“Retendo
firme a fiel palavra, que é conforme a doutrina, para que seja poderoso, tanto
para admoestar com a sã doutrina, quanto, para convencer os contradizentes.” Tt
1; 9
Paulo está ensinando ao jovem pastor Tito, e dá o conselho supra: Que a
palavra fiel seja retida com firmeza em busca de certa consequência. “...para
que seja poderoso, tanto para admoestar com a sã doutrina, quanto, convencer
aos contradizentes.”
Muito se tem falado
sobre poder da palavra em mensagens sadias, outras, nem tanto. Essas últimas
chegam ao absurdo de dizer que nossas palavras têm poder de criar o que afirmam
quando atuam no mundo espiritual. Longe disso. Embora cheia esteja a Bíblia de
exortações para que creiamos, tenhamos bom ânimo, ousadia, confiança, etc. em
lugar algum ensina uma doutrina tipo, “pensamento positivo”, como meio de conseguir
qualquer coisa.
Quando o mesmo apóstolo escreve aos filipenses sobre o objeto
adequado aos pensamentos, tem o fito de
que se mantenham em santidade, não, obtenham bens. Disse: “Quanto ao mais,
irmãos, tudo o que é verdadeiro, o que é
honesto, o que é justo, o que é puro, o que é amável, o que é de boa fama, se
há alguma virtude, se há algum louvor, nisso pensai.” Fp 4; 8
A mera introdução
do verso deixa claro que trata-se de um adendo às coisas mais importantes que
já foram ditas; daí, “Quanto ao mais...”
O cerne do ensino aos filipensess pode ser resumido no mesmo conselho
dado a Tito; “Retendo a palavra da vida, para que no dia de Cristo possa
gloriar-me de não ter corrido nem trabalhado em vão.” cap 2; 16
Não tinha os
pensamentos deles como alvo; antes, “A Palavra da vida”. Se, disse apenas, “retendo”, a Tito,
acresceu: “retendo firme”.
Por que é necessária firmeza? Porque é uma arma de guerra; como tal, será
alvo de ataques. As chuvas e os ventos na parábola dos dois fundamentos, que
testariam a nossa casa. Ora, a firmeza em tempo bom repousa, mesmo estando
presente; só é testada deveras nas adversidades.
Se, por um momento João
Batista pareceu ter dúvidas a respeito de Jesus, quando enviou a perguntar se
era Ele mesmo que haveria de vir, O Salvador deu testemunho de sua firmeza. “Tendo
se retirado os mensageiros de João, começou a dizer à multidão acerca de João:
Que saístes a ver no deserto? uma cana abalada pelo vento?... E eu vos digo
que, entre os nascidos de mulheres, não há maior profeta do que João o Batista;...”
Luc 7; 24 e 28
Quem estava inquieto com
o ministério de Cristo eram os seus discípulos que não tinha entendido o “convém
que ele cresça e eu diminua...” Assim, os
abalos estavam neles, não no Batista; o Mestre deixou isso claro.
Há um
provérbio chinês que diz: “A palavra que tens dentro de ti é tua escrava; a que
deixas sair, tua senhora.” Deus comporta-se
assim, para com Sua Palavra. “...Viste bem; porque eu velo sobre a minha
palavra para cumpri-la.” Jr 1; 12
Quando Paulo acentua que a retenção da Fiel
Palavra nos faz poderosos, noutra parte ensina porquê. “Porque nada podemos
contra a verdade, senão pela verdade.” II Cor 13; 8 Aí reside o Poder, na
Palavra de Deus, não na nossa. A nossa pode, tanto quanto, alinha-se àquela.
Quando mencionamos a Palavra de Deus retamente, respeitando contexto, objetivo,
estamos empunhando uma Espada mais perene que os Céus e a Terra. “O céu e a
terra passarão, mas as minhas palavras não hão de passar.” Mat 24; 35
Se, nos
dias de Tito era necessário preservar a
Palavra com firmeza, nesse tempo, em que ventos de liberalismo, ecumenismo,
modernidade sopram fortes como nunca, mais premente ainda é o preceito de
Paulo.
E, olha que, no contexto dos dois fundamentos não era a Palavra em si que
estava em realce, antes, o cumprimento. O que edificara na rocha ouvia e
praticava; o que, sobre areia, apenas ouvia.
Assim, a retenção firme da Palavra
demanda mais que repetição, mas, agir conforme. Adiante, escrevendo ao mesmo Tito,
aliás, Paulo denuncia essa discrepância de ter as palavras, e faltarem as ações
correspondentes. “Confessam que conhecem a Deus, mas negam-no com as obras,
sendo abomináveis, e desobedientes, e reprovados para toda a boa obra.” Tt 1;
16
Então, nossa postura em relação à Palavra deve ser a mesma de Deus: “Velo
para cumprir.” Ele, como quem se responsabiliza pelo que falou; nós, como quem
será responsabilizado pelo que ouviu.
“Toda a Palavra de Deus é pura; escudo é
para os que confiam nele. Nada acrescentes às suas palavras, para que não te
repreenda e sejas achado mentiroso.” Prov 30; 5 e 6
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