, morreu o filho de Deus pela desobediência e seguiu existindo a criatura. A vida espiritual deixou de existir no recém inaugurado império da injustiça; a alma desnuda e só sentiu medo do Criador, que É Justo.

Por isso foi necessário o Advento do Filho Unigênito de Deus. Por ter pagado a dívida de sangue Ele regenera aos que se lhe submetem; “A todos quantos o receberam, deu-lhes poder de serem feitos filhos de Deus, aos que creem no Seu Nome; os quais não nasceram do sangue, da carne, nem do homem, mas, de Deus.” Jo 1;12 e 13

Assim, se, os filhos de Deus são guiados pelo Espírito, Esse, os guia em obediência a Cristo e Seus mandamentos.

Embora isso fira o orgulho das criaturas que se presumem filhos, O Salvador não disse ter vindo para falar a filhos distantes; antes, desafiar mortos a reviver. “Na verdade, na verdade vos digo que quem ouve minha palavra e crê naquele que me enviou, tem vida eterna; não entrará em condenação, mas, passou da morte para a vida... vem a hora, e agora é em que os mortos ouvirão a voz do Filho de Deus; os que ouvirem viverão.” Jo 5;24 e 25

Noutra parte patenteou a impossibilidade, tanto de compreensão, quanto, ingresso no Reino sem nascer de novo; “... Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar...” Jo 3;3 e 5

Assim como o homem antes da queda tinha prazer na comunhão com Deus, igualmente os filhos regenerados. Não que não falhem mais; porém, quando falham apressam-se em assumir buscar perdão; pois, suas consciências no Espírito sabem que é impossível se esconder de Deus; se fosse, não desejariam depois de Conhecê-lo. Em que direção O Espírito Santo os guiaria, senão, de volta à casa paterna, como o Filho Pródigo?

Isaías denunciou um tempo de apostasia; anteviu outro de misericórdia, onde, enfim, o povo escutaria ao Santo; “Bem vos dará o Senhor pão de angústia e água de aperto, mas, teus mestres nunca mais fugirão de ti, como voando com asas; antes teus olhos verão todos os teus mestres. Os teus ouvidos ouvirão a palavra do que está por detrás de ti, dizendo: Este é o caminho, andai nele, sem vos desviardes para a direita nem, para a esquerda.” Is 30;20 e 21

Interessante que essa voz guia estaria “por detrás”, como um lavrador conduzindo bois a arar, por exemplo; isso é uma nuance de criaturas forçadas em determinada direção; os filhos podem mais; “Porque a ardente expectação da criatura espera a manifestação dos filhos de Deus.” Rom 8;19 Pois, “... a criatura será libertada da servidão da corrupção, para liberdade da glória dos filhos de Deus.” V 21

Essa liberdade pressupõe arbítrio, escolha. Ser guiados pelo Espírito é ser capacitado a entender e seguir ao Senhor.

O Salvador figurou filhos como ovelhas, das quais É O Bom Pastor; para tais, a Palavra já não está atrás como tangendo à força; “Quando tira para fora suas ovelhas, vai adiante delas; as ovelhas o seguem, porque conhecem a sua voz... As minhas ovelhas ouvem minha voz; Eu conheço-as e elas me seguem.” Jo 10;4 e 27

Ser filho de Deus é mais que ouvir; é estar No Espírito; “Vós, porém, não estais na carne, mas, no Espírito, se é que o Espírito de Deus habita em vós. Mas, se alguém não tem o Espírito de Cristo, esse não é Dele.” Rom 8;9

Os filhos deixam patente sua filiação com atos, não palavras; “... O Senhor conhece os que são Seus; qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2;19