“Mas, a sabedoria que vem do alto é, primeiramente, pura,
depois, pacífica, moderada, tratável, cheia de misericórdia e de bons frutos,
sem parcialidade, e sem hipocrisia.” Tg 3;17
Dentre as muitas qualidades da “Sabedoria do Alto”, me
ponho a pensar sobre as duas últimas do rol; “Sem parcialidade, sem hipocrisia”.
Todos os defeitos são danosos, mas, esses dois, em especial. Ora, nos muitos
aspectos que abrangem a vida humana, em nenhum, as pessoas são mais parciais do
que o são, na política.
Afinal, essa é feita de partidos, que, como o nome sugere,
são apenas partes do todo, fragmentos pequenos, ou, em caso de bipartidarismo,
como nos Estados Unidos, aproximadamente a metade do bolo.
Vemos no, atuar dos
políticos, invariavelmente, eles, pondo em relevo suas pretensas qualidades,
bem como, realçando os defeitos imputados aos adversários. Notem que tanto defeitos
quanto, virtudes, carecem condicionais como, pretensa, e imputados, pois, no
altar da política a primeira vítima imolada é sempre a verdade, de ambos os
lados. Assim, é justo a infecção da parcialidade que pede ajuda para sua irmã
gêmea, a hipocrisia.
Os que veem na eleição de Trump para a Casa Branca, um
acidente pontual, um tiro no pé, dado pelo eleitorado, americano, esquecem de
considerar que, não foi só o presidente que venceu, mas, os republicanos fizeram
ampla maioria para o Senado e para a Câmara, de modo que, explicações simplistas,
nada explicam.
Os democratas, sabemos, estão no poder há oito anos, e, se
após isso, receberam tal “crítica” dos cidadãos de lá, quanto mais defeitos
alistarem no vasto cartel de Trump, mais incisivos ficam os erros cometidos
pelos partidários de Obama, pois, preferiram aquele a esse, e sua indicada,
malgrado os muitos lapsos do vencedor. Para fazer uma análise imparcial,
pois, os democratas devem ter feito péssimo trabalho, o que os levou a perderem
assim, para alguém, tão ruim.
Ao terem que escolher entre um machista e uma abortista,
talvez, as pessoas tenham pensado no mal menor. Entre o gayzismo e o conservadorismo,
uma sociedade conservadora tende a marcar sua posição, malgrado a avalanche
midiática que tentou empurrar goela abaixo, a candidata mais liberal.
A mim não interessa colar em Trump virtudes que ele não
possui; tampouco, defeitos em Hillary. Estou tentando, vendo de fora, fazer a
análise mais imparcial possível, do que teria levado os americanos a escolher
dessa forma.
Ninguém trai a si mesmo conscientemente, pode se enganar na
avaliação, mas, escolhe sempre o que lhe parece melhor. Se, as “favas contadas”
do “IBOPE” de lá deram outra conta, possivelmente, esses vícios da parcialidade
e hipocrisia atingiram institutos de pesquisas também.
Acho estranho os que acusam Trump de racista concluírem que
seu potencial eleitoral adveio de “brancos, ignorantes, acima de 45 anos, de
áreas rurais”. Ora, isso reduz seu “curral eleitoral” a menos de 5%, nem no
subdesenvolvido, Brasil, chagariam a tanto, e ele fez mais de 50%, portanto,
nessa análise, mais traços da parcialidade e da hipocrisia. Explicações
alicerçadas em preconceitos, para explicarem a vitória do preconceituoso, aí, não
dá.
O fato continental é que, depois de uma guinada à esquerda
da América Latina, e do Norte, pois, os democratas são a esquerda possível, por
lá, depois disso, digo, a Argentina mudou, o Brasil deu mostras disso na última
eleição municipal, Venezuela também, de modo que o continente vai
gradativamente “endireitando” de novo, numa espécie de dialética hegeliana,
onde cada período é uma “tese” social, sucedido de sua antítese.
Se, a esquerda teve sua vez e deixou a peteca cair,
certamente não foi por nenhum “golpe” como bradam certos jumentos de cá, antes,
porque se revelaram incompetentes, melhores de marketing, que, de trabalho. Cidadãos
satisfeitos são eleitores fiéis.
No Brasil, temos o legado de 12 milhões de
desempregados, e uma dívida de 170 Bilhões, fraudes e mais fraudes nos
programas sociais, corrupção no superlativo. Na Venezuela o povo causa tumultos
nas ruas, pois, há fome e escassez de alimentos.
Agora, malgrado a manipulação da imprensa e institutos de
pesquisas, os americanos deram um sonoro basta, aos democratas. Alguém disse
que sentimos nas mudanças, certo alívio, ainda que, estejamos mudando para
pior; pode ser o caso nos States. Mas, o desejo de mudar, não deriva da satisfação
com o “status quo”, antes, do descontentamento.
Assim, quanto mais boçal fazem o Trump parecer, mais vergonhosa
a derrota dos seus adversários. Pois, uma coisa seria Grêmio, ou, Inter
perderem um Grenal, derrota para adversário de grandeza similar; outra, ser derrotado
por um timeco qualquer, da terceira divisão. Urge, pois, que os democratas
reconheçam algum defeito em seu legado, quiçá, qualidade no adversário, ou,
concluam que, não obstante sua estirpe puro sangue, foram humilhados por um
pangaré.
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