sábado, 25 de outubro de 2014

O gramado do vizinho



“Para a tua perda, ó Israel, te rebelaste contra mim, a saber, contra o teu ajudador. Onde está agora o teu rei, para que te guarde em todas as tuas cidades, os teus juízes, dos quais disseste: Dá-me rei e príncipes? Dei-te um rei na minha ira, tirei-o no meu furor.” Os 13; 9 a 11 

O Senhor estava evocando mediante Oseias um incidente, onde, a pretexto de maus passos dos filhos de Samuel rejeitaram seu governo pedindo um Rei em seu lugar. 

Deus disse ao profeta que O rejeitado era Ele próprio. “E disseram-lhe: Eis que já estás velho, teus filhos não andam pelos teus caminhos; constitui-nos, pois, agora um rei sobre nós, para que ele nos julgue, como o têm todas as nações.” I Sam 8; 5  “E disse o Senhor a Samuel: Ouve a voz do povo em tudo quanto te dizem, pois não te têm rejeitado a ti, antes a mim  têm rejeitado, para eu não reinar sobre eles.” V 7   

Sendo a Bíblia o que é; livro idôneo, não omite o fato que, os filhos de Samuel, realmente não lhe imitavam. Todavia, mesmo velho, Samuel ainda presidia com integridade, e, quando chegasse a hora de buscar um substituto o problema seria de Deus, não, dos anciãos do povo, como ocorreu. 

Como é fácil a transferência de culpa para disfarçar nossas rebeliões interiores! Na verdade, esse vício foi o primeiro “lenitivo” encontrado, tão logo a culpa passou à consciência do primeiro casal. 

Por que a psicologia secular que culpa aos pais, a sociedade, aos complexos, etc. é sempre melhor aceita que a Palavra de Deus? Porque essa “ciência” labora em prol dos vícios humanos, trazendo embutida uma pretensa bondade inata, que fatores externos corrompem. Assim, um “serial killer”, por exemplo, não é mau, antes, doente; afinal, é isso que significa: Psicopata. Doente de alma. 

A Bíblia não faz assim, antes, dá nomes aos bois; coloca o dedo na ferida. “De que se queixa, pois, o homem vivente? Queixe-se cada um dos seus pecados.” Lam 3; 39 

Quantas vezes convivemos com pessoas que, durante três ou quatro anos congregam em paz sob a liderança de certo pastor. De repente, sem nenhum fato novo, determinado “fiel” começa a ver defeitos em seu líder, questionar e resistir sua autoridade, pois, ele “está errado”?   

Uma consequência imediata de se rejeitar a Deus no coração é a rejeição de quem O representa no teatro das ações.  Foi assim nos dias de Samuel, como fora nos de Moisés, quando da rebelião de Datã, Abirão e Coré, por exemplo.  Não entraram na Terra prometida por incredulidade, desobediência. À sentença de vagar no deserto proferida por Deus, rebelaram-se e culparam a Moisés de não tê-los levada à Terra da Promessa. 

Por que é tão difícil ao ser humano olhar para dentro de si mesmo, e tão fácil perceber falhas alheias? Lembro uma frase de autor desconhecido que define bem a coisa; “Reconhecemos um louco sempre que o vemos, nunca, quando o somos.  

A busca da falha alhures traz embutida a pretensão egoísta e hipócrita que não há falhas em nós. O Salvador curou circunstancialmente essa patologia quando do episódio da mulher adúltera. Todos prontos a apedrejá-la; O Salvador desafiou: “Aquele dentre vós que estiver sem pecado seja o primeiro a atirar pedra.”  Sabemos que, a uma mudança de prisma, a fúria condenatória sumiu. 

Não significa, contudo, a instituição do auto-apascentamento, que cada um é pastor de si mesmo, uma vez que ninguém pode atentar em erros alheios. Antes, está dito: “Tira primeiro a trave de teu olho, depois, o cisco do olho de teu irmão.” Desse calibre devem ser pastores, e demais líderes espirituais que representam a Deus na Terra. 

Não se trata de colocá-los acima do bem e do mal; antes, de que devem ser obedecidos e imitados, a menos que seu modo de vida destoe da mensagem que ensinam.  Quem rejeita arbitrariamente diretrizes de líderes fiéis, em última análise, rejeita a Deus que os constituiu. 

Quando somos refratários às lideranças colocadas pelo Santo, acabamos colocando nosso ego no lugar. Na hora do mau tempo que virá, nada valerá clamarmos a Deus. Se, disse, àqueles: “Onde está o rei que pedistes”? Dirá a nós: Onde está a tua própria sabedoria que decidistes seguir, invés daqueles que comissionei para te guiarem? 

Seria insano alguém cortar regularmente a grama do pátio do vizinho e deixar crescer a sua abrigando cobras, escorpiões. De um assim diríamos: Louco, fora da casinha!

Mas, precisamente isso fazemos nos domínios espirituais, quando, somos ciosos e atentos aos erros alheios, e ignoramos aos nossos.  Olhemos no espelho da Palavra, pois, é possível que tenhamos bastante grama para cortar.

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