“Tira da prata as escórias, e sairá vaso para o fundidor;”
Prov 25;4
Parece óbvio que o intento do sábio não é ensinar como se
purifica prata, uma vez que era sobejamente conhecido, então; antes, usar tal
processo como metáfora para purificação humana. Assim, poderíamos parafraseá-lo:
“Tira do coração as más inclinações, e nascerá um filho para Deus.”
A ideia inicial de usar a figura relativa ao homem, vem de
antes de Salomão. Davi, seu pai, usara também: “Pois tu, ó Deus, nos provaste;
tu nos afinaste como se afina a prata.” Sal 66;10 Isaías expressou em que consiste o “fogo” de tal
purificação; “Eis que já te purifiquei, mas não como a prata; escolhi-te na
fornalha da aflição.” Is 48;10
O mesmo Davi, para ilustrar a pureza da Palavra de Deus,
refinou ao extremo, o referido metal. “As palavras do Senhor são palavras
puras, como prata refinada em fornalha de barro, purificada sete vezes.” Sal
12;6
Finalmente, Malaquias, aludindo à vinda do Salvador, tendo
como mote a purificação, ampliou a figura: “Mas, quem suportará o dia da sua
vinda? Quem subsistirá, quando ele aparecer? Porque ele será como o fogo do
ourives, como sabão dos lavandeiros. Assentar-se-á como fundidor e purificador
de prata; purificará os filhos de Levi, os refinará como ouro, como prata;
então, ao Senhor trarão oferta em justiça.” Mal 3;2 e 3
Diferente de certos pregadores da moda, cuja ênfase recai
sobre a oferta, a Palavra de Deus o faz sobre a pureza. Sem essa, mesmo as
ofertas resultam impuras. Aliás, a própria oração, daquele que recusa a
obedecer é reputada como desprezível. “O que desvia os seus ouvidos de ouvir a
lei, até a sua oração será abominável.” Prov 28;9
Mas, como se retirava as escórias dos metais preciosos?
Eram levados ao fogo, derretido em vasilhas refratárias, os cadinhos, na
superfície formava-se uma escuma de impurezas que era removida com uma
escumadeira. Processo repetido várias vezes até que fosse obtida a pureza
desejada.
Deixando a figura, os metais, digo, olhando para nós, como
se dá nossa purificação? Isaías mencionara a “fornalha das aflições”. Contudo,
nem toda aflição obra por nos purificar; depende do motivo pelo qual nos
afligimos. Paulo distinguiu dois tipos de tristeza. “Agora folgo, não porque fostes
contristados, mas porque fostes contristados para arrependimento; pois fostes
contristados segundo Deus; de maneira que por nós não padecestes dano em coisa
alguma. Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da
qual ninguém se arrepende; mas, a tristeza do mundo opera morte.” II Cor 7;9 e
10
As tristezas por razões naturais, paixões carnais, não operam
arrependimento, daí, não equivalem à tristeza segundo Deus. Essa deriva de, em
algum momento eu ter convicção que O entristeci, agi diverso de Seu propósito,
Sua vontade. Como na purificação dos metais é indispensável o fogo, na da alma,
o novo nascimento, o “calor” do Espírito Santo, que se encarrega de regenerar
às cauterizadas consciências de quem se sentiam, então, confortáveis no regaço do
pecado.
Embora alguns incautos equalizem o Batismo no Espírito
Santo ao fogo, é apenas parte de algo mais complexo. Aflições trazem “calor”
para nos derreter; o Espírito, a luz para que sejam manifestas nossas escórias.
Por isso, João Batista apresenta como que, dois batismos paralelos: Um, com O
Espirito Santo, outro, com fogo. “...eis que vem aquele que é mais poderoso do
que eu, do qual não sou digno de desatar a correia das alparcas; esse vos
batizará com o Espírito Santo, e, com fogo.” Luc 3;16
As “línguas de fogo” que foram “vistas”, não, ouvidas, no
dia de Pentecostes ilustravam purificação circunstancial, para que lábios
impuros pudessem glorificar Ao Senhor. Tiago advertiu de tais impurezas: “Da
mesma boca procede bênção e maldição. Meus irmãos, não convém que se faça
assim. Porventura deita alguma fonte de um mesmo manancial, água doce e
amargosa?” Tg 3;10 e 11
A Palavra chama de “justo” quem escolhe servir a Deus,
ainda que imperfeito; ao tal, suas escórias são reveladas paulatinamente, à
medida que se dispõe, mediante obediência, a se livrar delas. “A vereda dos
justos é como a luz da aurora, que vai brilhando mais e mais até ser dia
perfeito.” Prov 4;18
Quantos oram pedindo libertação das aflições, sendo que, essas são já o livramento de Deus, digo, Ele revelando escórias das quais nos
quer purificar? Que aflição maior há, que a perdição eterna? E, santificação
dos servos de Deus não é uma opção, é condição indispensável, se, O queremos ver.
“Segui a paz com todos, e a santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor;”
Heb 12; 14, “Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus;”
Mat 5;8
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