terça-feira, 16 de setembro de 2014

O fanatismo nosso de cada dia



“Como o cão torna ao seu vômito, assim o tolo repete a sua estultícia.”  Pv 26; 11

O Salvador propôs uma questão aos seus opositores fariseus sobre dois filhos que receberam a mesma ordem; “vai trabalhar na minha vinha”. O primeiro disse que não iria, depois mudou de ideia e  foi; o segundo que iria, mas reconsiderou e não foi. 

Então questionou:  “Qual dos dois fez a vontade do pai? Disseram: O primeiro. Disse Jesus: Em verdade vos digo que os publicanos e as meretrizes entram adiante de vós no reino de Deus.” Mat 21; 31

Quando a samaritana do poço de Jacó trouxe o problema da adoração para temas periféricos, como endereço, se, em Gerizim como faziam os samaritanos ou em Jerusalém como os judeus, Jesus propôs algo novo. “…os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.” Jo 4; 23

Essa adoração em  espírito vai muito além de dizer a coisa certa, mas em produzir o Fruto do Espírito. No exemplo em relevo, cada um dos filhos disse uma coisa e fez outra. Mesmo os fariseus reconheceram que o que fez a vontade do Pai foi aquele que disse que não faria. Reconsiderou, arrependeu-se e foi.

Falar algo impensado, intempestivo, todos fazem, às vezes. Agora, depois de repensar, ainda confirmar a posição é atitude que recebe a pecha de cão voltando ao vômito, algo nojento só de imaginar.

Muitos dirão a coisa certa e ficarão fora, como ensinou O Salvador; “Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.” Mat 7; 21

Erram, pois, os caçadores de versículos que laboram com a meta de “provar” que os outros estão errados; desconsideram razões  válidas e os que as defendem. Debates até são úteis em alguns casos, mas, quando se trata de apego religioso, simplesmente, é pura perda de tempo e esforço.

Mesmo dizendo algo não muito ortodoxo por ignorância, alguém pode ser aceito se adora o Pai em Espírito e verdade; enquanto outro cujo labor é provar que é dono da verdade perde o rumo para mostrar que é “bom”, não para levar os maus a Cristo.

Às vezes a gente se ilude tentando ponderar sobre algo que surge como se fosse um equívoco, do qual se pode sair, uma vez ajudado. Aí emprestamos nosso parecer com intento de iluminar. Recebemos uma réplica do tamanho de um trem, quebrando tudo e provando que somos “satanistas” disfarçados, adoradores da besta etc… 

Aquilo que parecia mero engano se revela a ponta do iceberg, de monstruosa geleira de heresia, fanatismo. O fanático é o único ser que jamais erra, exceto, Deus. Assim, os Islâmicos que decapitam seus reféns por “culpa dos Estados Unidos”; como se, caso não fossem atacados eles deixassem de matar aos “infiéis”. Afinal, é tão confortável a culpa alheia, que nem percebemos a nossa.

O filho que disse que ia e não foi figurava justamente os zelosos de sua religião, os fariseus, que de lábios “serviam” ao Senhor, não passando de hipócritas, sepulcros caiados, como Ele mesmo acusou. Suas análises eram sempre “ortodoxas” não dos frutos. Jesus se atrevia a curar num sábado, era um endemoniado; não importava o resultado de sua ação.

De igual modo, hoje, não conta se nossos ministérios resgatam vidas da sarjeta, se cruzamos o Atlântico para levar o amor de Deus aos africanos; se eles disserem que estamos errados, só nos resta cortar os pulsos. 

Felizmente será Deus que escolherá quais servem e quais não servem para entrar na vida eterna. Fosse escolha humana e o “céu” levaria parca vantagem sobre o inferno.

Daqueles Jesus afirmou que prostitutas e publicanos entravam na frente; os últimos, socialmente falando, seriam os primeiros, porque desprovidos de pretensão, aceitavam o socorro de Deus como é. 

O homem espiritual tem a Lei escrita dentro de si, na consciência. Muitas vezes tem que abrir mão de coisas que julgava lícitas, por causa de um peso no interior que o Espírito Santo coloca; claro,  não será julgado pela mente alheia.

Paulo ensina como reconhecer um salvo; “Todavia o fundamento de Deus fica firme, tendo este selo: O Senhor conhece os que são seus, e qualquer que profere o nome de Cristo aparte-se da iniquidade.” II Tim 2; 19  

E um ministro aprovado também:  “A minha palavra, e a minha pregação, não consistiram em palavras persuasivas de sabedoria humana, mas em demonstração de Espírito e de poder;’ I Cor 2;14

“O fanatismo consiste em intensificar os nossos esforços depois de termos esquecido o nosso alvo.”  ( George Santayana )

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