“... Como fala qualquer doida, falas tu; receberemos o bem de
Deus, e não receberíamos o mal?” Jó 2;10
Aos olhos de Jó, esperar apenas facilidades na vida, era uma
perspectiva de doidos, de loucos. Salomão pautou algo semelhante: “No dia da
prosperidade goza do bem, mas, no dia da adversidade considera; porque também
Deus fez a este, em oposição àquele, para que o homem nada descubra do que há
de vir depois dele.” Ecl 7;14
Tanto para Jó, quanto, Salomão, pois, os dias maus em contraponto
aos bons, eram Obra de Deus. Na verdade, o Próprio Salvador, a isso, corroborou:
“No mundo teres aflição, mas, tende bom ânimo, eu venci o mundo”; ou, Isaías, o
profeta, cogitou tempos de absoluta escuridão, na qual deveria nos bastar O
Caráter do Santo, Seu Excelso Nome. “Quem há entre vós que tema ao Senhor e
ouça a voz do seu servo? Quando andar em trevas, não tiver luz nenhuma, confie
no nome do Senhor, firme-se sobre o seu Deus.” Is 50;10
Por que alisto isso tudo? Porque viceja na praça uma “teologia”
capenga, herética, chamada “Confissão da Palavra”, onde, incautos são ensinados
a pegarem determinadas passagens bíblicas e saírem repetindo como robôs, até
que, “a esperança ganhe substância, se torne fé”. Coisas que Deus disse, ensinam,
devemos decretar, determinar; as más que chegam a nós, convém rejeitar, pois,
vêm do diabo.
Um dos expoentes dessa aberração é R. R. Soares, que, “baseado” no
texto de Isaías 53 que diz, que o Salvador levou sobre si nossas enfermidades,
os crentes não podem mais ficar enfermos, pois, seria uma ação do maligno. Só
que, o verso seguinte deixa ver de quais “enfermidades” se fala: “O castigo que
nos traz a paz estava sobre Ele, pelas Suas pisaduras fomos sarados.” “Nos traz
a paz...” não, saúde. Claramente trata-se de enfermidades da alma, pecados.
Timóteo tinha problemas de estômago, Trófimo ficou doente, Eliseu, Paulo; todos
eram servos de Deus. Nesse momento que escrevo estou de cama, com febre dor de
garganta; me presumo servo também, embora, da raia miúda.
O problema dessa “teologia”, herege do primeiro ao quinto, é que ela
transforma o paciente em médico, digo, o faz comportar-se como se fosse; coisa
de doido como diria Jó. Imagine que consultemos um clínico qualquer, e, tal,
nos prescreva uma aspirina de seis em seis horas. Invés de a tomarmos, peguemos
a receita e saímos repetindo indefinidamente, o que está escrito: “Uma aspirina
de seis em seis horas.” Hora, esse é o “script” dele, minha parte é fazer o que
ele mandou.
Igualmente, nas coisas de Deus. O Senhor disse: “Bem aventurados
os limpos de coração, porque eles verão a Deus.” Será que, se eu sair “confessando”
isso O verei? Nunca. A receita é “limpar o coração”, não, repetir o que está escrito.
Mas, como fazer isso? Essa pergunta já foi feita e respondida; “Com que
purificará o jovem seu caminho? Observando-o conforme tua palavra.” Sal 119;9
devemos, pois, caminhar, andar, agir, segundo A Palavra, não repetir o que ela
diz.
Interessante é que, tais “Mestres” escolhem a dedo quais passagens
devemos “confessar”. Textos como: “Não há um justo sequer”, “Enganoso é o coração,
mais que todas as coisas, perverso.” “Não há um bom, senão, Deus;” ou, mesmo, “No
mundo tereis aflições”, esses não; afinal, seriam “negativos”. Negativos ou,
positivos, são verdade. Quem a teme, jamais vai se aproximar deveras, de Deus.
Em momento algum O Altíssimo tencionou que fizéssemos da Sua
Palavra, “matéria prima” para mantras, antes, depois de rejeitarmos às más
influências baseássemos dela, nossa reflexão, para pautar ações, caminhos. “Bem
aventurado o homem que...tem o seu prazer na lei do Senhor, na sua lei medita
dia e noite.” Sal 1;1 e 2
Enfim, qualquer ensino, por ortodoxo que pareça, se, substituir a obediência,
santificação, por técnica, é blasfemo, pois, supõe que O Todo Poderoso seria
manipulado por vermes indignos como nós.
Certo é que, no caso de Jó
era mesmo o inimigo causando aflições, porém, com permissão de Deus. Se, para
um íntegro como Jó O Eterno permitiu, por que seria diferente conosco? É vero
que, Deus “Faz com que todas as coisas contribuam juntamente para bem dos que O
temem”, contudo, apenas Ele sabe o que, no final se revelará nosso bem.
Tendemos a chamar assim, ao bom, como crianças que preferem
alimentos feitores de obesidade, aos, saudáveis. Priorizar o que necessitamos
invés do que desejamos é Ele que faz soberanamente, não recebendo “ordens” da
Terra. Deprimente ver multidões ofertando seus aplausos e “améns” a esses
perversos. A mulher de Jó falou como doida, esses, agem como tais. “Os loucos às
vezes se curam, os imbecis, nunca.” Oscar Wilde
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