“Os que forem sábios resplandecerão
como o fulgor do firmamento; os que a muitos ensinam a justiça, como as estrelas,
sempre, eternamente.” Dn 12;3
Temos um exemplo de paralelismo sinonímico, comum na
poesia hebraica, onde, a mesma coisa é dita duas vezes, porém, de modo
diferente; assim: a) “Os que forem sábios resplandecerão como o fulgor do
firmamento; b) “Os que a muitos ensinam a justiça, (resplandecerão) como as
estrelas, eternamente. Então, temos o
ser sábio, equacionado a ensinar justiça; resplandecer como o firmamento, a
resplandecer como estrelas.
Mais do que a essência dos sábios em si, a meu ver, o
texto onde Daniel vaticina os últimos dias, aponta para as circunstâncias
adversas à sabedoria que reinariam então. Como as estrelas só podem ser vistas
no escuro, assim, num cenário de total inversão de valores, trevas morais,
eventual justo seria notado em destaque, como uma estrela à noite.
Isaías, vaticinando o ressurgimento de Jerusalém, para
Deus, também o fez num cenário de contraste. “Levanta-te, resplandece, porque
vem a tua luz, a glória do Senhor vai nascendo sobre ti; porque as trevas
cobriram a terra, a escuridão os povos; mas, sobre ti o Senhor virá surgindo,
sua glória se verá sobre ti.” Is 60;1 e 2
Diverso do devaneio ufanista de alguns, que nos últimos
dias a Igreja viverá um avivamento, o contexto sugere apostasia; as trevas
cobrem a Terra, junto subsome uma igreja apóstata, mundanizada; Deus, volta Sua
Graça para o povo da Promessa, os Judeus, tipificados profeticamente por sua
Capital espiritual, Jerusalém.
Ao escopo de tais profecias, diria que o cenário não
poderia ser mais “adequado” que o atual; digo, as trevas cobrem a Terra,
eventuais justos, hão de ser perseguidos, caluniados, pois, a Luz de Deus, que
os faz assim, incomoda seres de hábitos noturnos afeitos ao escuro.
A Palavra de ordem no Reino de Deus é santificação; na
Terra, tolerância; O Eterno desafia à separação espiritual, o mundo prepara o
Ecumenismo; o amor que, “folga com a verdade”, é relido de modo a folgar com as
múltiplas paixões carnais, mesmo, as degeneradas. Com efeito, falta luz na
Terra.
Na verdade, usamos essa expressão: “Faltou luz” quando
ocorre uma queda de energia elétrica, mesmo que estejamos à luz do dia. É
múltipla a utilidade da energia, mas, a luz é a mais visível, a mais abrangente.
A energia não é a luz, porém, possibilita essa geração, conduzida às lâmpadas
equipadas com engenhos que facultam a luminescência.
Em nossas casas usamos interruptores que permitem-nos,
decidir quando queremos luz, quando, não. De semelhante modo, a Luz Espiritual
deriva de uma Fonte de Energia que a Bíblia nomina, Espírito Santo, sem Ele não
se vê na dimensão espiritual. “Na verdade, na verdade te digo que aquele que
não nascer de novo, não pode ver o reino de Deus... O que é nascido da carne é
carne, o que é nascido do Espírito é espírito.” Jo 3;3 e 6
A “rede” que o conduz ao encontro das pessoas, são os
milhares de mensageiros que anunciam Seu Produto, A Palavra de Deus. “Lâmpada
para meus pés é a Tua Palavra; Luz para o meu caminho.” Sal 119;105 “O Senhor
deu a palavra; grande era o exército dos que anunciavam as boas novas.”
Sal 68;11
Nossas almas em particular, também são dotadas de “interruptores”
que permitem escolhas quanto à incidência, ou não, da Luz; esses, chamamos,
livre arbítrio.
A luz espiritual, o conhecimento traz certa dor; “...o que aumenta em conhecimento, aumenta em dor.” Ecl 1;18 E, a dor que nos desnuda ao conhecermos nossa própria
maldade é que tem feito muitos “desligarem a luz” para se esconderem temendo o
processo de cura. “A condenação é esta: A luz veio ao mundo, os homens amaram
mais as trevas do que a luz, porque suas obras eram más. Porque todo aquele que
faz o mal odeia a luz, não vem para a luz, para que as suas obras não sejam
reprovadas.” Jo 3;19 e 20
A forma preferida desse mundo “apagar a luz” tem sido
relativizar O Absoluto, redefinir valores eternos, ao gosto do paladar viciado
dos pecadores. A maldição das trevas acaba sendo consequência inevitável. “Na
verdade a terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm
transgredido as leis, mudado os estatutos, quebrado a aliança eterna. Por isso
a maldição consome a terra;...” Is 24;5 e 6
Ainda que os reflexos de evitar a luz sejam morais, no fundo,
a crise é pela falta de amor, pelo egoísmo. Olavo Bilac versou, noutro
contexto, algo que encaixa aqui, disse: “E eu vos direi: amai para entende-las!
Pois, só quem ama pode ter ouvido capaz de ouvir e de entender estrelas.”
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