“Ele ( O Senhor ) reserva a verdadeira sabedoria para os
retos. Escudo é para os que caminham na sinceridade”. Prov 2;7
O falso imitando ao verdadeiro vem de larga data; na Grécia antiga
tínhamos sofistas combatendo os filósofos; no Israel de antanho, os falsos
profetas opondo-se aos servos do Eterno.
Por que o falso não cria algo original, uma falsidade “zero
kilômetro” invés de sair imitando ao verdadeiro? Bem, ele pode fazer isso,
contudo, amiúde, prefere herdar a reputação, eventuais benesses de algo pronto,
que imita.
Assim, profetas de Baal alegavam profetizar pelo “Espírito do
Senhor”; tanto que, um deles, que feriu a Micaías perguntou por onde passara o
Espírito do Senhor, de si àquele, de modo que profetizasse também. Em nossos
dias, os defensores de suas religiões, por espúrias que sejam, advogam, que
todas são boas, no fim, levam a Deus. Poderiam dizer que é mero hábito cultural,
com fito de viver melhor, mas, no fim do arco íris, o foco seria a relação com
Deus.
Ora, religiões, por úteis que pareçam, são resultado de esforços
humanos na tentativa de, à humana maneira, abrirem caminho rumo a Deus. Jesus
Cristo é o Amor Divino manifesto, O Próprio Caminho aberto, trazendo junto
“placas de sinalização”, Sua Palavra, que orientam nossa caminhada.
Estabelecido isso, os falsos que não abdicam de suas naturezas
perversas, sabedores da reputação do Salvador, disseminam suas falsidades “em
nome de Jesus”, pois, assim, ante incautos ganham o desejado prêmio de parecer
verdadeiros.
O surrado, “aparências enganam” tem um paralelo psíquico mais
venenoso ainda; sensações, sentimentos. As pessoas frequentam determinados
antros de heresias, dizendo que lhes faz bem, que sentem-se melhores depois de
ir lá, como se, o alvo de Cristo fosse esse. Ora, o fumante fica nervoso à
abstinência, mas, fumando um, “acalma”; tal “nervosismo” é reflexo do organismo
viciado em nicotina, acusando no “sinal do painel” que precisa reabastecer. O
danoso consegue disfarçar-se de bom em consórcio com a sensação, por ele,
domesticada. Assim, os falsos fazem suas vítimas sentirem-se melhor.
O triunfo do agradável sobre os fatos foi versado por Fernando
Pessoa: “Tens um anel imitado, e vais contente de o ter; que importa o
falsificado, se é verdadeiro o prazer?” Essa mesma lógica se faz algemas de
quem prioriza as enganosas sensações, malgrado, a origem.
Primeiro, sendo eu, mau, tal qual, sou, ao encontrar com Aquele
que não cometeu pecados, terei uma visão mais ampla da minha maldade; um
sentimento de tristeza, arrependimento há preceder, eventual conversão. Feito
isso, a alegria de ser perdoado, os primeiros respiros do novo nascimento;
aprendidos os primeiros passos, concorrem “as aflições de Cristo” das quais, os
salvos são herdeiros também. Não é agradável, é necessário.
Cristianismo não é o império das sensações boas, antes, a escola
teórico-prática do conhecimento de Deus na Face de Cristo, em meio a
perseguições, incompreensões, dores.
O verso inicial adjetiva sabedoria como escudo, arma de defesa. Essas,
são necessárias quando sofremos ataques. Quanto mais próximos do Verdadeiro
estivermos, tanto mais, incomodaremos aos falsos. Um ministro teologicamente
sadio é a “marca d’água” que desnuda imitadores; isso, lhes incomoda.
Pois, se, por um lado, salvação não depende de sabedoria, mas, de
fé, essa, uma vez nascida há de desejar ardentemente conhecer melhor àquele que
se fez seu alvo. A isso está atrelada a vida do salvo; não é mero deleite. “A
vida eterna é esta: que conheçam a ti só, por único Deus verdadeiro, e a Jesus
Cristo, a quem enviaste.” Jo 17;3
Em dias idos, esse lapso foi fatal: “Meu povo foi destruído,
porque lhe faltou conhecimento...” Os 4;6
Quando nos apresentam alguém, normalmente dizemos: “Prazer em
conhecer”, quando, estamos apenas encontrando, falando pela primeira vez;
conhecer é mais profundo e demorado. A gentileza em inglês fica melhor. “Nice
to meet you”. “Bom encontrar você.”
O “problema” de conhecermos melhor a Deus, é que, paralelamente
conhecemos melhor a nós mesmos. Isso incomoda um pouco, mas, pra quem decidiu
“negar a si mesmo” paulatinamente vai entendendo as razões do Eterno. O “cara
legal” que eu pensava ser, é tão ruim que precisa mesmo ser morto, para que
Cristo viva em mim. Minha vida dupla sempre será palco de disputas,
rivalidades. “Mas, como então, ( nos dias de Abraão ) aquele que era gerado
segundo a carne perseguia o que o era segundo o Espírito, assim é, também,
agora.” Gál 4;29
Carne peleja para que escolhamos as coisas que lhe aprazem, inda
que, mortais; Espírito, as que agradam a Deus, mesmo que soem desagradáveis.
Por isso, a sabedoria espiritual não tem conexão com neurônios privilegiados,
inteligência; antes, com caráter, e esse, submisso a Deus. “Ele reserva a
verdadeira sabedoria para os retos.”
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