sábado, 30 de junho de 2018

A Impotência da Graça

“Quebrantando alguém a Lei de Moisés, morre sem misericórdia, só pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo pensais, será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, tiver por profano o Sangue da Aliança com que foi santificado, e, fizer agravo ao Espírito da graça?” Heb 10;28 e 29

Os que equacionam superficialmente a Lei como severidade Divina, e, Graça como de facilidade precisam ver com mais cuidado seus conceitos.

A ênfase exagerada no “Deus é amor” pode obscurecer um tanto outra face igualmente pertinente, que, diz: “Minha é a vingança, Eu recompensarei, diz O Senhor.”

Quando O Salvador asseverou que nem um jota ou til da Lei passariam sem que, tudo fosse cumprido, entendem alguns, que, Ele cumpriu; para nós outros liberou geral; será?

Sempre que O Mestre interpretou a Lei para Seus discípulos, invés de dizer: “Está escrito; porém deixem comigo que Eu cumpro”, disse: “Ouvistes que foi dito: Amarás teu próximo, e odiarás teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai vossos inimigos, bendizei os que vos maldizem, fazei bem aos que vos odeiam; orai pelos que vos maltratam e perseguem; para que sejais filhos, do vosso Pai que está nos céus;” Mat 5;43 e 44

Se, o que fora escrito demandava uma postura mínima para servos, então, estava sendo requerido um salto acima das paixões rasteiras, para que, fossemos feitos filhos. Claro que é mais fácil cumprir ao “Não adulterarás;” exteriormente, que, coibi-lo, mesmo no coração, como ensinou O Salvador.

De certa forma, a coisa não mudou: Sempre que alguém pecasse deveria se arrepender e buscar o perdão Divino; isso persiste. Mudou a forma, que, antes requeria um novo sacrifício a cada culpa; agora, a Eficácia do Sangue de Cristo não demanda nova oferenda, apenas, arrependimento e mudança de atitude. “... estas coisas vos escrevo para que não pequeis; se alguém pecar temos um Advogado para com o Pai; Jesus Cristo, o justo. Ele é a propiciação pelos nossos pecados...” I Jo 2;1 e 2

Certa vez ouvi uma zombaria blasfema nos lábios de Woody Allen: “Uma vez que Cristo morreu por nossos pecados, seria tolice deixar de cometê-los.” Disse. Tal arrogância insana profana ao “Sangue da Aliança”. O pecado voluntário de quem brinca com sangue alheio e inocente.

O fato maravilhoso que Deus É Amor levou-O a fazer por nós algo inimaginável pra mais amorosa das almas; Dar Seu Próprio Filho. Uma vez que não merecíamos, isso configura Sua Graça; do contrário, caso merecêssemos, digo, seria justiça.

Então, a Graça não facilita as coisas a ponto de andarmos de qualquer maneira; apenas possibilita salvação, que, pela Lei não era possível. Por Ela somos livres da Lei; recebemos adoção de Filhos; porém, que tipo de filhos? Como o Pródigo que anseia sua herança para se esbaldar no pecado? Ou, o irmão dele que seguiu sóbrio cuidando dos negócios do Pai? Cristo condensou os dez mandamentos em Dois, amar a Deus sobre tudo, e ao próximo como a si mesmo; isso segue valendo; é mais que mero discurso, ou, sentimento; se verifica no teatro das atitudes.

Falando no pródigo, na Lei, conforme o pecado cometido não havia possibilidade de reabilitação; morria antes pela palavra de duas testemunhas; em Cristo a longanimidade Divina prolonga o tempo para que, os errados de espírito, quaisquer que sejam seus erros, ainda se arrependam para salvação. “... quando a sua alma se puser por expiação do pecado, verá Sua posteridade, prolongará seus dias; o bom prazer do Senhor prosperará na sua mão.” Is 53;10

O Prazer do Senhor é salvar, mas, ainda assim, respeita nossas escolhas; “Vivo Eu, diz o Senhor Deus, que não tenho prazer na morte do ímpio, mas, que o ímpio se converta do seu caminho, e viva. Convertei-vos, convertei-vos dos vossos maus caminhos; pois, por que razão morrereis... ?” Ez 33;11

Se, a escolha avessa ao Senhor redunda em morte, eis, uma coisa que a Graça não faz! Salvar indiferentes que, alheios ao Santo vivem às suas maneiras. Quem a desprezar será, querendo ou não, tratado pela Lei; pela justiça. Ou seja, ao recusar um favor Divino, restará a si aquilo que merece. “O salário do pecado é a morte, mas, o dom gratuito de Deus é a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Rom 6;23

Na era da Lei poderia morrer por ela alguém, inocente; como Nabote que, acusado por testemunhas falsas foi apedrejado; esse era o juízo terreno; ante Deus, o inocente sempre é justificado.

Porém, quem profanar Cristo, ou, O Espírito Santo, terá contra si duas Testemunhas infalíveis; a própria consciência ,e, O Santo. “Como escaparemos nós, se não atentarmos para uma tão grande salvação...” Heb 2;3

quinta-feira, 28 de junho de 2018

A Riqueza e o Dinheiro

“Quem amar o dinheiro jamais dele se fartará; quem amar a abundância nunca se fartará da renda; também isto é vaidade.” Ecl 5;10
Houve um período em que o valor do dinheiro estava em si mesmo; isto é, no quanto de metal, ouro/prata continha a própria moeda. Assim, o mesmo dinheiro servia como lastro garantidor do seu valor.

Porém, com a chegada do papel moeda, o valor passou a repousar na fé, (fide em latim) na garantia dos órgãos emitentes; o sistema fiduciário; sendo, presumidas reservas econômicas do Governo e uma aferição honesta do PIB, Produto Interno Bruto, a garantia do valor expresso nas cédulas.

Quando governantes inconsequentes emitem mais papéis que as riquezas existentes, presto o dinheiro perde seu valor; porém, de uma forma “honesta,” Isto é; a cédula na qual o Governo emitiu a garantia de cem reais, ainda vale os mesmo cem; porém, agora ela compra bem menos que antes, pois, preservado o nome “fantasia” foi desvalorizada em relação aos bens e serviços, que, pode avaliar, transformar, ou, conservar.

Dinheiro não é um mal, como pensam alguns; apenas, o amor a ele que é um sentimento insano, pois, mesmo prosperando reiteradamente, o amante seguirá ávido atrás de mais; doido correndo atrás da sombra. Paulo ensina: “Os que querem ser ricos caem em tentação, laço; em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é raiz de toda a espécie de males; nessa cobiça alguns se desviaram da fé, e se traspassaram com muitas dores.” I Tim 6;9 e 10

A imensa maioria dos corruptos que tanto mal fazem ao nosso país é de pessoas idosas; sexagenários, com, no máximo, uns quinze anos de vida ainda. Os bens patrimoniais que possuem derivados de altos salários e vantagens com as quais cuidaram de si seriam suficientes para viver seus últimos dias em lugares aprazíveis cercados de natureza, de nada tendo falta. No entanto, a maioria esconde colossais fortunas em contas secretas, “paraísos fiscais”. Farão o quê, com isso? Não é a necessidade, que patrocina tais atos, mas, o insano sentimento de amar ao dinheiro.

Lembrei a pergunta de Jesus: “Louco! Essa noite será pedida a tua alma. O que tens preparado para quem será?”

Ora, esse dinheiro injusto é sujo de sangue; toda vida que se perdeu por omissão dos Governos, na saúde, segurança, manutenção de estradas, etc. por falta de verbas, pinga uma gota de seu sangue sobre as fortunas fáceis da corrupção. Eis alguns traços das “concupiscências loucas e nocivas que submergem os homens na perdição e ruína”! “Há um grave mal que vi debaixo do sol, e atrai enfermidades: riquezas que seus donos guardam para seu próprio dano”. Ecl 5;13

Se, boas obras dos salvos são aquilatadas como “Tesouros no Céu”, esses tesouros indignos serão avaliados como?

É nossa índole natural querer prosperar; por meios honestos é justo que consigam os diligentes. Todavia, sem perdermos ciência que o dinheiro é uma ferramenta, um meio, não, um fim. Andamos céleres para o dinheiro digital, onde o sistema mundial do Anticristo terá total domínio e teremos apenas o dinheiro que eles disserem que temos; se alguém lhes for desafeto, ao sistema, poderá ser “punido” virtualmente; reclamará contra quem?

Enfim, quem confiou em Deus, não a confiança oca de muitos que O tratam como estepe, ao qual só se recorre em emergências; “Deus me defende quando preciso”; antes, confiança tal, que toma Sua Palavra como diretriz da vida, aprendendo por ela, a Amá-lo a despeito das circunstâncias, esses, nada terão a temer. “Eles serão meus, diz o Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para mim jóias; poupá-los-ei, como um homem poupa seu filho, que o serve. Então voltareis e vereis a diferença entre justo e ímpio; entre o que serve a Deus, e o que não serve.” Mal 3;17 e 18

Seu “Tesouro Celeste” será lembrado; o socorro do Santo será sua riqueza; “Porque sabedoria serve de defesa, como de defesa serve o dinheiro; mas, a excelência do conhecimento é que sabedoria dá vida ao seu possuidor.” Ecl 7;12

Mas, os que usam a Bíblia para ganhar dinheiro pregando mentiras e manipulando incautos? Além de pecarem, iguais aos corruptos, acrescentam “valor” aos seus pecados com a profanação do Nome do Senhor. Dos ensinadores consta: “Meus irmãos, muitos de vós não sejam mestres, sabendo que receberemos mais duro juízo.” Tg 3;1

Enfim, prosperemos na Terra se, a Vontade Divina assim o permitir; senão, não deixemos que a miséria do dinheiro sujo manche as vestes com as quais compareceremos perante O Eterno.

“Engana-se quem pensa que cofres bancários guardam riquezas; lá só tem dinheiro.” Carlos Drummond de Andrade

quarta-feira, 27 de junho de 2018

A Aldeia e as Tribos

Outro dia, após um toró que caiu resolvi aproveitar parte do dia trabalhando um pouco, ainda que estivesse bastante embarrado. Estava fazendo a base de um muro que circunda a casa onde vivo.

De repente passou um sujeito, visivelmente alterado em suas faculdades, possivelmente, efeito de crack, e, resolveu me incentivar. “Isso aí, meta sal; manda ver, perverso!”

Meu instinto de defesa da honra produziu na hora o clássico revide; - Perversa é a mãe – mas, me contive, olhei o tipo virando a esquina e pensei; Deixa pra lá; do seu jeito, o cara me incentivou, elogiou.

Depois, à noite, me ocorreu de pensar novamente sobre o incidente; Eis um dilema filosófico, espiritual, com o qual têm que lidar os que pretendem transmitir valores absolutos através dos signos relativos da comunicação. A contextualização.

Quem estuda Teologia, por exemplo, na disciplina, hermenêutica, aprende o valor do contexto para identificar o sentido de uma mensagem qualquer. Não se atém às palavras em si, mas, ao significado em seu tempo e lugar, buscando a intenção do autor, e o sentido histórico; antes, que o significado para si. Se isso fosse verificado amiúde, as seitas pseudo-cristãs, que se “baseiam” na Bíblia, cairiam por terra, ao escrutínio hábil de suas crenças.

Interessante arte, a comunicação! Muitos que podem, estudam um ou mais idiomas, pois, isso amplia horizontes profissionais, abre portas, além de facilitar a compreensão da vida, nessa aldeia global que nos tornamos. Em suma, o domínio da língua nos faz world citizens. (Cidadãos do mundo)

Todavia, é comum encontrarmos “tribos” seja de surfistas, nerds, de drogados, etc, com gírias peculiares, tais, que só podem ser entendidas pelos tribais. Nesse caso, a comunicação é usada para construir cercas, antes que rompê-las. O domínio de vários idiomas nos dá o mundo, a habilidade em gírias específicas, pode nos ilhar dentro dele.

A poesia tem seu “Esperanto” como disse o Mário Quintana, sua linguagem própria, que, demanda que seus leitores sejam, de certa forma, poetas também; pois, só assim, lograrão entender plenamente a mensagem.

Mas, voltando ao “elogio”, o cara me chamou de perverso, que, possivelmente, na tribo dele, seja um sujeito hábil, jeitoso, malandro... todavia, seu significado original é bem diferente disso. É, em latim, uma aglutinação de “Permutare” mudar completamente, e “vertio” versão. Ou seja, alguém que deturpa um conceito, ensino, comportamento ou, versão; é um perverso.

Interessante que a exortação bíblica é à conversão, que traz a ideia de acompanhar uma versão confiável, ao invés de perverter, produzir uma própria. No caso de quem deixou a versão idônea e rumou pela perversão, isso demanda uma mudança radical de caminho.

Ouçamos Isaías: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos; se converta ao Senhor, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar. Porque os meus pensamentos não são os vossos, nem, os vossos caminhos os meus, diz o Senhor.” Is 55; 7 e 8

Acho que demorei a captar a profundidade filosófica das palavras de meu desconhecido incentivador; Se, estou fazendo um muro, de certa forma me alieno do todo, do absoluto, que é um tipo de perversão. Outra coisa que ele disse: “Meta sal”. Lá no seu idioma, em Crackópolis, deve significar algo, como, manda ver! Força!

O sal é um elemento bastante presente nas Escrituras Sagradas, tanto que, no Velho Testamento era obrigatório nas ofertas de alimento. “Todas as tuas ofertas dos teus alimentos temperarás com sal; não deixarás faltar à tua oferta de alimentos o sal da aliança do teu Deus; em todas as tuas ofertas oferecerás sal.” Lev 2; 13.

Já na Nova Aliança, o Senhor chama aos discípulos de “sal da terra” e Paulo usa a figura como símbolo de uma linguagem sóbria; “Vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal, para que saibais como vos convém responder a cada um.” Col 4; 6 E pensar que eu quase respondi ao tipo com um palavrão...

Então, se, vista a moeda pelo meu lado eu poderia afirmar que o transeunte é catedrático em filosofia e hábil nas Escrituras; mas, a única coisa que ele fez, foi dizer: Manda ver, é isso aí!

Mas, como estamos acostumados a interpretar palavras, não, intenções, tanto apedrejamos nossos benfeitores, quanto, elegemos nossos roubadores.

O Mesmo Paulo, aliás, quando disciplinava a Igreja sobre o uso dos dons disse: “Porque, se a trombeta der sonido incerto, quem se preparará para a batalha? Assim também vós, se com a língua não pronunciardes palavras bem inteligíveis, como se entenderá o que se diz?” I Cor 14;8 e 9

Antes de partilhar informações precisamos adequação de linguagem.

“Falar é uma necessidade, escutar é uma arte”. Goethe

terça-feira, 26 de junho de 2018

O Exército de Ovelhas

“Tornou, pois, Jesus a dizer-lhes: Em verdade, em verdade vos digo que eu sou a porta das ovelhas. Todos quantos vieram antes de mim são ladrões e salteadores; mas, as ovelhas não os ouviram.” Jo 10; e 8

Os ladrões e salteadores pretéritos foram líderes que pretenderam ser o “Messias”. Primeiro, tinham uma ideia muito rasa da função do mesmo. A libertação sonhada era apenas do jugo estrangeiro que pesava sobre eles. Aí, tinham uma concepção errada sobre o método da luta.

Sem considerarmos os Macabeus que foram bravos defensores de seu povo sem pretensões messiânicas, a Bíblia menciona dois, que alistaram pessoas para esse fim; “... antes destes dias levantou-se Teudas, dizendo ser alguém; a este se ajuntaram uns quatrocentos homens; o qual foi morto; todos os que lhe deram ouvidos foram dispersos, reduzidos a nada. Depois deste levantou-se Judas, o galileu, nos dias do alistamento e levou muito povo após si; mas, também este pereceu, e os que lhe deram ouvidos foram dispersos.” Atos 5;36 e 37

Segundo Gamaliel, um arregimentara 400 homens; outro, “levou muito povo após si...” Que humilhante para O Salvador que andou por três anos e meio “alistando” e só conseguiu 12 “soldados” sendo, um, traidor!

Por que o apelo dos “ladrões e salteadores” teve mais eco que o do Senhor? Bem, havia uma sintonia de ódio entre os “Messias” e seus seguidores, um alvo comum; livrar-se do jugo e retomar o governo da sua terra. Além disso, identificação quanto ao método; deveria ser feito, óbvio, por meios bélicos. Quase todos estão prontos a ouvir um chamado, quando, o problema é o outro; contra ele devemos lutar.

O que são as intrigas, calúnias, maledicências, fofocas, senão, nossa “luta” contra as falhas do outro? Pois é.

O apelo de Cristo não soou atrativo, basicamente por duas razões: Primeiro: Invés de disseminar ódio contra os odiáveis opressores, era misericordioso com eles; curou o servo de um centurião, elogiou a fé dele, favoreceu alguns publicanos traidores que serviam a Roma, desafiou seus ouvintes a amarem os inimigos; pior; além disso, de desaconselhar o uso da espada em prol do perdão, do amor, mandou cada um lutar contra algo que amava; “Negue a si mesmo”.

É compreensível que só mansas e frágeis ovelhas ouvissem algo assim. Sendo para pilhar ao outro, destruir, fazer violência, qualquer índole rapace se sente apta; porém, renúncia? Ovelhas, animais dóceis acostumados à dependência do Pastor não têm dificuldade numa empresa assim; mas, “de modo nenhum seguirão o estranho, antes fugirão dele, porque não conhecem a voz dos estranhos.” Jo 10;5

Ademais, O Salvador estava propondo uma “missão impossível”; Escribas e Fariseus, religiosos em geral do Sinédrio eram a elite; apenas eles sabiam das coisas certas, de modo que, disseram certa vez: “A plebe que não sabe a Lei é maldita.”
Entretanto, aos que lhe davam ouvidos, O Salvador desafiou a que superassem-nos; “Porque vos digo que, se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus.” Mat 5;20

Outro dia, o Ministro Gilmar Mendes em face às críticas dirigidas ao STF disse: “Quem entende só de samba, não deve opinar sobre ópera.” Deixando a “Ópera da impunidade”, por ora, O Salvador chamou os que tocavam “samba” em caixa de fósforo, para tocarem violino.

Acontece que a “música” da conversão é dançada no Céu; ímpios da Terra passam longe de entender sua harmonia. Cada nota afinada à Divina Vontade é registrada nos anais celestes, onde, não há plágio; no devido tempo, cada um receberá a recompensa justa. “ajuntai tesouros no céu, onde, a traça nem a ferrugem consomem, e os ladrões não minam nem roubam.” Mat 6;20

Mas, alguns “progressistas” góspeis, cientes da dificuldade de seguir a um Messias assim, fizeram um “Remake” em “Sua” Chamada para aumentar o exército. Invés do frágil “Batei, batei, e abrir-se-vos-á”, criaram o “Decretai, e Deus obedecerá.” Invés do masoquista “negue a si mesmo”, criaram o “Tome posse da bênção, prospere;” invés da dolorosa Cruz com as renúncias pertinentes, o “$acrifíco” pode $er de outra e$pécie.

Enfim, ficaram com o Nome, cujo marketing é mais eficaz, mas, copiaram a mensagem dos ladrões e salteadores, cujo apelo é mais atrativo. Se, o “inocente” Salvador tivesse pensado nisso, não teria ficado com o pífio “pelotão” de 12.

Enfrentar a si mesmo como Deus requer, de fato, não é algo fácil; mas, pretender ganhar a eternidade com facilidades é estúpido; seria pretender comprar diamantes com moedas.

Ninguém é forçado; todos podem recusar. Mas, quem quiser ir, será nos termos Dele, ou, jamais irá.

“Não confunda minha Sobriedade com idiotice, pois, neste contexto o inepto poderá ser você.” E. Lima

segunda-feira, 25 de junho de 2018

Redescobrir as fontes

“Responderam-lhe: Se este não fosse malfeitor, não te entregaríamos.” Jo 18;30

Pilatos quisera saber qual acusação pesava contra o Prisioneiro, Jesus de Nazaré, que era apresentado a ele. Invés disso, disseram: “se não fosse mau, não te entregaríamos”. Vá por nós; asseguramos que é malfeitor.

Como seria se, a inclinação de cada um fosse régua de mensurar valores? Muitos assassinos, traficantes, chamam de “sangue bom” outros como eles. É o seu conceito de bondade.

Vivemos um exemplo da distorção causada pelo relativismo moral; cidadãos acham que o grande câncer do país é a corrupção; os corruptos acham má a Operação Lava Jato, que, combate-a; tencionam até uma CPI para “investigá-la”; (intimidá-la). Como fica? Os cães oram por ossos, os ratos por queijo e todos estão certos?

Os mais informados sabem a origem do relativismo; “Certamente não morrereis, antes, sereis como Deus sabendo o bem e o mal.” Dissera a serpente à mulher.

A primeira coisa pra se plasmar o relativismo é a ruptura rebelde contra O Absoluto, Deus. Se, cada um decide a partir do próprio umbigo as noções de bem e mal, então, como apregoam os defensores do Ecumenismo, todas as religiões são boas, cada qual com sua “verdade”; todos os caminhos levam a Deus; será?

De onde resido se, quiser chegar a Passo Fundo tenho que rumar para o norte; caso faça caminho inverso, jamais chegarei. Sim, diria um gaiato, mas, Deus não é Onipresente? Está em todo lugar? Qualquer caminho leva a Ele é lógico. De certo modo, sim. A Bíblia diz que ante Ele “Todo o joelho se dobrará; toda a língua confessará que Jesus Cristo É O Senhor.”

A questão é outra: Você quer chegar como réu, ou, como filho? No primeiro caso, andando à sua maneira você está no caminho certo. Entretanto, caso desejes, como filho adotivo, chegar ao Pai, não, a Deus, simplesmente, aí, o mapa é preciso: “Disse-lhe Jesus: Eu sou o caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por mim.” Jo 14;6

Todos nós trazemos duas “réguas” morais em nós; uma, como vimos forjada pelo canhoto que dá asas aos desejos naturais, fazendo deusa à vontade de cada um; Outra, colocada pelo Criador, a consciência; que, ensina que o bem que quero a mim é igualmente válido ao semelhante; “ama teu próximo como a ti mesmo”; e, que, isso só se valida na arena do comportamento, não, dos sentimentos; daí, “tudo o quiserdes que os outros vos façam, fazei a eles, essa é a Lei.”

Assim agindo, o teu conceito de bem e de mal será válido, pois, já não será teu, estritamente, mas, de Deus. Porém, a longa permanência na esfera natural “atrofia” (cauteriza) a consciência, o que deriva da morte espiritual. Notemos que O Criador dissera a Adão: “No dia que pecares, certamente morrerás”; ele seguiu existindo por muito tempo ainda. Apenas, invés de comunhão como sempre, sentiu medo do Criador e se escondeu. Seu encontro deixara de ser como filho, e passara a ser como réu, consequência da morte espiritual.

Por isso, a sentença do Salvador: “... aquele que não nascer de novo, não pode ver o Reino de Deus... aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no Reino de Deus.” Jo 3;3 e 5

O relato do Gênesis menciona certas fontes que eram disputadas por filisteus e pelos pastores de Isaque. Gên 26;15 Os adversários inutilizavam o que não podiam ter. Assim faz o pecado com nossas consciências, interrompe o fluxo vivo, entulha.

Porém, Cristo disse que “há alegria no céu por um pecador que se arrepende”; assim como Isaque (que significa riso) fez com as fontes aquelas, faz conosco; “Tornou Isaque e cavou os poços de água que cavaram nos dias de Abraão seu pai, que os filisteus entulharam depois da morte de Abraão, e chamou-os pelos nomes que os chamara seu pai.” Gên 26;18

Desfaz a obra do inimigo em nossas vidas e chama-nos outra vez, conforme tencionara o Pai; filhos de Deus.

Por isso, a conversão requer o abandono das práticas “normais” de quando mortos, pois, O Feito de Cristo reabre a fonte e faz brotar Água da Vida. “... o sangue de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu imaculado a Deus, purificará vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9;14

Enfim, é muito fácil enxergar o mal nos outros; basta ter olhos. Para que o “vejamos” em nós, carecemos ouvidos. Pois, “A fé vem pelo ouvir, e ouvir A Palavra de Deus” sendo ela, “O firme fundamento das coisas que não se veem...”

Assim, a fé não é cega, antes, pode ver onde os cegos tropeçam.

domingo, 24 de junho de 2018

O Trabalho e o Bendito Fruto

“Não há nada melhor para o homem que comer, beber, e fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Vi que isto vem da mão de Deus.” Ecl 2;24

Dois aspectos na relação interpessoal são aceitáveis diante de Deus; justiça e misericórdia. Essa, com algo a mais, pois, envolve o amor, de modo que, como disse Tiago, “... a misericórdia triunfa do juízo.” Cap 2;13

Por exemplo: Se, alguém falhou comigo, ou, me deve algo, invés de reparar em justiça pede misericórdia, e, eu o perdoo, já não há clamor pendente perante a justiça; a misericórdia triunfou.

Essa é a situação de todos nós ante O Criador; “Mostra-nos, Senhor, tua misericórdia; concede-nos tua salvação. Escutarei o que Deus, o Senhor, falar; porque falará de paz ao seu povo, aos santos, para que não voltem à loucura. Certamente que a salvação está perto daqueles que o temem, para que a glória habite na nossa terra. A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram.” Sal 85;7 a 10

Se, O Eterno dispensou preciosa misericórdia no tocante a nós, enviando O Salvador, em relação à justiça que Ele ama, foi necessária a morte Dele; o preço do pecado deveria ser pago. Jamais, O Altíssimo que “não pode contemplar a iniquidade,” compactuaria com mentira, ou, encenaria uma paz falsa estando declarada guerra pela desobediência. Daí, no Calvário, “A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça e paz se beijaram.”

Contudo, a “justiça” possível no que se relaciona com Deus é o reconhecimento sincero, e, arrependimento das nossas injustiças. Assim, Ele em Sua infinita misericórdia atua como fiador da nossa salvação, O “Senhor Justiça Nossa.” Jr 23;6

Mesmo nossas eventuais ações em misericórdia aqui, terão seu encontro com a justiça, uma vez que, sendo aquilatadas como “Tesouros no Céu”, lá encontrarão Aquele que disse: “... meu galardão está comigo, para dar a cada um segundo sua obra.” Apoc 22;12

Assim, a Graça, ou misericórdia nos dá a Salvação que não merecemos; e, a Justiça Divina, o galardão pelo que fizermos após sermos salvos. Pois, “Somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, que, Deus preparou para que andássemos nelas.” Ef 2;10

O ser humano foi “programado” para funcionar mediante estímulos. E, nenhum mais impactante no que tange ao trabalho, que os frutos. Esse tem sido o erro, aliás, de tantos experimentos socialistas pelo mundo, que, pretenderam plasmar sociedades que funcionassem diversas da índole natural humana.

Esse tipo de “inversão” não nos foi facultada, pois, “... tudo que Deus faz durará eternamente; nada se lhe deve acrescentar e nada se lhe deve tirar; isto faz Deus para que haja temor diante dele.” Ecl 3;14
Não havendo a devida contrapartida, possibilidade de progresso, quiçá, de enriquecer até, o trabalho torna-se apenas um peso indesejável, a ser evitado, se, possível; ou, feito de má vontade quando compulsório. Isso ensejou a falência de muitas nações.

A misericórdia é de foro íntimo, arbitrário; Deus espera que a façamos, mas, não a impõe. É uma possibilidade; enquanto, a justiça, uma necessidade; daí, que, a vadiagem assistida pelo Estado tão acariciada pelos defensores de tal sistema nem de perto tem o aval de Deus. Como vimos acima, “Não há nada melhor para o homem que comer, beber, e, fazer com que sua alma goze do bem do seu trabalho. Também vi que isto vem da mão de Deus.” Ecl 2;24

Assistencialismo tem seu espaço apenas em casos extremos de absoluta impossibilidade de se manter, quanto aos vagabundos, porém, “... vos mandamos isto; que, se alguém não quiser trabalhar, não coma também.” II Tess 3;10

Em certo aspecto faz sentido a mensagem dos da Teologia da Prosperidade, ao encorajarem a fé, dado que, essa terá uma recompensa. É isso mesmo.

Porém, erram no método; Deus não é mercador que venda Suas bênçãos; erram no tempo; recompensas prometidas são no porvir, não nesse mundo onde somos peregrinos; por fim, erram na prioridade; invés de ensinar o caminho estreito da salvação aos que se perdem na vasta avenida do comodismo, passam de largo pela cruz, prometendo vida fácil aos, que, sequer, vida, possuem.

E, os comunistas católicos da Teologia da Libertação erram no diagnóstico e no remédio; Deus não salva sistemas, sociedades; apenas, almas, “no varejo”; socorrer ociosos voluntários com usurpação de alheios bens, não é misericórdia, tampouco, justiça; é leniência com vagabundagem, violação de propriedade, portanto, injustiça.

Devem ser maus cristãos, ou, maus socialistas; além disso, ignoram os incautos, que, o “combo” traz junto ideologia de gênero, aborto, casamento gay, descriminação das drogas... Foi pra defender isso que Cristo morreu?

A incoerência é o justo salário pelo “trabalho” dos cérebros vadios.

sábado, 23 de junho de 2018

O Saber dos Meninos

“Melhor é a criança pobre e sábia, que o rei velho e insensato, que não se deixa mais admoestar.” Ecl 4;13

Se cotejarmos uma criança com um ancião necessariamente veremos uma vida totalmente formada, e outra, em construção. Entretanto, essa, inda insipiente e incipiente, isto é; que não sabe e está começando, se diz que é sábia; melhor que o outro que já escalou o cume no pico do tempo. Por quê?

Como estamos diante de um provérbio antitético, (que confronta duas coisas opostas) e, a insensatez do rei velho deriva do fato de não se deixar mais corrigir; presumir que sabe de tudo; então, necessária é a conclusão que a “sabedoria” da criança é justo, isso; uma índole dócil ao ensino, à correção. Sua sabedoria ainda é em princípio, não, essência. Ou seja, não sabe das coisas, mas, sabe disso, e se dispõe a escutar quem sabe. Essa é melhor à medida que pode beber na fonte de Sophia, enquanto aquele, sequer identifica a necessidade disso.

Deveria ser uma coisa absolutamente natural, desejar aprender, contudo, nem sempre é assim. Em nossos dias, o poste mija no cachorro. A ignorância perdeu a modéstia há muito; em muitos casos, quem menos sabe é que mais fala, poluindo ao higiênico espaço do silêncio com o seu lixo passional, presumindo que repetir fonemas alheios equivalha, a saber.

As facilidades tecnológicas fazem vasto dano psicológico, à medida que, permitem a encenação de algo alugado, como se, fosse nossa propriedade.

Uma distinção é necessária a respeito do que abordamos para dirimir eventual ruído; conhecimento não é sinônimo de Sabedoria; não, da que abordamos aqui. Conhecimento é uma aquisição de meios externos; Sabedoria, o exercício de um dom interior a palpitar no espírito, na mente; que, como disse Plutarco, não é um vaso para ser cheio, mas, um fogo a ser aceso.

Além de intelectual tem seu “princípio ativo” espiritual; “O temor do Senhor é o princípio do conhecimento; os loucos desprezam a sabedoria e a instrução.” Prov 1;7 Em mais uma sentença antitética, temos em oposição aos sábios, não, os ignorantes, mas, os loucos.

E, como disse outrem, “reconhecemos um louco sempre que vemos, nunca, quando o somos”; essa incapacidade de auto-conhecimento das próprias limitações faz os “reis velhos” inferiores a outros que as identificam. Nossos erros, os alheios, as vicissitudes da vida, tudo nos ensina, se, tivermos em nós essa propensão ao aprendizado, senão, “mataremos aula” na escola da vida.

Engana-se quem pensa que, quem escreve algo assim esteja acima, vendo de fora as misérias alheias. Aí seria mais um “rei velho” apenas; também tropeço em minhas ignorâncias e careço desesperadamente aprender. O problema é encontrar as fontes onde isso é possível. Dado esse passo ditoso é só silenciar ante quem sabe, e buscar haurir o possível de quem tem para dar.

Entretanto, nosso sistema educacional está tão comprometido que, mesmo a difusão do conhecimento anda tropeçando no meio-fio da parcialidade ideológica. Que dizer da sabedoria, que normalmente viça adubada por idôneos referenciais e hígidos valores?

A grande bronca de Sócrates contra os sofistas, era que, fazendo eles, uso da retórica persuadiam seus ouvintes, invés, de iluminá-los; seu labor, dizia, produzia crença sem ciência. A sabedoria espiritual, invés da “fé cega” como dizem, estimula a conhecermos Aquele no qual cremos, e de onde vem a vera Sabedoria. “Então, conheçamos, e prossigamos em conhecer ao Senhor; Sua saída, como a alva, é certa; e Ele a nós virá como a chuva, como chuva serôdia que rega a terra.” Os 6;3
Em nenhuma área encontramos mais “reis velhos” que, quando abordamos temas espirituais; a maioria acha que a coisa é como futebol, ou, política que, cada qual tem sua opinião; todas são igualmente válidas. Não. Em se tratando de Palavra de Deus, tão somente Ela é válida nas diretrizes da vida. “... todo aquele que ouvir as palavras da profecia deste livro que, se alguém lhes acrescentar alguma coisa, Deus fará vir sobre ele as pragas que estão escritas neste livro; se, alguém tirar quaisquer palavras do livro desta profecia, Deus tirará sua parte do livro da vida...” Assim Deus encerra Sua carta de amor e justiça.

Os convertidos são desafiados a crucificar ao Rei Velho com suas inclinações; “Alimpai-vos, pois, do fermento velho, para que sejais nova massa...” I Cor 5;7 Pois, “... qualquer que não receber o Reino de Deus como menino, de maneira nenhuma entrará nele.” Mc 10;15

Salomão tido como o mais sábio dos homens, disse que os “sábios” humanos são apenas canais de Deus. “As palavras dos sábios são como aguilhões; como pregos bem fixados pelos mestres das assembleias, que, nos foram dadas pelo Único Pastor.” Ecl 12;11

sexta-feira, 22 de junho de 2018

Evangelho; com ou sem, graça?


“Tudo tem seu tempo determinado; há tempo para todo propósito debaixo do céu... Tempo de chorar, e de rir; tempo de prantear, e de dançar;” Ecl 3;1 e 4

Um assunto polêmico no meio cristão é o riso, ou, humor. Uns, o acham normal em seus cultos, outros, uma espécie de desrespeito. Talvez, os mais radicais nisso não cheguem ao fanatismo do “Venerável Jorge” personagem do livro/filme, “O Nome da Rosa” que via na comédia uma verdadeira tragédia, a ponto de matar para coibi-la.

Pois bem, a Bíblia é parcimoniosa referente a isso; não ordena nem proíbe. Quando diz: ”alegrai-vos com os que se alegram, chorai com os que choram” Rom 12;15 seu fito é empatia com as emoções alheias, não, as emoções em si.

Porém, o texto do Eclesiastes situa choro e riso em seus devidos tempos, sem precisar quais são. Adiante aquilata ambos: “Melhor é a mágoa que o riso, porque, com a tristeza do rosto se faz melhor o coração.” Cap 7;3

Quem sabe interpretar textos ou, discursos, está ciente que esses são constituídos de teor e forma. Sendo o humor uma faceta puramente formal; no conteúdo, uma atuação satírica pode ser algo muito sério.

Todos conhecem ao Pastor Cláudio Duarte, por exemplo; malgrado sua forma jocosa que faz a platéia rir, via de regra, o seu teor é a sadia interpretação bíblica. O humor é mero acessório para algo sério.

Numa mescla de humor e crítica está em evidência o “Bispo/Apóstolo” Arnaldo, cujo alvo, são os estelionatários góspeis da praça, que, diga-se de passagem, não passam de sal degenerado para ser pisado pelos homens; assim, quanto ao teor, nenhum reparo, a sátira faz sentido.

Entretanto, na forma usa baixarias chulas, “em nome de Jesus”, além de ridicularizar a um Dom do Espírito Santo, o das línguas estranhas. Qualquer estudioso bíblico sabe bem a distância que se deve guardar entre o Santo e o profano; foi por ignorar isso, aliás, que o rei Belsazar perdeu o Reino, a vida, em Babilônia.

E, sendo O Todo Poderoso Quem É não precisa ser defendido por algo vil como o homem. Por Baal que era mero bibelô de confecção humana não foi permitido contender, com uma lógica irrepreensível: Se é deus contenda por si mesmo; muito mais, Aquele que sabemos É O Deus Vivo.

Muitos com fito de zelar por suas práticas duvidosas, ou, mero fanatismo religioso mesmo, visam tolher isso; há quem rejeite veemente convidar ao Pastor Cláudio para eventos. É um direito seu. Porém, agora circula na Rede que uma igreja da região dos Lagos no Rio de Janeiro proibiu um show do Arnaldo, pois, ele desrespeitaria aos cristãos. Aí, o direito escorregou na casca da banana.

Confesso que não acho graça no seu método, embora, sua crítica seja pertinente; mas, há quem ache e até pague para ver. Ora, o que foi feito da tão propalada liberdade de expressão? Eu não concordo com a forma dele atuar, acho sim, profana, desrespeitosa, chula demais; porém, respeito seu direito de fazê-la.

Ninguém desrespeita mais aos cristãos que os movimentos gayzistas em suas passeatas; por que não as proíbem? Ou, pretendem mostrar força apenas contra oponentes mais fracos, como os Amalequitas que matavam velhos e doentes?

Ora, somos desafiados à fidelidade num cenário de calúnias, perseguições, fome e sede de justiça. Somos a Embaixada do Reino dos Céus em terra estranha; adversidades assim fazem parte do pacote a nós reservado.

Na verdade o Brasil, como se diz, é o “País da piada pronta”; nosso senso do ridículo deve estar excursionando alhures; matéria-prima para fazer humor sobeja, sem carecer usar temas espirituais, que, costumam gerar desconforto. Entretanto, como somos livres para escolher a Cristo da forma que nos identificamos, sejam todos livres para escolher o que quiserem, mesmo que seja a tolice, a estupidez.

Nesse caso cabe a redarguição de Caim: “Acaso sou guardador do meu irmão?”

Muitos imaginam Deus como um Vingador Apaixonado pronto a devolver na mesma moeda; na verdade É Vingador de toda injustiça, sim; embora, dê asas à Sua Longanimidade para que possa tratar as ofensas em misericórdia, não, em juízo. Isso só é possível, porém, quando os errados de espírito caem em si, reconsideram, se arrependem e buscam perdão.

Se, é vero que, “O coração alegre aformoseia o rosto” é preciso distinguir que, chocarrices superficiais passam longe de ensejar alegria no coração.

Enfim, não proibamos o humor, o riso; mas, sejamos prudentes para que, nossas escolhas não sejam fiadoras de lágrimas eternas.

O “Show de Cristo” pode não ser o mais engraçado, mas, “Sua Graça é mais que a vida”. Ele mesmo disse: Como parturiente; primeiro, a dor; depois, a alegria da vida.

quinta-feira, 21 de junho de 2018

Guerra e Paz

“Porventura não tem o homem guerra sobre a terra?” Jó 7;1 “O efeito da justiça será paz; a operação da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32;17

Cotejadas as duas sentenças, de contextos bem distintos, mas, tema comum, resulta uma síntese nada surpreendente; a injustiça, patrocinadora das guerras, campeia na Terra.

Dentre tantos motivos vis pelos quais se peleja, o mais presente é a disputa por poder. A grandeza significa facilidades, comodismo, mordomias várias. Se, fosse do ponto-de-vista de Deus seria diferente. “Ele, assentando-se, chamou os doze, e disse-lhes: Se alguém quiser ser o primeiro, será o derradeiro; servo de todos.” Mc 9;35
Salomão refletindo sobre as consequências de dominarmos sobre nossos semelhantes não viu com bons olhos; “Tudo isto vi quando apliquei meu coração a toda a obra que se faz debaixo do sol; tempo há em que um homem tem domínio sobre outro, para desgraça sua.” Ecl 8;9

Além da política, seu campo de batalha mais vistoso, a sede de poder exercita-se também em ambientes religiosos, profissionais, e, até, relacionais; onde, a estupidez de ter a última palavra parece valer mais que ter harmonia. No entanto, a sede esperável nos que se entregam a Cristo é outra: “Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque eles serão fartos;” Mat 5;6

Somos trabalhadores, pagadores de impostos, certa inserção política se faz inevitável, se, temos senso crítico; todavia, invés da “vergonha de ser honesto” na ironia do Ruy Barbosa, devemos sê-lo às últimas consequências, mesmo que, a janela nos acene com a contínua aglomeração de poder nas mãos dos maus, e, triunfo das nulidades.

A única forma de sentirmos sede de justiça vivendo em um mundo mau é não bebermos as mesmas águas que bebem os que miram interesses mesquinhos, antes, dos comuns, e usam meios vis, onde deveriam imperar valores. Nossa sina, dos veros convertidos é mais ou menos como a de Ló em Sodoma; “Porque este justo, habitando entre eles, afligia todos os dias sua alma justa, vendo e ouvindo sobre as suas obras injustas.” II Ped 2;8

Claro que viver cercado por injustiças de toda ordem, onde, o “Poder Judiciário” na maioria dos casos atua para proteger anseios de bandidos que clamores por justiça, viver num cenário assim, digo, desanima um pouco mesmo aos mais corajosos. Todavia, a crítica mais contundente que podemos fazer à injustiça é: Mesmo estando em terreno por ela dominado, preferirmos a justiça, patenteando o Domínio de Deus sobre nós.

São esses apenas, que, se enquadram na promessa de fartura de justiça no porvir; amam, antes de tudo, a justiça e aplicam-na contra si, ao reconhecerem suas culpas e a conseqüente necessidade do Salvador e Senhor. Fazendo isso que a Divina Justiça requer, somos absolvidos da pena; a Justiça de Cristo é imputada a nós.

Quem faz isso não fixa seus olhos nos enganos meandros do poder; se, guindado a cargos mais altos vê isso como um dever maior, não, grandeza. O Senhor desafia os Seus a serem fiéis no pouco, para serem colocados sobre o muito.

Assim, mesmo evitando grandezas, no devido tempo terá que lidar com ela, dadas as diretrizes do Reino. Uma frase do Talmude diz: “A grandeza foge de quem a persegue, e persegue quem foge dela.” Nada mais que, comentário sobre a consequência espiritual que espera aos “fiéis no pouco”.

A prosperidade dos maus é o esperável num mundo mau que “jaz no maligno”; o Diabo seria incompetente em sua “diabice” se, não cuidasse dos seus. Não significa que todo próspero seja mau, apenas, que as posses não valem nada como aferidoras de caráter.

O valor de certos ricos pretéritos foi aquilatado no Santuário, não, no extrato bancário; “Quando pensava em entender isto, foi para mim muito doloroso; até que entrei no santuário de Deus; então entendi o fim deles. Certamente tu os puseste em lugares escorregadios; tu os lanças em destruição.” Sal 73;16 a 18

Eis, alguns, que correram a maratona da vida em busca de grandeza; mas, na hora de romper a fita acabaram entre vermes.

Dada a dualidade atuante após a queda, a guerra tornou-se inevitável. Mesmo nossa fé que nos mantém em Deus é alvo de ataques diuturnos. Os vencedores não são os empoderados; antes, os que, a despeito de tudo que sofram, recusem-se a mudar “para baixo” apenas para que os ataques cessem.

Paz falsa atuará a serviço do Anticristo; pois, “quando disserem; há paz e segurança, virá repentina destruição.” A paz de Deus, a despeito das guerras exteriores, é fortaleza inexpugnável, mesmo, às garras da morte; pois, foi em face dela, que um digno vencedor bradou: “Combati o bom combate, corri a carreira; guardei a fé.”

domingo, 17 de junho de 2018

As "Vestes" de Adão

“Ah, se soubesse onde o poderia achar! (a Deus) Então, me chegaria ao Seu Tribunal.” Jó 23;3 “... Ouvi a tua voz soar no jardim; temi porque estava nu e escondi-me.” Gên 3;10

Dois homens, Jó e Adão; um querendo encontrar Deus, outro, esconder-se Dele; um, inocente, outro, culpado.

Desde sempre tem sido assim; a inocência caminha ao encontro da justiça, enquanto, a culpa procura manter distância.

Uma coisa que sempre me incomodou é o tal direito de ficar calado. Se, alguém é inocente pretende se defender em vista disso, não, ficar calado; porém, se, culpado, o Estado interessado na justiça deveria proteger o direito dos cidadãos, antes, que o de eventual malfeitor. Assim, ao privilegiar esse, furta aqueles que são maioria e nada pesa contra eles.

Caso, eventual acusado recusasse falar, como o Estado agiria? Usaria tortura? Não. Diria mais ou menos o seguinte: Pesam contra você as acusações tais; tens amplo direito de te defenderes. Porém, caso recuse a fazê-lo, o Estado fará uso da presunção de culpa e aplicará a devida penalidade. Com uma “primavera” assim, todos os pássaros cantariam. A justiça humana trabalha com verossimilhanças apenas, a despeito de ser injusta na maioria das vezes.

Mas, voltando ao começo, no prisma espiritual, nenhum de nós é como Jó; inocente que deseja estar em juízo diante de Deus. Na verdade somos como Adão; cientes dessa nudez tendemos a buscar esconderijo.

Só que, diferente daquele caso, em que O Criador chamou ao homem para que desse conta da mordomia que recebera; governar o planeta em Submissão ao Senhor do Universo, busca-nos em amor; não, pra que respondamos por nossos pecados, mas, para que correspondamos ao Seu Amor manifesto em Cristo.

Notemos que, o apelo do Salvador não é para trazer juízo, antes, dar descanso; “Vinde a mim, todos que estais cansados e oprimidos; Eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração; encontrareis descanso para vossas almas. Porque meu jugo é suave e meu fardo, leve.” Mat 11;28 a 30

Ao tolher a vida espiritual, o pecado, além do banimento do Paraíso maculou ao homem com uma série de efeitos colaterais; um dos mais danosos é a cegueira naquela dimensão. Assim, mesmo sendo impossível se esconder de um Ser Onisciente e Onipresente, os pecadores tendem a passar suas vidas nessa tentativa inglória.

Davi colocou o dedo na ferida: “Tal ciência é para mim maravilhosíssima; tão alta que não posso atingir. Para onde me irei do Teu Espírito, ou, para onde fugirei da Tua Face? Se, subir ao céu, lá Tu estás; se, fizer no inferno minha cama, eis que Tu ali estás também. Se, tomar as asas da alva, habitar nas extremidades do mar, até ali a Tua Mão me guiará e Tua Destra me susterá. Se, disser: Decerto que as trevas me encobrirão; então, a noite será luz à roda de mim. Nem ainda as trevas me encobrem de Ti; mas, a noite resplandece como o dia; trevas e luz são para Ti a mesma coisa;” Sal 139;6 a 12
Quando o salmista diz que, para Deus, trevas e luz são a mesma coisa, refere-se apenas à impossibilidade de nos escondermos Dele, não, que, para Si, ambas sejam coisas iguais. Somos desafiados a andar na luz, a Doutrina de Cristo, em oposição aos valores mundanos que são das trevas. “Esta é a mensagem que dele ouvimos, e vos anunciamos: que Deus é luz; não há Nele trevas nenhumas. Se, dissermos que temos comunhão com Ele, e andarmos em trevas, mentimos, não praticamos a verdade.” I Jo 1;5 e 6

Quando o homem tenta se esconder do Santo, não está buscando uma coisa lógica, possível; antes, patenteando sua escolha, malgrado, redunde em condenação; “E a condenação é esta: Que a luz veio ao mundo, os homens amaram mais as trevas que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que faz o mal odeia a luz; não vem para a luz, para que suas obras não sejam reprovadas.” Jo 3;19 e 20

Essa reprovação tão temida não é de Deus, mas, de outros homens. Por isso lhes basta um verniz de justiça, máscara para encenar entre iguais; mesmo estando nus diante do Eterno. Cristo dá medo, pois, mediante Ele, as coisas aparecem como são.

O estúpido visa se esconder, mesmo sendo impossível; o sábio vai a Cristo mesmo nu; admite suas culpas, confessa-as; perdoado é revestido de Cristo.

Você tem direito a rejeitar, ignorar, ficar alheio; mas, tudo o que Cristo disse será usado contra você no tribunal. “... a palavra que tenho pregado o há de julgar no último dia.” Jo 12;48

sexta-feira, 15 de junho de 2018

Desigualdades "democráticas"

“A democracia surgiu quando, devido ao fato de que todos são iguais em certo sentido, acreditou-se que todos fossem absolutamente iguais entre si.” Aristóteles

Qualquer pilantra, a despeito dos maus motivos que oculte, ou, indevidos meios que use, se, cometer um ilícito e disser que fez aquilo por motivos políticos, pois, no fundo é um democrata acabará absolvido por uma sociedade sonolenta, omissa, avessa ao pensamento crítico.

O que há de tão bom na democracia, que, parece que canoniza tudo; mesmo ações vis acabam abrigadas sob sua casamata?

Seu pressuposto básico é que ela é uma expressão da vontade popular; será? De outra forma; o povo sabe o que quer, deveras, ou, é induzido a querer segundo interesses de quem o manipula? Mas, onde pretendo chegar? A um sistema onde o povo seja tolhido de escolher seus representantes?

Infelizmente, nossas últimas “experiências democráticas” trouxeram cobras e lagartos invés de gente proba e apta para gerir a coisa pública. Admitindo que as famigeradas urnas eletrônicas falaram a verdade, refletiram nossas escolhas mesmo, “ungimos” gente que, no aspecto da preparação era analfabeta, no da competência, nulidades; da ética, alheios, mentirosos e corruptos.

Porém, os que perderam, muitos deles, se revelaram também, corruptos, de modo que, ao que parece não tínhamos escolha. É. Não estou pretendendo soluções simplistas como tantas que circulam por aí, tipo, não reeleger ninguém, com a ilusão que tal decisão sanearia um pouco a coisa; o furo é mais embaixo.

Muitos dos novos eleitos seriam de gente que já está entranhada nesse sistema corrupto e dele se beneficia em escala menor, mas, conhece bem o “caminho das pedras” chegando lá.

Se, concordarmos com Aristóteles que somos todos iguais, em certo sentido, mas, não, absolutamente, e, concordo; então, como anular, ou, pelo menos restringir a importância dessa desigualdade na hora da escolha? Do jeito sem critério da maioria escolher, e sem pudor dos candidatos propagandearem-se, tende o cenário a uma espécie de, quanto pior, melhor.

As pessoas simples cambiam votos por quaisquer ninharias, dada a necessidade e o lapso de cidadania; ou, se impressionam com mirabolantes promessas, a despeito de, a coisa acenada ser factível, ou, não. Assim, o corrupto safado que compra votos, e o mentiroso descarado que seduz oferecendo o que não possui, têm mais chances de ser eleitos que, eventual ”patinho feio” que ousar apenas a verdade.

Como corrigir isso em menos de três décadas de educação de qualidade? Difícil, mas, uma mudança de sistema atenuaria muito.

Por exemplo, numa eleição presidencial como agora, no máximo três candidatos disputam com chances; no entanto, teremos perto de uma dezena, por quê? Candidatos a bosta nenhuma, andam pra lá e pra cá dando entrevistas como presidenciáveis, acenando seus utópicos “planos de governo”, como se, de fato, estivessem no páreo com seu um por cento ou menos de eleitores.

Acontece que nosso bravo Congresso Nacional, tão cioso dos nossos interesses aprovou uma verba de campanha de três bilhões de reais.

Imaginem um droga nenhuma desses com um por cento dessa bolada para gastar “em campanha”? 30 Milhões!! Que gaste a metade disso em seu fastidioso “mise en scène” ainda terá “democráticos” 15 milhões para fazer a festa como quiser.

Ora, para quê serve a propaganda política senão, enganar? Como são feitas as mirabolantes e sedutoras promessas aquelas, senão, durante os programecos de gente safada nas favelas beijando pobres e depois apunhalando-os uma vez eleitos?

Para meu gosto não haveria propaganda no rádio nem na TV. O TRE mesmo daria apenas o currículo dos candidatos majoritários, e os números dos proporcionais. Quem quiser fazer campanha que o faça com seus recursos, não com nosso dinheiro, como se, os interesses mesquinhos deles fossem também os nossos.

Assim não podendo mentir financiado por nós, boa parte dos votos filhos da sedução tomaria outros rumos; e, fim do Foro privilegiado, para que se sujasse de uma vez muitas fichas que estão “limpas” por artifícios sistêmicos, malgrado o seu lixo; que as sujas fossem alijadas para sempre do processo eleitoral.

Recomeçar do zero nossa educação, invés da doutrinação ideológica de gerar imbecis adestrados, a cidadania corajosa formando pensadores livres que, conhecendo, deveras, os dois lados da moeda façam suas escolhas segundo suas consciências, não, segundo “chips” implantados por canalhas.

Além disso, o fim do bordel partidário, com três ou quatro siglas no máximo; assim, esse monte de prostitutas que se vende no segundo turno já estaria às sombras de uma sigla ou, outra, e seria menos dispêndio ao país e confusão na cabeça dos eleitores.

Alguém disse de modo irônico que a democracia nos permite escolher com qual molho seremos devorados; urge virar o jogo e escolher por quais valores seremos representados.

terça-feira, 12 de junho de 2018

Os Tempos são Outros?

“Nunca digas: Por que foram os dias passados melhores que estes? Porque não provém da sabedoria esta pergunta.” Ecl 7;10

Que adulto jamais falou saudoso do passado, dizendo: Em meu tempo de jovem as coisas eram assim, ou, assado? Ouso que, nenhum.

Malgrado, o conforto e a velocidade vindos do esmero tecnológico, seu efeito colateral nos desumaniza um pouco, (muito, até) além de que, a derrocada dos valores faz a presente geração infinitamente menor que a precedente.

Coisas que eram vexatórias há três décadas são motivos de “orgulho” hoje. Para imbecis encantados com lixo isso se deve a um upgrade civilizatório, quando, na verdade, nada mais é que decadência moral. A boa e velha vergonha na cara deve estar escondida, envergonhada por aí. Os tempos não são outros; antes, as pessoas; e, outras bem piores, em relação aos antepassados.

Entretanto, Salomão, o sábio disse que, perguntar por que os dias passados foram melhores não é esperável de alguém sábio. Assim sendo, isso deve ser o normal do “andar da carruagem”, observada a espécie humana em sua saga.

Segundo A Palavra de Deus, viemos de uma geração perfeita, à Sua Imagem e Semelhança; caímos em desobediência e conseqüente degredo do Paraíso. Como, perdida a vida espiritual resta apenas a natural, que a Bíblia chama de “carne”; a tendência é, ao curso do tempo, um afastamento cada vez maior do Santo, exceto, dos que alcançados pelo Salvador, crucificam a carne e passam a aprender Dele o bom caminho.

Imaginemos um atirador que, com arma de infinita potência mirasse um alvo também, no infinito; ajustada a pontaria ele disparasse; no entanto, no momento do disparo respirasse, ou, algo assim, que interferisse e movesse a arma um milímetro de onde estava. O pequeno erro inicial iria se tornando cada vez maior, e, o milímetro na partida em dada distância seria um metro longe do alvo já, e quanto mais o projétil andasse, maior o erro se tornaria.

Assim estamos nós; tendo começado no Paraíso, uma falha deu azo a toda a putrefação espiritual e moral que vemos, e, à medida que o projétil do tempo avança, mais nos afastamos do alvo. Por isso, aliás, não seria sábio perguntar por que antes o erro era menor; trata-se de uma lógica inexorável.

Quando O Senhor mostrou a sina humana numa figura a Nabucodonosor, a decadência foi o traço mais notório, na imagem usada; uma estátua com cabeça de ouro, tórax e braços de prata, ventre de bronze, pernas de ferro, e por fim, pés numa mescla de ferro com barro. O tempo de então, foi mostrado como a cabeça de ouro; os subsequentes desciam, em reinos vindouros, até que, chegássemos onde estamos; aos pés da estátua.

Após os Impérios, Babilônico, Medo-Persa, Grego e Romano, chegaríamos a um tempo onde se misturariam as sementes, sem se ligarem as almas; o império da hipocrisia, atual.

Todavia, “nos dias desses reis, o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; este Reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos, mas, ele subsistirá para sempre, da maneira que viste que do monte foi cortada uma pedra, sem auxílio de mãos, que, esmiuçou ferro, bronze, barro, prata e ouro; o grande Deus fez saber ao rei o que há de ser depois disto. Certo é o sonho; fiel a interpretação.” Dn 2;44 e 45

Se, “O Reino de Deus está entre vós” como disse nos Seus dias, O Senhor, era apenas uma embaixada em Terra estranha. Cresceu um pouco, com o progresso da Igreja, foi falsificado, perseguido, mas, seu estabelecimento cabal ainda espera pela volta do Rei, cujo esplendor da vinda esmiuçará todos os traços de impiedade remanescentes dos reinos pretéritos.

Assim, contraditoriamente evoluímos no domínio da tecnologia, enquanto, deixamos bebês abandonados no lixo, ou, próceres da política advogam o aborto para que os matemos ainda no ventre. Somos tão bons de máquinas que ignoramos o sublime sentido, e, o valor da vida.

Muitos sedizentes cristãos votam em políticos abortistas desde que deem o “bolsa” isso ou aquilo. Se botar pão em meu ventre pode botar vidas no lixo; é a “moral” para vergonha da espécie.

Logo, não carecemos ser profetas para antever um futuro pior. Para alguns, porém, ainda haverá o Bendito Encontro com Cristo; não precisarão errar tão feio o alvo, como esse mundo tosco e ingrato erra, em relação ao Seu Criador.

A opção por Ele custa o abandono dos vícios que dão prazeres eventuais; mas, nos beneficia com a reconciliação com Deus, paz interior, salvação, ventura eterna. A relação custo-benefício depende de cada um. Contudo, jamais, com sabedoria, alguém escolheria a morte, estando ao alcance, a vida.

segunda-feira, 11 de junho de 2018

A Régua do Juízo

“De maneira que cada um de nós dará conta de si mesmo a Deus.” Rom 14;12

Por um lado somos arbitrários de modo que, as possibilidades todas estão ao nosso dispor, por outro, devemos ser consequentes, pois, podendo escolher o plantio pela liberdade, nos é necessária a colheita, pela justiça.

Como vimos acima, o juízo será individual. O que a massa diz, ou, pensa, não será atenuante a ponto de diluir nela, as escolhas que me são intransferíveis. Se, aquela, uma vez nela impregnado enseja certa abolição do indivíduo, a decisão de fazer parte da mesma ou, não, ainda será uma escolha ímpar, de alguém que, livremente optou por isso.

“A liberdade é a possibilidade do isolamento. Se te é impossível viver só, nasceste escravo.” Fernando Pessoa

De certa forma, no prisma espiritual nascemos escravos sim, do pecado; entretanto, no teatro das escolhas, livres. Se, cada um dará conta de si mesmo é porque recebeu do Senhor tal “mordomia” de administrar às próprias escolhas.

Os que advogam que, sendo maus não podemos escolher o bem, que nos seria oposto, desconsideram a eficácia da Palavra de Deus, bem como, do Espírito Santo; somos apresentados a Cristo, ante o Qual, o “si mesmo” deverá ser mortificado pela imitação da postura Dele, para que, enfim, vivamos de modo agradável ao Santo. “Ou não sabeis que todos quantos fomos batizados em Jesus Cristo fomos batizados na sua morte?” Rom 6;3

Surgiria então, a pergunta: Se, cada um deverá dar conta de si mesmo a Deus, como negará a si mesmo, tendo que, um dia responder por isso? O contexto em que a expressão foi usada por Paulo é o da tolerância com fracos na fé; devemos acolhê-lo a despeito das fraquezas deixando o juízo com Deus. A individualidade de um salvo, ainda é um “si mesmo”, no sentido que ele não é o outro; mas, não o é “em” si mesmo, antes, em Cristo.

Temos muita facilidade com a justiça quando, ela se aplica distante de nós. “Porque, segundo o homem interior, tenho prazer na lei de Deus;” Rom 7;22 Porém, o “homem interior” a consciência no Espírito só é livre se for livre também, de si mesmo; senão, terá valores justos mesclados com ações ímpias; “Porque o que faço não aprovo; pois, o que quero não faço, mas, o que aborreço, isso faço.” Rom 7;15

Assim, a consciência que olha “de fora” aponta para a justiça, presa num indivíduo refém das próprias paixões cativas do pecado. Por exemplo: Quase todos apoiaram à greve dos caminhoneiros, que, seriam explorados pelo sistema; entretanto, circulam na Rede vários vídeos de caminhões acidentados, onde, transeuntes, invés de se ocuparem com o socorro da vítima, apressaram-se a saquear a carga. Os mesmos que vociferam alto e bom som contra os ladrões de Brasília, sentem-se melhores que aqueles, agindo dessa forma.

Como vimos, a justiça parece sempre boa, quando me favorece, mas, nem sempre, quando me corrige. O homem interior com suas justas noções de valores sucumbe ao bicho externo acostumado ao vil interesse. Esse é o “Si mesmo” que deve ser negado tomando a Cruz de Cristo, se, queremos mesmo andar pela vereda da Vida. Senão, não passaremos de animais mortos-vivos, aguardado a fatídica hora em que a ampulheta do nosso tempo se esvaziará e será tarde demais para a salvação.

Muitos rejeitam à mensagem evangélica apontando para eventuais escândalos que há entre os cristãos. E, há muitos. Entretanto, as más escolhas de terceiros não serão abono às minhas; aqueles hão de colher o que lhes couber em justiça perante Deus, como eu, do mesmo modo.

Enfim, se, para as coisas terrenas contam os aglomerados numerosos, os clamores das multidões, no Céu não haverá passeatas reivindicatórias, palavras de ordem, bandeiras, ativismos vários, multidões. Digo, haverá multidão, mas, de indivíduos julgados um a um.

É fácil desprezarmos grandes corruptos e ladrões da praça; mas, nossas pequenas corrupções do dia a dia serão julgadas pelas mesmas palavras que dirigimos a eles; pois, Deus não julga números, mas, pessoas, caracteres.

Aí, quem rouba dez reais, ou, um milhão, na escala Divina são iguais; ladrões. Por isso, aliás, Ele mesmo diz: “Quem é fiel no pouco, também o é no muito”. O fiel não é movido por volumes, mas, por valores espirituais. Pois, a ocasião não faz o ladrão; apenas desperta ao ladrão que dormia na caverna quentinha da hipocrisia das relações sociais.

Por fim, invés de dar conta de si mesmo no juízo, apenas, podemos nos antecipar pregando esse traidor na Cruz de Cristo. Feito isso, invés de mim mesmo, aparecerá em meu lugar o Justo Salvador; Sua Justiça será imputada a mim, e serei co-herdeiro com Ele.

sábado, 9 de junho de 2018

A Segunda Casa

“Então Salomão congregou em Jerusalém... para fazerem subir a Arca da Aliança do Senhor, da cidade de Davi, que é Sião.” II Crôn 5;2

Então, isto é, após acabar o Templo, bem como, seus móveis necessários ao serviço; depois de tudo pronto, a Arca da Aliança foi buscada por ordem de Salomão. Ainda que, “Deus não habita em templos feitos por mãos humanas;” a Arca era um objeto sagrado, símbolo da Santa Presença; deveria sim, ser tratada com mais alta reverência.

As paredes da “casa” onde O Eterno anela habitar são revestidas com amor; “Jesus respondeu, e disse-lhe: Se alguém me ama, guardará minha palavra e meu Pai o amará; viremos para ele e faremos nele morada.” Jo 14;23

Diferente das falas vazias que ouvimos alhures pretendendo falar de amor, esse não é tão sentimento assim, que possa existir prescindindo de um comprometimento com o seu objeto; “... se alguém me ama guardará Minha Palavra...” Assim, se, o amor a Deus é o primeiro mandamento, tanto na Antiga, quanto, na Nova Aliança, esse demanda como demonstrativo de autenticidade o compromisso com a Palavra.

Alguns afirmam amar a Deus, entretanto, confrontados com justas demandas da Sua Palavra, presto dizem ser apenas um livro humano. Assim, na calmaria da conveniência acham Deus amável; nos ventos da responsabilidade evadem-se e blasfemam fazendo-O Mentiroso.

Entretanto, diverso do templo feito por Salomão, a vida espiritual após o novo nascimento em Cristo, não carece ser uma obra acabada, perfeita, para que, então, Deus nela habite. É justo, Sua Habitação Bendita, que aviva-nos na consciência, edifica possibilitando conhecer Seu Ensino, consola nas nossas dores, e nos garante Sua assídua presença, quer, passemos pela água, quer, pelo fogo.

Como dissemos, a Arca era símbolo da presença, não, estrita habitação do Senhor, que, certa vez permitiu que fosse tomada pelos inimigos de Israel, quando, fizeram dela um ídolo, invés de um símbolo como era.

Assim, se, a presença da Arca contendo A Palavra do Senhor estava vinculado aos que pretendiam compromisso com Ele, igualmente agora, um mínimo de conhecimento e prática da Palavra se espera de quem pretende ser servo do Senhor. Essa balela do “sirvo a Deus do meu jeito” atua do jeito de Satanás, pois, foi ele que sugeriu e “facultou” tal “autonomia”, ensejando a queda.

Não nos enganemos, pois; quem não tem paladar para a Palavra de Deus, não tem Deus habitando em si. Escrevendo aos “recém nascidos” Pedro ordenou que buscassem a devida “amamentação natural”, para que o bebê não morresse; “Desejai afetuosamente, como meninos novamente nascidos, o leite racional, não falsificado, para que por ele vades crescendo;” I Ped 2;2

E, habitados pelo Santo já, foram comparados a obras em andamento; “Vós também, como pedras vivas, sois edificados casa espiritual e sacerdócio santo, para oferecer sacrifícios espirituais agradáveis a Deus por Jesus Cristo.” V 5

Assim, o “leite” é para os novos convertidos; os edificados um tanto já precisam dieta mais sólida; aprofundamento; “Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça; é menino.” Heb 5;13

Esse aprofundamento certamente nos enriquecerá com o Conhecimento de Deus; necessariamente impactará nossas vidas, de modo a exceder nossos limitados templos, em busca de novos servos para Deus. “Vós sois a geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para sua maravilhosa luz;” I Ped 2;9

Tendo já feito pelo Espírito Santo, o ditoso percurso, “das trevas para a Luz”, o mínimo que se espera é que sejamos cooperadores para indicar o caminho a outros alvos do Amor Divino.

Esses que acenam a conversão como bilhete lotérico para “melhorar de vida,” a rigor, são patifes mentirosos que jamais conheceram Deus.

No âmbito pessoal passamos da morte para a vida; ou seja, recebemos vida nova; no funcional, no Corpo de Cristo, é para que laboremos pelo Reino Daquele que “nos amou primeiro” como forma de correspondência e gratidão por Seu amor; assim, “Buscai primeiro O Reino de Deus e Sua Justiça...” a busca prioritária das demais coisas é indício de alienação do Deus Provedor.

Enfim, se no primeiro Templo era preciso acabar antes da Santa Presença, agora, carecemos dela desde o início, para que haja templo e sejamos aperfeiçoados. “Tendo por certo isto mesmo, que, aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até ao dia de Jesus Cristo;” Fp 1;6

A primeira casa, a natural foi edificada com os refugos do mundo ímpio; a segunda, após o novo nascimento em Cristo, precisa ser feita nos Divinos parâmetros da Sua Palavra, só assim, “A glória da última casa será maior do que a da primeira...” Ag 2;9

terça-feira, 5 de junho de 2018

O Desprezo por Sophia

“Come mel, meu filho, porque é bom... é doce ao teu paladar. Assim será para tua alma o conhecimento da sabedoria; se, a achares, haverá galardão para ti, não será cortada a tua esperança.” Prov 24;13 e 14

Como mel ao palato seria à alma, a sabedoria. Lembro um amigo que, criticando meu uso de molho de pimenta na comida dizia: “Paladar estragado”. Pois, observando a geração atual e seus laços com o saber a impressão que dá é que tem problemas de paladar.

Quando entram num pleito qualquer, pouco importa se os argumentos, (quando usam) têm violação lógica, perversão dos fatos, ou, desonestidade intelectual; se, o mesmos servem de arrimo às suas paixões, agarram-se a eles como tábua de salvação, ou, arma de ataque ante oponentes.

Em questões de saber, nenhum é uma obra acabada; todos nós estamos na escola. Quem se recusa a rever posições, se, convencido por argumentos opostos, ou, mesmo, a ouvi-los, assemelha-se ao cavalo com tapa olhos, ao qual apenas a visão que interessa ao seu dono é permitida. Desse calibre, os fanáticos políticos, religiosos... Ora, um homem intelectualmente livre não tem donos; tem princípios, valores, ética.

“Tudo o que sei é que nada sei” célebre frase de Sócrates, que, nem sempre é bem compreendida; ele sabia muito; era tido como o mais sábio de Atenas. Isso era o cerne de seu método de ensino, que estimulava os pupilos a chegarem a conclusões por si mesmos, invés de seguirem cegamente um guru que lhes dissesse como as coisas são a despeito de entenderem que são, deveras, assim.

Ele sempre desprezou a retórica persuasiva e vazia dos sofistas que produzia crença sem ciência; fé sem entendimento. Então, quando um deles elogiava um valor qualquer, justiça, nobreza, verdade, etc. o filósofo colocava-se como aprendiz do tal, enchendo-o de perguntas para que, ele falasse de si mesmo, o que entendia ser a virtude que esposava.

Caso se revelasse impreciso, ou, ignorante do que afirmava, ele, sempre com o método dialético levava ao aprendiz a descobrir sua incoerência ou imprecisão em suas próprias palavras, ao responder questões paralelas, cuja lógica servia de modo diáfano, ao assunto em apreço.

Resumindo: Ele não queria produzir crença sem ciência, tipo; vão por mim, sei o que digo. Antes, queria exercitar os cérebros aprendizes de modo que, tivessem participação ativa se fizessem “co-autores” do próprio saber, invés de meros papagaios repetidores de sons ouvidos alhures.

Afinal, se, como disse Salomão, Sabedoria acarinha ao “palato” da alma com sabor de mel, seria egoísmo de Sócrates se ele furtasse seus discípulos desse deleite.

Dois sintomas de ignorância saltitam nos perdigotos da geração atual; são espinhosos, avessos ao ensino; e, ignorantes engajados, repetidores de mantras que sequer conhecem o real sentido. Algo de muito errado há em nossa educação.

Isso no prisma filosófico; ortografia é melhor nem falar. Cheias estão as redes sociais de, “fica na sua, não se meta com minha vida, pague minhas contas ou cale a boca”, etc. isso e muito mais, que, como sebe de espinhos guarda o castelo dos apedeutas, onde, príncipes e princesas da ignorância não querem ser incomodados.

Porém, caso ousem altercar com outrem, e ousam muito, como não podem pilotar a clássica nave dos argumentos, usam a tosca funda de atirar mantras, chavões; “Fascista, nazista, homofóbico, reaça, fundamentalista, radical, burguês, elitista...”

Intentar debater com eles usando método filosófico que prima pela honestidade intelectual, que faz concessões aos fatos e aos bons argumentos é perder tempo. Nada disso tem valor ante tais sábios que não passam de robôs de vomitar mantras, convencidos que são o supra-sumo da politização; e quem não comunga das suas bandeiras só pode ser um “analfabeto político.”

Sempre recorro a Plutarco: “A mente não é um vaso para ser cheio; é um fogo a ser aceso.” Esses têm seus vasos repletos de velharias acumuladas em bancos escolares; foram privados de acender o fogo do saudável raciocínio.

Os que dizem que a fé e cega imaginam erroneamente que Deus anseia um amontoado de robôs programados para dizer: “Eu creio”.

Antes, nos deu Sua Doutrina, exortou-nos a aprender, e adverte que sem isso seremos destruídos. “O meu povo foi destruído, porque lhe faltou o conhecimento; porque tu rejeitaste o conhecimento, também te rejeitarei...” Os 4;6 e “... os lábios do sacerdote devem guardar o conhecimento; da sua boca devem os homens buscar a lei...” Mal 2;7

Além da aversão ao saber, aprenderam aversão a Deus e Sua Palavra; Perguntemos a um viciado se ele prefere cocaína, ou, mel... Assim está essa geração de paladar estragado.

“Oh! quão doces são tuas palavras ao meu paladar, mais doces do que mel à minha boca.” Sal 119;103

domingo, 3 de junho de 2018

Dormindo com o Inimigo

“Desde então muitos dos seus discípulos tornaram para trás; já não andavam com ele. Então disse Jesus aos doze: Quereis vós também retirar-vos?” Jo 6;66 e 67

Como seria se nós começássemos a pregar para uma multidão, que, pouco a pouco fosse se dispersando ao ouvir-nos? Quantas inquietações! Questionamentos. Onde foi que errei? O que houve com minha unção?

Pois, como vemos acima, isso aconteceu com O Senhor; falara para uma multidão que o buscara rasteiramente, por anseios do ventre, não, da alma; ao ouvir uma mensagem que julgou dura demais, começou a se dispersar. Todavia, invés dos medos que nos poderiam assaltar, O Salvador dirigiu-se aos mais chegados e perguntou: “Quereis vós também retirar-vos?”

Uma das mais sutis tentações do ministro do Evangelho é a do desempenho, da performance. Sem perceber que isso de “arrasar”, “rasgar a boca do balão”, “abafar”, é uma “moral” do mundo, cujo sucesso se mede por reles quantidade, a despeito da qualidade, tendemos a buscar essas coisas vãs.

Ocorre-me uma frase de Spurgeon: “Preocupe-se mais com a pessoa para quem olhas, que, com seu modo de olhar.” Noutras palavras: faça-se entender, invés de se fazer aplaudir. Muito fácil é ecoarmos Pedro, quando, ele disse que vale mais agradar a Deus que aos homens; entretanto, transportar isso para o teatro das ações, aí, não é tão fácil assim.

Nossa dupla natureza pós-conversão traz em seu bojo o “Publicano” que reconhece a própria indignidade, e o “Fariseu” religioso, cheio de si, presumindo que agrada a Deus apenas por sua “bondade”. Quando nos achamos merecedores de algo, ou, que nosso ministério é um fim em si, furtamos ao Senhor; saímos da honrosa posição de “amigos do Noivo”, para a baixa patifaria de traidores.

Infelizmente, é de nossa natureza frágil, a propensão pra se inclinar ao engano mortal, desde que, doce, invés, da sobriedade que protege, pois, nos parece amarga. Deus dissera antes do pecado que não incorressem nele, pois, morreriam; o inimigo fez uma “reengenharia” no projeto e disse que não morreriam; quem foi ouvido pelo primeiro casal?

Como o nome de um antigo filme, vivemos, “dormindo com o inimigo”, uma vez que nossa natureza permanece nos assediando mesmo depois de convertidos, e, “... a inclinação da carne é inimizade contra Deus, pois, não é sujeita à lei de Deus, nem, pode ser.” Rom 8;7

Nenhum pregador, por santo que seja logrará um purismo, tal, em sua mensagem, de modo que sua fala seja cem por cento, Palavra de Deus. Muitas palavras meramente humanas são necessárias, como vasos são necessários para acomodar produtos. Paulo usou essa figura, aliás: “Temos esse tesouro em vasos de Barro”.

Parece-me didático compararmos a um comprimido, onde, a maioria do volume é polvilho, ou, afim, e apenas uma minúscula parte é o princípio ativo. Assim, nossas mensagens, sejam escritas, ou, faladas; há muito de “polvilho” e, um tantinho da substância milagrosa que cura, a Palavra de Deus.

Entretanto, se, essa substância vital estiver presente, a eficácia esperada se verificará. O problema de eventuais ministros auto-idólatras viciados em desempenho, é que tenderão ao abandono da mesma, se, imaginarem que essa pode comprometer sua aprovação. Aí, seu “comprimido” por vistoso que seja não passará de um placebo, capaz de certo abalo psicológico eventual, mas, inútil no objetivo de levar salvação.

Não que seja problema, um ministro ser loquaz, versado na Palavra, retórica, na arte de convencer pessoas; isso devidamente utilizado é uma bênção; porém, acho que foi George Miller que disse: “Não há limites ao que Deus pode fazer através de um homem; desde que, ele não toque em Sua Glória.”

Por talentoso que seja carece reconhecer que a fonte disso é a Bendita Graça do Senhor. Sempre é oportuno lembrar que Satanás tornou-se o que é não por ser feio; mas, por achar que sua formosura já o fazia igual ao Todo Poderoso; “Elevou-se teu coração por causa da tua formosura, corrompeste tua sabedoria por causa do teu resplendor; por terra te lancei, diante dos reis te pus, para que olhem para ti.” Ez 28;17

O sucesso de um ministério tem a ver com, quanto ele se alinha à Vontade Divina, não, às pessoas que atrai. Deus avisou de antemão a Ezequiel que seu trabalho seria inútil, mesmo assim, o mandou ir; “... a casa de Israel não te quererá dar ouvidos, porque não querem dar ouvidos a mim...” Cap 3;7

Ele falou “às paredes”, mas, teve seu ministério aprovado.

Enfim, quem se importa com aplauso da Terra, usufrua-o plenamente; é esse o fruto do seu trabalho.

“Ter fé é acreditar naquilo que você não vê; a recompensa por essa fé é ver aquilo em que você acredita.” Santo Agostinho

sábado, 2 de junho de 2018

A Falsa Liberdade

“Jesus dizia aos judeus que criam Nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, verdadeiramente sereis meus discípulos; conhecereis a verdade e a verdade vos libertará.” Jo 8;31 e 32

O Senhor dizia isso aos que já criam; o fato de se pode crer sem conhecer, talvez, tenha dado azo à afirmação que a “fé é cega”. Entretanto, pautando nosso modo de vida pela que cremos, “... permanecerdes na Minha Palavra...” isso faculta que passemos a ver algo precioso: “... conhecereis a Verdade...”

O Senhor desafiou aos que queriam saber a origem de Sua Doutrina, não tendo estudado; “... Minha doutrina não é minha, mas, daquele que me enviou. Se alguém quiser fazer a vontade Dele, pela mesma doutrina conhecerá se ela é de Deus...” Cap 7;16 e 17

Ao dizer, “verdadeiramente sereis livres.” V 36 implica a existência de uma falsa liberdade. Se, para nos livrarmos dela carecemos permanecer nas Palavras do Senhor, e, Sua Palavra diz: “Negue a si mesmo”, necessária se faz a conclusão que é o “si mesmo” o feitor da escravidão travestida de liberdade.

A pretensa autonomia mal educada dos que dizem, “não se meta com minha vida, faço o que quero,” é o eco atual da “Bíblia” de Satã escrita no coração humano imprudente: “Vós sereis como Deus sabendo o bem e o mal”.

Entretanto, os verdadeiramente livres encontram seus limites na consciência alheia; de modo que a um veramente convertido não é lícito dizer: “Faço o que quero e pronto. Só de palpites em minha vida se pagares minhas contas.” Isso seria discurso de uma alma prostituta que se vende por dinheiro.

Importamos-nos com quem amamos; somos desafiados a amar mesmo, aos inimigos; isso não nos dá direito de ingerir em suas decisões, suas vidas; mas, nos constrange a falarmos de Cristo, para que outros também conheçam como nós, a liberdade que só Ele propicia.

Como cidadãos terrenos temos rivalidades, divergências em assuntos daqui; nas coisas “que são de cima” o impacto é maior; enfrentamos ferrenha oposição; alguns, são mortos por não abdicarem da fé, como tantos já foram; ainda são, em mãos de radicais islâmicos sobretudo.

Como o mundo é uma mescla de crentes e ímpios, muitas vezes, nossa liberdade espiritual nos leva a restrições físicas, psíquicas, e legais, até.
Na verdade, liberdade absoluta, nem O Criador usufrui; uma vez que É “refém” da Sua Própria Integridade; “...Viste bem; porque eu velo sobre minha palavra para cumpri-la.” Jr 1;12

Assim, minha liberdade em relação ao próximo delimita-se à sua consciência; não posso feri-lo. “Todas as coisas me são lícitas, mas, nem todas convêm.” Em relação ao inimigo, estou numa posição, colocado por Cristo que não preciso mais obedecê-lo, antes, posso resistir; “Sujeitai-vos, pois, a Deus, resisti ao diabo; ele fugirá de vós.” Tg 4;7

Em relação ao Senhor, malgrado o lugar de servo, eterno devedor, sou guindado à condição de amigo; de quem acessa Seus segredos; “Já vos não chamarei servos, porque o servo não sabe o que faz seu senhor; mas, tenho-vos chamado amigos, porque tudo quanto ouvi de meu Pai vos tenho feito conhecer.” Jo 15;15

Paulo apresenta uma consciência boa “soterrada” no lixo do “si mesmo” escravo do pecado; mesmo anelando fazer a coisa certa sucumbe ao feitor; ”Porque o que faço não aprovo; pois, o que quero não faço, mas, o que aborreço isso faço. Se, faço o que não quero, consinto com a lei, que é boa. De maneira que agora já não sou eu que faço isto, mas, o pecado que habita em mim.” Rom 7;15 a 17

O “eu” verdadeiro escravizado ao pecado; as boas intenções sem “combustível” para andar, e o corpo do pecado deitando e rolando. Quem já identificou esses conflitos em si mesmo há de saber apreciar devidamente a Liberdade de Cristo.

Assim, a verdadeira liberdade tem limites, restrições, mas, não impostas por um usurpador indigno; antes, pelo bendito anseio implantado em nós pelo Espírito Santo, de correspondermos ao Amor de Deus.

Alguns céticos associam as dores, crueldades do mundo a não existência de Deus; pois, se existe e É Amor, não permitiria tal. Ora, essas coisas provam exatamente o contrário; que Ele Existe e É quem diz Ser. O amor não força ninguém a nada que esse não queira; e como Deus ama também à justiça, necessárias se fazem as consequências das nossas escolhas.

Se Ele não reconhecesse ser aqui um lugar de dores, sofrimentos teria enviado Um Libertador a tão alto preço? No fundo, as pessoas querem o que Deus dá, alienados do que Ele É; o “si mesmo” não quer largar o trono do engano.

Acostumaram de tal forma à prisão, que gostam dela; temem ser livres...

sexta-feira, 1 de junho de 2018

Intervenção; mal necessário

A imensa maioria despreza à classe política atual; Acha obsceno que um deputado chegue a 122 mil no total dos vencimentos;

indecente que um Senador disponha de 72 assessores;

perdulário um Congresso com quase seiscentos membros;

vergonhoso um STF tributário a indicações políticas, que atua contra a justiça, não à favor;

antiético os salários extraordinários, décimo terceiro, quarto, férias;

atentado ao pudor a bilionária verba de campanha que usam para mentir pra nós, etc.

As razões são inúmeras do descontentamento popular, sobretudo, porque, malgrado, a vida de marajás que os “representantes do povo” levam, a contrapartida em serviços é pífia; com uma semana que começa terça e acaba quinta; e quase nada fazem no auge do seu “trabalho” haja vista a situação deplorável do país.

Por essas e outras é consenso que uma mudança deve acontecer, pois, o povo trabalhador laborar quase meio ano só para sustentar o Estado mastodôntico como está, inverte a posição do carro e dos bois; digo; o Estado que deveria ser um meio de assistir aos legítimos anseios públicos torna-se um fim em si mesmo.

Sabedores desse anseio, os políticos, mestres na arte da enganação acenam com a tal “reforma política” que colocaria as coisas no lugar. Pois bem, movem-se dez metros nessa direção, e o quê cogitam? Enxugar a máquina, cortar privilégios, rever posturas antiéticas? Não. Falam de certo voto em lista onde eles decidiriam quem seria eleito, não, os eleitores; aumentam a famigerada verba de campanha e não passam disso.

Ameaçam caçar um elefante, mas, não matam nem um ácaro. Patifes enganadores, carreiristas baratos, engessados pela cobiça e pelo comodismo.

Mas, logo ali teremos eleições e poderemos mudar isso tudo pelo voto. Será? Bolsonaro tem contra si o ódio da mídia, aversão dos comunistas, medo dos corruptos, e o fato que, o sistema como está, mesmo vencendo dificilmente poderá fazer o que pensa; não comprando apoio dos corruptos habituados a vendê-lo, terá o boicote do monstro faminto que come metais.

Tirando ele, resta no horizonte, Guilherme Boulos, Manuela, Ciro, Marina, Amoedo, Alckmin... precisamos construir um arranha-céus; temos matéria-prima para uma palafita.

Aí, os cidadãos cansados de esperar que galinha escove os dentes, acabam voltando seu olhar para os militares; passam a desejar uma intervenção.

No entanto, presto surgem alguns “democratas” daqueles que ensinaram que houve ditadura militar onde tudo era proibido e alguns chegam a zombar dizendo que, quem quer ser governado pela polícia basta cometer um delito e ser preso. Desgraçadamente viemos sendo governados por ladrões há décadas, mas, isso não incomoda esses filósofos modernos expoentes do pensamento crítico.

Essas coisas que precisam ser feitas para higienizar Brasília jamais serão por aqueles que se locupletam com o sistema como está. Uma intervenção não significa ser governado pela polícia; Nos dias dos militares havia eleições municipais e para Deputados e Senadores; Só o Executivo Estadual e Federal era escolhido por eles.

Cidadãos ordeiros nada tinham a temer; arruaceiros e terroristas, sim. Ah, mas, tinha censura. Tinha. Pornografia na TV, por exemplo, não era como agora em horário nobre.

Esse negócio de ver o diabo nos limites e Deus na “Liberdade de Expressão” merece uma análise também. Gleisi Hoffmann e outros do mesmo calibre chamaram Sérgio Moro de Canalha, Golpista etc. Isso não é liberdade de Expressão; é desrespeito de gente baixa que ficaria bem atrás de uma “hashtag”.

Além do mais, os esquerdistas que acusam militares disso, não têm problema nenhum com censura; basta ver a forma irrestrita com que apóiam Cuba e Venezuela, onde “La prensa” só diz o que o chefe manda. Seu problema é que viram “democratas” na oposição e déspotas totalitários, no poder.

Claro que uma intervenção terá efeitos colaterais; mas, estou certo que na relação custo benefício, a país lucrará muito. Só de por um torniquete no sangramento contínuo da corrupção já será um golaço.

Cidades pequenas nem verão militares nas ruas, seguirão com seus governos. E, espero que seja algo transitório, que prenda essa casta envelhecida de corruptos, exproprie o que for encontrado do que roubaram, acabe esse mosaico de prostitutas que se tornou nosso elenco de partidos; forje um Estado enxuto, que preste contrapartida justa aos impostos que cobra, e que cobre bem menos.

Os que acham possível que as raposas criem leis protegendo galinhas, digo; que podem limpar a coisa com o esfregão do voto, boa sorte. Tomara que Papai Noel seja bonzinho convosco e vos leve a um passeio de trenó; quanto a mim, não espero que a mula-sem-cabeça acene as orelhas, nem que o saci cruze as pernas.

São menos violentas as armas explícitas, cuja mera presença adverte do risco, que as canetas assassinas que em oculto derramam sangue inocente.