domingo, 4 de setembro de 2016

Elefante fatiado

Muito mal tem feito ao país essa efervescência política derivada das paixões, de gente alienada que foi pensado por outros, e empresta sua violência a serviço dos seus “pensadores”.
 
Ora, consumado o impeachment de Dilma Roussef, a ordem natural das coisas transfere o Governo para Temer, que era seu vice. Todo o vice é um “plano B”, caso o A encontre impedimentos. Entretanto, são, precisamente os que votaram em Dilma e Temer que saem quebrando tudo e gritando: “Fora Temer!”

Nós, outros, que, não votamos nele, sabendo que é o que temos para os próximos dois anos, torcemos que faça o melhor, pois, a crise econômica está fazendo estragos. Não significa que ele nos representa cabalmente.

Acontece que há um pacto coletivo chamado Constituição, que faz o eleito, governante de todos, mesmo, dos que perderam. Essa balela que o Temer não foi eleito tem tanta lógica, quanto tem, chamar um processo legítimo, constitucional, de golpe.

Mas esperar lógica racional no império das paixões é querer que mamífero bote ovo. Nasceram para tetas, não para asas.

Na sua idiossincrasia, foi um “golpe de direita” contra os “avanços progressistas” que o PT vinha implementando. Ora, a “direita” representada por Temer, Sarney, Renan, etc. viveu vasto concubinato com o PT. Se, são coisas tão excludentes assim, por que se aliavam sempre? Porque, senhores, como bem disse Diogo Mainardi, no Brasil não temos partidos de esquerda nem, de direita, mas, quadrilhas de safados que se unem para roubar junto.

Conhecemos o dito que, se o elefante soubesse da própria força seria dono do circo. O trabalho da maioria desses bravos tribunos tem sido fatiar a sociedade, como fizeram com a constituição no julgamento último, para que, heteros lutem contra gays, negros contra brancos, mulheres contra homens, religiosos contra laicos, nordestinos contra sulinos, etc. Cada um deles escolhe seu “corte” preferido do “elefante” e assume veemente e zeloso seu espaço na Ágora; depois, por trás das cortinas toma seu cafezinho junto e faz piadas chulas para divertir quem fora alvo recente, de sua dura diatribe.

E o povo como a víbora encantada segue dançando conforme a música. Para essa geração de mentecaptos, as palavras significam muito pouco, quase nada. Quem se opõe ao seu sonho de poder eterno é “contra a democracia”; ora, é justo a alternância de poder que oxigena as raízes democráticas de um povo.

O que fariam com as sonhadas novas eleições, se, 90% da população bradou pela sua saída? Provavelmente, dado o desgaste do PT e a recente, super exposição, ganharia Aécio Neves. Que diferença isso faria para eles, ensinados a odiarem tudo o que não seja PT?

Seus feitos maus são tantos que, muitos candidatos deles tentam a camuflagem abdicando da cor vermelha e da tradicional estrela em suas campanhas. Não vai funcionar.

Debatendo com um deles, vereador, que se sentiu ofendido por que eu criticava lideranças nacionais, visivelmente envolvidas em roubo, corrupção, o tal, asseverou que era honesto, exigia respeito. Ora, eu nada tinha dito contra ele. Mas, para ele, criticar seus líderes equivalia a ofendê-lo, tal a idolatria cega. Disse-lhe que não duvidava que fosse honesto, e aconselhei-o que, sendo honesto, como dizia, deveria mudar de partido para não ser associado aos que tantas coisas erradas fizeram. Ficou furioso comigo, me mandou longe.

Tratei-o com respeito dando crédito ao que, ele dizia de si mesmo; e aconselhei a agir como eu agiria, em seu lugar; me tem como desafeto, ameaçou excluir-me do seu Face. Desde então, não falei mais com ele, seria necessário um intérprete.

Não vejo nada de producente nesse romantismo tolo de se encantar por que alguém semianalfabeto foi muito longe. Eu quero que os tais vão pra escola. Presidente da república, senadores, cometendo erros crassos de ortografia? Um mínimo de preparo para a coisa, cáspita!!

Trabalho como mestre-de-obras, não ponho um servente fazer trabalho de eletricista, ou, hidráulico, por exemplo. Cada um faz o que sabe, ou, pelo menos, não faz o que não sabe. Mas, os políticos sabem tudo. O mesmo, pode ser ministro da saúde, da justiça, da educação, espantosa polivalência!

Para um eleitorado “me engana que eu gosto” como o nosso, quanto pior o candidato, maiores suas chances, infelizmente. Nas eleições municipais que vêm aí, o estrago tende a ser menor, pois, dada a proximidade de candidatos e eleitores, votam com certo conhecimento; mas, nas de maior envergadura, cuja abrangência de poder também é maior, o blá blá blá tende a frutificar bem mais.


Urge que o eleitorado pare de se comportar como torcedores de futebol, “nós contra eles”. Somos empregadores contratando gestores para nossos bens. Quem contratar ladrões, incompetentes, não reclame depois, quando descobrir que está sendo furtado. 

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