quarta-feira, 5 de outubro de 2016

Eutanásia

“Sabendo que brevemente hei de deixar este meu tabernáculo, como também nosso Senhor Jesus Cristo já tem me revelado. Mas, procurarei em toda a ocasião que depois da minha morte tenhais lembrança destas coisas.” II Ped 1;14 e 15

O próprio Pedro interpreta o que pretende dizer com, “deixar este meu tabernáculo”, “minha morte”, diz ele. Fala como homem espiritual, morador no “tabernáculo” do corpo. Se, as coisas sensuais, que atiçam ao arrepio dos desejos, vulgarmente se chamam, “coisa de pele”, as que atinam ao homem interior, que terá vida eterna e desde agora deve buscá-las, são “coisas do espírito”.

Paulo ensinou: “Portanto, se já ressuscitastes com Cristo, buscai as coisas que são de cima, onde Cristo está assentado à destra de Deus.” Col 3;1 Isso não é veto às coisas naturais que necessitamos, antes, prioridade, eco do que dissera O Salvador: “Mas, buscai primeiro o reino de Deus e sua justiça; todas estas coisas vos serão acrescentadas.” Mat 6;33

As coisas atinentes à carne são efêmeras, as do espírito, eternas. “Porque tudo o que há no mundo, concupiscência da carne, concupiscência dos olhos e soberba da vida, não é do Pai, mas, do mundo. O mundo passa, e sua concupiscência; mas, aquele que faz a vontade de Deus permanece para sempre.” I Jo 2;16 e 17

Ah, o homem carnal! Capaz de exibir suas devassidões para que todos vejam; depois, bradar que ninguém tem nada com isso. Jacta-se das algemas na ilusão de que é livre. O clássico avestruz “escondido” na areia. Pensa que o bloqueio dos próprios olhos equivale à visão dos demais.

Sempre que um doente consulta um médico, esse, avalia os sintomas e faz um diagnóstico. Diagnóstico aglutina duas palavras gregas, e significa, “através do conhecimento”.  O “Médico dos Médicos” Jesus Cristo, faz o mesmo com nossas enfermidades espirituais; através do Seu conhecimento, Sua Luz, revela-as, e movido por seu amor, prescreve a cura; contudo, fazermos o tratamento, ou, não, é opcional.

Nossas almas, espiritualmente mortas, carecem nascer de novo, e, para isso, recomenda a “eutanásia” da alma corrupta, ( negue a si mesmo ) pretensa gestora de si mesma, para que em seu lugar seja criada uma nova, submissa e inclinada a conter as insanidades da “pele” em busca de um modo de vida agradável a Deus. “..apresenteis os vossos corpos em sacrifício vivo, santo e agradável a Deus, que é vosso culto racional. Não vos conformeis com este mundo, mas, transformai-vos pela renovação do vosso entendimento, para que experimenteis qual seja a boa, agradável, e perfeita vontade de Deus.” Rom 12;1 e 2

O mais santo homem, ainda possui duas naturezas, carne e espírito, por isso, “sacrifício vivo”, ou seja, uma vontade ainda latente pelas coisas da carne, contida pela força do espírito humano recriado, fortalecido pelo Espírito Santo. Tanto o homem regenerado, pode, e muitas vezes age, carnalmente, quanto, o carnal, pode ser religioso imitador de um modo de vida que, na realidade, não possui. Carnalidades do espiritual são fraquezas de conduta que requerem arrependimento, confissão, abandono.

A “espiritualidade” do carnal, não passa de um cautério psíquico que, sonegando os gemidos da consciência pela justiça de Deus, abafa os lapsos de arrependimento com fartura de religião. Ao renascido, A Palavra de Deus é Lei; transgredida, é pecado; só resta arrependimento; ao religioso, “Todas as religiões são boas, válidas, cada qual pensa de um jeito, etc.”

O vigor do corpo que permite os prazeres da carne tem prazo de validade; como será depois? Notemos que, Pedro, citado ao princípio, desejava que depois de sua morte, ainda vigorassem seus ensinos. Sim, as coisas espirituais não findam com a queda do corpo; na verdade, começam, pois, durante o viço natural a obediência era um fardo, livre do casulo corrupto, será um deleite, um prazer.

Um terço dos anjos criados perfeitos caiu, porque não tiveram “culpa” nenhuma da perfeição; herdaram. Nós, somos chamados a sermos coautores de nosso aperfeiçoamento, sofrendo, durante o processo, as agruras da imperfeição, para que, jamais caiamos na lábia de algum “querubim sedutor”. Os insanos que blasfemam de Deus por que Ele permite dores na Terra, toupeiras espirituais que enxergam setenta metros, e pretendem alvejar coisas que distam anos-luz de seus olhos enfermos.

Desde Moisés, temos a advertência: “As coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus, porém, as reveladas pertencem a nós e nossos filhos para sempre, para que cumpramos todas as palavras desta lei.” Deu 29;29

Vemos que a Revelação é para nossa obediência, não, para que julguemos ao Todo Poderoso. Quanto mais perto, afetivamente, de Deus, alguém está, mais noção tem, da imensa distância moral, e da própria indignidade.


Muitos, infelizmente, descobrirão demasiado tarde, que casulo não voa.

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