“Ou
qual é o rei que, indo à guerra pelejar contra outro rei, não se assenta
primeiro tomar conselho sobre se com dez mil pode sair ao encontro do que vem
contra ele com vinte mil? De outra maneira, estando o outro ainda longe, manda
embaixadores e pede condições de paz.” Luc 14; 31 e 32
O Salvador evoca a figura de um
rei prudente, que, na iminência de uma guerra, além de reconhecer os próprios
limites conhece o poderio do adversário. Tal, disse, vai à luta se tem possibilidade de
vencer, senão, negocia paz, submete-se.
Ainda que a incidência das guerras tome
teatros amplos, a origem, como ensina Tiago, está na cobiça alojada no coração
humano. “De onde vêm as guerras e pelejas
entre vós? Porventura não vêm disto, a saber, dos vossos deleites, que nos
vossos membros guerreiam?” Tg 4; 1
Aqui está uma guerra que frequentemente
perdemos. A luta contra as cobiças que combatem em nosso interior. Com qual
exército iremos contra elas? Temos condições de vencê-las, ou, carecemos
negociar a paz? Mas, a paz com os
desejos naturais, que equivale ao mundo, não nos coloca em guerra contra Deus?
Sim, o mesmo Tiago escreveu: “Adúlteros e adúlteras; não sabeis
que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto, qualquer que quiser
ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus.” Tg 4; 4
Assim, gostemos ou
não, necessariamente estamos em conflito, dada a dualidade de forças
espirituais antagônicas que nos cerca. Ou estamos nos braços do pecado e em
guerra contra Deus; ou, à Sombra do Altíssimo em conflito com o mundo. “Porventura não tem o homem guerra sobre a
terra? E não são os seus dias como os dias do jornaleiro?” Jó 7; 1
De qualquer
forma, uma declaração de guerra ainda é preferível à sentença de morte; naquele
caso, se pode até vencer; nesse, nada resta a fazer. Foi o caso da mensagem
entregue à Nínive, mediante Jonas. Quarenta dias mais e a cidade será
destruida.
Não havia exército a arregimentar, ou, logística a preparar, pois,
contra Deus a luta é impossível. “Não há sabedoria, nem inteligência,
nem conselho contra o Senhor.” Prov 21; 30
Tanto é impossível pelejarmos contra
Ele, quanto, nas nossas guerras horizontais, em última análise, o Eterno é quem
escolhe o vencedor. “Prepara-se o cavalo
para o dia da batalha, porém do Senhor vem a vitória.” Prov 21; 31
O Rei de
Nínive, porém, convocou humilhação e arrependimento para sonhar com alguma
possibilidade; “Esta palavra chegou também ao rei de Nínive; ele levantou-se do seu trono, tirou de si as suas vestes, cobriu-se de saco
e sentou-se sobre a cinza. E fez uma proclamação que se divulgou em Nínive,
pelo decreto do rei e dos seus grandes, dizendo: Nem homens, nem animais, nem
bois, nem ovelhas provem coisa alguma, nem se lhes dê alimentos, nem bebam
água;” Jn 3; 6 e 7
O Eterno agradou-se
de tal postura de humildade e cancelou o juízo, pois, grande é Sua misericórdia
.
Davi, em seus dias, também preferiu
“lutar” contra Deus, a enfrentar inimigos humanos, dado que esses são
impiedosos e o Eterno, Benévolo. “Então disse Davi a Gade: Estou em grande
angústia; porém caiamos nas mãos do Senhor, porque muitas são as suas
misericórdias; mas nas mãos dos homens não caia eu.” II Sam 24; 14
Nem sempre
identificamos as causas de nossos conflitos, e, não raro, estando em atrito com
Deus, buscamos amparo humano, não Nele. Israel fez assim em tempos idos. “Ai dos filhos rebeldes, diz o Senhor, que tomam
conselho, mas não de mim; que se cobrem, com uma cobertura, mas não do meu
espírito, para acrescentarem pecado sobre pecado; descem ao Egito sem
pedirem meu conselho; para se fortificarem com a força de Faraó, para confiarem
na sombra do Egito. Porque a força de Faraó se vos tornará em vergonha; a
confiança na sombra do Egito em confusão.” Is 30; 1 a 3
O desafio de Cristo,
enfim, é que lutemos contra o único que nos pode fazer mal, em última análise,
nosso ego obstinado que não coexiste com a submissão ao Santo; precisa
morrer. Eis a vitória da cruz!
Então, somos chamados a vencer não
arregimentando forças, antes, enfraquecendo em nós e dependendo do Forte e
Poderoso que venceu a morte. “Assim, pois, qualquer de vós, que não renuncia tudo quanto tem, não pode ser meu discípulo.”
Acostumamos a aquilatar poder via força; Deus nos desafia a vencermos mediante
sabedoria. “Então disse eu: Melhor é a sabedoria do que a força... Melhor é a sabedoria do que as armas de
guerra, porém, um só pecador destrói muitos bens.” Ecl 9; 16 e 18
Nenhum comentário:
Postar um comentário