“Tinha
vinte e cinco anos de idade quando começou a reinar, e vinte e nove
anos reinou em Jerusalém; e era o nome de sua mãe Abi, filha de
Zacarias. E fez o que era reto aos olhos do Senhor, conforme tudo o que
fizera Davi, seu pai.” II Rs 18; 2 e 3
Com
esse texto, o cronista começa a narrar o reinado de Ezequias. Forma
comum, aliás, sempre que nova biografia fosse escrita; fulano tinha tal
idade quando começou a reinar, e fez o que era reto, ou, mau, perante o
Senhor.
Diferente das biografias de celebridades que contam peripécias desde o
nascimento, a dos reis de Israel começava sempre que chamados por Deus.
Embora tais não fossem homens espirituais, como se pretende os do “novo
nascimento” em Cristo, já se via como é escrita a história dos salvos:
Começa após o chamado de Deus; os feitos pretéritos, absolutamente, não
interessam.
Mesmo
quanto ao Senhor, há apenas relatos sobre seu nascimento, uma menção
aos doze anos, de resto, a informação genérica que crescia em graça e
sabedoria, ante Deus e os homens. No tempo de Deus, entrou em cena, e
não saiu mais.
De
Paulo, o maior dos apóstolos, apenas o incidente da morte de Estevão é
mencionado antes da viagem onde se deu sua conversão. Foi ele, aliás,
que chamou os atenienses a Cristo, dizendo que Deus desconsiderava o
passado destes; “Mas Deus, não tendo em conta os tempos da
ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se
arrependam;” Atos 17; 30
Exortando
os romanos a andarem em novidade de vida, Paulo desafia-os a trazerem à
luz, algum fruto do passado, se é que alguns se inclinavam a viver
ainda daquela forma; “Porque, quando éreis servos do pecado, estáveis
livres da justiça. E que fruto tínheis então das coisas de que agora vos
envergonhais? Porque o fim delas é a morte.” Rom 6; 20 e 21
Então,
se o passado de um pecador o envergonha em face do novo nascimento, é
uma graça extra de Deus, que ele não conste em nossa biografia.
Entretanto,
a conversão tem sido tratada de modo tão superficial, que sequer existe
esse “divisor de águas”, entre o passado de erros, e a novidade de
vida. Na maioria dos casos se verifica mera adesão eclesiástica, ou,
sequer isso; apenas o rótulo de cristão, vivendo cada qual à sua
maneira.
Conversão
é algo sério, traumático; ruptura, novidade de vida! O abandono da
nossa visão da vida, pela versão de Deus! “Deixe o ímpio o seu caminho, e
o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se
compadecerá dele;…” Is 55; 7
Deus
se dispõe a apagar nosso passado perdoando; mas, não, abonar erros
deliberados, ignorando. Alguns têm agido como se mudar o rótulo
alterasse o produto; não! Nada muda, exceto a informação aparente que
passa a ser uma mentira. Aquele que se diz cristão sem mudar de vida faz
o mesmo; acrescenta aos seus pecados de antes, o da hipocrisia.
Argumentos
em defesa de erros, tipo; eu nasci assim, ao invés de “santificarem” o
erro, apenas identificam o hipócrita, que não nasceu de novo; quer andar
segundo os instintos naturais, e exibir credenciais espirituais. Ante
Deus, sua biografia sequer começou a ser escrita.
Biografia é história de vida, não contos de morte! Paulo ensina: “… quanto
ao trato passado, vos despojeis do velho homem, que se corrompe pelas
concupiscências do engano; e vos renoveis no espírito da vossa mente; e
vos revistais do novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira
justiça e santidade” Ef 4; 22 a 24
Precisamos
considerar, em âmbito ministerial, que a rejeição e perseguição do
mundo identifica os servos de Deus, antes, que o aplauso. Sem essa
escusa barata, porém, de descumprir até a imperfeita lei dos homens, e
depois se dizer perseguido; a promessa de bênção incide sobre os que são
vítimas de mentira, não réus transgressores; “Bem-aventurados sois vós,
quando vos injuriarem e perseguirem e, mentindo, disserem todo o mal
contra vós por minha causa.” Mat 5; 11
Ainda que aceitação social seja agradável, a aceitação Divina que é vital; ademais, a biografia espiritual, é escrita no céu; “Então
aqueles que temeram ao Senhor falaram frequentemente um ao outro; e o
Senhor atentou e ouviu; e um memorial foi escrito diante dele, para os
que temeram o Senhor, e para os que se lembraram do seu nome. E eles
serão meus, diz o Senhor dos Exércitos; naquele dia serão para mim
joias; poupá-los-ei, como um homem poupa a seu filho, que o serve.” Mal
3; 16 e 17
Antes de nossos feitos registrados, é preciso nosso nome no livro de registros celeste, como ensinou o Salvador; “…Na verdade, na verdade te digo que aquele que não nascer da água e do Espírito, não pode entrar no reino de Deus.” Jo 3; 5
Ainda que tenhamos vivido muito, sem a “marcas de Cristo”, seguimos mortos.
“Nada é menos digno de honra do que um homem idoso que não tenha outra evidência de ter vivido muito exceto a sua idade.” Sêneca
Nenhum comentário:
Postar um comentário