“Assim
diz o Senhor: Maldito o homem que confia no homem, faz da carne o seu braço e
aparta o seu coração do Senhor!” Jr 17; 5
Não poucas vezes deparo-me com esse
texto mal interpretado. A ideia é que
devemos fazer uma terra arrasada dos caracteres humanos; nenhum presta;
confiamos apenas em Deus.
Se, como cidadãos da terra, denunciarmos má gestão de
governantes, pleitearmos melhorias nesse campo, também a exortação é essa; que
devemos confiar em Deus e deixar como está.
Seria essa a ideia do texto de Jeremias?
Que fôssemos tão, “Cidadãos do céu” que deveríamos nos omitir, ante, desmandos
e corrupções da Terra? Temo que não. O verso deixa ver que, o “maldito” em
questão faz mais que confiar no homem. Coloca a “carne” num patamar Divino; “aparta
seu coração do Senhor.” Se, o fiel é chamado, pio, o outro não passa de ímpio.
Ímpios
fazem mais que desobedecer, chegam a negar a existência, não apenas a
autoridade de Deus. O salmista ensina: “Porque
o ímpio gloria-se do desejo da sua alma; bendiz ao avarento, renuncia ao Senhor.
Pela altivez do seu rosto o ímpio não busca a Deus; todas as suas cogitações
são que não há Deus.” Sal 10; 3 e 4
Se, o cristão exibir, como convém, os
predicados alistados no salmo 15, tal, é confiável. Porta-se de modo que, “ainda
que jure com dano seu, não muda;” eu confio nele, o quero como amigo. Conheço
poucos assim, infelizmente, mas, esses poucos valem por muitos.
Como seria
miserável a vida se cada um formasse sua
“ordem unida” como exército de um homem só!
Nas congregações de salvos, a regra é o bom caráter. Certo que, não é um
ambiente dedetizado; antes, falham os honestos, e dissimulam entre eles, muitos
desonestos também. O que, em absoluto, nivela por baixo.
Sou cidadão do céu; logo a “Constituição” de lá, a Bíblia, vale para mim. Contudo, sou também da
Terra, pagador de impostos, portanto, mantenedor proporcional dos serviços
públicos, dos quais, tenho total direito de exigir, se, não a excelência, um
mínimo de competência, e máximo de
probidade.
Quero essa ladroagem toda da Petrobrás e adjacências, devidamente
esclarecida; os culpados, exemplarmente punidos. Exijo isso, sem “confiar no
homem”, no sentido de colocá-lo em lugar de Deus; sem descrer de Deus a ponto
de, achar que se não fizermos a devida justiça, Ele não Fará.
As coisas da administração terrena são
diversas das espirituais, mas, relacionam-se. Muitos “evangélicos” publicam
vídeos na Internet dizendo que Aécio seria maçom, portanto, deveríamos evitar
votar nele. Ora, maçom, hindu, budista, ateu, cristão... o que está em jogo é a
atuação de modo probo segundo as leis da Terra; questões espirituais são de
outra alçada.
Ademais, se o prisma fosse esse, o que dizer de Lula e Dilma no
campo espiritual? Seriam exemplos de cristãos os que disseram que “fariam o
diabo” pra ganhar as eleições. Na verdade ensinaram maldade ao Capiroto; deve
estar depressivo sentindo-se superado após a última campanha.
Acho extremamente nocivo o reducionismo do
ser humano a um rótulo qualquer. De que valor, deixo ao juízo alheio; mas, há
em mim um pensador, um poeta, um homem, um cristão e um cidadão razoavelmente
esclarecido.
Não me importo de ser contrariado, posso ser amigo de quem pensa
diverso. O que incomoda é a vigarice intelectual; ou, o uso da vigarice alheia,
mentira tantas vezes repetidas que se acostumou como verdade. Quem quiser
discordar que o faça baseado em argumentos; assim, quem sabe, de posse de
postulados verazes, plausíveis, até me ilumine, ajude a pensar melhor. Agora a
repetição robótica da mentira não melhora em nada minha luz; ainda desperta minha má vontade.
Sei que ter posições firmes
e claras nos torna pessoas que os outros amam ou odeiam, não há neutralidade.
São dessa veia os que Deus escolhe. Como filtros a separar o café e a borra; ou, o precioso do vil, como disse o Eterno ao
mesmo Jeremias: “Portanto assim diz o Senhor: Se tu voltares, então te trarei,
e estarás diante de mim; e se apartares o precioso do vil, serás como a minha
boca; tornem-se eles para ti, mas não voltes tu para eles.” Jr 15; 19
Deus ama
a justiça. Ela se dá bem tanto no Reino dos céus, como nas coisas da Terra.
Aliás, é precisamente pelo “divórcio” dessas Leis das do Reino que não só o
homem, em particular, mas, todo o planeta geme sob maldição. “Na verdade a
terra está contaminada por causa dos seus moradores; porquanto têm transgredido
as leis, mudado os estatutos, e quebrado a aliança eterna. Por isso a maldição
tem consumido a terra;...” Is 24; 5 e 6
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