“Lembrai-vos, porém, dos dias passados, em que, depois de
serdes iluminados, suportastes grande combate, aflições.” Heb 10;32
Interessante teor dessa exortação feita aos hebreus.
Apresenta os combates, aflições, como consequência de terem sido iluminados. O
labor inicial do inimigo é preservar seus cativos na cegueira. “Mas, se ainda
nosso evangelho está encoberto, para os que se perdem está encoberto. Nos quais
o deus deste século cegou entendimentos dos incrédulos, para que lhes não
resplandeça a luz do evangelho da glória de Cristo, que é a imagem de Deus.” II
Cor 4; 3 e 4
Contudo, aos que que têm olhos abertos pelo Senhor, esses,
persegue, aflige. Diz-se, vulgarmente: “O que os olhos não vêm, o coração não
sente.” Em parte isso é verdadeiro. Em parte, pois, saudade, por exemplo,
sentimos de algo que escapa às nossas vistas. Mas, a ignorância espiritual pode
ensejar sensação de segurança a alguém morto.
Lembro o comercial de certo detergente que dizia: “Porque
se sujar faz bem”. A ideia era que, é salutar crianças brincarem livremente
nessa idade de tantas descobertas, o que acaba sujando-as, mas, que fossem
felizes, o dito sabão cuidaria da sujeira.
Tanto quanto, crianças tendem a se sujar de modo
divertido, assim, nossa natureza. É muito mais fácil o pecado, mais confortável
o escuro. Paulo escrevendo aos romanos lembrou-os de como era tranquila a vida
deles, antes do advento da luz, disse: “Porque, quando éreis servos do pecado,
estáveis livres da justiça.” Rom 6;20 Ou seja: Não tínheis compromisso com
obras justas, podíeis fazer o que quisésseis. Porém, restava uma questão: “Que
fruto tínheis então, das coisas que agora vos envergonhais? Porque o fim delas
é a morte.” V 21
Vemos que as facilidades de se viver “no escuro” alienados
da justiça, são, no fim das contas, contraproducentes, pois, induzem à morte.
Salomão dissera: “Há um caminho que parece direito ao homem, mas, seu fim são
os caminhos da morte.” Prov 16;25
Assim, a Luz de Deus não incide sobre nós para que
tenhamos facilidades, antes, vida. Aliás, o pretenso convertido que puder se
gabar que vai tudo de vento em popa, sem problemas, “só vitória” como jactam-se
alguns, tem boas razões par duvidar de sua regeneração. Combates, aflições, são
inerentes à vida cristã.
Pedro expressou isso: “Amados, não estranheis a ardente
prova que vem sobre vós para vos tentar, como se coisa estranha vos
acontecesse; mas, alegrai-vos no fato de serdes participantes das aflições de
Cristo, para que também na revelação da sua glória vos regozijeis e alegreis. Se
pelo nome de Cristo sois vituperados, bem-aventurados sois, porque sobre vós
repousa o Espírito da glória de Deus; quanto a eles, é ele, sim, blasfemado,
mas, quanto a vós, é glorificado.” I Ped 4;12 a 14
Vemos que nossa firmeza, mesmo entre aflições, resulta na
Glória de Deus. Nem toda aflição, porém, deriva de ataques do inimigo por causa
de nossa fidelidade. A maioria delas, aliás, se dá pela infidelidade, por ficarmos
aquém das Santas demandas do Espírito de Deus em nós. Há justos que sofrem sem
causa própria, como Jó, Jesus Cristo, e, eventualmente, qualquer de nós; mas, geralmente
arde o fogo das aflições com nossa própria lenha.
Se nos afligimos por que falhamos é a correção de Deus nos
buscando; “Porque o Senhor corrige o que ama; açoita a qualquer que recebe por
filho. Se suportais a correção, Deus vos trata como filhos; porque, que filho
há que o pai não corrija?” Heb 12;6 e 7
Também aqui deriva de termos sido iluminados, pois, como
saberíamos que afrontamos Deus, se, desconhecêssemos Sua Vontade? Assim, nossa “conta
de luz” espiritual requer que andemos segundo o que sabemos, para que a eficácia
do Sangue de Cristo incida sobre nós. “Mas, se andarmos na luz, como ele na luz
está, temos comunhão uns com os outros, e o sangue de Jesus Cristo, seu Filho,
nos purifica de todo pecado.” I Jo 1;7
Porém, se, fazendo tudo certo formos afligidos, aí será o
inimigo “pagando recibo” que, Cristo em nós está visível como uma cidade
edificada sobre um monte. Não descansemos até chegarmos a isso.
Pois, os hebreus, alvos da exortação inicial entraram à fé
com bravura, suportando combates, mas, pouco a pouco começaram fraquejar; por isso,
a evocação de seu bom início, e mais: “Não rejeiteis vossa confiança, que tem
grande, avultado galardão. Porque necessitais paciência, para que, depois de
haverdes feito a vontade de Deus, possais alcançar a promessa... Mas, o justo
viverá da fé; se recuar, minha alma não tem prazer nele. Nós, porém, não somos
daqueles que se retiram para perdição, mas, daqueles que creem para conservação
da alma.
” Vs 35, 36, 38 e 39
Nenhum comentário:
Postar um comentário