“Dize-me,
és tu romano? E ele disse: Sim. E respondeu o tribuno: Eu com grande soma de
dinheiro alcancei direito de cidadão. Paulo disse: Eu sou de nascimento.”
Aqui,
dois tipos de cidadania; uma, adquirida, outra, herdada. Tal condição dava
certos “privilégios” como direito de defesa, julgamento. Como se viu em face de
ser aviltado, Paulo usou seus direitos.
Aos estrangeiros aceitos e aculturados
nas cidades estados, os gregos chamavam metecos; uma condição inferior em relação
aos que dispunham da plena cidadania e podiam arbitrar nas ekklesias; as
assembleias da Polis.
A ideia de cidadania celestial dos salvos é amplamente
demonstrável nas Escrituras. “Porque esperava a cidade que tem fundamentos, da
qual o artífice e construtor é Deus. Mas agora desejam uma melhor, isto é, a
celestial. Por isso também Deus não se envergonha deles, de se chamar seu Deus,
porque já lhes preparou uma cidade. Porque não temos aqui cidade permanente,
mas buscamos a futura.” Heb 11; 10, 16 e 13; 14
Só que, essa cidadania tem diferença em
relação à romana e à grega citadas. Tanto não pode ser adquirida mediante
dinheiro, mesmo “grande soma”; quanto, não tem lugar para “metecos” cidadãos de
segunda categoria com direitos parciais. Claro que, quando falo dos direitos,
entenda-se que, tais, derivam do pleno cumprimento dos deveres.
Não ignoramos
que antigamente muitos “compraram” esse direito, as indulgências; também, em
nossos dias muitos mercenários comercializam a fé prometendo coisas celestes
via os mesmos valores.
Todavia, a Bíblia ensina que o valor duma alma só,
extrapola às riquezas do maior magnata. “Aqueles que confiam na sua fazenda, se gloriam na multidão das riquezas, nenhum deles de modo algum pode
remir a seu irmão, ou, dar a Deus o resgate dele. (Pois a redenção da sua alma é caríssima... ),”
Sal 49; 6 a 8
Escrevendo aos “estrangeiros”
de Éfeso, Paulo mostra os meandros da
“aquisição do visto” para a cidadania Celeste.
A inscrição é numa pessoa, Jesus Cristo; “Em quem também
vós estais, depois que ouvistes a palavra da verdade, o evangelho da vossa
salvação; tendo nele também crido fostes selados com o Espírito Santo da
promessa.” Ef 1; 13
A taxa, somente fé; “Porque pela graça sois salvos, por
meio da fé; isto não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que
ninguém se glorie; 2; 8 e 9 Se a entrada é sem obras, apenas graça recebida por
fé, espera, o Senhor que, os novos cidadãos atuem conforme valores do Reino.
“Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais
Deus preparou para que andássemos nelas.” V 10
Dando esses passos iniciais e
perseverando, qualquer um, malgrado vínculos raciais, nacionais, culturais,
poderá ouvir o mesmo que Paulo disse àqueles: “Assim, já não sois estrangeiros,
nem forasteiros, mas concidadãos dos santos e da família de Deus;” Ef 2; 19
Todavia, se a cidadania celeste é privilégio ímpar, oferecido a todos e aceito
por poucos, tem um “efeito colateral” não confortável no mundo; digo, nos faz
estranhos nele, meros peregrinos. “Todos estes morreram na fé, sem terem
recebido as promessas; mas vendo-as de longe, crendo-as e abraçando-as, confessaram
que eram estrangeiros, peregrinos na terra.” Heb 11; 13 Mesmo os santos do
Antigo Testamento se viram assim.
Então, se a um cidadão grego ou romano era
facultado direito amplo a julgamento, defesa, a um peregrino não se concede o
mesmo. Os cidadãos do Reino, enquanto aqui, não passam de metecos, com direito à
calúnias, perseguições, fome e sede de justiça etc. Não podem usufruir os
mesmos “direitos” dos cidadãos do mundo; quando muito, enviarem relatórios ao
Reino mediante orações.
A genuína cidadania mediante novo nascimento nos faz embaixadores
de Lá, num “país” que está com relações estremecidas com O Rei. Daí, a afronta.
Mesmo assim, a Vontade do Rei é patente: “Amados, peço-vos, como a peregrinos,
forasteiros, que, vos abstenhais das concupiscências carnais que combatem
contra a alma; Porque assim é a vontade de Deus, que, fazendo bem, tapeis a
boca à ignorância dos homens insensatos;” I Ped 2; 11 e 15
Assim, tanto os da
“Teologia do Domínio” que querem ver o Reino aqui, agora, quanto os da
Prosperidade, que visam o mesmo por caminhos paralelos; esses, via metal,
aqueles, poder político, ambos, digo, desconhecem a cidadania celeste. Exigem a plena cidadania nesse mundo.
Esse
postulado, por lógico que possa parecer nos domínio naturais, para as Leis do
Reino equivale a adultério, um motivo de banimento. “Adúlteros e adúlteras, não
sabeis vós que a amizade do mundo é inimizade contra Deus?” Tg 4; 4 “Não
erreis: ... adúlteros ... não herdarão o reino de Deus.” I Cor 6; 9 e 10
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