“Porque apenas alguém morrerá por um justo; pois poderá ser
que pelo bom alguém ouse morrer. Mas, Deus prova o seu amor para conosco, em
que Cristo morreu por nós, sendo nós ainda pecadores.” Rom 5; 7 e 8
Vimos noutro
texto o valor inefável do amor. Agora, teceremos considerações, sobre sua
identidade. Como perceber sua presença? Afinal entre as tantas palavras que
padecem anemia de significado pelo mau uso, amor é uma das mais anêmicas. O
mero aplacar comichões animais, de forma lícita, insana, quiçá, antinatural,
tem sido chamado de “fazer amor”. Como disse certo poeta, “amor não se faz, o
que se faz é coito carnal”.
Contudo,
sendo algo que não se faz, se pode demonstrar, mediante evidências concretas,
traços desse abstrato majestoso. O conceito medíocre dos relacionamentos é dar
a quem merece; pagar na mesma moeda; amo a quem me ama; sou bom com quem é bom
comigo; não raro, deparo com a frase “filosófica”, “Que Deus te dê em dobro
tudo o que me desejares” etc. Isso cheira a escambo, comércio, pode ter laços
com a justiça, mas, nenhum traço do nosso ser, ora, investigado, o amor.
“Que Deus te
dê em dobro” é uma ameaça, tipo, deseje-me apenas o bem, senão, meu Deus te
pega, ai de ti! Então, se Deus tratasse conosco nessas bases, da mesma moeda,
digo, estaríamos fritos, mas, “Deus prova Seu amor para conosco...” A “prova” é
nos dar muito mais que merecemos. Essa é a essência do amor; suprir lacunas de
quem amamos, a despeito de méritos; o mérito do amor basta. Deus não nos ama
por que merecemos; antes, pelo que É: “Deus é amor”.
Os frutos de
quem aprende amar, deveras, o colocam num patamar acima da justiça que se aplica
em consórcio com a Lei. Paulo ensina: “O fruto do Espírito é: amor, gozo, paz,
longanimidade, benignidade, bondade, fé, mansidão, temperança. Contra estas
coisas não há lei.” Gál 5; 22 e 23
Assim, quem
vive sua fé no âmbito dos mandamentos, do legalismo, ainda está inepto para
viver em Espírito, produzir seus frutos. “Se, sois guiados pelo Espírito, não
estais debaixo da lei.” Gál 5; 18
Não significa
anomia, ausência de regras, antes, autonomia em relação à natureza; simbiose em
relação ao Espírito de Deus.
Muitos pensam que o Novo Testamento é a metade da
Bíblia; não. É uma nova Lei, flexível, conforme as circunstâncias de cada um, que
for capaz de ouvir ao “Legislador” que caminha consigo. “Não segundo a aliança
que fiz com seus pais no dia que os tomei pela mão, para tirar da terra do
Egito; Como não permaneceram naquela minha aliança, Eu para eles não atentei,
diz o Senhor. Porque esta é a aliança que depois daqueles dias farei... diz o
Senhor: Porei as minhas leis no seu entendimento, em seu coração as escreverei;
Eu lhes serei por Deus, eles me serão por povo;” Heb 8; 9 e 10
Embora
pregadores da moda vejam a Bíblia como manual para riqueza é, antes, uma
declaração de amor, um apelo à reconciliação com Deus, e manual de como amar. “Ao
que quiser pleitear contigo, tirar-te a túnica, larga-lhe também a capa; qualquer
que te obrigar a caminhar uma milha, vai com ele duas. Dá a quem te pedir, não
te desvies daquele que quiser que lhe emprestes.” Mat 5; 40 a 42 Assim, embora
seja um tesouro espiritual, amar dá prejuízo.
O que é o
perdão, senão, uma manifestação vívida de amor? Quando perdoo eu “pago” algo
que outrem não pode, usando a “moeda” do amor.
Se, nosso
relacionamento com Deus se firma nessa base, o mesmo amor nos instigará a
iniciativas espontâneas, no desejo de evidenciar-se ante O amado. Jesus
ensinou: “Assim
também vós, quando fizerdes tudo o que vos for mandado, dizei: Somos servos
inúteis, porque fizemos somente o que devíamos fazer” Luc 17; 10
Entre outras
características, Paulo disse que o amor, “não busca seus próprios interesses...”
Contudo, quantos casais separam, pois, o “amor acabou, ele, ( ela ) não me
entende”? Queremos ser compreendidos, não, compreender; ser amados, pra amar.
Além de dar prejuízo, o
amor é impotente. Mesmo ansiando muito a correspondência, mergulha no trampolim
da incerteza, do risco de amar sozinho. Se, palavrinhas como, prejuízo, risco,
perdão, impotência, nos assustam, ainda somos incapazes de amar.
Na verdade, todos amam.
Embora, muitos erram o alvo. O egoísmo é excesso de amor próprio; tolhe amar a
outrem. Spurgeon já dizia: “Uma coisa boa não é boa fora do seu lugar.”
“Deus fez as pessoas
para serem amadas e as coisas para serem usadas;
mas, por que amam as coisas e usam as pessoas?” ( Bob Marley )
mas, por que amam as coisas e usam as pessoas?” ( Bob Marley )
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