sexta-feira, 12 de dezembro de 2014

Verdade; o travesseiro da alma



E aconteceu que, completando-se os dias para a sua assunção, manifestou firme propósito de ir a Jerusalém. Mandou mensageiros adiante de si; indo eles, entraram numa aldeia de samaritanos, para lhe prepararem pousada, mas, não o receberam, porque o seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém.” Luc 9; 51 a 53


Como sabemos se um propósito é firme?  Por certo, o mesmo precisa ser testado. Há outros textos onde discípulos tentaram dissuadir ao Salvador dessa ideia, dizendo que Herodes o queria matar, que Ele correria riscos por lá; mas, nada disso O fez mudar.  Quem tem um propósito firme e conhece as consequências, o simples lembrá-las em nada afetará a decisão que já as considerou. 

Isso feito mandou precursores a uma aldeia de samaritanos para prepararem  pousada. Porém, a rivalidade desses com os judeus chegava a tal ponto de se negarem a ceder um lugar de descanso, pois, “seu aspecto era como de quem ia a Jerusalém”.  

Que falta de jogo de cintura do Mestre! Sabendo dessa aversão dos samaritanos, bem poderia ter “desconversado” dizendo que ia para outra parte; quem sabe, que era um emissário estrangeiro a espiar a cidade para um ataque futuro; coisas assim o fariam simpático entre os samaritanos; por certo, lhe garantiriam o necessário descanso. 

Ele mesmo, quando chamou a si os pecadores ofereceu descanso à alma; não fez alusão ao cansaço do corpo. Quem tem como hábito a verdade em sua forma de ser, não descansa a consciência em outro travesseiro que, não, a própria verdade.  

Mesmo, coisas periféricas, nuances não expressas também se revelam verdadeiras; se, ia para Jerusalém, seu aspecto mostrava exatamente isso. 

Quantas vezes mentimos de modo não expresso, dissimulando aparências, intenções... Vamos a Jerusalém, mas, exibimos por “descuido” uma passagem pra Damasco. Sutilezas assim, embora pareça malandragem, são apenas traços da mentira vestida para festa. 

Com Aquele que É a verdade, a coisa não funciona assim. Decisões firmes, providências conforme; semblante também. 

Salomão escrevera: Desvia de ti a falsidade da boca; afasta de ti a perversidade dos lábios. Os teus olhos olhem pra a frente; as tuas pálpebras olhem direto diante de ti. Pondera a vereda de teus pés, todos os teus caminhos sejam bem ordenados! Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal.” Prov 4; 24 a 27

Infelizmente, a maioria do que hoje se vê são  “cristãos” de calmaria, de tempo bom. Prontos a dissimular suas escolhas, bem como, refazer caminhos se, uma objeção qualquer os ameaça. Facilmente bradam nos púlpitos que, sem luta não teremos vitória, que somos chamados a tomar a cruz, etc. Mas, ouse a realidade a testar seus postulados e presto se tornam “samaritanos” se isso lhes facilitar as coisas. 

Se, na caminhada tecnológica, que não mais caminha nem corre, antes, voa; nisso, digo, quanto mais moderno, melhor, na jornada dos cristãos a coisa é exatamente inversa. Quanto mais antigo, melhor. 

Sim, os antigos deram suas vidas, como fizeram os apóstolos, os cristãos das catacumbas de Roma, tantos na Inquisição... Sua fé não tinha mais a vida na Terra com preciosa, antes, a vida em Cristo. Estavam dispostos a tudo, mesmo mais antigos,  como alista a galeria dos Heróis da fé. 

Não estou dizendo que todos os cristãos atuais sejam uns molengas, há exceções, felizmente. Mas, graças a uma “Igreja” que, movida por interesses mercenários decidiu ser agradável invés de verdadeira, o crente comum que ela gera é assim, fraco, interesseiro, oportunista, dissimulado. Não hesita em mentir para obter facilidades, ou, evadir-se a certas dificuldades. 

Certo que os samaritanos não receberam a Jesus, por causa de sua judaica aparência; mas, isso era problema deles. Estavam errados, e o Mestre não iria disfarçar-se para recrudescer seu erro. 

Embora Tiago e João desejassem queimar aos ímpios.  O Senhor os advertiu que não entendiam o que estava em jogo; “Porque o Filho do homem não veio para destruir as almas dos homens, mas para salvá-las. E foram para outra aldeia.” V 56 

Enfim, se o mundo é  império da falsidade, onde, aparências enganam, dos servos de Cristo se requer algo melhor. 

Pensemos, por um instante, quantas pessoas nos surpreenderam “pra cima”; as imaginamos comuns, e conhecendo-as melhor, se revelaram nobres, de caráter superior; por outro lado, quantas reputamos excelentes, e à menor prova revelaram-se vis, traidoras, fracas... Da primeira parte do exemplo tenho dificuldade de lembrar alguém; porém, a segunda... Assim, se nossas resoluções não estão estampadas; se, nossa aparência não expressar o que somos, que seja por humildade, por sabermos que eventual bem em nós é dom de Deus; nunca por falsidade, dissimulação. Uma alma salva não descansa na facilidade, antes, na verdade.

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