“Porque Deus não sobrecarrega o homem mais do que é justo,
para o fazer ir a juízo diante dele.” Jó 34;23
Eloquente essa tênue fronteira
que limita ao Soberano do Universo. “Não mais do que é justo...” Ou seja: A
justiça. Pena que essa cerca que “restringe” O Eterno, não baste para conter o
frêmito das paixões humanas. Como seria, se, cada um de nós, não ousasse nada,
além do que é justo?
Para O Santo, multidão não equivale a razão, tampouco,
pobreza a argumento, somente, justiça. Vejamos: “Não seguirás a multidão para
fazeres o mal; nem numa demanda falarás, tomando parte com a maioria para
torcer o direito. Nem ao pobre favorecerás na sua demanda.” Êx 23;2 e 3
Entre nós, paixões clubísticas, partidárias, patrocinam
toda sorte de injustiças; seja, nos fazendo extremamente rigorosos com “eles”,
seja, sendo demasiado indulgentes com os “nossos”.
Não raro, argumentamos segundo a justiça e somos
redarguidos segundo a paixão. Em casos assim, o silêncio se torna o melhor
argumento, pois, só ele possui a eloquência necessária para que possamos situar
devidamente o tolo em sua insignificância.
Claro que coisas imperfeitas demandam mudanças,
crescimento, ou, para usar uma palavra atual, um upgrade, rumo à perfeição. Com
esse fim é salutar o gládio das ideias, cotejar de valores. Entretanto, essa é
a arena onde peleja a justiça. A paixão não labora pelo aperfeiçoamento, antes,
pela afirmação. Sua “matéria prima” é dobrar o outro, nunca a evolução do
próprio apaixonado.
O “nós” e o “eles” de quem tem o amor à justiça como
escopo são o justo x o injusto, estejam esses, sob o lábaro que estiverem.
Ilustrando com nosso contexto político, pouco importa se o corrupto é do PT,
PSDB, PMDB, etc. se for comprovadamente corrupto, há de sofrer a diatribe da
justiça, mediante nós, se, a temos como valor supremo.
Porém, se critico alguém do PT, presto sou identificado
como sendo PMDB, ou, PSDB, pois, a crítica nesse campo, alinha-se a bandeiras,
invés de valores. Sinto vergonha alheia quando, alguém, para defender corruptos
de seu partido acena com a corrupção de outros. Como se essa justificasse
àquela. Que pai ficaria feliz, se, seu filho decidisse consumir Crack, porque
há outros que fazem; ou a filha se tornasse prostituta pelo mesmo motivo? Ora,
assim agem os que defendem seus maus, porque há outros maus alhures. Estúpidos
servos das paixões, inimigos da justiça.
Aos meus ouvidos soa abjeto esse discurso que, “Eduardo
Cunha é Ladrão, portanto, o processo de impeachment, nulo, o PT foi injustiçado”.
Todos os ladrões são maus, injustos, da sigla que forem. Que pague, cada um,
por sua vez, e nos curemos, inda que, tardiamente, de nossa “Síndrome de
Estocolmo” onde a vítima se apaixona por seu algoz.
Ao justo não deve faltar a ousadia da concessão, nem, coragem
de reconhecer eventuais injustiças. Afinal, não vê a justiça como escudo de
pessoas, antes, como instrumento de afirmação dos valores Supremos, de Deus. A
responsabilidade da liberdade, tolhe que sejamos inconsequentes. Noutras
palavras, todos seremos julgados por nossas escolhas, no tempo aprazado pelo
Criador.
O mundo considera “Astros” os que se destacam nas artes,
nos esportes, na política... O Senhor, adjetiva assim, aos Seus cooperadores,
que, secundando Suas Leis, ensinam a justiça, diz: “Os que forem sábios, pois,
resplandecerão como o fulgor do firmamento; os que a muitos ensinam a justiça,
como as estrelas sempre e eternamente.” Dn 12;3
Somos tardos para entendermos as coisas
espirituais. A maneira que foi ordenado a Aarão que abençoasse o povo invocava
sobre ele o “Rosto de Deus”; “O Senhor faça resplandecer o seu rosto
sobre ti, e tenha misericórdia de ti; O Senhor sobre ti levante o seu rosto e
te dê a paz.” Núm 6;25 e 26
Como devemos entender o resplendor da Face de Deus sobre Seus
abençoados, se, Deus é Espírito? A mesma Palavra ensina: “Quanto a mim, contemplarei a tua face na justiça; eu
me satisfarei da tua semelhança quando acordar.” Sal 17;15
Assim, a bênção de Deus sobre nós, outra coisa não é, senão,
nos ensinar a andarmos em justiça; capacitar mediante Seu Espírito Santo, que
assim andemos. As coisas materiais, via trabalho estão ao alcance até dos
injustos.
A paz de espírito, o silêncio de uma consciência pura, porém, apenas
os que praticam a justiça usufruem. “O
efeito da justiça será paz, a operação da justiça, repouso e segurança para
sempre.” Is 32;17 Aos demais, agitação e sujeira, segundo o mesmo profeta: “Mas,
os ímpios são como o mar bravo, porque não se pode aquietar; as suas águas
lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus.” Is 57;20
e 21
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