“Nada mais
cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem
grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem.” Nélson Rodrigues
Frequentemente se ouve que religião e
política não se discute. Depende o que se considera discutir. Alienação nesses
casos empresta penas de ganso aos travesseiros dos falsos profetas e corruptos.
Se, por discutir entendemos debater racionalmente, buscando entender causas e
consequências, pode ser produtivo, iluminar.
Porém, se a coisa resumir-se a mero
apego apaixonado, melhor evitar mesmo. O apaixonado é como o corno que,
advertido, se volta contra quem o avisa, invés da devassidão da esposa infiel.
Em que consiste a paixão? “Oriunda do latim, passionis, que significava
"passividade", "sofrimento...” Em suma, é um estado de ânimo que
não tenho, antes, ele me tem; à medida que, sob sua influência não mais domino as
ações. Como um paciente no hospital, (palavra da mesma raiz) estou totalmente a
mercê de médicos, enfermeiras.
Geralmente nos apaixonamos por algo quando nos parece belo,
desejável; no prisma religioso, um mensageiro fiel há de chamar seus ouvintes à
cruz; não soa simpático isso. Embora seja medicinal, ensejando saúde espiritual
nos que lhe ouvem, jamais gerará paixões, por sua gravidade, sobriedade. Um
falso profeta que promete o Céu na Terra conseguirá defensores apaixonados.
Se, o escopo for político, menores as chances, de um sujeito
ético, probo, que tem que lidar com uma realidade adversa ensejará paixões;
probo que é, será verdadeiro; dirá de antemão das medidas amargas que tomará se
eleito; por isso, tende a não ser.
Assim, quanto mais safado, desonesto intelectual for o
postulante, maiores as chances de atrair seguidores apaixonados. Soren
Kierkergaard disse: “Para dominar as multidões basta conhecer as paixões
humanas, certo talento e uma boa dose de mentira.”
Assim, aos olhos de um
povo cretino, quanto mais cretino o líder, mais amado. “O fato de que muitos políticos de
sucesso são mentirosos, não é exclusivamente reflexo da classe política; é
também um reflexo do eleitorado. Quando as pessoas querem o impossível somente
os mentirosos podem satisfazê-las.” (Thomas Sowell)
Se alguém está pensando, a esta altura, que isso
explica o sucesso eleitoral de Lula e Dilma, explica. As amplas e comprovadas
denúncias da infidelidade de ambos, só tem aquecido mais seus defensores apaixonados,
que mesmo em pleno Palácio, não se furtam de ameaçar pegar em armas, invadir
propriedades, boicotar avenidas, “incendiar o país” como dizem, em “defesa da
democracia”.
Ora, nada de inconstitucional está sendo tramado; se
estivesse, como conviria, no caso, não seria de domínio público, tampouco, com
rito estabelecido pelo STF, como foi o processo do impeachment. Os líderes que
ascenderam nas asas da mentira, como abririam mão dela agora, que, por estarem “no
pincel” precisam seu amparo desesperadamente?
Se Lula e Dilma dissessem que as “Pedaladas Fiscais”
não existiram, e fosse possível comprovar isso, ou, ao menos, verossímil, seria
uma defesa aceitável, algo a se investigar, debater. Agora, dizer que,
existindo, não configuram crimes de responsabilidade, contrariando ao texto
constitucional, e que, portanto, impeachment “é golpe”, tecnicamente significa
incorrer noutra culpa que também é passível de impedimento: Improbidade. Basta
ler o texto constitucional.
Mas, quem tolera de dentro do palácio governamental,
ameaças à ordem social, pior, estimula ao açodar ânimos apontando uma
ilegalidade que inexiste, como se poria a pensar em coisas comezinhas como
probidade, idoneidade? Como alguém que, ao cair na areia movediça afunda mais
rápido, tanto quanto, mais se debate, assim o PT, quanto mais “se defende”,
mais culpado se faz.
Os métodos “democráticos” ao buscarem apoio também
estão revelando que eles pretendem se lavar com lama. A aprovação do
impedimento acabou se tornando questão de tempo. Não se trata de paixão
política por adeptos de um partido oposto; antes, indignação cívica,
apartidária, de cidadãos revoltados com tanta corrupção, roubalheira, cinismo e
incompetência.
Sabemos das ladroeiras grossas do PMDB, virtual
herdeiro do poder, mas, a sujeira petralha é tanta, que nos sentimos como
assistindo certos filmes, onde, a própria polícia corrupta coordena a máfia, e
acabamos torcendo para os bandidos.
Entretanto, um carro andando a 180 km por hora, caso
decida parar, não o fará de chofre; carecerá, além de bons freios, uns 40 ou 50
metros de pista para alcançar seu objetivo. De igual modo, gente desordeira,
treinada em causar destruição como são as milícias vermelhas, excitadas como
estão, não irão para seus redutos lamber feridas e repensar rumos.
Teremos
violências, mortes, sangue inocente correrá, graças ao estímulo de canalhas,
irresponsáveis.
Eles estão nus; mas, seus defensores apaixonados
acusam aos 90% restantes de desrespeitarem as regras do campo de nudismo.
Errado para eles, é estar vestido. Seus líderes estão certos. A culpa é do
Moro.
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