Um espaço para exposição de ideias basicamente sobre a fé cristã, tendo os acontecimentos atuais como pano de fundo. A Bíblia, o padrão; interpretação honesta, o meio; pessoas, o fim.
quarta-feira, 10 de setembro de 2014
Omissão; co-autoria do pecado
“Não odiarás a teu irmão no teu coração; não deixarás de repreender o teu próximo, e por causa dele não sofrerás pecado”. Lev 19; 17
Acostumamos com a ideia que a condenação da omissão seja originada em Tiago, mas, na verdade, vem desde Moisés. Os judeus de então foram orientados a exortarem seus irmãos em caso de pecado, sob pena de sofrerem punição.
Deixar de repreender ao errado, aliás, foi equacionado com odiar. A profecia sem a qual o povo se corrompe é um agente inibidor do mal que deve residir, em parte, em todo o servo de Deus; Sua Palavra, claro! Essa é a ideia do sal da terra, enquanto a luz tem mais a ver com o testemunho de vida.
Se tivermos como visão a concepção que devemos fugir às polêmicas, sermos “bonzinhos" como o R. R. Soares que não critica ninguém e “cura” a todos, acabaremos sendo inúteis ao propósito do Senhor.
Quando Jeremias compôs suas Lamentações sobre as ruínas de Jerusalém, atribuiu, antes de tudo, aos profetas “bons” a causa do desastre. “Os teus profetas viram para ti, vaidade e loucura e não manifestaram a tua maldade, para impedirem o teu cativeiro; mas viram para ti cargas vãs e motivos de expulsão.” Lam 2; 14 O que esses profetas receitaram se tornou motivo de rejeição por parte de Deus, estranha receita!
Paulo aconselhou ao jovem Timóteo a não participar de pecados alheios. Não se tornar, por assim dizer, co-autor. “A ninguém imponhas precipitadamente as mãos, nem participes dos pecados alheios; conserva a ti mesmo puro.” I Tim 5; 22
O assunto em pauta era a consagração de obreiros, que se fazia como foi feito com o mesmo Timóteo, mediante imposição de mãos. Não que se não possa orar com imposição de mãos pelos pecadores, sobretudo arrependidos; nesse caso, o ministro se identifica com a necessidade do suplicante e por ele intercede. No caso da apresentação para o ministério, significa identidade de valores, recomendação; e então, se a imposição for sobre um de caráter dúbio, de vida errada, o que o recomenda se faz partícipe dos seus pecados.
Claro que a omissão não se restringe ao ministério profético; antes, em Tiago, tem mais a ver com o socorro dos necessitados que outra coisa qualquer; saber fazer o bem e deixar de fazê-lo.
Contudo, contemplar o erro e silenciar, na melhor das hipóteses é falta de zelo para com Deus, sinal claro de falta de amor. O salmista foi deveras incisivo quanto a isso: “Pois falam malvadamente contra ti; e os teus inimigos tomam o teu nome em vão. Não odeio eu, ó Senhor, aqueles que te odeiam, e não me aflijo por causa dos que se levantam contra ti? Odeio-os com ódio perfeito; tenho-os por inimigos.” Sal 139; 20 - 22
Fácil é, pois, entender às limitações de um errado de espírito, as precipitações de um novato qualquer e até suportar posições indelicadas de alguém assim; agora, contemplar o teatro nauseabundo de um herege contumaz sem se irritar, sem reagir de modo enfático é muito difícil.
E nem se trata do medo de ser punido por omissão, mas da ira que nasce ao ver o povo ludibriado, e o Santo Nome de Deus profanado.
Adotamos em parte, no meio cristão, a ideia mundana que amar é ser sempre agradável, simpático, cordato. Aquele de quem a Bíblia fala que ninguém tem maior amor que Ele, não foi assim.
Na verdade, o profeta está para a batalha espiritual como o atalaia que era posto sobre os muros, para avisar que o exército inimigo que se aproximava; um cochilo, uma falta de aviso era derrota certa; mas, o sangue derramado era culpa do atalaia, figura que Deus usou com Ezequiel. “Mas, se quando o atalaia vir que vem a espada, e não tocar a trombeta, e não for avisado o povo, e a espada vier, e levar uma vida dentre eles, este tal foi levado na sua iniquidade, porém o seu sangue requererei da mão do atalaia.” Ez 33; 6
Em nossos dias as heresias veem como um exército armado em busca dos servos do Senhor; e aqueles que foram postos “em cima do muro” para ver mais longe, devem bradar a plenos pulmões, para que não sejam apanhados desprevenidos, os que dependem de seu aviso.
Não sejamos omissos, pois, para que não prospere a iniquidade, e nem sejam ceifados os simples de coração sincero.
Ademais, possuir uma Escalibur como temos, uma espada de Rei e não usá-la oportunamente, além de um desperdício, encerra uma maldição. “Maldito aquele que fizer a obra do Senhor fraudulosamente; e maldito aquele que retém a sua espada do sangue.” Jr 48;10
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