segunda-feira, 6 de outubro de 2014

Duas testemunhas



“Todo aquele que matar alguma pessoa, conforme depoimento de testemunhas será morto; mas uma só testemunha não testemunhará contra alguém, para que morra.” Núm 35; 30 

Se ao homicida eventual  era facultado o recurso da cidade de refúgio, ao homicida doloso se aplicava a pena de morte; desde que, seu crime fosse atestado por duas testemunhas.  Acusação feita por só não tinha valor. Isso tolhia que o ódio de alguém usasse a justiça como pretexto para matar.

Nada impedia que dois biltres, porém, se associassem e tornassem lícito seu testemunho falso, como fizeram, aliás, os que acusaram a Nabote. Em casos assim, essa cumplicidade deveria prevalecer indefinidamente, para que a trama prevalecesse.  Poderiam, desse modo, ludibriar à justiça dos homens. 

Como seria se, invés de aceitar a sugestão do inimigo e comer da Árvore proibida, Eva solicitasse antes o parecer de Adão? Salomão disse algo interessante: “Melhor é serem dois que um, porque têm melhor paga do seu trabalho. Porque se um cair, o outro levanta o seu companheiro; mas ai do que estiver só; caindo, não haverá outro que o levante. Também, se dois dormirem juntos, se aquentarão; mas um só, como se aquentará? E, se alguém prevalecer contra um, os dois lhe resistirão;  o cordão de três dobras não se quebra tão depressa.” Ecl 4; 9 a 12  

É de se supor, baseado nessas premissas que, uma vez que a decisão seria de Adão que recebera a Lei diretamente do Criador,  provavelmente teria recusado, ou, ao menos desafiado a esposa a pensar melhor nas consequências.  

Mas, invés de quebrar o cordão de “três dobras”, o inimigo rompeu uma a uma.  Eva sucumbiu ao que viu e ouviu; Adão, talvez, para ficar ao lado da esposa, mesmo caído; Deus, a simples presença do pecado O afastou naturalmente.   

Quando imbuído de Sua Obra, o Salvador foi acusado de testemunhar de si mesmo, não sendo  digno de crédito. “Disseram-lhe, pois, os fariseus: Tu testificas de ti mesmo; o teu testemunho não é verdadeiro.” Jo 8; 13  “Eu sou o que testifico de mim mesmo e de mim testifica também o Pai que me enviou.” V 18

Sim, além das obras grandiosas que fazia em nome Do Pai, quando de Seu Batismo, o mesmo Pai disse desde os céus; “ Esse é o meu filho amado no qual me comprazo.”  Se a Lei requeria o testemunho de dois, Deus proveu acerca de Seu Enviado.  

Sem falar em João Batista que dissera ser  precursor do Messias. Assim, Dois testificaram do Senhor mesmo excluindo Seu próprio testemunho.  Todavia, se João apontou para o Salvador, Esse, o fez em direção ao Pai. Quando falou de Si, só foi como meio de chegar a Ele. “Eu sou o Caminho, a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai senão, por mim.” Jo 14; 6 

Contudo, os religiosos rejeitaram um de cada vez, seguindo o método da serpente; João, era asceta, sério demais; Jesus, festeiro, dado demais, nenhum servia. “Mas, a quem assemelharei esta geração? É semelhante aos meninos que se assentam nas praças; clamam aos seus companheiros e dizem: Tocamos  flauta e não dançastes; cantamos lamentações e não chorastes. Porquanto veio João, não comendo nem bebendo, e dizem: Tem demônio. Veio o Filho do homem, comendo e bebendo, e dizem: Eis aí um homem comilão e beberrão, amigo dos publicanos e pecadores. Mas a sabedoria é justificada por seus filhos.” Mat 11; 16 a 19   

Aqui estava a questão: Não eram filhos da sabedoria, antes, ciosos da religião e orgulhosos das tradições. Embora haja um “cordão de três dobras” testificando nos Céus e na Terra, muitos não creem. “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo;  estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, a água e o sangue; estes três concordam num.” I Jo 5; 7 e 8 

Contudo, esse tríplice testemunho é um chamado à vida, não para levar alguém à morte.  Todos  nossos pecados são imputados como não intencionais; somos chamados à “Cidade de Refúgio”, Jesus Cristo.  Afinal, quanto à morte espiritual, essa pena foi aplicada desde o Éden;  O Salvador deu Sua vida para regenerar a nossa.  

Do que fez em nosso favor, quatro, Mateus, Marcos, Lucas e João depuseram em juízo e assinaram.  Assim temos o dobro de testemunhas do que é necessário, embora, nas coisas de Deus, à vezes recusamos a dançar ou chorar como os meninos birrentos citados.  

A morte que incide sobre nós pode ser evitada. “Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus, a vida eterna, por Cristo Jesus nosso Senhor.” Rom 6; 23

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