“Glória a Deus nas alturas, Paz na terra, boa vontade para
com os homens.” Luc 2;14
“Bendito o Rei que vem em nome do Senhor; paz no céu,
glória nas alturas.” Luc 19;38
Nesses dois louvores registrados por Lucas encontramos
exaltações a Deus, e paz, em dois endereços distintos: Primeiro, na Terra;
depois, no Céu. O contexto de cada exclamação nos fornece pistas dos motivos. Paz
é um estado de ânimo bilateral. De nada vale uma parte sentir-se “em paz”
estando a outra com mágoa, ferida não tratada. Assim, nossa reconciliação com
Deus, que traz paz na Terra, requer alguma contrapartida que enseje paz,
também, no céu.
A paz não é algo de geração espontânea, antes, uma
consequência, como ensinara Isaías: “o efeito da justiça será paz, a operação
da justiça, repouso e segurança para sempre.” Is 32; 17 Então, onde houver
traços de justiça sendo praticada, no prisma espiritual, se vislumbrará rastros
de paz com Deus.
Por isso, ao entrar no mundo Aquele que É, A Verdade,
tendo vindo para ensinar a Justiça Divina, com sobejas razões, os anjos
cantaram, “Paz na Terra”. “A misericórdia e a verdade se encontraram; justiça e
paz se beijaram. A verdade brotará da terra, a justiça olhará desde os céus.”
Sal 85;10 e 11
Se, a discórdia Divino-humana iniciou quando o primeiro
homem foi instado a imputar injustiças a Deus, daí, desobedecer, a concórdia
seria restabelecida agora, para com aqueles que, ouvindo A Verdade, se
arrependessem, e passassem a dar crédito irrestrito a Deus; a isso equivale o, “glória
a Deus nas alturas.” O Santo que fora
desonrado por calúnia e descrédito, seria agora devidamente glorificado, pela
verdade e a fé.
Então, se Sua Santa presença entre nós é o bastante para
trazer paz à Terra, a do céu tinha um reclame de justiça ainda não satisfeito.
Por isso, tão somente quando O Salvador entrou em Jerusalém para oferecer a
Deus a resposta “humana” para reconciliação, só então, o Espírito Santo
verteu de lábios anônimos a certeza que se estava fazendo paz no Céu.
Se, lá no início, a humanidade embrionária ousou
desobedecer Ao Criador, não temendo à morte, agora, o “Segundo Adão” levou a
obediência às últimas consequências, ensinando de modo prático, em que sentido
é sábio não temer à morte.
A necessidade judicial Divina demandou que Cristo se
fizesse homem, pois, não havendo na Terra, “um justo sequer”, o preço que o Céu requeria, jamais poderia ter sido oferecida por nós. Deus entregara o
domínio do Planeta ao homem. Competia ao homem, pois, colocar a “casa em ordem”;
aqui temos a razão de ter, Cristo, descido da Sua Glória para se fazer um de
nós. “Também o Pai a ninguém julga, mas, deu ao Filho todo o juízo; para que
todos honrem o Filho, como honram o Pai. Quem não honra o Filho, não honra o
Pai que o enviou. E deu-lhe o poder de exercer juízo, porque é Filho do homem.”
Jo 5;22, 23 e 27
Para que o inimigo que derrotara um homem, não acusasse a
Deus de injustiça, de trapacear, a justiça Divina fez Cristo vencer reduzido às
limitações humanas. “E, visto como os filhos participam da carne e do sangue,
também ele participou das mesmas coisas, para que pela morte aniquilasse o que
tinha o império da morte, isto é, o diabo; e livrasse todos os que, com medo da
morte, estavam por toda a vida sujeitos à servidão.” Heb 2;14 e 15
Desse modo, A Verdade ensinada pelo Mediador é o único
aferidor confiável, pois, aquietando consciências, testifica que estamos em paz
com Deus; ou, inquietando-as, denuncia razões da nossa ruptura.
A paz no Céu foi alcançada no sentido geral, de desfazer a
mentira do inimigo, os grilhões que detinham a humanidade à sua mercê; mas, a
paz individual depende da resposta de cada um. Quem escolhe a impiedade em
lugar da obediência desonra a Deus; não ensejando paz no Céu, tampouco,
desfruta paz na Terra. “Mas, os ímpios não têm paz, diz o Senhor.” Is 48;22
Se alguém consegue, mesmo enlameado em culpas assegurar
que é o mais honesto dos homens, não deriva, isso, de uma consciência pura;
antes, outra, cauterizada. E é precisamente aí, que a eficácia do Sacrifício de
Cristo sobrepuja em muito às pobres oferendas simbólicas do antigo sacerdócio. “...sangue
de Cristo, que pelo Espírito eterno se ofereceu imaculado a Deus, purificará as
vossas consciências das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo.” Heb 9;14
Concluindo; nesse dia, dito Sexta-feira Santa, invés de
sairmos nos emocionando e aplaudindo ao teatrinho estéril da crucificação, que
tal reconsiderarmos nossas vidas, para ver se o sentido do Calvário faz sentido
para nós?
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