quinta-feira, 20 de outubro de 2016

O tempo das asas

“Tudo tem o seu tempo determinado, há tempo para todo o propósito debaixo do céu.” Ecles 3;1

Não significa, tal afirmação, um fatalismo cronológico dentro do qual, o homem deixaria de ser arbitrário, antes, uma dimensão espaço-temporal, finita, na qual, deve exercer suas escolhas. Escolhas, essas, que podem abreviar, quando não, dar fim, a esse mesmo espaço.

A “condenação à liberdade” traz como penas as consequências, e, das tais, não podemos nos evadir. Muitos conflitos, dores, derivam de uma má compreensão de nossa situação ante o tempo. Para Sara, esposa de Abraão, por exemplo, passara o tempo para ter um filho; como Deus “falhara” em cumprir Sua promessa, planejou um arranjo periférico tomando sua escrava como “barriga de aluguel.” Ora, é certo que, no prisma da lógica humana, suas “credenciais” maternais não ajudavam, entretanto, quem prometera fora O Eterno, que tem outra relação com o tempo, diverso das coisas criadas, “debaixo do céu”. Onde a lógica fraqueja, a fé tem ocasião de se mostrar mais robusta.

Assim sendo, o “homem natural não compreende as coisas do Espírito de Deus...” devemos “comparar as coisas espirituais com as espirituais.” Nossa relação com o tempo natural está ao alcance de todos. “Sabeis discernir os sinais dos céus...” Contudo, os tempos espirituais, demandam certa relação mais apurada com Aquele que É “Pai da Eternidade.” “Quem guardar o mandamento não experimentará nenhum mal; o coração do sábio discernirá o tempo e o juízo.” Ecl 8;5 Ou, “Muitos serão purificados, embranquecidos, provados; os ímpios procederão impiamente, nenhum dos ímpios entenderá, mas, os sábios entenderão.” D 12;10

Deus privou-nos da data exata do nascimento do Salvador, bem como, Sua volta, pois, a primeira não parece relevante para nossa salvação, a segunda, seja quando for, não irá surpreender aos “sábios”, tampouco, alimentar excitação hipócrita de oportunistas. Dos Seus, Ele espera um relacionamento sadio “full time”, não ao açodo de imediatismos egoístas. “Em todo o tempo sejam alvas as tuas roupas, nunca falte o óleo sobre tua cabeça.” Ecl 9;8

“O tempo fez muito bem a você”, usamos dizer a alguém, cujo decurso dos dias não marcou tanto. Porém, mais, ou menos formosas, as coisas finitas rumam à decrepitude, ao fim. Embora possa ter sua vantagem eventual tecermos um belo casulo, no fim das contas, valerá, com quais asas dele sairemos, o demais, é biodegradável.

Como nossa tênue relação com o tempo oscila frágil pingente pelo fio da vida, é presunçoso deixarmos para amanhã, ou, um futuro indefinido decisões vitais, que respeitam ao “resto” de nosso tempo, a eternidade. Tiago pincelou essa fragilidade: “Digo-vos que não sabeis o que acontecerá amanhã. Que é a vossa vida? Um vapor que aparece por um pouco, depois, desvanece.” Tg 4;14

Em face disso, A Palavra sempre é apresentada com senso de urgência, para ser abraçada imediatamente, e, eventual ouvinte descuidado não ser precipitado no abismo tendo estado na Porta do Céu. “Enquanto se diz: Hoje, se ouvirdes sua voz, Não endureçais vossos corações...” Heb 3;15

É comum as pessoas dizerem a coisa certa pela razão errada. “Viva cada dia como se não houvesse amanhã, como se fosse o último”. Quando atentamos, amiúde, para a intenção das palavras, vemos que, não raro, a ideia é “curtir a vida” dar-se aos prazeres; não, estar espiritualmente preparado para iminente encontro com O Senhor. Invés, de, aproveite hoje como se, tua última oportunidade de salvação, dizem: Peque até à última gota, justifique bem tua perdição.

Muitos são levados por fontes espúrias a crer que, haverá sempre novas oportunidades, reencarnações. Quem não for salvo nesse tempo será noutro. Pode ser mais fácil crer assim, contudo, não é certo. Sem essa que Espiritismo é Bíblico, tampouco, cristão. Dizem que O Prometido Espírito Santo seria a revelação da doutrina espírita prometida por Cristo, mentira!

O Salvador, aludindo ao Espírito Santo disse que, vindo, “Convenceria o mundo do pecado, da justiça, do juízo”, ensinos ausentes no espiritismo; mais: “Vos fará lembrar minhas Palavras”, disse. Nada fora escrito, até então, do Novo Testamento, O Espírito escolheu vasos para isso, e capacitou após.

A salvação depende de “Novo nascimento” sim, mas, nesse mesmo corpo pecaminoso, arrepender-se dos erros, confessar, receber Jesus como Senhor, obedecer. Não se trata de novo corpo para esse espírito, antes, um novo espírito para esse corpo, potencializado pelo Espírito Santo. “O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3;6

Mediante Jeremias, Deus dera tempo e ensinos que teriam salvado seu povo de cativeiro iminente. Não deram ouvidos, nem aproveitaram seu tempo. Não aconteça o mesmo conosco, para não termos que falar como aqueles: “Passou a sega, findou o verão, e nós não estamos salvos.” Jr 8;20

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